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O Economic Value Added (EVA®) ganhou, nos últimos anos, uma

relevância crescente no mundo empresarial. Foi no início da última década do

século XX que esta métrica de aferição do valor criado pelas organizações saltou

do contexto académico e passou a ser um instrumento fundamental de medida

da gestão empresarial baseada no valor.

Esta crescente penetração, porém, só há poucos anos começou a ter

relevância no contexto empresarial português. Paulatinamente, algumas

(poucas) empresas, nomeadamente as de capital cotado em bolsa, começaram a

utilizar esta medida de desempenho como forma de perceberem se os seus

negócios criam ou destroem valor para os seus accionistas. Trata-se, no entanto,

de um estádio ainda um pouco incipiente, onde são poucas as organizações que

já adoptaram o EVA® como medida preferencial do seu valor. Justificações para

esta situação:

- Desconhecimento dos benefícios que podem advir da adopção do EVA®?

- Incapacidade para dar a resposta correcta às pressões externas, nomeadamente no que se refere à prestação de contas para além dos

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Decorrente destas dúvidas, foram definidos os seguintes objectos de

investigação:

- Descrever as formas alternativas de cálculo do valor das empresas;

- Descrever a gestão baseada no valor e o EVA® como medida preferencial do valor criado;

- Avaliar a utilização do EVA® e a sua aplicação em diversas vertentes; - Explorar o recurso a medidas de desempenho baseadas no valor e

alternativas no contexto empresarial português.

Como principal elemento de diferenciação das métricas de avaliação

tradicionais face ao EVA®, aponte-se o facto de este incorporar a totalidade do

capital investido e os custos financeiros a ele inerentes e, também, no seu

cálculo, serem efectuados ajustamentos que permitem minimizar um conjunto

de distorções resultantes da prática contabilística adoptada.

São, aliás, estes ajustamentos a maior dificuldade a ser apontada no

cálculo do EVA®. Os autores desta medida de performance apontam para a

possibilidade de se efectuarem até cerca de 160 ajustamentos. Os ajustamentos a

realizar são definidos caso a caso, mediante um conjunto de condicionantes

definidos no momento da análise (dimensão da análise, prazo de realização do

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percebe-se que não é possível efectuar comparações livres entre o EVA® de

empresas distintas, tendo em conta a possibilidade de existência de

metodologias diversas no que se refere aos ajustamentos efectuados.

O EVA® ganha força quando analisado em conjunto com outro indicador,

também ele baseado no valor gerado pelas empresas: o Market Value Added

(MVA®). Estes indicadores apresentam, em regra, uma relação bastante forte,

sendo o MVA® correspondente ao valor actual de todos os EVA® esperados

para o futuro. O MVA® pode ainda ser apurado pela diferença entre o valor de

mercado da empresa e os capitais investidos na mesma.

De qualquer forma, convém relembrar que o EVA® não é desprovido de

críticas. Aponte-se, por exemplo, o facto de, mesmo sendo um indicador não

contabilístico, utilizar no seu cálculo um conjunto de informações contabilísticas

que podem, eventualmente, enviesar os outputs obtidos.

Neste estudo, que assume a forma de estudo de caso, apresentaram-se

um conjunto de indicadores de desempenho e averiguou-se a relação destes

com o valor que o Grupo em análise possui enquanto empresa cotada. Este

valor assume a forma de valor de mercado dos capitais próprios (VMCP) e,

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Da análise efectuada, constatou-se que o Grupo em análise já incorporou

na sua estratégia a preocupação pela criação de valor para o accionista. As

orientações de negócio em vigor vão no sentido da actuação conjunta, onde um

dos objectivos principais passa pelo incremento do valor capital investido. O

Grupo apresenta, ainda, a intenção de implementar, no curto prazo, medidas

que alinhem a política retributiva com a gestão da performance, havendo

claramente lugar para a introdução do EVA® na prática empresarial.

Analisámos, recorrendo a modelos de regressão, o conteúdo de

informação incremental de um conjunto de medidas de desempenho, no

período correspondente aos anos 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009.

Os proponentes do EVA® afirmam que este indicador apresenta um

maior poder explicativo, relativamente às medidas tradicionais de resultados

contabilísticos, no que se refere à variável Valor de Mercado dos Capitais

Próprios. No caso estudado, os resultados obtidos não corroboram esta

afirmação, uma vez que o EVA®, mesmo apresentando uma correlação

significativa, esta regista valores abaixo da correlação detectada entre o VMCP e

os Resultados Líquidos.

Os referidos proponentes afirmam ainda que o EVA® e o MVA® se

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associação entre estes dois indicadores, existindo uma relação estatisticamente

significativa entre o EVA® e o MVA®, no período estudado.

Chegamos, portanto, à conclusão de que o mercado não está ainda a

reconhecer os benefícios do EVA®, nem a fazer reflectir a informação deste

indicador como informação primordial, na valorização dos capitais próprios do

Grupo no período estudado. No entanto, é de notar que o intuito das empresas

passa por maximizar, não o valor atribuído pelo mercado, mas sim o seu

MVA®, uma vez que é este que reflecte o diferencial entre o valor de mercado

da empresa e o capital investido na mesma.

Por último, os resultados deste estudo parecem validar a actual opção

estratégica da empresa que, ao longo dos próximos anos, pretende consolidar o

enfoque na gestão baseada na criação de valor para os seus accionistas. Fica

assim dado o mote para uma investigação futura, que permita perceber se a

relação entre valor e medidas de desempenho foi influenciada pelo

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ANEXOS

1

ANEXO 1

Posição financeira consolidada, 2005-2009

2

ANEXO 2

Demonstração de resultados consolidada, 2005-2009

3

ANEXO 3

Capital investido ajustado, 2005-2009

4

ANEXO 4

Custo médio ponderado do capital WACC, 2005-2009

5

ANEXO 5

Market Value Added, 2005-2009

6

ANEXO 6

Economic Value Added, 2005-2009

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