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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.3. ANÁLISE FINANCEIRA: NOVAS ABORDAGENS

2.3.3. Economic Value Added EVA ®

2.3.3.6. Economic Value Added e Market Value Added

SANTOS e WATANABE (2005) referem-se ao EVA® como sendo uma

medida quantitativa que reflecte o montante de valor que foi criado ou

destruído, num determinado período de tempo, pela administração da

empresa. Porém, como bem lembra FERREIRA (2002), “os investidores não

analisam as empresas apenas com base no passado e no presente mas, e

fundamentalmente, com base nas expectativas de ganhos no futuro” (p.212).

Novamente citando SANTOS e WATANABE (2005), enquanto que o

EVA® se baseia em informações dos mapas contabilísticos e reflecte, deste

modo, o desempenho passado da empresa, o MVA® traduz a visão do mercado

de capitais e incorpora a expectativa de resultados futuros da empresa.

Decorrente da sua visão de futuro, o MVA® está relacionado directamente com

os EVA® futuros esperados pelos investidores e não com os EVA® passados.

As empresas26 que apresentam EVA® positivos são empresas que estão a

criar riqueza e, portanto, são vistas pelo mercado como investimentos

apetecíveis. Assim sendo, refere FERREIRA (2002) o valor de mercado das suas

25 Market Value Added (MVA®) é uma marca registada, propriedade da empresa de consultoria norte americana Stern Stewart & Co, também proprietária da marca EVA®.

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acções tenderá a subir, fazendo aumentar o valor de mercado total. Da mesma

forma, continua este autor, caso o valor económico diminua, daí resultando

uma destruição de riqueza para a empresa, os investidores deixarão de ver a

empresa como interessante e o valor das acções da mesma tenderá a descer.

Porém, os investidores não avaliam as empresas atentando apenas nas suas

performances passadas e presentes.

O mesmo autor acrescenta que, pese embora o EVA® permita identificar

o valor criado ou destruído pela empresa num dado horizonte temporal, este

indicador nada diz acerca das perspectivas futuras de evolução da empresa.

Estamos pois perante uma limitação do economic value added, limitação essa que

é colmatada com a utilização do indicador MVA®.

Porém, STERN (2001), autor desta medida de performance, alerta para o

facto de nem sempre se verificar a existência desta relação directa de

causa-efeito entre o EVA® e o MVA®, nomeadamente porque os preços

(cotações) no mercado de capitais reflectem não o desempenho

passado/presente das empresas cotadas mas sim as expectativas futuras dos

investidores.

Dito de outra forma, a base teórica de que o MVA® corresponde ao valor

presente dos EVA® futuros pode ser desmontada caso as expectativas acabem

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o “preço-presente” (a cotação assumida na análise) era na realidade demasiado

alto ou baixo.

Continuando a explicar a relação que existe entre EVA® e MVA®,

recorremos a GRANT (2003), que define o EVA® nos termos em que o mesmo se

relaciona com o valor da empresa que é acrescentado pelo mercado – o MVA®.

Neste contexto, o MVA® será então igual ao valor actual do EVA® que as

empresas esperam obter no futuro, sendo a sua relação dada pelas expressões

seguintes:

MVA® = [ valor da empresa ] – [ capital investido ] (15)

MVA® = [ valor do Passivo e do Capital próprio ] – [ capital total ] (16)

MVA® = [ valor presente do EVA® esperado no futuro ] (17)

MVA® = t t n 1 = t (1+WACC) EVA

onde,

valor da empresa – valor de mercado da empresa (nº de acções x preço da acção) capital investido – valor contabilístico do capital investido ajustado

Poder-se-ia eventualmente pensar que não existe uma relação directa

entre ambos - EVA® (passado) e MVA® (futuro) - porém, como esclarecem

SANTOS e WATANABE (2005), se uma dada empresa, em determinado

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período, apresentar melhorias na performance do seu indicador EVA® e se os

investidores virem essa melhoria como perdurável no tempo,

consequentemente esse incremento será reflectido no MVA® da empresa.

FREIRE (1997, p.49) nota que o MVA® “proporciona uma visão bastante

completa da capacidade de gestão estratégica de uma empresa, pois compara as

expectativas de actuação de forma futura implícitas na cotação bolsista com a

eficácia histórica do desempenho dos investimentos acumulados”. Desta forma,

este autor refere que, ao adoptar-se este indicador como indicador de eleição

para indirectamente auscultar performances, estar-se-á a induzir “a formulação

de estratégias que aproveitam todo o potencial dos recursos da organização e

que contribuem para gerar expectativas positivas para o futuro”.

Este comportamento fomenta não só a definição e cumprimento de

objectivos que potenciem a criação de riqueza no curto prazo, mas também a

planificação e implementação de actuações com impacto estratégico positivo no

médio e longo prazo.

FERREIRA (2002) remata considerando o MVA® como uma medida de

desempenho cumulativa que chama a si a avaliação que o mercado faz, num

dado momento, relativamente ao valor actual das actuações passadas da

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Figura 5 - Expectativas futuras positivas

Fonte: adaptado de FERREIRA (2002)

Figura 6 - Expectativas futuras negativas

Fonte: adaptado de FERREIRA (2002)

Estas expectativas, positivas ou negativas, podem ser representadas

como se encontra ilustrado nas figuras acima. Na figura 5 esta situação

(EVA®2) (EVA®3) (EVA®4) (EVA®2) (EVA®3) (EVA®2)

MVA®1 MVA®2 MVA®3 MVA®4

1 2 3 4

Futuro MVA®4 = EVA®4 + MVA®3 MVA®3 = EVA®3 + MVA®2 EVA®4 MVA®2 = EVA®2 + MVA®1 EVA®3 EVA®3

EVA®2 EVA®2 EVA®2

MVA®1 MVA®1 MVA®1 MVA®1

1 2 3 4

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registou-se uma criação de valor e o MVA® apresenta valores positivos para os

três anos. Na situação da figura 6, verifica-se uma destruição consecutiva do

valor do EVA® (que possui valores negativos), resultando num MVA®

decrescente.

O MVA® mede, portanto, a criação de valor numa empresa em relação

aos recursos empregues no negócio, aumentando-se a riqueza gerada através da

maximização da diferença entre o valor total que a empresa tem no mercado e

volume de capital que os investidores injectam na organização (SAURIN et al.,

2000).

STEWART (1991) refere que ao realizar o seu primeiro estudo sobre a

relação entre EVA® e o MVA®, no universo das 1000 maiores empresas do

ranking de 1989 da Bussiness Week, utilizou uma amostra de 613 empresas para

os anos de 1984 a 1988. O estudo consistiu na aferição da correlação entre o

EVA® e o MVA® e permitiu verificar que existia uma forte relação entre os

valores destes dois indicadores, tendo sido apurado um coeficiente de

correlação de 97%. Esta relação mostrou-se menos evidente nas empresas com

EVA® negativos. Nestas situações o autor explica que o valor de liquidação

estabelece um mínimo para o valor de mercado.

Vários são os estudos que abordam a questão da existência de correlação

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dependente). FARIA (2008) elenca um conjunto considerável, destacando os

trabalhos de FINEGAN (1991), STERN (1993), MILUNOVICH e TSUEI (1996),

O’BYRNE (1996), GRANT (1997), cujas conclusões mostraram a existência de

um R2 bastante aceitável (correlação positiva em regra acima dos 50%) entre as

duas variáveis.

Apesar destes factos, porém, nem sempre os estudos desenvolvidos

permitem chegar às conclusões que comprovam a teoria. PEIXOTO (2001),

realizou um estudo para o período compreendido entre 1995 e 1998 que lhe

permitiu observar particularidades existentes nas diversas empresas em análise.

A amostra compreendeu 39 empresas portuguesas cotadas, representando as

mesmas 24% da capitalização bolsista da totalidade das empresas cotadas no

Mercado de Cotações Oficiais da Bolsa de Valores de Lisboa. O autor aplicou

vários modelos e concluiu que, relativamente ao conjunto de empresas

consideradas, não era possível demonstrar a existência de evidente e

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