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Fonte: elaborado pela autora.

Como representado no mapa 1, percebemos um vasto trabalho trazendo um resultado prático, por meio de glossários, em sua maioria, ancorados nos conhecimentos advindos da Socioterminologia, abrangendo cinco mesorregiões do Estado do Pará, com concentração maior de pesquisas realizadas nas mesorregiões nordeste e região metropolitana de Belém. Dessa forma, diversas terminologias foram descritas e analisadas delineando uma parte do mosaico que se estabelece no léxico especializado da região. São 14 glossários já concluídos e outros em andamento, como este que se apresenta, desenvolvidos no âmbito do projeto SocioTerm, em pesquisas de mestrado e doutorado.

Por fim, acreditamos que todos esses trabalhos vêm auxiliando, no decorrer do tempo, à consolidação das bases de pesquisas terminológicas no campo do ALIPA e, além disso, impulsionando o desenvolvimento de pesquisas desse porte na região norte. Por esse ângulo, nosso trabalho, sobre a terminologia da castanha-do-pará, tem o propósito de contribuir com o que se tem realizado, até aqui, para o reconhecimento da certificação socioterminológica presente na linguagem especializada no Estado do Pará. Contribuir, também, para a consolidação, bastante relevante e necessária, dessa área de estudos em nossa região, cuja biodiversidade origina-se de diversos domínios especializados.

Baixo Amazonas; Marajó; Metropolitana de Belém; Nordeste Paraense; Sudeste Paraense; Sudoeste Paraense

3 CONTEXTO E METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo, versamos, inicialmente, sobre o contexto da pesquisa. Nosso propósito é apresentar alguns dados e informações que mostram a importância social e econômica da castanha-do-pará, enquanto produto de exportação da Amazônia. Tecemos um breve histórico acerca da produção da castanha-do-pará no Brasil, destacando o processo da cadeia produtiva desse produto no município de Oriximiná, locus da pesquisa. Em seguida, apresentamos o caminho metodológico percorrido, constituído por diferentes etapas seguidas na pesquisa de campo e na construção do glossário.

3.1 Contexto da pesquisa: castanha-do-pará

Este estudo está inserido na temática própria do domínio da produção da castanha-do- pará, principal atividade econômica de muitas famílias do município de Oriximiná-PA. Nesse cenário, a cadeia produtiva da castanha-do-pará ganha destaque em razão de sua perfeita adaptação às exigências de conservação da natureza e de seu relevante aspecto social, uma vez que afigura a base de sustentação das famílias extrativistas, gerando renda e possibilitando a permanência delas nas áreas nativas, consolidando, assim, a preservação do espaço em que se encontram inseridas.

Conforme declara Homma (2014, p. 227)

Em 1952, por sábia decisão do presidente da Associação Comercial do Pará, Antônio Martins, foi instituído o dia 27 de janeiro como sendo o Dia da Castanha, por marcar o início da safra nos castanhais do Estado do Pará. É interessante verificar que o Estado do Amazonas considera o dia 29 de abril como o Dia do Castanheiro. Independente das datas, isso demonstra o reconhecimento da importância que a extração da castanha e o castanheiro tinham para a economia amazônica.

O Estado do Pará foi o primeiro maior produtor de castanha-do-pará a comercializar e exportar esse produto. Porém, hoje, a castanha-do-pará possui várias denominações, pois há diferentes povos amazônicos envolvidos com sua produção. Na 3ª Convenção Mundial de Frutos Secos, por exemplo, ocorrida em 1992 em Manaus, com a participação de mais de 300 empresários, convencionou-se chama-la de castanha-da-Amazônia. (LOCATELLI, 2008). Apesar de, popularmente, ser chamada de castanha-do-pará, comercialmente, a partir do decreto lei nº 51.209, de 18 de setembro de 1961, passou a ser denominada, para efeito de comércio exterior, como castanha-do-brasil (BRASIL,1961). Dessa forma, continua sendo uma remissão

à castanha-do-pará. Nesta pesquisa, portanto, levamos em consideração a denominação castanha-do-pará, por atender a universalidade do conhecimento científico.

A castanha-do-pará ocorre em praticamente toda Amazônia brasileira e países que fazem fronteira com os estados da região Norte do país. A castanha-do-pará vem sendo comercialmente explorada desde o século XVII, no entanto, com o declínio da economia da borracha, no início do século XX, sua exploração se torna uma alternativa de renda para os povos da floresta, passando a integrar efetivamente a economia amazônica Homma (2014).

Conforme o mesmo autor, no final dos anos 90 indústrias de beneficiamento da castanha-do-pará se instalaram na região Norte do Brasil. Além destas, associações e cooperativas criadas por povos tradicionais com apoio do governo e organizações não governamentais, fizeram da coleta da castanha-do-pará mais uma opção de extrativismo, na expectativa de conseguir uma fonte de renda.

Para Pinto et al. (2010), nesse ambiente, o extrativismo na Amazônia é uma questão especial no âmbito da agricultura familiar. A forte interface ambiental, a cultura extrativista de subsistência associada à crescente demanda mundial por produtos florestais não madeireiros, indica a necessidade de estratégias para reverter em ganhos econômicos e sociais o conhecimento tradicional das comunidades amazônicas, com a consequente manutenção dos recursos naturais da região.

A castanha-do-pará representa a única espécie existente no gênero Bertholletia Excelsa15 e, embora exista uma considerável variação no tamanho, forma e número de sementes

por fruto, não se constitui justificativa plausível para reconhecer mais de uma espécie Mori e Prance (1990). A árvore da castanha, mais conhecida como castanheira, pode ser encontrada nos nove países que constituem a Pan-amazônia, mas, segundo Tonini (2007), a maior parte está distribuída entre Brasil, Colômbia e Peru que respondem por, aproximadamente, 96% da área plantada. As florestas com a presença das castanheiras cobrem superfícies de aproximadamente 325 milhões de hectares. Conforme mapa 2, a seguir:

15 O gênero Bertholletia deriva do nome do químico Berthollet (1748-1822), sendo que a espécie foi descrita por Humbold e Bonpland, em 1807.