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Mapa 3. Localização do município de Oriximiná/PA

2 CAMINHOS EPISTEMOLÓGICOS DA TERMINOLOGIA

3.2 Metodologia

3.2.7 Organização do glossário

Conforme apontado, para a construção do glossário contamos com o auxílio do Lexique Pro. De maneira que os dados que seriam inseridos em uma ficha terminológica, nutriram o

banco de dados do referido programa. Com isso, trabalhamos na edição dos verbetes com base nesse banco de dados. Quanto ao plano macroestrutural do glossário, os termos são apresentados em ordem alfabética com algumas ilustrações, quando possível.

A macroestrutura é a organização interna que está relacionada às características gerais do repertório. Para tanto, acreditamos ser relevante destacar alguns fatores fundamentais para a organização macroestrutural do glossário, como por exemplo, o que vai ou não estabelecer entrada no repertório e todos os critérios selecionados para essa organização. São questões fundamentais que devem ser adotadas antecipadamente por qualquer terminólogo. Dessa forma, destacamos os critérios sugeridos por Barros (2004, p. 194-195) e Krieger e Finatto (2004, p. 138-140) que podem auxiliar o pesquisador na tarefa de escolha dos termos que serão inseridos no glossário, a partir do objetivo da obra. Consideramos, portanto, os seguintes critérios:

a) Frequência de uso do termo; b) Pertinência temática; c) Pertinência pragmática; d) Fiabilidade dos termos;

Apesar de a frequência ser o critério mais utilizado no trabalho de delimitação da nomenclatura, nem sempre é possível determinar que um termo realmente faça parte da terminologia estudada somente por esse critério. O mais adequado, então, é lançar mão dos critérios quantitativos (estatísticos, de frequência e outros) e dos critérios qualitativos (de natureza semântica, grau de aceitabilidade dos termos e outros), pois, juntos, melhor auxiliam o terminólogo no momento da seleção dos termos. A lista de palavras gerada pelo WordList, no programa WordSmith, auxilia a escolha do candidato a termo-entrada principal, pela frequência apresentada, como explicitado anteriormente.

Pertinência temática, para Krieger e Finatto (2004, p. 138), “é a propriedade de um termo pertencer a uma terminologia stricto sensu pelo fato de veicular-se a um conceito que faz parte do campo cognitivo do domínio inventariado. ” Entendemos, contudo, baseado no pensamento das autoras, que a pertinência temática se refere aos traços que se relacionam semanticamente com o domínio. Esses traços “caracterizam a individualidade do domínio”, constituindo-na. Em detrimento disso, verificamos em nosso corpus, termos exclusivos da terminologia da castanha-do-pará. Outro ponto destacado pelas autoras é quanto à necessidade que o terminólogo tem em buscar auxílio aos especialistas da área em estudo com a finalidade de garantir qualidade e fiabilidade ao repertório, quando argumentam que “o reconhecimento da pertinência temática de um termo depende do nível de compreensão alcançado pelo pesquisador a respeito da estruturação da área de conhecimento em foco. ”

Quanto à pertinência pragmática, Krieger e Finatto (2004, p. 139) afirmam ser “a realidade que permite que um termo ‘aparentemente alheio’ a uma certa subárea faça parte de uma terminologia lato sensu. ” À vista disso, legitima-se a adição de um termo, por exemplo, conexo a outro domínio de conhecimento, mas que assumiu estatuto próprio na terminologia compilada.

Uma vez definidos esses critérios, importa dizer que o glossário possui 496 termos proveniente do universo discursivo da produção da castanha-do-pará. As entradas inventariadas no glossário são constituídas de termos simples e complexos (sintagmas terminológicos).

Relacionado ainda a esse aspecto organizacional, os termos que compõe a terminologia da produção da castanha-do-pará, além de estarem sistematizados em ordem alfabética, encontram-se também relacionados aos campos semânticos, de acordo com a árvore de domínio.

Quanto à microestrutura dos dados contidos nos verbetes do glossário foi definida com base em Faulstich (2010) com adaptações:

Quadro 6: Modelo de organização do verbete na microestrutura.

Os consulentes do glossário devem considerar os seguintes fatores distribuídos na organização microestrutural:

A Entrada: constitui a forma básica do termo que apresenta o verbete e obedece a uma sequência alfabética contínua e sistemática.

Campo semântico: aponta os campos que compõem o sistema conceitual da

terminologia da castanha-do-pará. Os campos semânticos compreendem as etapas, áreas ou fases da atividade em que o termo é utilizado. Importante dizer que há ocorrência de termos que apresentam uso em mais de um campo semântico. Esses casos estão indicados adequadamente no glossário. Os termos da castanha-do-pará estão distribuídos em oito campos semânticos, dispostos ao lado do termo-entrada, entre colchetes.

Categoria gramatical: é a classe gramatical pertencente ao termo. As categorias

gramaticais selecionadas para este produto terminográfico são: s.f. – substantivo feminino; s.m. – substantivo masculino; v. -verbo; adj.- adjetivo. Importante destacar que, mesmo encontrando no corpo de verbetes, unidades terminológicas complexas, (UTCs) optamos por considerar

Termo-entrada + campo semântico + categoria gramatical + definição + contexto (fonte do contexto) + variante + imagem/ilustração + nota +remissiva

somente o núcleo dessa estrutura terminológica, em razão de perceber que, dessa forma, as informações ficam mais acessíveis aos consulentes. Por exemplo, camboir castanha (v.).

Definição: enunciado que descreve os conceitos referentes aos termos. A construção

das definições para este trabalho, foram elaboradas conforme determina Pontes (2009), baseado em dois princípios chaves: a identidade categorial e a identidade funcional.

Contexto: um trecho da entrevista que ilustre a ocorrência efetiva do termo. Esse

contexto é retirado do próprio corpus. Neste estudo, elegemos como prioridade enunciados que tivessem uma definição, ou pelo menos uma noção dessa definição, assim como Duboc (1985 apud ARAGÃO, 2007, p. 63), apresenta: o contexto definitório que não apresenta uma definição propriamente dita, mas aponta para a noção subjacente ao termo; o contexto explicativo que dá indicações da natureza funcional do termo; o contexto associativo que não apresenta descritores do termo, mas situa-o dentro de um campo e mostra as relações com outros termos. Acompanha, ainda, a indicação da fonte, ou seja, o registro do informante de cujo discurso foi extraído o trecho. O termo extraído do contexto será destacado com parênteses angulares como em <castanha> para facilitar a visualização do consulente.

Variante: neste campo são apresentadas as variantes terminológicas linguísticas

encontradas no corpus. São formas concorrentes do termo-entrada. No glossário, são indicadas pela abreviatura Var. e não são classificadas quanto à sua natureza fonética, lexical, gráfica ou sintática. Porém, nelas são incluídos os sinônimos. Importante destacar que as variantes constituem termos-entrada no glossário com campo conceitual, categoria gramatical e contexto seguido da fonte. As variantes formadas por siglas provenientes de língua estrangeira apresentam categoria gramatical e significado na língua de origem, o mesmo ocorre com as de origem da língua portuguesa.

Nota: aponta informações complementares de natureza enciclopédicas ou etimológicas,

que auxiliam no entendimento do termo, uma vez que trazem informações gerais e específicas da produção da castanha-do-pará.

Remissivas: é um sistema de relação entre os termos, estabelecido por uma hierarquia

semântica. Foi importante para este estudo, fazer a remissão para o termo mais frequente onde já se encontra a definição. No glossário, as remissivas são prescritas por meio da abreviatura Cf. (= conferir).

Vale ressaltar que, no quadro informativo da tipologia terminográfica, pode haver supressão ou inclusão de alguns campos, como por exemplo, o sinal (+) quer dizer a não obrigatoriedade dos campos variante, remissiva e nota.

Além da estrutura apresentada, foram tomadas algumas decisões quanto à organização do glossário:

O termo-entrada, categoria gramatical, contexto e definição são elementos obrigatórios. Já os outros (variante, nota, remissiva e imagem), dependem da característica de cada termo como, por exemplo, alguns termos apresentam variante e outros não.

O componente imagem (ilustração) aparece em 129 verbetes, como explicado anteriormente. O uso das imagens tem a finalidade de ilustrar os conceitos e ajudar na clareza das definições.

O componente remissiva aparece em alguns verbetes, com a aplicação já tradicional e, também, de inserir o termo num dado campo semântico.

Em caso de homonímia quando os sentidos são relacionados, ficam reunidas num único texto numerado e com um único contexto. Quando os sentidos são diferenciados, eles ficam numerados e em textos diferentes, com contextos específicos e variante (quando for o caso) e remissiva.

Variante terminológica estrangeira (V. Estr. :) em itálico, com iniciais maiúsculas seguidas de dois pontos.

No caso da existência de mais de uma variante, aparecerão no verbete organizadas da mais frequente para a menos frequente.

Quanto à inserção no glossário de variantes fonológicas, aparecem em itálico, com campo semântico, categoria gramatical e variante.

Algumas siglas foram consideradas variantes. Por isso, possuem verbetes próprios, de termo-entrada variante.

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, é apresentada uma breve exposição da distribuição dos termos no glossário, em números percentuais, por meio de gráficos, relacionada à categoria gramatical, às variedades linguísticas, ao campo semântico, entradas com variante e entrada sem variante, termos da castanha-do-pará relacionados a outras atividades e à língua comum e às Unidades terminológicas simples (UTS) e Unidades terminológicas complexas (UTCs). Ademais, seguimos com as orientações para a leitura do glossário pontuando informações gerais sobre os elementos que o compõem e, por fim, expomos o presente volume que reúne 496 termos da linguagem especializada da castanha-do-pará.