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Mapa 3. Localização do município de Oriximiná/PA

2 CAMINHOS EPISTEMOLÓGICOS DA TERMINOLOGIA

4.1 A distribuição dos termos no glossário

Os verbetes no Glossário totalizam 496 unidades terminológicas, das quais 268 são entradas principais e 228 são entradas variantes. Como anteriormente citado, os verbetes estão organizados em ordem alfabética, em seis campos semânticos. Dos 496 verbetes, 128 são ilustrados.

A seguir, apresentamos o gráfico 3 que demonstra a ocorrência de termos quanto às categorias gramaticais. Conforme prevíamos o glossário mostra 246 substantivos femininos, 230 substantivos masculinos, 16 verbos e somente 4 adjetivos.

Gráfico 3 - Distribuição dos termos no glossário em relação às categorias gramaticais.

Fonte: Elaborado pela autora.

s.f. - 246 50% s.m. - 230 46% adj. - 4 1% v. - 16 3% Categorias gramaticais

Observando os dados do gráfico 3, vemos ainda, que a maioria dos termos são substantivos - justamente por ser característica forte da linguagem especializada - com 50% de substantivos femininos e 46% de substantivos masculinos, 3% de verbos e 1% de adjetivos. No total, 96% dos termos são substantivos. Essa ocorrência excessiva de substantivos é uma característica bastante acentuada das terminologias, dado que a linguagem especializada tem o objetivo de atribuir nomes a objetos de um modo geral. Vale destacar ainda que, os adjetivos e verbos que correm aqui, são decorrentes de substantivos. Por exemplo, podemos citar: comboio de castanha (subst.) –comboiar castanha (v.); comboieiro (adj.).

De acordo com o gráfico 4, a seguir, o glossário apresenta, conforme as variantes terminológicas linguísticas, do modelo variacionista de Faulstich (2010), escolhido para esta pesquisa, 206 variantes lexicais, 18 variantes fonológicas, 02 variantes morfológicas e 02 variantes sintáticas. Quanto à variante terminológica gráfica não encontramos nenhuma ocorrência no corpus analisado.

Gráfico 4 - Distribuição dos termos no glossário em relação às variantes linguísticas.

Fonte: Elaborado pela autora.

As variantes lexicais são as mais frequentes na terminologia estudada, com 90%, seguidas pelas variantes fonéticas com 8% e, por fim, pelas variantes morfológicas e sintáticas com 1% cada uma. Faulstich (2001, p. 27) apresenta a variante terminológica lexical como aquela em que algum item da estrutura lexical de uma unidade terminológica complexa sofre apagamento, porém o conceito do termo não é alterado. Para ilustrar, temos: época da coleta da castanha – época da castanha.

As variantes terminológicas fonológicas são também registradas. Podem aparecer na escrita de forma decalcada da fala, como em ouriço em relação a oriço; película em relação a pilica; jamaxi em relação a jamanxim. Vale ressaltar que, embora as variantes terminológicas

Lexicais 206 90% Fonológicas 18 8% Morfológicas 2 1% Sintáticas 2 1% Variantes linguísticas

lexicais apresentem a maior frequência na linguagem especializada da castanha-do-pará, as variantes terminológicas fonológicas aparecem, também, com um registro significativo de termos. Assim, podemos dizer que, esse fenômeno ocorre nesse discurso especializado em razão da opção pelo discurso oral para recolha dos dados, nesta pesquisa. Podemos reconhecer, então que, quanto menos técnico é o discurso maior é a possibilidade de ocorrência das variantes fonológicas, pois é um discurso circunscrito por seus falantes e o contexto de uso.

Ainda em relação às variantes linguísticas, o glossário registra 02 variantes terminológicas morfológicas. Elas são definidas por apresentarem alternância de estrutura de ordem morfológica na constituição do termo, sem a alteração do conceito, como em quebra da castanha e quebração da castanha; quebra automática e quebragem automática, na linguagem da cultura da castanha-do-pará. Por fim, o glossário apresenta, igualmente, o registro de 02 variantes terminológicas sintáticas, a saber: armazém comunitário e armazém da comunidade; castanha in natura e castanha natural.

Portanto, acreditamos que o glossário produzido mostra um conjunto de termos bastante representativos, no que diz respeito às variantes terminológicas linguísticas, captadas no lugar de interação sociocultural em que vivem os profissionais envolvidos na atividade da castanha- do-pará.

Os verbetes no glossário, como mostra o gráfico 5, a seguir, totalizam 496 unidades terminológicas, das quais 201 associam-se ao campo semântico práticas extrativistas, 74 ao campo semântico denominações da castanha, 63 ao campo semântico ecologia da espécie, 62 ao campo equipamentos e materiais, 61 ao campo processamento industrial e, por fim, 35 associam-se ao campo comercialização.

Gráfico 5 - Distribuição dos termos no glossário em relação aos campos semânticos

Fonte: Elaborado pela autora.

Práticas extrativistas 201 41% Denominações da castanha - 74 15% Ecologia da espécie - 63 13% Equipamentos e materiais - 62 12% Processamento industrial - 61 12% Comercialização - 35 7%

Conforme vemos no gráfico 5, a ocorrência de termos do campo semântico Práticas extrativistas é maior, com 41% de termos. Em seguida, vem o campo semântico Denominações da castanha com 15% de termos, o campo semântico Ecologia da espécie com 13% de termos, os campos semânticos Equipamentos e materiais e Processamento industrial com a mesma porcentagem, 12% de termos e, por fim, o campo semântico Comercialização com 7% de termos. Esses números mostram que, a linguagem representativa do campo semântico Práticas extrativistas se dá em virtude da finalidade da pesquisa em explorar mais o locus, onde o extrativismo da castanha-do-pará é atividade principal. É uma área que se encontra mais diretamente ligada à produção da castanha-do-pará. Essa representatividade significativa nesse campo semântico já era esperada, uma vez que as etapas da coleta são em maior quantidade que as do beneficiamento e comercialização da castanha-do-pará.

Consideramos natural que logo em seguida aparecem os campos semânticos Denominações da castanha e Ecologia da espécie, justamente por estarem mais ligados às atividades do extrativismo da castanha-do-pará.

O gráfico 6 demonstra a ocorrência dos termos em relação às entradas no glossário. Dos 496 termos, 268 são termos entrada-principal e 228 são termos entrada variante.

Gráfico 6 - Distribuição dos termos no glossário em relação às entradas.

Fonte: Elaborado pela autora.

O gráfico 6 mostra que a maioria dos termos são entrada principal, com 54% de termos e os termos entrada variante vem logo em seguida com 46% de termos. Considerando-se as características do corpus, composto por entrevistas realizadas in loco, no cenário da produção da castanha-do-pará, esses números ratificam a ocorrência marcante dos termos entrada variante. Entrada-principal 268 54% Entrada-variante 228 46% Entradas no glossário

O gráfico 7, a seguir, mostra os dados referentes à distribuição dos termos que estão relacionados a outras atividades e à língua comum. Como dito anteriormente, o glossário da castanha-do-pará apresenta 496 verbetes. Desse total, temos o registro de 57 termos da castanha-do-pará relacionados também a outras atividades, contra 25 termos relacionados à língua comum.

Gráfico 7. Distribuição dos termos relacionados a outras atividades e à língua comum.

Fonte: Elaborado pela autora.

Os termos da castanha-do-pará são os que apresentam um nível de especialidade relacionado ao elo produtivo da castanha-do-pará, especificamente, à etapa do extrativismo desse produto. Como por exemplo os termos castanheira, castanheiro, coleta da castanha, ouriço, castanhal, castanha peca, dentre outros.

Os termos da castanha-do-pará relacionados a outras atividades são os que estão inseridos no universo produtivo da castanha-do-pará, porém apresentam um grau de aproximação com outras atividades, como em balança mecânica, desidratação, aflatoxina, floração, inflorescência, autoclavagem, bolor, dosador, endocarpo, plântula.

Por fim, os termos da castanha-do-pará relacionados à língua comum partilham uma utilidade na produção da castanha-do-pará, como por exemplo, depósito, canoa, bote, luminária, balde, planilha, armazém, quenga, casco, terçado, cambito, encerado. Embora sendo da língua comum e com sentido próprio, na produção da castanha-do-pará esses termos são ressignificados, assumem um novo sentido. Dessa forma, podemos inferir que, os termos da castanha-do-pará que estão ligados à língua comum possuem uma forma, porém demonstram significados distintos: um pertinente à linguagem comum e outro de sentido terminológico, relativo à área produtiva da castanha-do-pará, consequência de uma especialização. Termos da castanha-do-pará 414 83% Termos da castanha-do-pará relacionados a outras atividades 57 12% Termos da castanha-do-pará relacionados à língua comum 25 5%

O gráfico 8 apresenta a distribuição das unidades terminológicas simples e complexas. Do total de 496 termos, registrados no glossário, 135 são unidades terminológicas simples (UTS) e 361 são unidades terminológicas complexas (UTCs).

Gráfico 8 - Distribuição das unidades terminológicas simples e complexas.

Fonte: Elaborado pela autora.

Conforme mostra o gráfico 8, na terminologia da castanha-do-pará predominam as UTCs, com 73% de termos. Depois, temos as UTS, com 27% de termos. Vale ilustrar que, os termos que se apresentam como unidades terminológicas simples, são aqueles formados por um só radical com ou sem afixos, por exemplo: amêndoa, basculho, capongo, castanhal, castanha, floração, dentre outros. Já os termos constituídos como unidades terminológicas complexas, também chamada de sintagmas terminológicos, caracterizam-se pela presença de dois ou mais radicais, com possibilidade de acréscimo de outros elementos, como por exemplo: doce de castanha (substantivo + preposição + substantivo); castanha chocha (substantivo + adjetivo); castanhal da terra preta (substantivo + preposição + substantivo + adjetivo), entre outros.

Essa alta produtividade dos termos com composição de sintagmas terminológicos no glossário da castanha-do-pará conduz a análise ao pensamento de estudiosos da Terminologia, como Barros (2004) segundo a qual essa eficiência discursiva na linguagem científica e especializada expressa-se, na maioria, pela formação de termos de tipo sintagmático. O fato de a sintagmatização ser um dos recursos mais utilizados para a criação de novas UTS já é consenso, pois, “é um dos recursos com maiores possibilidades de êxito no que diz respeito à aceitação social imediata do termo”, Cabré (1993, p. 303). Fenômeno que ocorre num “contínuo que vai do mais geral ao mais específico” Faulstich (2012, p. 14).

UTS-135 27%

UTCs-361 73%

Importante destacar que em relação às UTCs, embora se apresentam como sintagmas, decidimos por classifica-los, aqui neste glossário, como substantivos ou verbos com a finalidade de facilitar a consulta pelos consulentes.