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Mapa 3. Localização do município de Oriximiná/PA

2 CAMINHOS EPISTEMOLÓGICOS DA TERMINOLOGIA

3.2 Metodologia

3.2.2 Estruturação dos campos semânticos

A partir do contato com as referências teóricas e esse percurso realizado em toda a área de pesquisa, ocorrido em três visitas de campo, registrando toda a dinâmica das atividades envolvidas pelos extrativistas, e conversas informais com técnicos do município pesquisado, conseguimos conhecer o universo da atividade especializada da castanha-do-pará e por fim organizar a árvore de domínio. No decorrer das entrevistas com os técnicos da área,

percebemos a necessidade de se criar subcampos para as três etapas da produção da castanha- do-pará, uma vez que para cada etapa existem técnicas e tratos diversos e essa diferença também foi comprovada nos discursos dos trabalhadores.

Dessa forma, foram feitos alguns recortes da pesquisa de campo que possibilitaram o entendimento acerca do caminho percorrido pela castanha desde a extração na floresta até a exportação do produto cujo ciclo mostrava-se organizado em três grandes campos: extração, beneficiamento e comercialização, como citado anteriormente. Após o contato in loco com as etapas da atividade da castanha-do-pará e com os especialistas da área, tivemos condições de construir o mapa conceitual da atividade da castanha-do-pará no Estado do Pará. Conforme mostrado no fluxograma 3:

Fluxograma 3: Mapa conceitual da castanha-do-pará.

Fonte: Elaborado pela autora.

CASTANHA-DO-PARÁ EXTRATIVISMO Manejo Ecologia da espécie coletaPré- Mapeamento Seleção das árvores Corte dos cipós Limpeza embaixo dos castanhais Equipamentos e materiais Abrigos Coleta Coletar os ouriços Amontoa Pós- coleta Quebra Lavagem das sementes Seleção das sementes Transporte Secagem Armazenamento BENEFICIAMENTO Processos Recepção Armazenamento Seleção/ Limpeza Com casca Polimento Classificaçã o Resíduos Sem casca Autoclavação Descascamento Desidratação seleção Classificação Embalagem Armazenamento COMERCIALIZAÇÃO Venda Pesagem Empacotament o Expedição Mercado Mercado Local Mercado Estadual Mercado Nacional Mercado Internacional Exportação

Por mais que o mapa conceitual elaborado com base nos estudos da pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, principalmente nas visitas aos locais onde aconteciam as etapas em todo o processo produtivo, seja pertinente para esta análise, houve necessidade de se fazer um recorte que caracterizasse os propósitos e o alcance dessa pesquisa. Para tanto, decidimos pela estrutura apresentada no fluxograma 4, por ela ter se mostrado mais produtiva em relação ao corpus trabalhado e mais adequada para a organização dos campos semânticos e subcampos do glossário.

Fluxograma 4: Campos conceituais da castanha-do-pará

Fonte: Elaborado pela autora.

C

A

ST

A

N

HA

-DO

-P

A

R

Á

Ecologia da espécie

Práticas extrativistas

Abrigos

Equipamentos e materiais

Denominações da castanha

Processamento industrial

Residuos

Assim, após essa visão geral da produção da castanha-do-pará foram delimitados seis campos semânticos compreendendo os campos Ecologia da espécie, Práticas extrativistas, Equipamentos e materiais, Denominações da castanha, Processamento industrial e Comercialização e, ainda, dois subcampos: Abrigos e Resíduos.

Dessa forma, para compreender cada campo semântico selecionado, apresentamos as definições desses campos e os termos que se caracterizam a eles:

1. Ecologia da espécie: termos relacionados às características morfológicas e

ecológicas da castanheira e da castanha-do-pará.

2. Práticas extrativistas: termos relacionados ao elo exploratório da castanha-do-pará.

Correspondem às atividades realizadas desde o início da coleta da castanha-do-pará até a venda, pelos extrativistas. Considerando importantes as atividades de manejo que dizem respeito à preparação e aos cuidados que envolvem as etapas da pré-coleta, coleta e pós-coleta da castanha-do-pará:

 Pré-coleta: momento em que é realizada a caracterização da área, o mapeamento, a seleção e marcação das árvores para produção, a abertura e manutenção de trilhas e tratos como o corte dos cipós. Esses procedimentos garantem, para o extrativista, uma coleta mais eficiente e, portanto, melhor produção.

 Coleta: etapa que envolve o manuseio de ouriços e castanhas nos castanhais. O ouriço (fruto) é coletado do chão, embaixo das castanheiras e amontoados sobre palhas ou pedaços de madeira.

 Pós-coleta: etapa que consiste na quebra do ouriço, lavagem das castanhas em fontes de água corrente, seleção das castanhas, transporte primário que se refere ao que é feito da floresta para a casa do extrativista ou barracão comunitário e, por fim, as castanhas passam pela fase da secagem e do armazenamento

E ao subcampo:

o Abrigos: locais ou instalações onde a castanha é armazenada ou depositada por curto período à espera do processo ou etapa seguinte, como armazém, galpão, paiol, barracão, salas climatizadas, estufas.

3. Equipamentos e materiais: são os instrumentos, materiais e máquinas necessários

para o processo de coleta e beneficiamento da castanha-do-pará, como equipamentos de proteção individual: capacete, luvas, botas, dentre outros; materiais como lonas

plásticas, terçado, sacos e paneiros e, no processo de beneficiamento, principalmente, máquinas classificatórias e secadores rotativos, por exemplo.

4. Denominações da castanha: termos relacionados às denominações atribuídas à

castanha-do-pará, assim como às classes em que é agrupada de acordo com a padronização exigida pelo órgão responsável pela fiscalização nas transações de exportação.

5. Processamento Industrial: etapas de processamento da castanha, na usina

beneficiadora, para fins comerciais. Para realização dessa etapa são necessárias várias atividades que envolvem os processos de beneficiamento, a saber:

 Processos: no beneficiamento a castanha passa por diversas fases até chegar ao produto final para comercialização, a saber: recepção – que significa o recebimento da castanha. Aqui é verificada a qualidade da semente através do corte (seleção de 100 castanhas que são cortadas para verificar a % de podres, chochas e castanhas sãs); armazenamento – as castanhas são armazenadas, separadas por região/fornecedor, orgânico ou convencional e por tamanho; seleção e limpeza – as amêndoas, ainda com a casca, passam por um cilindro onde são limpas e separados todos os materiais estranhos como folhas, pedras, areias e outras impurezas, afim de evitar a contaminação e também sua deterioração, após a limpeza, as amêndoas passam por uma esteira de seleção, onde são selecionadas todas as possíveis amêndoas que estiverem em condições inadequadas (deterioradas ou podres); autoclavagem – é a preparação para o descascamento. As castanhas são submetidas ao processo de autoclavagem, uma espécie de choque térmico cujo objetivo é o desprendimento da amêndoa da casca, facilitando o processo de descascamento sem quebrar a amêndoa; descascamento – as amêndoas já limpas passam por esteiras onde são submetidas ao descascamento, que é feito por quebradores automáticos que emitem força mecânica contra as amêndoas. Depois de quebradas as amêndoas passam por peneiras onde são eliminadas as cascas; desidratação – em estufas, as castanhas são expostas a uma temperatura de 60°C a 70°C para que sua umidade seja reduzida; seleção e classificação – são feitas automaticamente. As amêndoas são postas em bandejas que possuem compartimentos (orifícios com medidas padronizadas) e por movimentos aplicados nas bandejas, as amêndoas caem nos compartimentos de acordo com o seu tamanho; embalagem – primária: as castanhas são embaladas em sacos aluminizados de 20 kg, embalagem à

vácuo. Secundária: são embaladas em caixas de papelão, em salas climatizadas, onde permanecem aguardando para expedição.

E o subcampo:

o Resíduos: nesse subcampo estão inseridos os termos relacionados aos detritos da castanha-do-pará, em outras palavras, ao material não aproveitável como pó, cascas, palhas, dentre outros.

6. Comercialização: parte da produção é comercializada no mercado interno,

principalmente para o sudeste e sul do país. A outra parte é destinada à exportação. Essa etapa final, inicia-se com a venda dos lotes de castanha expedidos para os mercados local, estadual, nacional e internacional. Nessa etapa consideram-se inseridas as transações comerciais de venda: organização da produção, formas de comercialização como a intermediação, por exemplo e mercado que se refere aos principais mercados alcançados e à qualidade comercial adequada da castanha-do-pará a todas as leis que estão em vigor.

Os termos inseridos nessas etapas são representativos do campo comercialização.