• Nenhum resultado encontrado

CONHECENDO O CORAÇÃO E A MENTE DE DEUS

No documento Larry Lea - Supremo Chamado (páginas 35-43)

eus está chamando-o para tornar-se um sacerdote consagrado à oração. De fato, Deus está convocando um enorme exército de sacerdotes da oração. Ele quer que o Seu povo componha- se de homens e mulheres dedicados à oração e à intercessão. Se não perseverarmos na atmosfera da oração, perderemos a adequada relação com o que ocorre no reino de Deus.

D

Para sentir o que está no coração de Deus e para entender o que Ele tem em mente, é necessário passar (empo na presença do Senhor.

O Espírito de Revelação

Enquanto o crente não aceitar a chamada divina para ser um intercessor, e não desenvolver o seu próprio relacionamento íntimo com Deus, terá pouco discernimento espiritual, em princípio. Só poderá imitar outros homens de Deus.

Se quiser ouvir a voz de Deus, terá de começar a falar com Ele favor de si mesmo e de outras pessoas. Precisará formar o hábito santo de ministrar [leitourgeo) ao Senhor, separando tempo para o serviço sacerdotal sagrado que todo crente deve oferecer a Deus, através da oração e da adoração pessoal (ver Atos 13:2). Quando o crente assim o fizer, de seu espírito fluirão revelações claras, refrigeradoras. Quero assegurar-lhe que Deus quer falar com o crente, mais do que ele. Deus quer, apenas, que se j ponham em ordem as prioridades.

Isso aplica-se tanto a pregadores quanto a suas congregações.

Grande parte daquilo que prego, ocorre-me quando estou orando. Sento-me ou ajoelho-me em meu gabinete, com a Bíblia perto de mim. Enquanto oro e ouço o Espírito Santo, Deus segreda alguma palavra ao meu coração.

Muitos pregadores empregam processo contrário. Sabe-se que, nos seminários, somos ensinados a preparar os sermões de maneira metódica: estudando a Bíblia; extraindo dali alguma idéia, usando as ferramentas da exegese, da hermenêutica e da homilética, a fim de edificar um sermão, em torno daquela idéia. Então, orar e pedir a Deus que abençoe o sermão.

Quero assegurar-lhe que Deus quer falar com você. mais ainda do que você quer que Ele lhe fale. Ele está apenas esperando que você coloque em

ordem suas prioridades

Acredito na importância do estudo bíblico. Sigo um programa diário de leitura e estudo sistematicamente a Palavra de Deus. Já atuei como deão do Seminário da Universidade Oral Roberts. Creio no valor da educação e do estudo diligente.

Mesmo assim, cabe aos pastores permanecer em oração até que a Verdade divina nasça em seus corações, através da oração e das lágrimas a fim de que a mensagem seja entregue com a unção do Espírito Santo. Quando um pregador pode levantar-se e declarar, "Assim vos diz hoje o Senhor!", a voz que fala "dentro da voz do pregador" compunge os corações ouvintes e arranca-os de sua complacência.

No passado, Deus falava a Seu povo de fora para dentro. A fim de ouvir a Deus. era necessário buscar um sacerdote ou profeta. Mas, agora, Ele fala de dentro para fora, por meio de Seu Santo Espírito, o qual habita em nós e se comunica com nosso espírito e através dele. Jesus, nosso grande Sumo Sacerdote, prometeu:

"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. . . mas o Consolador,' o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar tudo o que vos tenho dito". (João 14.16,17,26)

O crente deveria orar, como segue, todos os dias:

"Por essa razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra, e crescendo no pleno conhecimento de Deus". (Cl 1.9,10)

Deus conferiu aos sacerdotes do Novo Testamento fontes orientadoras e conselho, para que possam discernir a Sua vontade. Temos acesso à Palavra de Deus, ao Espírito Santo e aos dons de revelação do Espírito — a palavra da sabedoria, a palavra de conhecimento e a profecia. À medida que nos revestimos de nossos peitorais da retidão (leia Efésios 6.14) e mantemos nossos corações sensíveis e abertos, a voz do Espírito Santo toma as realidades do Pai e as mostra para nós. Ele nos guiará a toda a verdade.

Por que os pastores e seus rebanhos precisam de tal revelação? A fim de desmascarar a linha de ataque do inimigo; a fim de esboçar as manobras espirituais capazes de destroçar as forças de Satanás. Por meio de Suas revelações, o Espírito de Deus fala com clareza, outorga diretrizes distintas e oferece soluções para as circunstâncias problemáticas, sem importar quais sejam elas - financeiras, físicas, espirituais ou emocionais. A revelação é um aspecto indispensável do equipamento do crente-sacerdote dedicado à oração.

Após a revelação, o sacerdote dedicado à oração necessita das manifestações do poder sobrenatural. Tais manifestações divinas, porém, não ocorrem automaticamente. Elas dependem de nossa coragem -coragem para obedecer à revelação que tivermos recebido, coragem para nos mantermos firmes dentro da revelação recebida, coragem para pormos em prática essa revelação.

Um sacerdote dedicado à oração necessita do espírito da intercessão, que leva à revelação. A revelação deve ser acompanhada pela coragem de obedecer ao Senhor e isto conduz aos resultados da manifestação divina

Pense nas ocasiões em que você tem falhado < spiritualmente. Provavelmente, você fez isso por uma destas duas razões: Sem ter recebido qualquer revelação da parte do Senhor, prosseguiu, de forma presunçosa, e disse: "No nome de Jesus, farei isto, nem que isso me mate" (e assim quase aconteceu). Ou então, depois de receber uma revelação, você não exibiu coragem suficiente para firmar-se sobre a Palavra de Deus e prosseguir até ao fim. A coragem, neste último (■aso, é o elo perdido entre a revelação e a manifestação do poder de Deus. (N.E.: Recomendamos a leitura de

O Poder da Visão, de George Barna).

Um crente-sacerdote que queira dedicar-se à oração necessita do espírito de intercessão, que conduz à revelação. Em seguida, a

revelação, misturada com a coragem de obedecer ao Senhor, conduz a

resultados na manifestação. Continuam de pé as promessas de Deus: "Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei cousas grandes e ocultas, que não sabes" (Jr 33.3). Só Deus sabe os maravilhosos feitos que poderão ser realizados, pelos crentes que optarem por passar tempo diante dEle, em intercessão, recebendo a Sua revelação c obedecendo corajosamente a essa revelação, para então contemplarem as manifestações sobrenaturais c seus resultados.

Sentindo o Coração de Deus

"Dr. Lea! Dr. Lea!"

"O que será agora?" murmurei, suspendendo a respiração, naquela gélida manhã de outono, em 1988. Eu estava procurando usar dois chapéus ao mesmo tempo: pastor da Igreja da Rocha, em Rockwall, e deão da Escola Graduada de Teologia da Universidade Oral Roberts, em Tulsa. Já havia uma dúzia de coisas que eu precisava fazer, antes de apanhar um vôo de fim de tarde, de Tulsa até ao estado do Texas. Deixei escapar um suspiro quando olhei para o salão da entrada, estreito e apinhado de estudantes da Universidade Oral Roberts, que se precipitavam para as suas salas de aula. Foi então que vi o homem que tinha-me chamado pelo nome. Ele estava sentado em uma cadeira de rodas, agitando algo na mão que parecia uma caderneta. Dei um passo na direção dele; mas, outra pessoa qualquer me

segurou por um braço, para fazer-me uma pergunta. Nunca me voltei, realmente, na direção do jovem na cadeira de rodas.

Dali, voltei para o meu gabinete, a fim de terminar a preparação do sermão acerca da compaixão, o qual deveria pregar naquela noite, em minha igreja, quando chegasse a Rockwall. Porém, não conseguia concentrar-me. Alguma coisa continuava roendo-me no fundo da mente. O que seria? Do que eu teria-me esquecido?

Foi então que me lembrei do homem na cadeira de rodas. Era como se Deus me dissesse: "Filho, enquanto não fores receber a anotação dele e não ministrares a ele, não terás o direito de pôr-te de pé, diante de tua congregação, e de pregar sobre o tema da compaixão". Assim sendo, chamei uma de minhas secretárias, descrevi para ela o homem, e pedi-lhe que o encontrasse - bem como a sua anotação. Ela me trouxe a nota dele, a qual dizia mais ou menos como segue: "Caro Dr. Lea, pedi a Felícia que se case comigo. Talez ela seja a minha única oportunidade de casar-me. Tenho orado intensamente a esse respeito, mas deixei a questão aos pés de Jesus. Sem me importar com o que Deus faça, continuarei a amá-Lo; mas espero, sinceramente, que ela diga sim. Fia ainda não me deu sua resposta. Gostaria de orar por mim? Posso esperar sua oração?"

Meu coração constrangeu-se por causa daquele homem solitário, cuja vida não estava bem, e clamei a Deus, em favor dele e de Felícia. Embora, em parte alguma da amassada nota estivesse escrito qualquer coisa assim, de alguma forma consegui ler, nas entrelinhas, uma outra mensagem: "Dr. Lea, você é outro figurão que anda por estes corredores, ou realmente se importa com as pessoas?"

Inclinei a cabeça e renovei um voto que eu fizera a Deus, havia muitos anos. Eu tinha feito o voto de que amaria as pessoas. Eu fizera o voto de que seria um crente-sacerdote, dotado de um coração compassivo.

Mas [um sacerdote do Antigo Testamento] não estava bem equipado para apresentar-se diante do Deus santo em favor de um povo pecaminoso, a

Como se pode perceber, um sacerdote do Antigo Testamento podia ter-se vestido de vestes santas e ter sido consagrado. Mas não estaria plenamene equipado para apresentar-se diante de Deus, em favor de um povo pecaminoso, a menos que tivesse um coração compassivo, que chorasse com os entristecidos e rejubilasse com os alegres. Um sacerdote-intercessor precisava ser compassivo.

Não somos diferentes nisso. Enquanto não formos batizados na compaixão, não chegaremos a interceder de modo eficaz. Poderemos aprender todas as fórmulas de oração. Poderemos praticar, até aquirir, a inflexão certa em nosso tom de voz. Poderemos memorizar tudo quanto alguém deva aprender sobre a oração. Mas, enquanto nós mesmos não possuirmos corações compassivos, não seremos crentes-sacerdotes eficientes.

O Modelo de Compaixão

Jesus é o nosso modelo de compaixão. Ao escreverem seus respectivos Evangelhos, Mateus e Marcos escolheram muitas vezes, o termo grego splanxnizomai, que significa "comover-se em suas emoções internas", "comover-se até às entranhas", ao descreverem a reação de Cristo, diante das multidões e dos sofredores individuais. Ao cruzar cidades e aldeias, curando toda variedade de doença, debilidade e aleijão, e pregando, Jesus, vendo "as multidões,

compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas

que não têm pastor" (Mt 9.36, os itálicos são meus).

No capítulo catorze de Mateus relata-se a história da morte de João Batista. Ao ouvir a notícia de sua morte, Jesus, de coração partido, retirou-se para um lugar solitário. E quando a aflita multidão pôs-se a segui-Lo, Jesus não se deixou perturbar. Pelo contrário, Ele

"compadeceu-se dela, e curou os seus enfermos" (Mt 14.14).

Vê-se uma clara progressão nos atos de Jesus. Em primeiro lugar, Ele viu uma numerosa multidão.

Em

seguida, deixou-se dominar pela compaixão e por profunda simpatia por ela. Ato contínuo, curou os enfermos; pois, contemplando as pessoas em suas necessidades, Seu coração compassivo transbordou do desejo de curá-las.

Como é fácil ver, a compaixão é algo que nos agita por dentro e que nos faz dizer: "Preciso fazer algo. Não posso simplesmente aquietar- me e furtar-me de lazer algo. Tenho que comover Deus acerca dessa gente".

O misericordioso ministério de Cristo consistia no extravasamento de um coração compassivo que se mantinha em contato constante com o Pai, cujo amor descobrira uma maneira de tocar, redimir e curar um inundo enfermado pelo pecado. No decorrer dos anos, lenho percebido que algumas pessoas são levadas a orar, devido a certo senso de dever. Outros oram, na esperança de obter, assim, alguma vantagem pecuniária. Mas, o compassivo coração de Jesus com freqüência impelia-O a erguer-se ainda bem de madrugada, a fim de que pudesse buscar a face do Seu Pai.

. Algumas vezes, imaginamos Jesus, tomado por uma justa indignação, com olhos chamejantes. Há um chicote em Sua mão, e Ele está expulsando negociantes que exploravam as dependências do templo, vendendo ovelhas e pombos. Mas, esquecemo-nos de que apenas minutos antes desse severo julgamento, Jesus tinha-se compadecido e chorado de compaixão, ao aproximar-se da cidade de Jerusalém (leia Lucas 19.41).

A compaixão ê algo que nos agita por dentro e que nos faz dizer: "Preciso fazer algo. Tenho que comover Deus acerca dessa gente".

A compaixão de Cristo é muito mais profunda do que a lágrima fácil. Lucas escolheu o vocábulo grego klaio, a fim de descrever o chorar de Jesus - uma palavra para indicar qualquer expressão de tristeza em voz alta; sobretudo, a lamentação pelos mortos. Signfica "irromper em pranto, lamentar." Essa mesma palavra é usada, em Lucas 22.62, para descrever a maneira como Pedro chorou e se lamentou, após ter negado ao Senhor Jesus.

Jesus derramou a Sua tristeza sobre Jerusalém em lamentos e soluços audíveis. Ele sabia que o tempo da graciosa misericórdia de Deus, pela cidade, era curto; a profetizada destruição da cidade de Jerusalém aproximava-se céleremente!

E não foi aquela a única vez em que Jesus chorou em público. João selecionou a palavra grega dakruo, que significa "verter lágrimas," a

fim de descrever a tristeza visível de Cristo, quando viu Maria e seus amigos angustiados, devido à morte do irmão dela, Lázaro (João 11.35). E contemplando as lágrimas de Jesus, os circunstantes sussurraram: "Vede quanto o amava!" (João 11.36).

Onde obtivemos a noção que homens "reais", homens "machos", não choram? O homem, em seu estado natural, é apenas uma cópia pervertida e deformada do Deus de amor, em cuja imagem foi criado. Se quisermos saber como Deus é, se quisermos ver homens e mulheres conforme Deus tencionava que eles fossem, precisamos contemplar a Jesus, o qual é "a imagem do Deus invisível" (Cl 1.15): a representação visível do Deus invisível!

Jesus verteu lágrimas. Jesus chorou. Por quê? Por estar tomado de compaixão; e a compaixão nos move para fazer algo que alivie os problemas ou sofrimentos alheios. A compaixão sente-se impelida a clamar a Deus, em favor de outrem.

Há excesso de sofrimento ao nosso redor; mas, a nossa condolência e a nossa simpatia não bastam. Se tivermos de influenciar, precisaremos ter corações que se compadeçam e solucem com a compaixão de Cristo: uma compaixão que nos ponha de joelhos, intercedendo em favor dos sofredores.

Quem sente compaixão emprega o tempo necessário para deixar-se envolver, esforça-se e chega a suar; rebaixa-se até ao pó. A compaixão atua onde I iá tristeza: compartilha das desgraças, sofre as agonias e se deixa comover pelo sentimento de fraqueza alheia. A compaixão cuida em investir horas preciosas de intercessão diante de Deus, pelos que sofrem, pelos que padecem necessidades, e até mesmo pelos rebeldes.

CINCO

INTERCEDENDO DIANTE DO ALTAR

No documento Larry Lea - Supremo Chamado (páginas 35-43)