• Nenhum resultado encontrado

5 CAPÍTULO

5.2.4 Conhecimentos, Habilidades e Atitudes

Neste tópico procurou-se identificar questões voltadas à contemplação dos Conhecimentos, Habilidades e Atitudes. De acordo com as DCN para o curso de Ciências Contábeis é necessário:

[...] conferir maior autonomia às instituições de ensino superior na definição dos currículos de seus cursos, a partir da explicitação das competências e das habilidades que se deseja desenvolver, através da organização de um modelo pedagógico capaz de adaptar-se à dinâmica das demandas da sociedade, em que a graduação passa a constituir-se numa etapa de formação inicial no processo contínuo da educação permanente.

Observa-se que as DCN sinalizam a necessidade de cada curso traçar as competências e habilidades que pretende desenvolver para o bom exercício profissional, sem contudo, mencionar os objetivos. Aborda, também, que a educação deve ser entendida como processo ao longo da vida e que a graduação deve ser encarada como uma formação inicial de uma carreira profissional.

O Art. 4º da Resolução 10 das DCN trata especificamente de competências e habilidades esperadas para o formando em Ciências Contábeis, abaixo o texto na íntegra:

Art. 4º O Curso de Graduação em Ciências Contábeis deve possibilitar

formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes competências e habilidades:

I - utilizar adequadamente a terminologia e a linguagem das Ciências Contábeis e Atuariais;

III - elaborar pareceres e relatórios que contribuam para o desempenho eficiente e eficaz de seus usuários, quaisquer que sejam os modelos organizacionais;

IV - aplicar adequadamente a legislação inerente às funções contábeis; V - desenvolver, com motivação e através de permanente articulação, a liderança entre equipes multidisciplinares para a captação de insumos necessários aos controles técnicos, à geração e disseminação de informações contábeis, com reconhecido nível de precisão;

VI - exercer suas responsabilidades com o expressivo domínio das funções contábeis, incluindo noções de atividades atuariais e de quantificações de informações financeiras, patrimoniais e governamentais, que viabilizem aos agentes econômicos e aos administradores de qualquer segmento produtivo ou institucional o pleno cumprimento de seus encargos quanto ao gerenciamento, aos controles e à prestação de contas de sua gestão perante à sociedade, gerando também informações para a tomada de decisão, organização de atitudes e construção de valores orientados para a cidadania; VII - desenvolver, analisar e implantar sistemas de informação contábil e de controle gerencial, revelando capacidade crítico-analítica para avaliar as implicações organizacionais com a tecnologia da informação;

VIII - exercer com ética e proficiência as atribuições e prerrogativas que lhe são prescritas através da legislação específica, revelando domínios adequados aos diferentes modelos organizacionais.

A LDB, Lei 9394/96, aborda em seu texto que as IES possuem a liberdade de elaborar currículos flexíveis que atendam à necessidade do contexto em que estejam inseridas. A avaliação do aproveitamento de seus alunos será feita de modo a otimizar a aplicação de recursos, promovendo-os para níveis superiores, desde que comprovada a evolução de suas competências e habilidades. O MEC, através do CNE e da Câmara de Educação Superior (CES), depois de amplo debate com a sociedade, tem definido para cada profissão as DCN dos cursos de graduação abordando, dentre outros aspectos, as competências e habilidades que são necessárias para cada profissão.

Sendo assim, Conhecimentos, Habilidades e Atitudes foram evidenciados completamente nos projetos pedagógicos ao se relacionarem com o perfil que se deseja desenvolver pelas DCN: “as competências e habilidades do/a graduando/a devem coadunar tanto com o perfil do egresso anunciado para esse Curso, quanto com as indicações previstas nos dispositivos legais que versam sobre a formação do Bacharel em Ciências Contábeis...”. (UNEB-I, PPP, p. 11); enfatizam ainda que “a proposta curricular do curso tem sido operacionalizada no sentido de torná-la cada vez mais coerente com as habilidades e competências... discriminadas [...] na Resolução CNE Nº. 10/04 - artigo 4º”. (UNEB-VII, PPP, p. 22).

Por outro lado, os projetos mostram-se fragilizados, evidência mínima, ao tentarem se integrar ao currículo através dos projetos em desenvolvimento e pelas ementas, com propósito de atender às competências definidas para o perfil do egresso do

curso, a saber: “Nesse sentido, do eixo central decorre a concepção do curso que se manifesta através da presença de três vetores, expressados de modo pronunciado no conjunto das disciplinas básicas, profissionais e práticas”. (UESC, PPP, p. 17).

Em relação a esta questão, os Coordenadores expressam que não existe, de fato, no curso uma integração com o que é descrito no perfil do egresso, nos projetos em desenvolvimento e na proposta das ementas. Embora, todos coadunam com esta proposição ao afirmarem que os PPP se encontram em reformulação.

“Parcialmente. Não há ainda uma integração com as disciplinas. Não há interdisciplinaridade. Não conseguimos colocar em prática, até porque, por ser universidade pública, é muito mais complexo tratar diretrizes do que a universidade privada, onde a figura do “dono” impõe seu desejo. Na universidade pública não se pode impor de cima para baixo, o coordenador passa a ser um gestor”. (Coord. 01)

“No projeto sim, mas nós estamos em uma fase de reformulação, o projeto ta sofrendo mudanças substanciais”. (Coord. 02)

“As ementas buscam refletir as competências que o projeto político- pedagógico determina [...] Hoje, temos dúvidas disso. Nós estamos reformulando nosso projeto político-pedagógico não só em termos de componentes curriculares, como de ementas, porque a gente entende que a área de contabilidade é muito dinâmica, tanto em termos científico, como em termos de normatização. Então, nós já percebemos a necessidade de ajustar as ementas de alguns componentes curriculares”. (Coord. 04) “Neste momento, iniciamos um trabalho de atualização curricular, ensejando atualizações com foco na ‘modernidade globalizada’”.

(Coord. 05)

Como se pode perceber, a ausência da interdisciplinaridade compromete o desenvolvimento do curso e impõe desafios ao Coordenador, na medida em que limitam as possibilidades de superar a fragmentação e, ao mesmo tempo, enfrentar os muitos desafios do processo formativo com ênfase na desarticulação das atividades de ensino e nas as atividades de extensão e pesquisa.

O Coordenador de Curso precisa estimular a reflexão sobre a flexibilidade dos currículos, sobre a interdisciplinaridade, sobre as diretrizes curriculares e sobre a importância de se discutir o perfil profissiográfico, além de compreender o ambiente interno e externo da instituição, entender que o sucesso depende da articulação entre os setores da IES e do bom relacionamento entre os diversos departamentos e cursos. É necessário que os docentes entendam que a IES e, portanto, os cursos estão inseridos num ambiente de mudanças constantes e, para tanto, a atuação do coordenador é

decisiva. Obviamente, o Coordenador depende do apoio dos gestores, do investimento e do trabalho em equipe, aspecto que é destacado nas falas de todos os Coordenadores de Curso, revelando que nesse aspecto há a preocupação para rever os Projetos dos Cursos.