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CIÊNCIAS CONTÁBEIS

5.5 DESAFIOS INSTITUCIONAIS E/OU PROFISSIONAIS PARA A GESTÃO ACADÊMICA NOS CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

5.5.2 Desafios para a Profissionalização da Coordenação de Curso

Diante de todos os desafios experienciados, institucional e profissionalmente, pelos Coordenadores de Curso de Ciências Contábeis, foi feito o seguinte questionamento: Quais são as suas considerações para uma possível “tese da profissionalização da coordenação de curso?

“Acredito que um Coordenador de Curso precisa ser preparado pra assumir aquele cargo que está sendo destinado a ele, porque se cai de ‘para-queda’ na coordenação. Ser Coordenador de uma IES pública, é muito diferente de um Coordenador de IES privada. De início, quis tratar a coordenação como uma empresa, pois vi que é totalmente diferente. Até entender a sistemática dá muito trabalho e você pode ter criado vários problemas em seu em torno. Sinto necessidade de um curso, de algo que me prepare para atuar na coordenação. Uma ação bem tímida que temos é o Encontro de Coordenadores promovido pelo Conselho Federal de Contabilidade”. (Coord. 01)

“Nesta instituição, estamos começando a ser bem atendidos. Já tivemos desde a minha posse como coordenador, participação de dois encontros de coordenadores. A instituição tem investido nesse tipo de capacitação, onde discutimos sobre os mais diversos assuntos enfrentados pelos coordenadores. Percebi que o nível das discussões levam à tese da profissionalização, onde se evidencia que a tarefa do Coordenador de Curso atualmente, não é mais uma tarefa meramente burocrática mas sim de tomada de decisão e resolução de conflitos no ambiente de trabalho”.

“Que não haja a priorização dos aspectos técnicos e teóricos e sim que se pesquisem aspectos reais relacionados à prática docente em Contábeis, ou pesquisas autônomas que foquem aspectos associados ao processo de formação dos contabilistas”. (Coord. 03)

“Acho que é fundamental. [...] na verdade, você não é preparado para ser coordenador de curso, você não faz nenhum tipo de capacitação, nem fora nem dentro da universidade para lidar com questões burocráticas, você aprende fazendo. É importante que a universidade promova aos professores um lócus de capacitação direcionada para as funções de Coordenador; é óbvio que existem órgãos que estão à disposição para auxiliar, tirar dúvida, ajudar na condução. Se o professor tivesse oportunidade de passar por um período de capacitação formal nos processo de coordenação, ampliaria o retorno desta atividade”. (Coord. 04) “Particularmente, defendo o ponto de vista que se o vaso não for de cerâmica e ele não retiver líquidos em abundância de nada servirá. A figura do professor assemelha-se à figura de uma talha e terá necessariamente que ser bem preparado para ter condições de ser um bom orientador, um bom instrutor, um bom docente no exercício de sua missão – ser um excelente mestre. Reterá conhecimento s para ser um bom municiador de ensino, nos cadinhos da profissionalização”. (Coord.

05)

“Dedicação exclusiva à função para que desse modo o Coordenador possa atuar objetivamente sobre todas as questões relacionadas aos aspectos didático- pedagógicos do curso”. (Coord. 06)

“Esta IES possui um curso de formação de gestores que envolvem os coordenadores e secretários de Colegiados. Trata-se de um fórum permanente, com vistas ao atendimento da proposta institucional”. (Coord. 07)

A partir dos dados acima, é possível frisar que as razões pela busca de uma formação específica na função de Coordenador de Curso, envolvem questões reais relacionadas aos bons resultados de sua prática gestora. Nesse contexto, o Conselho Federal de Contabilidade têm promovido Encontros de Coordenadores anuais com foco no atendimento das propostas institucionais vistas não como tarefas meramente burocráticas, mas sim de tomada de decisão e resolução de conflitos no ambiente de trabalho. Além disso, as IES públicas do Estado da Bahia também têm investido nesse tipo de formação com o objetivo de proporcionar aos professores, gestores, coordenadores e secretários de Colegiados um lócus de capacitação direcionado ao aperfeiçoamento das funções de coordenação de curso.

Outro aspecto que merece ressalva são os diferentes modelos de gestão evidenciados. Para os entrevistados, ser Coordenador de uma IES pública é reconhecer, de início, o espaço de atuação regido pelo trabalho democrático e coletivo, muito diferente de um Coordenador de IES privada, em que se compreende a coordenação como um segmento empresarial.

Em suma, estes relatos permitem uma reflexão, pois, cada vez mais, espera-se que o Coordenador de Curso seja um gestor de projetos. Sendo assim, sua capacitação deve ser pensada e executada institucionalmente de forma sistemática, evitando os nítidos problemas da gestão de curso.

Estudo de caso realizado em uma Universidade Federal por Marra e Melo (2003), com objetivo de caracterizar e analisar as práticas gerenciais de professores com cargos de chefia intermediária em sua ação cotidiana corroboram com os resultados encontrados nessa pesquisa, ao enfatizarem que as atividades específicas mais ressaltadas pelos Coordenadores de Curso são devido à falta de preparação formal para gerenciar e pela sua própria formação acadêmica. Além destes trabalhos, vários outros já analisaram a atividade de coordenação em IES públicas e privadas, cujos resultados revelam que as funções do Coordenador estão diluídas em práticas gerenciais e pedagógicas, permeadas pela falta de planejamento e por improvisos no seu intrincado cotidiano (SILVA; MORAES, 2002; MARRA; MELO, 2003)

O sentido de profissionalização do Coordenador de Curso aqui adotado, parte das reflexões realizadas no Fórum de Coordenadores da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC/CAMPINAS, 1997) em que aparece a "tese de profissionalização do Coordenador de Curso", defendida como modo de passagem do senso comum ao senso crítico no planejamento, acompanhamento e avaliação dos trabalhos do coletivo de professores, alunos e funcionários. Isto evidenciado, é possível entender que a Educação Superior tem buscado a maior profissionalização de seus cargos gerenciais, a partir da necessidade do gestor na área educacional conciliar a gestão administrativa, pedagógica, acadêmica e científica. O desempenho esperado do Coordenador de Curso corresponde ao cumprimento das atribuições descritas no Estatuto e Regimento Geral da instituição, bem como o desenvolvimento das competências necessárias para a atividade, assim como os recursos mobilizados para atingir o desempenho esperado e atender as demandas atuais de qualidade. A grande questão será a maneira de atingir este resultado, ou seja, a competência gerencial enquanto capacidade de mobilizar, integrar e colocar em ação recursos de competência (conhecimentos, habilidades, atitudes, recursos do ambiente) na gestão acadêmica.

As dificuldades apontadas, as soluções propostas e os sentimentos experimentados e expressos, revelam um Coordenador consciente da abrangência de sua função e das novas solicitações decorrentes do novo modelo de gestão institucional e, ao mesmo tempo, percebendo-se carente de apoio e de mais capacitação para exercer as atividades que lhe são atribuídas. Assim como a instituição universitária, a coordenação de curso de graduação e,

deste modo, os professores futuros coordenadores necessitam de formação e capacitação pedagógica na área da gestão e administração de um curso como sendo a gerência de um projeto de aprendizagem.

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