Histórico e Mercado dos Cursos de Ciências Contábeis

De acordo com as DCN, é essencial conhecer a história de implementação dos cursos, suas características temporais relacionadas ao contexto sócio-cultural e econômico-político, visando acentuar as alterações realizadas, assim como pensar continuamente na sua reestruturação.

Art. 3º O curso de graduação em Ciências Contábeis deve ensejar condições

para que o futuro contabilista seja capacitado a:

I - compreender as questões científicas, técnicas, sociais, econômicas e financeiras, em âmbito nacional e internacional e nos diferentes modelos de organização;

[...]

Ao se buscar amparos nos PPP dos cursos, com o intuito de procurar elementos a respeito do histórico e mercado dos cursos de Ciências Contábeis, verificou-se que foi evidenciado completamente este indicador nos projetos em conformidade com as DCN: “O mercado, hoje, tem exigido cada vez mais profissionais que detenham conhecimentos amplos na área de finanças e gestão e que, acima de tudo, seja conhecedor das características regionais em que empresa ou organismo desenvolverá suas atividades” (UESB, PPP, p. 9). Além disso, os cursos procuram “[...] ocupar espaços em diversos segmentos do mercado de trabalho, tanto na área pública quanto na iniciativa privada”. (UFBA, PPP, p. 5).

A esse respeito, em especial, a oferta do curso e sua relação com o mercado no contexto de implementação, os Coordenadores teceram as seguintes considerações:

“Daqui a alguns dias o Curso de Contábeis desta instituição faz 35 anos... Já se passaram quatro mudanças curriculares, a mais próxima da minha realidade, que se refere a este PPP, aprovado em 2006, percebo que possui alguns problemas na tentativa de atender às DCN, pois não foram observadas algumas variáveis da instituição, peculiaridades próprias, como por exemplo, a região onde a IES está instalada e alguns contextos de carga-horária no currículo mínimo do curso. Não faltam vagas para contadores no mercado de trabalho. A oferta do curso deixa a desejar para o mercado de concurso, bem como para o desenvolvimento de práticas de gestão na cidade onde a IES está sediada. Hoje oferecemos 80 vagas por ano, ainda insuficiente”. (Coord. 01)

“Acredito que não, pois a Contabilidade é um campo que tem sempre vaga pra atuação. E percebo que há sempre uma necessidade, uma carência de mercado. Enfim, por conta disso e do que eu já vivi, em práticas anteriores

aqui, houve apenas uma dedução. O mercado fica carente, teríamos que pelo menos dobrar a oferta de vagas”. (Coord. 02)

“Sim. O curso de Ciências Contábeis é um dos mais antigos da universidade. Originalmente ele era do departamento de Economia, não era um curso independente. Exatamente, porque se observou o amadurecimento, uma exigência desse profissional no mercado é que ele se tornou um curso, uma unidade dentro da universidade. E, quando ele se torna uma unidade (isso em 1996) esse projeto pedagógico busca decidir exatamente isso. O mercado demanda por um profissional que tem um determinado perfil e esse curso então se desenha para atender esse perfil. [...] nós passamos por uma ampliação em virtude do REUNI, hoje nós oferecemos anualmente 160 vagas, e nossa concorrência no vestibular é uma média de cinco alunos por vaga; isso mostra que ainda há uma possibilidade de crescimento [...]”. (Coord. 04)

Na voz dos coordenadores existem elementos que remetem a problemas na tentativa de adequar os PPP às DCN. Pois, é notório a não observância de algumas variáveis da instituição, como peculiaridades próprias da região e localização da IES, bem como carga-horária no currículo mínimo no contexto de implementação do curso. Outras questões salientadas pelos Coordenadores de Curso expressam impasses na ação gestora, pois os cursos de Ciências Contábeis em sua maioria possuem baixa oferta de vagas nos vestibulares, propiciando carências tanto ao mercado local quanto para o desenvolvimento de atividades de extensão na comunidade.

Como não há de se preparar o aluno de Ciências Contábeis simplesmente para o mercado, mas também para sua autonomia no sentido da geri a sua própria carreira, é fundamental que o Coordenador de Curso tenha presente esta linha de trabalho, assessore a instância competente no âmbito do curso, dentro de suas atribuições, o planejamento de atividades que contribuam para o desenvolvimento de idéias de nichos de mercado, onde os alunos possam atuar profissionalmente na condição de empreendedores. Vale dizer também que, ao cogitar da vinculação do curso com os anseios e desejos do mercado, pode o Coordenador sintonizar-se, por meio dos professores, com as atividades de iniciação científica ou de pesquisa e as atividades de extensão e especialmente com as peculiaridades da região em que o curso está inserido.

Em virtude do exposto, os Coordenadores precisam conhecer a história de implantação dos cursos de graduação em Ciências Contábeis que coordenam, bem como as características temporais relacionadas ao contexto sócio-cultural e econômico- político das IES, visando ter mais clareza sobre as alterações a serem realizadas, assim como pensar continuamente na sua reestruturação. Faz-se necessário conhecer fatos

históricos da implantação destes cursos, para que todos os envolvidos na elaboração do PPP tenham um diagnóstico da situação atual do curso local e também da situação nacional, objetivando as soluções das necessidades mais urgentes, para programar ações de médio e longo prazo a novos cenários e demandas de formação do profissional da área contábil.

Enfim, em se tratando de histórico e mercado do curso, as dificuldades e as limitações do Coordenador de Curso poderá ser suprida à medida que mantém articulação com empresas e organizações de diversas naturezas que possam contribuir para o desenvolvimento do curso, para o desenvolvimento da prática profissional, através dos estágios e para o desenvolvimento do próprio currículo. Neste sentido, além de ser uma profissional para dentro da Universidade, ideal é que seja para fora da Universidade também, proporcionando visibilidade plena do curso diante do contexto local.