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Conservação da viabilidade e armazenamento de sementes de piaçaveira

As sementes de piaçaveira apresentaram variações nos teores médios de água durante o armazenamento em diferentes condições de ambiente e em embalagem porosa e impermeável. No Quadro 18, são mostradas as oscilações dos teores de água, no período de três meses de armazenamento nos tratamentos testados.

Vale ressaltar que na temperatura ambiente (T1) e em embalagem impermeável (E2) não houve decréscimo no teor de água aos 30 e 60 dias de armazenamento, vindo a ultrapassar o teor inicial na avaliação final, três meses após o início do teste. A embalagem porosa no tratamento câmara seca foi responsável pelo menores teores de água das sementes em todos os períodos avaliados. Outro ponto importante revelado, refere-se à manutenção dos teores de água das sementes nos tratamentos câmara fria a 5 e 15oC, apesar de não ter sido observado a

conservação da viabilidade das sementes, pelo teste de germinação realizado aos 90 dias de armazenamento.

A temperatura de 5oC, nos dois tipos de embalagem, induziu a perda total da viabilidade das sementes. Estes resultados são similares aos constatados no ambiente de câmara seca e próximos aos alcançados pela câmara úmida a 15oC na embalagem porosa. As

sementes de Chrysalidocarpus lutescens apresentaram o mesmo tipo de resposta quando armazenadas a 5oC em câmara úmida ou seca e à 20oC em câmara seca (Lyhne et al., 1988). Por outro lado, Broschat & Donselman (1988) trabalhando com esta espécie concluíram que a melhor conservação, a longo prazo, foi conseguida com o emprego de embalagens de polietileno lacradas e temperatura de 23oC.

Quadro 18 – Teores médios de água de sementes armazenadas em diferentes ambientes (T1,

T2, T3 e T4) e tipos de embalagens (E1 e E2) e porcentagem de germinação na temperatura de 30oC em câmara de germinação. Botucatu-SP, 1999.

Teor de água (%) Germinação (%)

30 dias 60 dias 90 dias 90 dias

Tratamentos Inicial (%) E1 E2 E1 E2 E1 E2 E1 E2 T1 - Ambiente 14,2 11,80 13,50 11,35 13,50 12,55 15,15 25,0 65,0 T2 – CS 14,2 9,15 - 6,75 - 6,35 - 0,0 - T3 – 15ºC 14,2 14,05 13,20 14,30 14,20 14,50 14,75 5,0 20,0 T4 – 5ºC 14,2 13,10 13,70 14,35 13,85 15,50 16,05 0,0 0,0 m 7,5B 28,3A1

1 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de

probabilidade.

T1=temperatura ambiente; T2=câmara seca; T3=temperatura a 15oC; T4=temperatura a 5oC; E1=embalagem porosa; E2=embalagem impermeável.

De forma geral, observou-se o efeito negativo das temperaturas de 5 e 15oC durante o armazenamento de sementes de piaçaveira. Estes resultados, confirmam os obtidos por Carvalho et al. (1988) com sementes de babaçu armazenadas nas mesmas temperaturas, recomendando que frutos destinados ao plantio não devem permanecer armazenados por mais de três meses na temperatura ambiente para as condições do Nordeste do Brasil.

Araújo & Barbosa (1992) conseguiram manter a viabilidade de sementes de Phoenix

loureiri, durante 7 meses, em câmara fria e úmida entre 3 e 4oC, utilizando embalagem impermeável, enquanto que a permeável foi eficiente nos primeiros três meses. Portanto, Broschat (1994) recomenda armazenar sementes de palmeiras entre 18 a 23oC, pois sementes de muitas espécies de palmeiras tropicais perdem a viabilidade se forem armazenadas em

temperatura igual ou inferior a 15oC, como ocorreu com as sementes de piaçaveiras neste trabalho.

Andrade et al. (1996) testaram as temperaturas de 5 e 15oC na armazenamento de sementes de palmiteiro (Euterpe edulis), durante 8 meses, indicando como a melhor estratégia de conservação a técnica de desidratação parcial, ou seja pequenas reduções no teor de água das sementes durante o armazenamento.

A baixa porcentagem de germinação obtida na temperatura ambiente e embalagem porosa (25%) pode ter sido causada pelos teores de água próximo a 12%, atingido durante o período de armazenamento (Quadro 18), conforme alerta Broschat (1994) em relação a desidratação das sementes de palmeiras ou devido a ocorrência de temperaturas equivalente às empregadas na câmara úmida, conforme dados apresentados no Quadro 3, sendo este efeito extensivo às sementes armazenadas em condições de temperatura ambiente e embalagem impermeável. Neste contexto, Ferreira & Santos (1992) associaram a perda da viabilidade das sementes de pupunha com a perda de umidade, ficando praticamente nula ao decrescer de 38 para 17%, enquanto que Bovi & Cardoso (1978) mantiveram a viabilidade de sementes de

Euterpe edulis com o uso de recipientes herméticos ou semi-fechados e mantidos na

temperatura de 5 a 10oC, ambas espécies recalcitrantes.

A porcentagem de perda de massa nas sementes de piaçaveira, calculada por diferença de peso, ficou mais evidente naquelas armazenadas em condições de câmara seca. No entanto, independente do tipo de ambiente, as embalagens porosas promoveram maiores perdas de massa das sementes do que naquelas embaladas em sacos de polietileno (Quadro 19).

Quadro 19 – Valores médios da porcentagem de perda de massa (PPM) observados durante o

armazenamento de sementes em diferentes ambientes e tipos de embalagens. Botucatu-SP, 1999.

PPM (%)

30 dias 60 dias 90 dias

Tratamentos E1 E2 E1 E2 E1 E2 T1 2,90 0,55 3,88 1,01 4,26 1,43 T2 5,94 - 9,50 - 9,88 - T3 0,00 0,17 0,03 0,21 0,88 0,07 T4 0,00 0,25 0,46 0,28 0,71 0,50

O comportamento das sementes de piaçaveira, em relação às temperaturas de armazenamento e a sensibilidade à secagem, sugere a possibilidade de serem classificadas como sementes intermediárias, pois não sobreviveram quando o teor de água atingiu 6,35% no armazenamento em câmara seca, não germinaram quando submetidas à temperatura de 5oC e foram fortemente afetadas pela temperatura de 15oC, principalmente na embalagem porosa. No entanto, futuras pesquisas definirão se as mesmas apresentam comportamento intermediário, com mais tendência para ortodoxo ou recalcitrante.

A identificação precisa da resposta fisiológica das sementes, quanto a tolerância à dessecação, define a estratégia de conservação a ser adotada (Chin, 1988 e Eira, 1994). Portanto, segundo o ultimo autor, uma diagnose correta é fundamental para se determinar uma metodologia de conservação, a ser aplicada com sucesso durante o armazenamento. Nesse sentido, existem divergências quanto a classificação do comportamento de sementes de dendê

no armazenamento, levando Ellis et al. (1991) a considerá-lo intermediário e Probert & Smith (1996) a citá-lo como ortodoxo, enquanto que para o palmiteiro E. edulis foi definido como recalcitrante (Andrade & Araújo, 1997).

Na Figura 13, são apresentados os resultados de testes preliminares relativos à definição de métodos de preparo de embriões excisados para aplicação do teste de tetrazólio. Num primeiro instante (foto à esquerda) foram testadas as concentrações de 1,0 e 0,5% do sal de tetrazólio (2, 3, 5 - trifenil cloreto de tetrazólio) em embriões sem pré-condicionamento, nos quais ficou evidente a maior difusão da solução na menor concentração. Em seguida os mesmos lotes foram testados nas concentrações anteriores, porém com e sem pré- condicionamento dos embriões em caixas gerbox utilizadas como câmara de envelhecimento acelerado, 40 ml de água destilada por 2h e e imersão na solução para coloração por 5 h, na temperatura de 30oC em germinador. Neste ensaio, a melhor coloração foi obtida com o sal de

tetrazólio a 0,5% nas duas condições de condicionamento (foto à direita). Por último, este procedimento foi aplicado aos embriões de quatro diferentes lotes antes do armazenamento ser testado em diferentes ambientes (foto central e embaixo). Resultado semelhante foi conseguido por Odetola (1987) com sementes de 25 espécies de palmeiras ornamentais, nas quais a viabilidade inicial foi avaliada com o emprego do sal de tetrazólio a 0,5%, durante 24 h no escuro. Para Broschat (1994) esta concentração pode ser usada a 1% por 2 a 24 horas.

Os resultados da viabilidade das sementes, em cada período de armazenamento, aos 30, 60 e 90 dias e nos dois tipos de embalagens, foi realizada de forma visual com a ajuda de fotos de cada período de avaliação, sem utilização de escala numérica. Nestas avaliações, observa-se a diminuição da coloração no decorrer do tempo, para os tratamentos que impuseram maior perda de água das sementes, nos quais foram utilizadas a embalagem do tipo

porosa e temperaturas mais baixas. Melhor entendimento e interpretação dos resultados poderão ser obtidos com o estabelecimento de padrões de coloração, conforme procedimento adotado por Camargo (1997) quando avaliou a qualidade fisiológica de sementes de castanheira-do-brasil. Diminuição das concentrações até 0,1% e no tempo de coloração, poderiam ser testadas como procederam Silva & Aguiar (1998) durante a avaliação da qualidade fisiológica de sementes de canela-preta (Ocotea catharinensis).

Figura 13- Métodos de preparo de embriões excisados para avaliação da viabilidade da

semente pelo teste de tetrazólio. Foto1 (esquerda): Tz 0,5 e 1%, sem pré- condicionamento; Foto 2 (direita): Tz 1% e 0,5%, sem e com pré- condicionamento; Foto 3 (embaixo): Tz 0,5%, com pré-condicionamento nos lotes 1, 2, 5 e 5/13.

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