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6.2 Germinação de sementes de piaçaveira

6.2.3 Efeito da temperatura

No Quadro 12 são apresentados a evolução dos dados médios do teor de água das sementes, durante os testes de germinação em três temperaturas, nas diferentes datas de avaliação, comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Não foram observadas diferenças significativas entre os teores médios de água das sementes nas temperaturas testadas, nos quatro primeiros períodos de avaliação. No entanto, constatou-se o efeito da

temperatura de 35oC na diminuição do teor de água, aos 75 e 90 dias do início do teste, comparados aos maiores valores obtidos nas demais temperaturas.

Quadro 12 – Teores médios de água das sementes submetidas a diferentes temperaturas

em câmara de germinação, sob substrato de vermiculita esterilizado. Botucatu – SP, 1999.

Teor de água (%) Temperaturas

(oC) 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias 75 dias 90 dias

25 20,2 a1 20,9 a 21,2 a 21,9 a 23,7 a 24,2 a 30 20,0 a 20,8 a 21,2 a 22,1 a 23,5 a 23,6 a 35 20,2 a 20,8 a 20,9 a 21,2 a 21,9 b 22,1 b

CV % 1,0 1,1 1,4 1,3 1,1 1,1

1 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de

probabilidade.

Aos 30 dias do início da avaliação, o teor de água das sementes tinha alcançado, aproximadamente, 21%, equivalente aos níveis obtidos em testes preliminares com sementes comerciais com 24 h de embebição, indicando, portanto, que as sementes submetidas ao tratamento de temperatura a 30oC atingiram as Fases I e II do processo germinativo, uma vez que foi registrado, neste período, a protusão do eixo embrionário dando início a Fase III da germinação, referida por Bewley & Black (1985) e Carvalho & Nakagawa (2000) como sendo a fase na qual as substâncias desdobradas na Fase I e transportadas na Fase II, permitem o crescimento do eixo embrionário.

Em relação ao teor de água nas diferentes fases da germinação, cabe ressaltar que nenhum dos tratamentos permitiu o alcance dos valores citados por Carvalho & Nakagawa

(2000) para sementes endospermáticas (25 a 30%) na Fase I e de 35 a 40 % na Fase III, desde quando os valores máximos obtidos no final da avaliação, aos 90 dias, ficaram próximos a 25%. No entanto, deve-se considerar que o teor de água da unidade de dispersão (diásporo) apresenta valor mais baixo do que se fosse considerado somente o teor da amêndoa.

Estes resultados obtidos com as sementes de piaçaveira podem estar relacionados com o teor de água das sementes no início do teste, a constituição oleaginosa do endosperma, a espessura do endocarpo e a dificuldade de absorção de água através do tegumento e obstrução do opérculo.

A representação gráfica dos teores de água das sementes no tempo e as respectivas equações de regressão, calculada para cada tratamento, mostra o efeito da temperatura de 35oC no menor acréscimo do teor de água, a partir do período de 30 dias (Figura 10).

y = -0,000001x4 + 0,000163x3 - 0,011761x2 + 0,353312x + 17,039102 R2 = 0,999620 y = -0,000001x4 + 0,000210x3 - 0,013737x2+ 0,378487x + 17,013268 R2 = 0,998023

17

18

19

20

21

22

23

24

25

0

15

30

45

60

75

9

Tempo (dias)

Teor de á

gua

(%

)

35 graus

30 graus

25 graus

y = -0,000001x4 + 0,000191x3 - 0,012280x2+ 0,347757x + 17,020584 R2 = 0,999755

0

Figura 10-Representação gráfica das curvas de regressão do teor de água das sementes,

submetidas a diferentes temperaturas durante a germinação, obtidas em função das datas de avaliação.

Os resultados médios da porcentagem de germinação de sementes sob diferentes temperaturas, em substrato de vermiculita e condições de laboratório, são mostrados no Quadro 13 e apresentam valores superiores àqueles obtidos com a germinação das sementes submetidas a pré-aquecimento e teste de germinação em casa de vegetação. A importância do estudo da temperatura, relatada por Koebernick (1971), fundamenta-se no efeito deste fator, dentre outros, sobre a germinação de sementes de palmeiras.

Quadro 13 – Porcentagem de sementes germinadas em diferentes temperaturas, em substrato

de vermiculita esterilizado. Botucatu-SP, 1999.

Porcentagem de germinação Temperaturas

(o C)

45 dias 60 dias 75 dias 90 dias

25 23,4 b1 62,6 ab 77,1 a 77,1 a

30 60,9 a 85,4 a 89,6 a 91,7 a

35 19,3 b 33,4 b 58,5 a 66,7 a

CV % 32,4 22,7 25,0 24,1

1 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de

probabilidade.

Diferenças significativas foram observadas somente até 60 dias para o tratamento a 30oC, que resultaram em 60,9% de porcentagem de germinação aos 45 dias, passando a 85,4% na avaliação seguinte, até atingir 91,7%, três meses após a instalação do teste (Quadro 13). Estes resultados mostram-se superiores aos relatados na literatura, tanto para condições de semeadura no campo (Bondar, 1943, Voeks, 1987, Voeks & Vinha, 1988 e Vinha & Silva, 1998) como em laboratório (Ferreira et al., 1985).

O efeito da temperatura na germinação reflete-se sobre a velocidade de absorção de água pela semente e sobre o total, a velocidade e a uniformidade de germinação (Carvalho & Nakagawa, 2000). A melhor resposta sobre a germinação das sementes de piaçaveira, pelo tratamento a 30oC, são condizentes aos relatos feitos por Borges & Rena (1993) com relação à definição da faixa de 20 a 30oC como a mais adequada para germinação de espécies tropicais e subtropicais ou, no máximo de 35 a 40oC (Marcos Filho, 1986).

A temperatura para germinação de sementes de palmeira foi estudada, dentre outros autores, por Yocum (1961) utilizando 26,5oC; Rees (1963) e Pinto (1971) com sementes pré- aquecidas de dendezeiro, germinadas na temperatura ambiente de 25 a 27oC; Ellis et al. (1985) que recomendaram 30oC para o babaçu e Carpenter (1988) definindo que as temperaturas abaixo de 5 a 10oC e acima de 35oC não se mostravam adequadas a germinação de sementes de quatro espécies de palmeiras, as quais requeriam temperatura constante entre 30 a 35oC para germinar. Resultados semelhantes foram obtidos por Villalobos & Herrera (1991) com a germinação de sementes de pupunha (Bactris gasipaes) na temperatura de 30oC, que promoveu maior comprimento da plúmula após a germinação. A definição da melhor temperatura de germinação da piaçaveira a 30oC, confirma e insere-se nos resultados obtidos pelos pesquisadores anteriormente citados.

Com relação ao tempo requerido para germinar e considerando-se pelo menos 80% de germinação, o processo germinativo da piaçaveira, sob as condições que foram adotadas neste trabalho, pode ser incluído entre as espécies de palmeiras que germinam entre 51 a 80 dias, conforme a classificação apresentada por Basu & Mukherjee (1972). Este tempo requerido para germinação poderá variar, tendo em vista que a piaçaveira é uma espécie nativa e não domesticada. Esta observação ampara-se nos resultados obtidos por Bovi et al. (1994),

quando acompanharam a germinação de 268 progênies de pupunha, coletadas no Peru, nas quais a duração do processo germinativo variou de 38 a 133 dias, em condições de laboratório. A Figura 11 mostra a maior inclinação da curva referente ao tratamento 30oC, comparado com a representação das retas da equação de regressão calculadas para os tratamentos 25 e 35oC. De forma similar, o Quadro 14 e a Figura 12 confirmam a superioridade do tratamento de temperatura a 30oC, sobre os demais, em relação ao Índice de Velocidade de Germinação (IVG), o qual mostra-se significativamente diferente nas duas primeiras avaliações, tornando-se igual nos dois períodos posteriores, apesar de manter-se com maior valor absoluto.

Quadro 14 – Índices de velocidade de germinação (IVG) observados durante teste de

germinação de sementes com diferentes temperaturas, sob substrato de vermiculita esterilizado. Botucatu-SP, 1999.

IVG Temperatura

(oC)

45 dias 60 dias 75 dias 90 dias

25 0,96 b1 2,14 ab 2,49 a 2,49 a

30 2,46 a 3,18 a 3,28 a 3,35 a

35 0,75 b 1,14 b 1,73 a 1,95 a

CV % 42,4 28,6 28,7 28,2

1 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de

Figura 11- Representação gráfica das equações de regressão calculadas para a porcentagem de

germinação de sementes, submetidas a tratamentos de temperaturas, obtidas em função das diferentes datas de avaliação.

Figura 12- Representação gráfica das equações de regressão dos Índices de Velocidade de

Germinação (IVG) de sementes submetidas a tratamentos de temperaturas.

y = -0,00132x2 + 0,21163x - 5,86150 R2 = 0,99250 y = -0,00003x3 + 0,00571x2 - 0,33111x + 6,74000 R2 = 1,00000 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95

Dias após a semeadura

Índi ce de vel oci d ade de ger m in ação

25 graus 30 graus 35 graus

y = 0,00003x3 - 0,00662x2 + 0,50078x - 9,32000 R2 = 1,00000 y = 1,154x - 33,76 R2 = 0,9837 y = 1,3607x - 33,26 R2 = 0,8982 y = -0,0428x2 + 6,5246x - 152,16 R2 = 0,9827 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 30 45 60 75 90 105 Tempo (dias) Germinação (%)

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