CONSIDEAÇÕES FINAIS

A proposta pedagógica é um instrumento que identifica o projeto enquanto pesquisa, estabelecendo diretrizes que embasou a linha de ensino do docente e de como a mesma atuará na vida do estudante envolvido e em sua comunidade, e ao mesmo tempo em que se torna o fechamento da pesquisa cientifica, como uma forma técnica de organizar o desenvolvimento de um projeto em sala de aula.

Essa proposta pedagógica foi realizada por meio do Mestrado Profissional em Artes PROF-ARTES da UFRN/Natal, com estudantes do Ensino Médio, do

92

Centro Estadual de Educação Profissional Senador Jessé Pinto Freire no Município de Natal/RN, a qual vem referendada por vários autores, que atuaram como guias fundamentais para o docente no desenvolvimento desta pesquisa, que impactou diretamente na vida dos estudantes envolvidos nesse processo de ensino- aprendizado por meio das diversas linguagens artísticas numa atividade que mudou para melhor as suas vidas.

Enquanto docente, tenho um processo longo de trinta e três anos na área de Arte, observando, percebendo e investigando esses corpos reprimidos e oprimidos no espaço escolar. É importante dizer que a nossa prática, nessa produção teatral com os estudantes, foi alternada com exercícios de percepção corporal, jogos corporais, improvisação teatral e apresentações, vivências e experimentações fundamentais no processo, em conjunto com atividades de desenho/pintura, música e dança).

O processo da pesquisa foi realizado por etapas, considerando os limites e o tempo de aprendizado do estudante: a primeira, pautada na experimentação e conhecimento do corpo, a segunda, baseada em jogos de improvisações e na exploração de textos e conteúdos pesquisados para os temas geradores de cenas, cenas essas que teve a produção de desenhos e pintura, os quais contribuíram nessa construção cênica, sendo a última etapa, as apresentações.

A proposta pedagógica complementa o artigo enquanto uma fundamentação teórica como parte importante para o entendimento das diretrizes, escolhas, possibilidades nessa vivencia por meio de um projeto, dando um norte ao desenvolvimento de ideias inovadoras no espaço da escola, o que verdadeiramente transformou a vida dos alunos na aceitação de si mesmo, olhando para si próprio como um ser capaz de existir frente as adversidades da vida. Por isso, considero que a nossa prática serviu para um novo existir na escola e no meio social em que o estudante está inserido.

REFERÊNCIAS

AMARAL, Ana Maria. Teatro de formas animadas: Máscaras, bonecos, objetos. São Paulo: EDUSP, 1996.

93

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997.

BACHEGA JUNIOR, Vanderlei. Teatro do Oprimido. Todo Estudo.

Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/artes/teatro-do-oprimido.

Acesso em: 20 de March de 2020.

BOAL, Augusto. Jogos para atores e não-atores. Rio de Janeiro. Civilização brasileira, 2007.

______. Teatro do oprimido e outras poéticas. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2009.

DEWEY, John. Experiência e Educação. Trad. Renata Gaspar. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2010. (Coleção Textos Fundantes da Educação).

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. ______. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

______. Conscientização: teoria e prática da libertação – uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.

KATO, Mary. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. São Paulo: Ática, 1986.

MEDINA, João Paulo S. O brasileiro e seu corpo: educação e política do corpo. Campinas/SP: Papirus, 1990.

MELO, J. P. Configurações do Conhecimento do Corpo: subsídios para a prática da Educação Física nas séries iniciais de ensino. Tese (doutorado) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1998.

MURARO, Rose Marie. Sexualidade, libertação e fé. Por uma erótica cristã: primeiras indagações. São Paulo: Vozes, 1985.

NEVES, Neide. Klauss Vianna – estudos para uma dramaturgia corporal. São Paulo: Cortez Editora, 2008.

94

95

Uma cronologia do registro da pesquisa

Figura 1 – Apresentação do grupo de teatro/CENEP em evento do Ministério Público/Natal, com espetáculo “O que você tem a ver com a corrupção”.

No ano de 2009, o Secretario Estadual de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte, Dr. Ruy Pereira dos Santos, solicitou que construíssemos com os estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional Senador Jessé Pinto Freire/CENEP um projeto de teatro dentro do Programa Nacional de Educação Fiscal com temática relacionada à corrupção em diversas esferas, isso atrelado com o programa de Educação Fiscal, tendo um grupo da Secretaria Estadual de Educação, responsável pela disseminação do mesmo.

O referido programa tinha como finalidade apresentar as linhas norteadoras do Programa Nacional de Educação Fiscal – PNF aos educadores, estudantes e sociedade em geral. Nessa proposta, a Educação Fiscal pode ser entendida como uma prática educacional que tem como objetivo o desenvolvimento de valores e atitudes, competências e habilidades necessárias ao exercício de direitos e deveres,

96

com vistas à formação de cidadãos conscientes de sua cidadania e espertos em relação à corrupção de maneira geral.

Foi a partir desse momento, que começamos a construir o espetáculo intitulado “O que você tem a ver com a corrupção?”, e, nesse momento, teve iniciou a pesquisa, portanto, durante todo o percurso com o projeto, foram produzidos quatro espetáculos com temáticas diferenciadas, o último espetáculo “The Sims”, encerra esse estudo e é apresentado aqui por meio do Mestrado Profissional em Arte/PROFARTES.

Foi envolvida, nesse processo, uma média de 60 jovens, sendo oportunizado a eles possibilidades para potencializar suas vidas para um futuro melhor, com mais consciência de mundo e capazes de viverem com opiniões e questionamentos próprios, ficando conscientes de seu próprio corpo, sem ter que se submeter a outras pessoas. Ressalte-se que o teatro contribui profundamente na transformação individual, coletiva e social.

Os espetáculos produzidos foram:

1) O que você tem a ver com a corrupção? 2) Paulo Freire, simplesmente Paulo Freire 3) Cenas do cotidiano

4) “The Sims”

As duas fotos apresentadas abaixo registram as cenas teatrais do espetáculo ‘O que você tem a ver com a corrupção?”, podemos analisar diversos aspectos do teatro; figurino, maquiagem e adereços que são importantes em uma produção teatral e contribui na formação do estudante, dando a ele acesso a informações e a pesquisa sobre esses aspectos importantes de serem desenvolvidos em se tratando de aula de teatro.

97

Figura 1 – Cena do espetáculo já citado acima, onde um passageiro aproveita o ônibus superlotado e passa a esfregar-se na mulher e ainda consegue fazer com que a mesma troque vinte reais falso alegando que o cobrador não tem troco e ainda consegue roubar o celular da mesma sem que ela perceba.

Figura 3 – Parte do figurino, cenário e da plateia que contribui para que o estudante perca o medo de falar em público.

98

O figurino no teatro foi criado pelos gregos antigos, com as máscaras, facilitando as interpretações da época e é ele, o figurino, que o ator encontra a concepção de criação de seus personagens. Na linguagem visual, o figurino é um elemento muito importante do espetáculo. Tem grande poder e influência sob o tema, dando uma ótima noção do que irá estar em cena, com o uso de cores, formas etc.

Podemos compreender mais sobre o personagem por meio do figurino, que traz consigo muita simbologia, destaca o perfil psicológico do personagem, e conta a história do figurino, dependendo da época do espetáculo. No teatro, o figurino é o traje cênico ou um conjunto de indumentárias. O figurino é parte integrante da encenação como significante cênico (PAVIS, 1999).

E o envolvimento do estudante, nessa criação, é importante em sua formação, ele irá compreender todas as etapas como analisar o texto ou a temática na criação. É preciso também pesquisar sobre referencias estéticas e históricas. Faz-se necessário fazer croquis, analisando os materiais que serão utilizados, as cores dos figurinos etc.

Para Ana Mae Barbosa, o ensino de Arte na escola precisa e deve ser compreendido dentro de uma abordagem triangular, tendo que envolver, dentro da criação artística, a prática do conhecimento das criações artísticas, bem como, a visão do espectador que aprecia a arte e a noção histórica sobre arte. O conhecimento em arte se dá na interseção da experimentação da decodificação e da informação [...]. O que a arte na escola principalmente pretende é formar o conhecedor, fruído, decodificador da obra de arte (BARBOSA,1999, p. 32).

Portanto, no fazer teatral na escola, o estudante compreende que o figurino é um importante componente que integra esse fazer, o mesmo objetiva dá uma visibilidade à peça teatral, ele mostra características das personagens e pode situar épocas de nossa história.

Na figura abaixo, percebe-se os personagens se preparando e tomando seus figurinos em mão, após esse momento, eles (os alunos) se voltarão ao público para dar início ao espetáculo.

99

Figura 4 – Preparação em sintonia com os figurinos

Trata-se de um momento de interação artística entre personagens e público numa reflexão sobre a corrupção.

100

Verifica-se na imagem abaixo a simplicidade do camarim, que se faz presente no palco, junto aos estudantes que se apresentam naquele momento, num auditório superlotado.

Figura 6 – Apresentação da cena ao público.

Acompanhando o espetáculo, temos um aluno e um cinegrafista, filmando a cena, para um registro da situação vivenciada.

101

Já nessa imagem, temos um estudante tocando num instrumento, dando musicalidade ao espetáculo realizado no Ministério Púbico do Rio Grande do Norte.

Figura 8 – Aluno com instrumento musical (Ensaio).

A seguir, vemos o depoimento de uma aluna, ressaltando o quanto o trabalho com o teatro lhe oportunizou uma mudança de vida pessoal e de relação com outras pessoas.

102

104

O texto abaixo traz a reflexão de uma aluna relacionada a um desenho feito por ela, no qual, ela aborda a violência ocorrida com as pessoas que não seguem os padrões impostos pela mídia ou pela sociedade.