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nacionais Brasília: MEC/SEF, 1997 Disponível em: Acesso em: 30 maio

4 O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

5. RESSIGNIFICAR O CORPO POR MEIO DO TEATRO

4.1 RESULTADOS OBTIDOS

Os resultados obtidos estão diretamente vinculados ao discurso dos estudantes, quando inqueridos sobre os benefícios do Teatro e das temáticas abordadas nas oficinas para a construção das peças. Essa construção influenciou muito o estudante em relação ao pensamento crítico-reflexivo sobre si mesmo e o outro e em sua atuação no constructo social escolar, numa proposta holística da convivência com o mundo e com outras pessoas.

Percebe-se que nesse processo de ensino-aprendizagem, a postura desse estudante em relação aos seus conflitos mudou principalmente no que se refere a sua consciência corporal, em sua aceitação e na convivência com o outro. É preciso considerar a particularidade de que cada corpo é diferente um do outro, cada um tem seu próprio tempo, ritmo e limite, por isso, deve se considerar essas diferenças.

Dessa forma, o estudante, durante sua experiência em um simples exercício teatral, tem a oportunidade de se expressar por meio da fala e do gesto; e de descobrir como o seu corpo se encontra preso a normas e padrões impostos por uma sociedade de consumo.

É como se este corpo estivesse literalmente em uma prisão, e essa experiência em Arte dá liberdade para ele expor suas angustias, questionamentos e opressões corporais marcadas no seu cotidiano. Por isso, é essencial que o estudante tenha em sala de aula a oportunidade de expressar os seus sentimentos e ainda ouvir o outro e saber conviver com as diferenças múltiplas.

Muito dos relatos desses jovens mostram como se eles estivessem presos em uma gaiola, mas também se encontram ansiosos pela possibilidade de se libertar e viver sua vida como deseja e como ele se apresenta diante dela. A escola, por hipótese alguma, não deve reforçar esse tipo de situação.

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Com as atividades desenvolvidas, o estudante vai perdendo a timidez, algo que pode prejudicá-lo em sua vivência cotidiana. Contudo, o importante no processo é a auto aceitação, do tipo de fibra do cabelo, da cor da pele, do próprio peso, e às vezes, da estatura em relação à altura, dentre outros aspectos conflituosos.

Ressalte-se, portanto, que a nossa sociedade contemporânea exige um padrão de beleza e de consumo muito grande, e, nesse contexto de ressignificação8 corpórea desses estudantes, é fundamental que o docente tenha consciência daquilo que deseja com a sua pesquisa, o porquê dela, o que quer atingir com seus objetivos e quais as suas expectativas.

Assim, o docente precisa estar consciente de suas responsabilidades, estando preparado teoricamente sobre o assunto e tendo a devida competência com a sua prática, para que possa ensinar de maneira que o estudante apreenda esses conhecimentos na área de Arte e que esse conhecimento tenha significado para ele. Vale ressaltar que o Teatro pode exercer uma função social na escola. Por isso, o professor de Teatro ou outra denominação que venha a ter, independentemente de qualquer coisa, não deve esquecer-se de relacionar as produções artísticas teatrais com o contexto, social, político, econômico e cultural do estudante. Mas é preciso estar atento, pois ainda existem professores que não são da área de Arte, que lecionam a referida disciplina e não estão preparados para ministrar as aulas nessa modalidade artística.

Como preconiza Dewey (2006)

Professores de teatro, coordenadores de oficinas, diretores teatrais; as denominações flutuam: aglutinam-se às vezes, ou até superpõe ocasionalmente, formando configurações inusitadas, ainda não suficientemente exploradas. No bojo de projetos teatrais em curso no Brasil e fora dele, as esferas desses profissionais hoje frequentemente se embaralham. Não se pode falar em funções precípuas ou em responsabilidades definitivamente construídas no terreno da criação cênica em nossos dias. Marcada pela constante efervescência e pela investigação em torno do seu lugar na sociedade, a cena atual engendra continuamente seus desafios, suas interrogações, suas incertezas. (Dewey, 2006, p.11).

Entretanto, os diversos desafios, as constantes indagações, interrogações e incertezas, permeiam também o espaço escolar com relação aos diversos projetos

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político pedagógico, de pesquisa ou não nas escolas em relação ao fluir e fazer teatro. O teatro na escola não tem objetivos específicos de formar atores profissionais, e sim tê-lo como uma ferramenta possível de realizar mudanças e transformações positivas na vida do estudante envolvido nesse tipo de atividade desenvolvida pelo docente.

O fazer teatral na escola tem que ter suas responsabilidades e competências, o estudante necessita compreender que o mesmo é também social e que pode lhe dá suporte em sua caminhada e formação escolar bem como na vida fora da escola. O teatro na escola precisa ser algo efervescente e que possa também conscientizar ao estudante em diversos aspectos da sua vida e, ao mesmo tempo, ser significativa essa experiência.

O fazer teatral na escola pode colaborar para que o estudante tenha a oportunidade de poder atuar efetivamente em seu contexto de vida e de mundo, tornando-se um ser crítico e autônomo, sabendo opinar, sugerir mudanças, o que possibilita o desenvolvimento da autonomia em diversos aspectos como a criatividade, coordenação motora, memoria, e vocabulário.

Os estudantes se favorecem da interação entre eles, é estimulado ao autoconhecimento e à comunicação, contribuindo para a melhoria da autoestima, do interesse pala leitura, aumento do senso de responsabilidade e de compromisso com eles e com os outros. Pois, como reforça Dewey (2006)

Na esteira de um longo processo histórico iniciado na Grécia com Platão e Aristóteles, concebemos hoje o ato de fruir o teatro e o ato de fazê-lo, como dimensões complementares, a serem tecidas entre si. Apreciar teatro e experimentar a atividade teatral constitui a via de mão dupla que delimita o terreno da nossa atuação com pessoas de diferentes faixas etárias em instituições escolares as mais diversas, organizações não governamentais, centros culturais e espaços similares. Quando atuamos dentro deles e nos propomos a pensar as funções sociais que o teatro pode exerce em seu âmago, somos convidados a beber na fonte dos princípios mais caros ao teatro contemporâneo. A consciência do processo de criação, a ênfase no trabalho coletivo, a importância atribuída à pesquisa, a busca de novas relações com os espetadores são fulcro de mobilidades de fazer e de fruir a representação que rompem com padrões de consumo dominantes e caracterizam experimentações férteis, não raro marcantes pela radicalidade. (DEWEY, 2006, p.12).

São diversas as denominações usadas para o profissional de teatro, o importante é que este, ao ensinar, ao transmitir seus conhecimentos tenha a

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consciência de sua responsabilidade e compromisso com a docência, pois ensinar não deve ser um simples ato de repassar e transmitir conhecimentos, não deve ser algo mecânico com o objetivo apenas de fazer com que o estudante apenas decore os conteúdos propostos, mas segundo Barreto (2004)

Ensinar só é válido quando os educandos aprendem a apreender a razão de ser do objeto ou do conteúdo. É ensinando biologia ou outra disciplina qualquer que o professor ensina os alunos a aprender. Do ponto de vista progressista, ensinar implica, pois, que os educandos, em certo sentido, “penetrando” o discurso do professor, se apropriem da significação profunda do conteúdo que está sendo ensinado. O ato de ensinar, de responsabilidade indiscutível do professor, vai desdobrando-se, da parte dos educandos, no seu ato de conhecer o ensinado. O professor só ensina verdadeiramente, na medida em que conhece o conteúdo que ensina, quer dizer, na medida em que se aproxima dele, em que o apreende. Neste caso, ao ensinar, o professor reconhece o objeto conhecido. Em outras palavras refaz sua cognoscitividade dos educandos. Ensinar é, assim, a forma que toma o ato de conhecer que o professor necessariamente faz na busca de saber o que ensinar, para provocar nos alunos seu ato de conhecimento também. Por isso, ensinar é um ato criador, um ato crítico. A curiosidade do professor e dos alunos, em ação, se encontra na base do ensinar a aprender. Ensinar, numa perspectiva progressista, não é simples transmissão de conhecimento em torno do conteúdo, transmissão deque se faz muito mais através da descrição do conceito do objeto a ser mecanicamente memorizado pelos alunos. Ensinar, do ponto de vista progressista, não pode reduzir-se a um puro ensinar os alunos a aprender através de uma operação em que o objeto do conhecimento fosse o ato mesmo de aprender. Ensinar um conteúdo pela apreensão deste por parte dos educandos implica criação e o exercício de uma séria disciplina intelectual. Pretender a inserção crítica dos educandos na situação educativa, enquanto situação do conhecimento, sem esta disciplina é esperada vã. Mas aprender sem ensinar um certo conhecimento através de cujo conhecimento se aprende a aprender, não se ensina igualmente a disciplina de que estou falando a não ser na e pela prática cognoscente de que os educandos vão se tornando sujeitos cada vez mais críticos. (BARRETO, 2004, p. 69, 70).

O teatro é uma área do conhecimento que contribui na formação do estudante, possibilitando-o a torna-se um cidadão crítico e mais consciente de si, compreendendo melhor seus conflitos e falando deles para o outro. Contudo, é necessária uma boa preparação do docente para ensinar conteúdos teóricos e práticos no ensino de Arte.

Sabe-se, no entanto, que a docência em Teatro na rede pública é um desafio constante, por falta de profissionais preparados na área, questões de

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espaços e materiais, o descrédito de muitos gestores e também colegas professores de outras áreas do conhecimento em relação ao ensino de Arte, sendo preciso o professor reinventar a cada aula ministrada. Pois, o ensinar teatro é algo mágico e transformador na vida do educando e do educador.

O teatro em nossa sociedade precisa avançar muito ainda, especificamente no espaço da escola pública, no que se refere às criações cênicas contemporâneas, são muitas as questões nessa investigação que precisamos estar atentos, para que possamos desenvolver produções significativas e singulares em sala de aula com os estudantes, fazer compreender a importância corporal e social do teatro na escola e em suas vidas como uma ferramenta poderosa e transformadora.

Dentro das diversas ferramentas do ensino aprendizagem em Arte uma das mais significativas é a interdisciplinaridade entre as diversas áreas do conhecimento, aqui um destaque para as tecnologias diversas que junto à proposta pedagógica ora apresentada e o desenvolvimento das atividades para que elas ocorressem, os estudantes utilizaram-na por meio de imagens, fotografias, vídeos, criação de folders, cartazes e banners para a divulgação do espetáculo, isso foi importante porque oportunizou interações diversas onde cada participante tinha a oportunidade de desenvolver a atividade que ele mais se aproximava ou a possibilidade de realizar várias atividades diferentes.

Para que isso acontecesse, foram feitas muitas discussões em sala de aula relacionadas à respeito dessas tecnologias; de forma a interagir e integrar tudo a produção também de material de divulgação da peça teatral “The Sims”, pois o teatro consegue envolver todas as linguagens artísticas em uma única produção, envolve os estudantes no texto teatral, leituras, criação de personagens, cenários, figurinos, maquiagem, adereços, som, iluminação, divulgação entre outros, uma experiência em consonância com a realidade vivenciada pelo estudante em seu cotidiano, considerando o tempo, espaço e limites de cada indivíduo envolvido nesse processo de ensino-aprendizagem.

A experiência teve início em 2018 por meio de oficina de Arte; e foi sugerida pelos próprios estudantes a utilização do universo virtual em especifico o jogo eletrônico “The Sims” para se escrever e produzir um espetáculo de teatro com o mesmo título, utilizando como pano de fundo, temas do cotidiano e de suas vivencias na escola e além-muros da escola. Essa metodologia por meio das

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ferramentas virtuais muito interessa a esse estudante e enquanto docente precisamos oportuniza-los a esses momentos de relações de linguagens, tecnologias digitais nessa formação do processo de educação.

As relações entre linguagem, tecnologias digitais e educação vêm sendo tratadas e discutidas por pesquisadores em diversos lugares do mundo. No Brasil, esse campo, cheio de interfaces interessantes e produtivas, vem gerando trabalhos e publicações, e, principalmente, criando espaços para a discussão desses temas, ligados a diferentes teorias e modelos de comunicação e aprendizagem. (RIBEIRO et al.; 2010, p. 2).

O aprendizado das novas Tecnologias da Informática e Comunicação e o software de Computação Gráfica é possível de ser replicado em sala de aula e facilmente absolvido pelo estudante de maneira prazerosa e significativa, por ser algo de seu interesse, e por fazer parte do seu universo, no que se refere ao mundo virtual.

Uma experiência envolvendo tecnologia e arte torna o percurso do aprendizado prazeroso, onde o docente pode ministrar os seus conhecimentos com interatividade e participação, valorizando a importância de se aprender Computação Gráficos e Arte e sua aplicabilidade no espaço escolar e na vida, o que possibilita o acesso a novos conhecimentos, contribuindo na potencialização e formação de um sujeito cidadão e autônomo.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais “a autonomia é tomada ao mesmo tempo como capacidade a ser desenvolvida pelos alunos e como princípio didático geral, orientador das práticas pedagógicas” (BRASIL, 2001, p. 94).

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (páginas 86-91)

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