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5 CONCLUSÃO E SUGESTÃO PARA FUTURAS PESQUISAS

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo da presente pesquisa foi investigar se existe relação entre os estágios do ciclo de vida organizacional e os instrumentos de gestão utilizados pelas empresas. Após a apuração dos resultados, os dados foram analisados com fundamento na teoria do ciclo de vida organizacional. Os estágios do ciclo de vida organizacional das empresas pesquisadas foram identificados e classificados por meio da escala empírica proposta por (LESTER; PARNELL; CARRAHER, 2003).

O instrumento de coleta de dados aplicado nesta pesquisa foi um questionário composto por cinco escalas, constituídas por cinco constructos e composto por quatro variáveis. As quatro variáveis refletem cada um dos estágios do ciclo de vida, de maneira que ficou caracterizado o modelo de cinco estágios, com a finalidade de identificar os seguintes estágios do ciclo de vida organizacional: (a) estágio um: nascimento; (b) estágio dois: crescimento; (c) estágio três: maturidade; (d) estágio quatro: renovação; e (e) estágio cinco: declínio. Para verificar a utilização dos instrumentos de gestão pelas empresas pesquisadas, foi aplicada uma escala constituída com o constructo para identificar cada instrumento e gestão.

A relação entre os estágios do ciclo de vida organizacional e os instrumentos de gestão utilizados pelos gestores das empresas baianas foi verificada com a aplicação do teste de hipótese.

As técnicas estatísticas, utilizadas nesta pesquisa com a finalidade de testar as hipóteses formuladas neste trabalho, foram distribuídas da seguinte forma: (a) fez-se a análise descritiva dos dados; (b) foi realizada a validação das escalas utilizadas e (c) foram testadas as hipóteses a partir da utilização do tratamento estatístico Análise de Variância Multivariada (MANOVA), conforme Hair et al. (2009) e o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, de acordo com Bruni (2009) e Field (2009). Os testes foram aplicados com a finalidade de analisar a relação entre as variáveis dependentes e o grupo variável independente.

De acordo com a apresentação da análise dos resultados, no item quatro desta dissertação, os estágios do ciclo de vida das organizações foram identificados e classificados com base no modelo de cinco estágios proposto por Lester, Parnell e Carraher (2003). Observa-se que a identificação dos estágios do ciclo de vida organizacional das empresas pesquisadas foi realizada de forma descritiva.

A identificação e classificação dos estágios do ciclo de vida das organizações pesquisadas foram realizadas a partir do cálculo da média de pontos para cada uma das cinco escalas, com a finalidade de identificar o estágio preponderante. Após o calcular a média, foi elaborada uma tabela, na qual havia uma coluna para cada estágio. Nas colunas correspondentes aos estágios (a) nascimento, (b) crescimento, (c) maturidade, (d) renovação e (e) declínio, foram alocados os valores correspondentes as médias obtidas para cada estágio.

Após a elaboração da tabela com as médias das escalas para cada estágio, outra tabela foi elaborada para identificar qual foi o estágio preponderante apresentado pelas organizações. O critério utilizado para identificar o estágio preponderante, foi o da maior média das cinco escalas. De maneira que, o estágio preponderante foi aquele que apresentou a maior média de pontos em relação às médias das cinco escalas. Ao identificar os estágios preponderantes, eles foram agrupados da seguinte forma: o estágio nascimento foi agrupado no grupo um, o estágio crescimento, no grupo dois, o estágio renovação, no grupo três, o estágio declínio, no grupo quatro e os estágios sem definição, no grupo cinco. Nos casos em que a maior média foi igual para duas ou mais escalas, impossibilitando apontar qual era o estágio preponderante, esta pesquisa optou-se por não definir o estágio preponderante e realizou-se o agrupamento destes dados, em outro grupo sem definição e com dados semelhantes.

Após a identificação dos estágios das organizações, verificou-se que houve cinco agrupamentos, que foram distribuídos da seguinte forma: no grupo um, ficaram vinte e seis organizações identificadas no estágio nascimento; no grupo dois, ficaram seis organizações identificadas no estágio crescimento; no grupo três, ficaram cinco organizações no estágio renovação; no grupo quatro, ficaram sete organizações no estágio declínio e no grupo cinco, ficaram sete organizações sem definição de estágio. Nota-se que, de acordo com os critérios utilizados, não foram identificadas organizações no estágio maturidade.

Os instrumentos de gestão investigados nesta pesquisa, também foram analisados sob a perspectiva de segregação em grupos, para a qual foi adaptada a visão apresentada por Soutes (2006) e por Borinelli (2006). Os instrumentos de gestão foram segregados em quatro grupos, de acordo com a característica de cada um, da seguinte forma: (a) métodos, abordagens e sistemas de custeio, (b) métodos e modelos de mensuração e avaliação, e medidas de desempenho, (c) filosofias e modelos de gestão, (d) modelos de gestão estratégica.

Na aplicação do tratamento estatístico; por meio da análise fatorial, a fim de identificar as dimensões existentes no bloco de afirmações, que foram propostas para a mensuração do nível de utilização dos instrumentos de gestão pelas empresas; foi verificada a existência de quatro dimensões. Em função da concentração dos pontos da escala nos três primeiros agrupamentos, optou-se por retirar da análise estatística a afirmação do quarto agrupamento, o componente B34, e utilizar as variáveis referentes aos três primeiros agrupamentos, os quais foram denominados: Agrupamento um - Instrumentos e modelos de gestão estratégica, o Agrupamento dois - Instrumentos de mensuração e avaliação e agrupamento três - Instrumentos de gestão inovadores:

a) No primeiro agrupamento ou componente, foram incluídas as afirmações sobre a utilização dos instrumentos de gestão, B26 - Planejamento Estratégico, B27-Orçamento, B29 - Balanced

Scorecard (BSC) e B30 - Gestão Baseada em Valor (VBM - Value Based Manangement).

b) No segundo agrupamento ou componente, foram incluídas as afirmações sobre a utilização dos instrumentos de gestão, B21 - Custeio por absorção, B24 - Custeio do Ciclo de Vida do Produto e B25 - Retorno sobre o Investimento (ROI).

c) No terceiro agrupamento ou componente, foram incluídas as afirmações sobre a utilização dos instrumentos de gestão, B28 - Gestão Baseada em Atividades (ABM), B31 - Custeio Baseado em Atividades (ABC) e B32 - Economic Value Added (EVA).

Os três agrupamentos, configurados pela análise fatorial, foram transformados em três variáveis denominadas Dimensão um, Dimensão dois e Dimensão três. A transformação foi realizada por meio do software estatístico SPSS.

Para testar as hipóteses com a finalidade de verificar a existência, ou não, de relação entre os instrumentos de gestão e os estágios de ciclo de vida organizacional, foi realizado o tratamento estatístico Análise de Variância Multivariada (MANOVA). Na aplicação do teste, a variável independente foi caracterizada pelos agrupamentos referentes aos estágios de ciclo de vida organizacional e as variáveis dependentes foram caracterizadas pelas três dimensões identificadas na análise fatorial e denominadas: a) dimensão um: instrumentos e modelos de gestão estratégica b) dimensão dois: instrumentos de mensuração e avaliação e c) dimensão três: instrumentos de gestão inovadores. O cálculo dessa estatística foi realizado no software SPSS, com um nível de significância de 5%.

Após a realização dos testes de normalidade e de homogeneidade, foi constatado que duas variáveis dependentes atenderam aos requisitos para aplicação do tratamento estatístico. De maneira que, logo em seguida, foi aplicada a Análise de Variância Multivariada (MANOVA), com a finalidade de testar a hipótese para verificar qual a relação entre os estágios do ciclo de vida organizacional e os instrumentos de gestão.

De acordo com os resultados da estatística descritiva que foram gerados pela aplicação da MANOVA, constatou-se que as médias calculadas, em relação às variáveis dimensão um e dimensão três, apresentaram variações progressivas e sequenciais para os estágios do ciclo de vida organizacional identificados. De maneira que, a média do estágio nascimento é menor do que a média do estágio crescimento; a média do estágio crescimento é menor do que a média do estágio renovação e, no entanto, a média do estágio renovação é maior do que a média do estágio declínio.

Analisando o resultado da MANOVA, verificou-se que o resultado foi bastante significativo, (sig. < 0,05), para as quatro medidas estatísticas: Traço de Pillai com nível de sig. 0,015; Lambda de Wilks com nível de sig. 0,009; Traço de Hotelling com nível de sig. 0,005 e Maior Raiz de Roy com nível de sig. 0,001. Esses resultados indicaram que existem diferenças significativas entre os grupos (estágios do ciclo de vida) e as variáveis que representam os instrumentos de gestão. De modo que, rejeita-se a hipótese nula e aceita-se a hipótese alternativa, de desigualdade, evidenciando que há relação entre os estágios do ciclo de vida das organizações (grupos) e os instrumentos de gestão utilizados pelos gestores das empresas baianas. Os instrumentos de gestão foram referenciados pelas variáveis: (a) dimensão um:

Planejamento Estratégico, Orçamento, Balanced Scorecard (BSC) e Gestão Baseada em Valor (VBM - Value Based Manangement); e (b) dimensão três: Gestão Baseada em Atividades (ABM), Custeio Baseado em Atividades (ABC) e Economic Value Added (EVA). Diante da impossibilidade de aplicar o teste estatístico paramétrico para a variável dimensão dois, neste caso, a opção foi aplicar o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, com a finalidade de testar as hipóteses. Então, após a realização do teste estatístico de Kruskal- Wallis, passou-se a analisar os resultados encontrados e foi verificado que o resultado da estatística teste, com nível de sig. 0,433, não foi significativo, indicando que a amostra teve origem em populações com médias iguais, evidenciando que não há diferenças entres os grupos (estágios). De modo que, rejeita-se a hipótese alternativa (H1) e, aceita-se a hipótese nula (H0) como verdadeira, de igualdade, evidenciando que não há relação entre os estágios do ciclo de vida das organizações (grupos) e os instrumentos de gestão, representados na dimensão dois: Custeio por Absorção, Custeio do Ciclo de Vida do Produto e Retorno sobre o Investimento (ROI).

A realização do procedimento estatístico de Análise de Variância Multivariada (MANOVA), no qual foi encontrando resultados altamente significativos, com a rejeição da hipótese nula e aceitação da hipótese alternativa, permitiu evidenciar que existe relação entre os estágios do ciclo de vida das organizações e os instrumentos de gestão utilizados pelos gestores das empresas baianas.

Assim, as evidências empíricas encontradas neste trabalho de que existe relação entre os estágios do ciclo de vida das organizações e os instrumentos de gestão, podem ser corroboradas pelos seguintes trabalhos:

(a) Frezatti et al. (2009) que investigaram o perfil das empresas brasileiras em relação ao processo de planejamento estratégico, do orçamento e do controle orçamentário associado as fases do ciclo de vida organizacional.

(b) Kallunki e Silvola (2008) que encontraram evidências indicando que as características das empresas, que utilizaram avançados sistemas de custos contábeis, apresentaram diferenças entre os estágios. Os autores também encontraram evidências de que o uso do custeio baseado

em atividade é mais comum entre as empresas na fase maturidade e renovação do que entre as empresas que estão na fase crescimento.

(c) Moores e Yuen (2001) verificaram que as formalidades do SCG são diferentes entre os estágios do ciclo de vida organizacional, eles constataram que há um comportamento diferente na aplicação destas formalidades, em que aumenta do estágio nascimento para o crescimento e do estágio maturidade para a renovação. Moores e Yuen (2001) também constataram que existem diferenças entre o SCG e os estágios do ciclo de vida organizacional. Ao final, depois da identificação dos estágios do ciclo de vida organizacional das empresas pesquisadas que foi realizada de forma descritiva e com uma abordagem cross-sectional, concluiu-se que, mesmo com essas limitações, foi possível verificar, conforme a presente pesquisa, que há fortes evidências de que as organizações se desenvolvem por meio de etapas ou fases distintas, as quais a literatura denomina de estágio de ciclo de vida organizacional, como verificado na distribuição das Tabelas 47 e 48. Estes achados são compatíveis com as evidências encontradas por (GREINER, 1972; MILLER; FRIESEN, 1984; LESTER; PARNEL; CARRAHER, 2003).

5.2 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES

As pesquisas acadêmicas, que abordam o ciclo de vida organizacional, necessitam de modelo que seja possível caracterizar e identificar os estágios, neste contexto e diante da grande variedade de modelos disponíveis, normativos ou empíricos, esta pesquisa utilizou o modelo que foi desenvolvido por Lester, Parnell e Carraher (2003). Por conseguinte, sugere-se que as futuras pesquisas façam uso desse modelo, com a finalidade de validar a escala e aprimorá-lo, bem como, utilizar o modelo juntamente com outros, no sentindo de comparar os resultados e verificar qual o modelo explica melhor as mudanças ocorridas nas organizações, identificando os pontos fortes e pontos fracos de cada um.

Sugere-se ainda que, nas futuras pesquisas sejam aplicadas tanto a abordagem com perspectiva cross-sectional, como longitudinal, no sentido de verificar a complexidade de

caracterização e identificação das fases do ciclo de vida organizacional. Observa ainda que, os estágios do ciclo de vida da organização possam ser classificados na percepção de mais de um gestor, como por exemplo, uma equipe de gestores. Além da identificação e classificação das fases organizacionais, os pesquisadores podem fazer associações entre os estágios do ciclo de vida organizacional e outros instrumentos de gestão e, também, façam combinações com outros elementos gerenciais, como: o ambiente, as estratégias, o SCG, os modelos de gestão e a cultura organizacional.

5.3 LIMITAÇÕES

A primeira limitação se refere ao tipo de amostra da pesquisa, a proposta do trabalho era pesquisar as empresas baianas e para isso necessitaria de uma amostra representativa de todos os setores econômicos, no entanto, houve uma concentração nas empresas do setor da construção civil, de modo que, o cuidado quanto a generalizações e inferências tem que ser maior.

A segunda limitação é relativa a identificação do ciclo de vida organizacional das empresas que foi realizada por técnica estatística descritiva, pelo fato de não ter passado nos testes estatísticos multivariados, provavelmente, por causa do tamanho da amostra, assim, não foi possível aplicar a análise de cluster, tratamento estatístico recomendado.

A terceira limitação foi a quantidade de elementos da amostra, no presente caso, 51 ocorrências, quantidade considerada mínima para aplicar testes estatísticos multivariados, de forma que, recomenda para futuras pesquisas, a obtenção de uma amostra maior (BRUNI, 2009; FIELD, 2009; HAIR et al., 2009).

Outra limitação da presente pesquisa se refere à coleta de dados para identificar os instrumentos de gestão utilizados pelos gestores das empresas pesquisadas. De forma que, para realizar tal coleta de dados, foi elaborada uma escala composta por constructos que caracterizavam os referidos instrumentos de gestão. Neste caso, os respondentes, a partir do conhecimento dessas características, respondiam se aquele instrumento de gestão era utilizado