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Instrumentos de gestão caracterizados como modelos estratégicos

4 APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

4.3 IDENTIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO

4.3.4 Instrumentos de gestão caracterizados como modelos estratégicos

Analisando os dados da Tabela 18, na qual os instrumentos de gestão foram classificados como modelos estratégicos e os resultados referentes a todos os setores econômicos foram apresentados na última coluna, constatou-se que o instrumento planejamento tributário é bastante utilizado, chegando a um índice de mais de 70%, demonstrando a preocupação das empresas com o impacto dos tributos. Verificou-se, também, que os instrumentos Gestão Baseada em Valor (VBM) e Gestão Baseada em Atividades (ABM) estão ocupando um espaço considerável na gestão das empresas investigadas, os referidos instrumentos alcançaram, nesta pesquisa, um significativo índice superior a 30%, evidenciando que as empresas estão se preocupando em monitorar a estratégia e criar valor para os stakeholders. Quando se analisou os resultados apresentados por setor econômico, percebeu-se o comportamento similar com a utilização do instrumento de gestão planejamento tributário, onde o segmento da construção apresenta um nível de utilização de 72,3% e os outros setores apresentam um nível de utilização de 69,3%. No entanto, percebeu-se nível de utilização diferente em relação a outros instrumentos de gestão, no caso da Gestão Baseada em Valor (VBM), o segmento da construção civil apresentou um grau de utilização da ordem de 38,2%, enquanto que os outros setores econômicos apresentaram um grau da ordem de 28,6%. Para a Gestão Baseada em Atividades (ABM) o setor da construção civil apresentou um percentual de utilização de 41,6%, enquanto que os outros setores econômicos apresentaram um

percentual de 14,2%.

Tabela 18 - Distribuição dos Instrumentos de gestão modelos estratégicos

Modelos de gestão estratégica Percentual de utilização (%) por setor econômico Instrumento de Gestão Construção

Civil Outros Todos os setores econômicos Planejamento Tributário 72,3 69,3 71,4 Gestão Baseada em Valor (VBM - Value Based

Manangement) 38,2 28,6 35,4 Gestão Baseada em Atividades (ABM) 41,6 14,2 34,0 Fonte: Elaboração própria, 2010

Os resultados referentes à utilização dos instrumentos de gestão planejamento tributário, gestão baseada em valor (VBM) e gestão baseada em atividades (ABM), caracterizados como modelos estratégicos, foram analisados tendo por base todas as empresas em conjunto e também segregadas por setor econômico, com as seguintes constatações:

a) Que o instrumento de gestão planejamento tributário é uma prática de gestão de tributos que tem por finalidade apresentar a melhor opção tributária para a organização, nesta pesquisa, foi revelado que 71,4% das empresas adotam a prática de gestão de tributos. Então, percebeu-se que a escolha do regime de tributação é uma preocupação das empresas, independente do setor econômico, conforme apontam as pesquisas sobre o tema. Zucato et al. (2007) verificaram que as empresas acertaram na escolha do regime de tributação, no entanto, constataram que, se as despesas geradas pelas atividades fins fossem devidamente alocadas e com um controle mais rígido dos processos contábeis, as empresas poderiam obter uma redução significativa dos valores destinados ao cumprimento das obrigações tributárias.

Neste mesmo sentido, Valcácio, Santos e Gudinho (2009), ao realizarem o estudo de caso com o objetivo de pesquisar o impacto econômico do planejamento tributário, em uma empresa lucrativa de grande porte, localizada na Zona Franca de Manaus, verificaram que existe um grande conhecimento da legislação tributária pelos profissionais da empresa e que a empresa tem um controle mensal dos tributos federais, com o aproveitamento total dos benefícios concedidos para as empresa localizadas na Zona Franca de Manaus, observando os meios legais permitidos dentro da legislação brasileira.

b) Que o modelo de Gestão Baseada em Valor (VBM - Value Based Manangement) é um instrumento de gestão que orienta os gestores para criação de valor e nesta pesquisa, foi constatado que 35,4% das empresas utilizam o referido instrumento como prática de gestão. Quando se verificou a utilização da gestão baseada em valor por setor econômico, percebeu- se que as empresas do setor econômico da construção civil apresentaram um percentual de utilização de 38,2%, enquanto que as empresas dos outros setores econômicos apresentaram um percentual de utilização de 28,6%.

Os resultados encontrados nesta pesquisa foram compatíveis com o apontado pela literatura, conforme pode ser observado no trabalho de Oyadomari et al. (2008), no qual foi constatado que os artefatos mais contemporâneos, como a gestão baseada em valor, foram menos utilizados do que os instrumentos mais tradicionais. No entanto, percebeu-se que os resultados encontrados, mesmo com um percentual não muito alto de utilização, tornaram-se significativos, porque sinalizaram que as organizações estão utilizando práticas inovadoras e estratégicas. Conforme pode ser verificado na pesquisa realizada por Malmi e Ikäheimo (2003), na qual foi constatada que as empresas finlandesas demonstraram grande interesse em VBM, para tal afirmação, os autores se basearam na pesquisa realizada pela P.A Consulting (1999) revelando que 98% dos CEO das principais empresas finlandesas aceitam os princípios fundamentais da VBM, e 17% destes aplicam os conceitos na prática.

O entendimento também pode ser confirmado pela análise realizada por Assaf Neto e Araújo (2001), na qual os autores afirmaram que no ambiente com grande competitividade, os procedimentos tradicionais já não tem mais condições de viabilizar os negócios, as empresas modernas começam a desenvolver estratégias diferenciadas e aplicar modelos inovadores de gestão no sentido de formar vantagem competitiva, em relação aos concorrentes, com a criação de riqueza para os acionistas. Também foi confirmado pelo trabalho de Soutes (2006), no qual foi verificado que 10% das empresas pesquisadas responderam que estavam utilizando os serviços de consultoria externa, para implantar o modelo de gestão baseado em valor.

Neste mesmo sentido, Cabello et al. (2008) constataram que 45% das empresas listadas nos níveis diferenciados de governança corporativa e novo mercado da Bovespa adotam o modelo de gestão baseada em valor e que 91% dessas empresas concordam com as práticas do VBM.

Inclusive, Assaf Neto, Araújo e Fregonesi (2006) pesquisaram e verificaram a possibilidade de aplicar o modelo de gestão baseada em valor em instituição sem fins lucrativos, para as quais, o foco para a criação de riqueza, neste caso, é a comunidade em geral.

c) Que o instrumento de gestão, o qual aplica o modelo de gestão baseada em atividades (ABM) e utiliza o sistema de custeio baseado em atividades, é utilizado por 34% das empresas. Quando se verificou a aplicação do modelo de gestão baseada em atividades (ABM) por setor econômico, percebeu-se que as empresas do setor econômico da construção civil apresentaram um percentual de utilização de 41,6%, enquanto que as empresas dos outros setores econômicos apresentaram um percentual de utilização de 14,2%.

Os resultados encontrados apontam que há uma discrepância no nível de utilização do modelo de gestão baseado em atividades entre os segmentos econômicos da construção civil, com uma participação de 41,6%, e os outros setores econômicos, com uma participação de 14,2%. Esses resultados sinalizaram que as organizações do setor da construção civil, observadas nesta pesquisa, têm optado pela adoção de práticas de gestão inovadoras e mais sofisticadas, com a finalidade de responder as demandas do ambiente com muita competitividade, como pode ser observado nos resultados encontrados na utilização dos instrumentos de gestão Just

in time com o uso de 58,8 % e do modelo de gestão baseada em valor com o uso de 38,2%.

De forma que, corrobora a análise realizada por Assaf Neto e Araújo (2001), em que, no ambiente com grande competitividade, os procedimentos tradicionais já não tem mais condições de viabilizar os negócios e as empresas modernas começam a desenvolver estratégias diferenciadas e aplicar modelos inovadores de gestão no sentido de formar vantagem competitiva. Como também foi verificado por Mauad et al. (2005), os quais constataram que a aplicação da gestão baseada em atividades, em uma empresa de serviços tecnológicos, reduziu com eficiência os custos e melhorou o resultado para os seus clientes, gerando mais lucros para organização, por identificar as oportunidades e tornando melhor o aproveitamento estratégico e operacional.

Diante dos resultados apresentados, verificou-se que o nível de utilização do modelo de gestão baseado em atividades das empresas do setor econômico da construção civil com o uso de 41,6% diverge dos valores encontrados nas pesquisas, enquanto que os resultados apurados

para os outros setores econômicos com o uso de 14,2% confirmam o resultado das pesquisas. Como pode ser observado na trabalho de Frezatti (2006), no qual se verificou que a aderência das práticas de gestão mais recentes, como o ABM, é menor do que as práticas mais tradicionais, revelando uma menor aceitação e implementação dessas novas técnicas e evidenciando que as empresas por ele pesquisadas acompanham a tendência de empresas de outros países.