Observou-se, nesta dissertação, que o pretérito perfeito composto é uma forma verbal que, a princípio, carregaria traços de aspecto e tempo. Entretanto, com a evolução das línguas românicas, nota-se que o PC começou a ser utilizado em mais contextos. Dessa forma, em algumas línguas esse tempo verbal começou a perder o traço [+] aspecto e ficar apenas com o traço [+] tempo, como é possível concluir ao analisar o francês.
Ao tratar do mundo hispânico, conclui-se que a maioria das variantes ainda mantêm os traços de [+] tempo e [+] aspecto. Contudo, estudos têm demonstrado que em algumas variantes, como a peninsular e a do norte da Argentina, o pretérito perfeito composto tem apresentado realizações que se caracterizam por apresentar o traço [+] tempo e [-] aspecto.
O presente trabalho objetivou observar quais os aspectos veiculados ao uso do PC na variante mexicana do espanhol e analisar quais seriam os contextos favorecedores do uso dessa forma verbal e das diferentes leituras aspectuais que esse tempo pode ter (as subvariedades de Perfeito ou perfectivo). Além disso, observar a relação do PC com os diferentes marcadores temporais. Assumi que a linha teórica que seguiria seria a da Gramática Gerativa.
Minhas hipóteses iniciais eram que o PC na variante mexicana estaria veiculado ao aspecto perfeito e que, a maior parte, teria leitura de Perfeito continuativo. Além disso, esperava-se que os marcadores temporais que acompanhassem o PC tivessem traço de duração ou iteração.
Apresentei este trabalho em cinco capítulos. No primeiro, expus os princípios básicos da Gramática Gerativa, linha teórica assumida aqui. E em seguida fiz uma distinção fundamental para este estudo, que é a diferença entre tempo e aspecto.
No segundo, apresentei a diferença entre aspecto Perfeito e perfectivo. Depois, fiz um panorama dos estudos que tratam sobre o uso do PC, tratei sobre sua formação e de seus usos em diferentes línguas e variantes, para em seguida defender a existência de um nódulo aspectual na árvore sintática. Como o trabalho está baseado na Gramática Gerativa, apresentei uma proposta de representação arbórea, assumi a proposta de Carrasco Gutiérrez (2008) que defende a ideia que a ambiguidade encontrada no uso do PC em espanhol pode ser explicada pela marca de particípio -do, que dependendo de onde for checada terá uma leitura aspectual distinta, se for no nódulo do aspecto a interpretação será de perfeito, se for em T2 de aoristo.
No terceiro apresentei a metodologia e o corpus utilizado, explicando cada grupo de fatores que seriam utilizados como base para a análise. Já no quarto capítulo, realizei a análise dos dados levantados, exemplificando e tentando justificar os usos e valores aspectuais
encontrados. E finalmente, aqui, no quinto, apresento, então, as considerações finais.
Sobre o uso do PC na variante mexicana, os dados encontrados estão de acordo com o que é descrito por outros pesquisadores. Observei que, de fato, não há nessa variante, ocorrências do PC veiculado ao aspecto Perfectivo. Confirmou-se, também, que a leitura típica de Perfeito no México é a de continuativo, entretanto, há um número de ocorrências de PCs veiculados ao aspecto Perfeito resultativo ou ao Perfeito experiencial que deve ser considerado. Esse tipo de uso, não seria típico, a princípio, dessa variante, portanto, esse resultado poderia corroborar com a ideia de que o PC do México está começando a ser utilizado em mais contextos do que era anteriormente. Pode-se postular, a partir desses dados, que a variante do México está entrando no terceiro estágio na escala proposta por Harris (1982).
Ao analisar o grupo de fatores de tipos de verbos, destaquei que a maioria são verbos de atividade, o que, realmente, poderia favorecer a leitura de Perfeito continuativo do PC. Entretanto, se compararmos proporcionalmente, se observará que os verbos de estado foram os que mais favoreceram a leitura de Perfeito continuativo do PC. Isso também era esperado, uma vez que esse tipo de verbo tem traço de [+] duração.
Outro fator analisado foi o de pessoa gramatical do sujeito da forma verbal, observei que o PC apareceu mais na primeira pessoa, depois na terceira e por último na segunda. Entretanto, a segunda pessoa seria a que mais favoreceria a leitura de PC como de Perfeito continuativo. Também em relação ao sujeito, analisei o fator de animacidade, se haveria traços de [+] ou [-] animado. O resultado obtido foi que tanto o PC com valor de Perfeito continuativo, quanto o PC de valor de Perfeito experiencial ou resultativo, ocorreram mais em sentenças com o sujeito com traço de [+] animado.
Outro fator analisado foi o de marcador temporal. Ressalto que 68,2% das ocorrências não apresentava nenhum tipo de marcador, o que dificultou minha análise. Ainda assim, ao analisar os marcadores levantados, observei que, em sua maioria, eles tinham traço de [+] duração, o que favoreceu a leitura de Perfeito continuativo.
Os dois últimos fatores analisados foram o de gênero e faixa etária do informante. Apesar do pequeno universo de dados, observei que os homens foram os que mais apresentaram o uso do PC de relevância presente139 e as mulheres, aparentemente, utilizariam mais o PC com leitura de continuativo. Já em relação à idade, observei que os informantes mais velhos (35-54 anos) utilizavam mais o PC de relevância presente e os mais novos (20-
139 Classifica-se o PC como de relevância presente, quando está veiculado ao valor de Perfeito resultativo ou experiencial.
34) produziriam mais o PC continuativo. Esse resultado é interessante, pois a princípio, poderia demonstrar que essa mudança nos valores aspectuais do PC na variante mexicana não seria algo recente. Poderia-se, portanto, postular que já há algum tempo que a variante mexicana está entrando no terceiro estágio da proposta de Harris (op. cit.), ou seja, estaria usando o PC com valores de Perfeito resultativo e experiencial.
Acredito que com os dados que foram levantados e toda a análise feita, este trabalho poderá acrescentar, aos atuais estudos, novos dados sobre o tratamento da noção aspectual para descrever o pretérito PC do espanhol. Além disso, esse trabalho poderia ajudar a que professores brasileiros de espanhol como língua estrangeira possam ter conhecimento da diferença entre tempo e aspecto e da importância que a leitura aspectual tem na distinção dos valores das formas verbais. Com isso, refletiriam, também, acerca de uma série de questões, como por exemplo: entender por que usar um tempo verbal em detrimento de outro; e que um mesmo tempo verbal nem sempre veicula um único aspecto, o que pode ser interessante para a compreensão de certos enunciados e para a tradução. Auxiliaria, também, a entender que a escolha do tempo verbal não decorre apenas da presença de determinados marcadores temporais, como sugerem os livros didáticos. Ao observar a análise dos dados, se observará que os marcadores nunca e sempre, que aparecem em todos os livros didáticos e que segundo esses, seriam usados sempre com o PC, podem ser usados com a forma simples. E nesse ponto, seria fundamental entender a diferença aspectual, pois esses marcadores estarão, sim, como o PC quando este tiver uma leitura de Perfeito continuativo, e por isso, apresentarão eventos que começaram no passado e seguem no presente (siempre) ou que não aconteceu, continua assim, mas pode acontecer em qualquer momento (nunca)140. Entretanto, eles aparecerão com a forma simples se o evento não estiver incluído no momento da enunciação.
Conclui-se, portanto, que como o pretérito composto é um tempo verbal que carrega traço de tempo e aspecto, para analisá-lo, compreendê-lo e/ou ensiná-lo é importante considerar essas duas noções (tempo e aspecto). Além disso, é importante, também, ter conhecimento das diferenças dos valores aspectuais que esse tempo pode ter de língua para língua, podendo passar de uma forma verbal que carrega traços [+] tempo e [+] aspecto (como na variante mexicana), para uma forma verbal com traços [+] tempo e [-] aspecto (como no francês).
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ANEXO
Oco
1. I: pero es que un día antes de/ un día antes de irte/ me también me dijo él// y además/ pues <~ps> sí era una maqueta grande// y supuestamente urgía/ bueno/ sí urgía/ pero ya ves que está ahí/ [ni la han ocupado]
2. I: tenemos como media hora y no ha pasado el diamante (silencio)
3. I: no/ él se ofrece// bueno/ por lo que me han comentado/ ¿no?/ que haz de cuenta/ que le dicen// “hay que sacar una licencia en la D G C H <~de ge ce hache>”// y él dice “no pues <~ps> yo tengo amigos/ yo la saco”// y luego dicen/ “hay que hacer esto”/ y él dice “bueno/ yo lo hago”// entonces <~entós>/ se lo dejan que lo haga él/ pero a la mera hora ni hace una cosa/ ni hace otra
4. I: se supone que tenían/ pero pues <~ps> es que ha tenido muchas broncas [esa obra]
5. I: es un área bastante grande// entonces <~entóns> el estructurista no ha
propuesto// cómo va a ser la estructura/ de la cisterna// porque no sabe qué
dimensiones está/ en qué ubicación va a estar// entonces <~entós> hay muchas con-/ incongruencias en el proyecto
6. I: o sea hay un nuevo reglamento/ donde te dice que ya las columnas no deben de ir ligadas con la losa de cimentación// o sea/ por eso ahora la mayoría de las construcciones// usan lo que es una placa// no viste la/ (carraspeo) ¿no te has
fijado en Gandhi/ el que acaban de poner?/ bueno/ el que está enfrente del
Gandhi anterior
7. > I: (risa) pues <~pus> yo tampoco sé/ pero lo que también me han comentado es eso o sea que/ [o sea ar-]
8. > I: la verdad nunca he investigado/ a mí me han comentado// pero es que haz de cuenta/ cuando tú pones abajo una canica/ y ruedas una tabla
9. > I: la verdad nunca he investigado/ a mí me han comentado// pero es que haz de cuenta/ cuando tú pones abajo una canica/ y ruedas una tabla
10. I: pues dicen que hay unos como tipo de baleros/ que yo tampoco los he visto/ ni los/ los desconozco totalmente/ ¿no?
11. I: entonces es lo mismo con los edificios/ o sea/ donde hay este// le ponen unos pilotes/ ¿sí has visto los pilotes que ponen en los puentes?// donde hay zonas/// o sea un pilote es un elemento como un poste
12. entonces <~entóns> llega un supervisor/ y agarra/ así como una muestra/ de concreto/ y la manda al laboratorio// entonces/ en el laboratorio/ cuando está seco// hay un aparato que los pone a compresión// que lo presiona así// el cilindro/ [lo/ no sé si has visto/ en la tele]
13. I: ¿nunca has visto en la tele?
14. > I: [ah no/ porque sí s-/ sí tenía]/ o sea/ antes sí tenían el conocimiento/ aunque ahora sea// ¿cómo te diré?/ ahora a través de la experiencia// que tengas que realizar mayores este/// todos los elementos deben de resistir// o sea/ que el rango de resistencia que tienen/ debe ser mayor/ por lo de todos los temblores que ha/ que han ocurrido en la ciudad/ entonces <~entóns> ese rango se ha elevado/ y todos los materiales deben tener la mayor resistencia// a la que tenían antes/ pero/ de hecho tienen que tener ese conocimiento/ si no no/ no estaría en pie/ ese edificio
15. el rango de resistencia que tienen/ debe ser mayor/ por lo de todos los temblores que ha/ que han ocurrido en la ciudad/ entonces <~entóns> ese rango se ha
elevado/ y todos los materiales deben tener la mayor resistencia// a la que tenían
antes/ pero/ de hecho tienen que tener ese conocimiento/ si no no/ no estaría en pie/ ese edificio
16. I: o sea/ no es que se haya descubierto/ o sea sí se ha descubierto nuevos
sistemas/ a lo mejor/ o nuevas formas de calcular/ y eso quién sabe// pero de que lo tenían lo tenían/ porque si no no estuviera en pie
17. > I: no no no/ empecé/ en mi casa luego/ me fui a// a/ estuve ahí// en mi casa/ luego estuve en/ en// bueno he estado así en varias partes/ pero así locales est-/ o sea aquí en la Zona Rosa y aquí
18. I: no/ no/ más que nada// pues// no han ido a reclamarme/ ni nada
19. I: sí/ sí/ más que nada así/ como que llegan más hom-/ más hombres// mujeres/ como que un poco menos pero// más bien eh <~eh:>/ he perforado a mu-/ a muj-/ chavas
20. I: así han llegado más a perforarse// así/ genitales y todo/ que [hombres] 21. I: siempre/ he vivido aqui
22. I: sí afecta ¿no? en/ la audición// se supone pero// pero pues <∼pus> yo no he
visto ninguna
23. I: pues <∼pus> desde/ las perforaciones que se hacen/ las/ chavas/ eso es ya// eso/ afecta según/ o sea yo he leído y él dice que/ [afecta]
24. I: porque yo he sabido de/ de gente que pues <∼ps>/ pues <~pue> se queda// [¿cómo se llama?]
25. I: puede ser/ sí he sabido de gente