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Tecem-se seguidamente algumas considerações de ordem geral, com relevância para a presente avaliação ambiental do PERH.

A análise ambiental do PERH teve em devida consideração o conteúdo do Plano

Nacional de Gestão de Resíduos - PNGR - (que se encontra em elaboração), tendo-se

procurado verificar, de acordo com os elementos disponíveis, a compatibilidade entre estes dois Planos, e avaliar de que forma a estratégia referida no PNGR se encontra reflectida no PERH. Como à data de elaboração do presente Relatório Ambiental o PNGR se encontrava, ainda, em fase de elaboração, não é possível referenciá-lo no QRE que se apresenta no capítulo 5.4.

Tal como referido anteriormente, o PERH em avaliação não contempla, como objectivo ou acção, a concretização no território de qualquer instalação de tratamento e/ou

eliminação de resíduos hospitalares (embora venha referido no Plano a deslocalização

da unidade de incineração de resíduos hospitalares, e não seja excluída ainda a hipótese de virem a ser instaladas mais unidades de tratamento de resíduos do Grupo III, remetendo a localização dessas eventuais instalações para estudos de mercado a efectuar pelos operadores). Neste contexto, no que respeita a aspectos de dimensão espacial ou territorial, a AAE incidiu, essencialmente, sobre os potenciais impactes das instalações existentes/minimização dos efeitos sobre o ambiente e população, e recomendações relativamente à eventual localização de novas instalações que vierem a ser consideradas necessárias.

Embora, tal como referido no capítulo 5.1, tenham sido considerados cenários no PERH relacionados, por um lado, com a evolução da produção de resíduos hospitalares e, por outro, com o tratamento/eliminação dos resíduos hospitalares, esses cenários não se

materializaram em alternativas propriamente ditas, razão pela qual a presente AAE não integra uma avaliação comparativa de alternativas. De qualquer forma cabe referir

o seguinte relativamente a estes cenários:

Cenários de evolução da produção de resíduos hospitalares

 Os dois cenários de evolução da produção de resíduos hospitalares em Portugal, que estiveram na base da elaboração do PERH, tal como descrito no capítulo 5.1, correspondem, grosso modo, à manutenção da situação existente após a conclusão do anterior PERH (Cenário BaU), e à decisão de melhoria da situação existente (Cenário PUR). A opção tomada no Plano em avaliação foi a de desenvolver uma estratégia concertada para a melhoria da situação existente, tendo por base uma série de orientações e directrizes apoiadas no enquadramento legal em vigor. Assim sendo, o PERH em avaliação traduz, no fundo, a interiorização do Cenário PUR e a definição de medidas e acções tendentes a atingir esses objectivos.

 Do ponto de vista ambiental a comparação genérica entre estes dois cenários resulta, necessariamente, na constatação que o Cenário PUR se assume como mais sustentável e ambientalmente mais favorável que o Cenário BaU, já que promove a redução ou prevenção da produção de resíduos hospitalares, incentiva o aumento da recolha selectiva dos resíduos dos Grupos I e II e uma potencial melhoria da triagem dos resíduos dos Grupos III e IV.

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Cenários relacionados com o tratamento e/ou eliminação dos resíduos hospitalares

 O PERH refere que a gestão dos resíduos hospitalares dos Grupos I e II pode ser efectuada em conjunto com a dos resíduos urbanos, pelo que as instalações para o tratamento e destino final são comuns, não se tendo, assim, considerado cenários directamente relacionados com o tratamento e/ou eliminação destes resíduos. Com efeito o País encontra-se coberto por uma rede deste tipo de infra- estruturas relativamente alargada e com capacidade suficiente para fazer face aos quantitativos de resíduos em causa (tal como é referido no PERH estes resíduos representam uma fracção muito reduzida face à quantidade total dos resíduos urbanos produzidos) não sendo expectável que a sua integração venha a causar impactes adicionais na capacidade das infra-estruturas em causa.

 Outras opções, como por exemplo, eventuais soluções de tratamento e destino final apenas dedicadas a estes resíduos, para não os “misturar” com os resíduos urbanos, seriam sempre menos sustentáveis já que, face à elevada dispersão geográfica das unidades produtoras de resíduos implicariam, certamente, custos e necessidades de transporte mais elevados e, consequentemente, efeitos negativos no ambiente mais relevantes.

 Quanto aos resíduos hospitalares dos restantes Grupos (III e IV) os cenários apontados remetem para uma continuação do tipo de tratamento já efectuado nestes resíduos – autoclavagem e desinfecção química e incineração, respectivamente – em unidades existentes, com capacidades de tratamento genericamente suficientes (salienta-se que no caso dos resíduos hospitalares do Grupo IV apenas após conclusão da nova central de incineração na Chamusca (2012) se garante a capacidade de tratamento instalada para tratamento da totalidade destes resíduos).

 A deslocalização da central de incineração, para a Chamusca, constituir-se-á, certamente, como uma alternativa mais sustentável em termos de incineração de resíduos hospitalares que a actual situação. Está-se a falar de uma instalação nova, com tecnologia recente, instalada em local dedicado ao tratamento de resíduos, por oposição à central de incineração no Parque da Saúde em Lisboa, que corresponde a uma unidade mais antiga e localizada praticamente no centro da cidade de Lisboa, em zona urbana. Salienta-se apenas que a decisão de construção da nova central de incineração não decorre do PERH, tal como referido anteriormente. Ou seja, a decisão de construir a nova central e desactivar a existente decorre da concretização de uma medida prevista no Plano Tecnológico da Saúde.

Por último tecem-se algumas considerações relativamente aos resíduos radioactivos

produzidos em unidades de prestação de cuidados de saúde pela relevância da

matéria em termos de protecção ambiental e de saúde pública. Tal como referido no capítulo 4.5, nas unidades de prestação de cuidados de saúde podem ser produzidos resíduos radioactivos. Estes resíduos podem representar um risco para a saúde pública (especialmente para os profissionais que os manuseiam) e para o ambiente em geral, no que respeita ao seu transporte e eliminação. Por outro lado, caso a sua separação dos restantes resíduos hospitalares não seja eficaz, poder-se-ão colocar riscos de eventual “contaminação” dos restantes resíduos hospitalares. O actual regime jurídico de gestão de resíduos (Directiva 2008/98/CE e Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 183/2009, de 10 de Agosto no que respeita ao artigo 76.º) exclui os resíduos radioactivos do seu âmbito de actuação. O Despacho n.º 242/96, publicado a 13 de Agosto refere que os mesmos devem ser separados na fonte e remete-os para legislação específica13, não os submetendo a nenhuma classificação e na LER (Lista Europeia de Resíduos) estes resíduos não se encontram tipificados. Neste contexto, os

resíduos radioactivos produzidos em unidades de prestação de cuidados de saúde não se encontram abrangidos pelo presente Plano.

13

no art. 8.° do Decreto-Lei n.º348/89, de 12 de Dezembro, e nos arts. 44.° e 45.° do Decreto Regulamentar n.º 9/90, de 19 de Abril

A legislação existente relativa a resíduos radioactivos é constituída por:

 No Decreto-Lei nº 165/2002, de 17 de Julho, as referências a resíduos radioactivos remetem para a competência do ITN (Instituto Tecnológico e Nuclear) na autorização da transferência e reenvio de resíduos radioactivos entre Portugal e os restantes Estados-Membros e entre Portugal e países terceiros, bem como o trânsito por Portugal dos resíduos dessa natureza.

 O Decreto-Lei nº 180/2002, de 8 de Agosto estabelece os critérios de aceitabilidade que as instalações radiológicas devem observar quanto a planeamento, organização e funcionamento, e relativamente à protecção das pessoas contra o perigo de radiações ionizantes. Este diploma legal refere, ainda, que as instalações radiológicas devem conservar o registo do controlo dos resíduos radioactivos antes da sua eliminação, mas nada refere relativamente à tipologia e características destes resíduos nem relativamente à sua eliminação.  O Decreto-Lei n.º 139/2005, de 17 de Agosto, cria a Comissão Independente para

a Protecção Radiológica e Segurança Nuclear. De acordo com o Artigo 4º deste diploma legal, é criado, no ITN, o Departamento de Protecção Radiológica e Segurança que tem, entre outras, a competência de (...) Proceder à colecta,

acondicionamento e armazenamento temporário dos resíduos radioactivos sólidos produzidos no País (...).

 A Resolução do Conselho de Ministros n.º 129/2004, de 14 Setembro (...) cria um

grupo de trabalho para a elaboração do Plano Nacional de Protecção Radiológica e Segurança Nuclear (...). A 23 de Fevereiro de 2005 é elaborado o Relatório do

Grupo de Trabalho para a elaboração do Plano Nacional de Protecção Radiológica e Segurança Nuclear, ao abrigo da RCM anteriormente referida. À data de elaboração do presente Relatório Ambiental não se encontraram referências à elaboração e/ou publicação do Plano Nacional de Protecção Radiológica e Segurança Nuclear.

No âmbito da presente AAE considerou-se que, embora o enquadramento legal em vigor exclua este tipo de resíduos do PERH, os mesmos deverão ser objecto de referência na regulamentação relativa à classificação que vier a ser adoptada (o que aliás vem expresso no próprio Plano).

6.2

Compatibilidade entre os Objectivos da AAE e os Objectivos