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DIREITO COMPARADO

4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

O joint operating agreement, ou acordo de operações conjuntas, consiste em uma avença extremamente utilizada na indústria petrolífera, nas mais distintas modalidades de contratos de exploração e produção de petróleo e de outros hidrocarbonetos fluidos, com diversas experiências no Direito Comparado, nas quais a China e a Noruega se destacam.

A celebração de um joint operating agreement (JOA) costumeiramente é realizada após os contratos de E&P, sendo o momento em que as partes trazem disposições relativas ao pacto celebrado e à associação. À respeito da JOA, Marilda Rosado de Sá Ribeiro dispôs:

“As partes em um JOA são as empresas petrolíferas internacionais (International Oil Companies – IOCs), também partes em um contrato de exploração e produção como um país hospedeiro, onde pretendem explorar, desenvolver e/ ou produzir petróleo.

A peculiaridade de um JOA está na representação e nas atividades desenvolvidas por um dos sócios. O “operador, que assume a liderança do grupo e promove as subcontratações, representa as partes junto à estatal do país hospedeiro (National Oil Company – NOC) e as demais atividades necessárias, conforme as boas práticas.” (Ribeiro, 2013, pp. 208-209)

O joint operating agreement, ou acordo em operações conjuntas, consiste, assim, em um pacto pelo qual as empresas envolvidas em um contrato de exploração e produção de petróleo e de outros hidrocarbonetos fluidos avençam como se dará o empreendimento, os direitos, deveres e responsabilidades relacionados.26 Nesse sentido, merece reprodução um trecho sobre as funções desse pacto:

“O JOA internacional exerce duas funções principais, segundo Ernest Smith: a primeira é a base para a partilha de direitos e responsabilidades entre as partes; a segunda, a previsão do modo de condução das operações, sujeito à supervisão do Comitê de Operações integrado pelas demais partes.” (Smith

apud Ribeiro, 2013, p. 254)

Sua relevância é notável nas joint ventures no setor petrolífero, sendo considerados, por Marilda Rosado de Sá Ribeiro (2013, p. 254), como “instrumentos básicos na concretização das associações na indústria do petróleo.” Destarte, é um contrato de caráter particular, personalíssimo e, sem sua maioria, sigiloso. Todavia, insta salientar que, devido à

26 “O JOA estabelece as bases para a partilha de direitos e responsabilidades entre as partes e para a condução

das atividades do operador – empresa do grupo ou associação designada, pelas demais, para assumir a liderança nos contatos com o país hospedeiro e na condução das operações. Todo JOA compreende o binômio operador e partes não operadoras. Normalmente, o operador tem uma parte maior na concessão ou no contrato de exploração e produção."

48 confidencialidade envolvida, os países não conseguem fiscalizar tais negócios jurídicos; Ribeiro (2013, p. 254) ainda menciona que os hospedeiros costumam não controlar o JOA por acreditarem que são de interesse somente dos participantes, retirando os casos em que o Estado hospedeiro coloca a sua própria estatal na joint venture o que traz maior controle sobre o acordo de operações.

Quanto a essa diferenciação entre as joint ventures e os joint operating agreements, não é feita por toda a doutrina, em especial a americana, pois ambos são regidos pelos mesmos princípios e se relacionam intensamente (Ribeiro, 2013, p. 259). Nesse contexto,

“Os participantes da joint venture contratual acordam as regras que irão governar sua cooperação em um JOA. Os elementos apontados como característicos de ambos são os mesmos, em qualquer área de atividade, a saber: “1. comunhão de interesses para o objeto do empreendimento; 2. direito recíproco e percentual para dirigir e conduzir as demais partes a respeito desse objetivo comum; 3. participação percentual nas perdas e ganhos; 4. relacionamento pessoal, possivelmente fiduciário, entre as partes.” (Ribeiro, 2013, p. 259; Taverne, 1999 apud Ribeiro, 2013, p. 259)

O contrato de exploração e produção de petróleo envolve interesses distintos: o Estado hospedeiro pretende o atendimento ao interesse público secundário; as empresas estatais buscam a realização da E&P da melhor forma possível e lucrativa, sem afetar os direitos consagrados no ordenamento jurídico do país hospedeiro; as international oil companies visam a maior produção da forma menos custosa possível para maior obtenção de lucro. Com a formação da joint venture com tais participantes, deve haver algum instrumento capaz de reduzir os conflitos desses interesses, convergindo-os para a execução do contrato. O JOA cumpre, assim, um outro papel, além de definir como se dará as operações, o de propiciar uma pacificação e conciliação dos diferentes anseios. Nesse diapasão,

“As partes em um contrato de exploração e produção comprometem-se perante o governo do país hospedeiro, ou com o ente que o representa (empresa estatal, agência reguladora, etc.), assumindo obrigações em grande parte indivisíveis. Elas precisam cooperar, a fim de obter o máximo de benefício econômico, mas podem uma avaliação diferente dos riscos técnicos e financeiros de cada uma das operações propostas para o grupo. O

joing opernating agreement tenta uma conciliação com essas percepções. ”

(Ribeiro, 2013, p. 255)

Com base no exposto, pode-se notar que o joint operating agreement não se trata do contrato de E&P em si 27 e, nem, ao menos, da joint venture formada pelas NOCs e IOCs. O JOA se dá após a contratação do vencedor da licitação ou do procedimento de escolha da(s)

27 Marilda Rosado de Sá Ribeiro (2013, p. 256) considera o contrato de exploração e produção de petróleo como

principal, em relação ao joint operating agreement que é o contrato acessório. Assim, apresentam disposições semelhantes, no entanto, o JOA vem para regular tais termos e proteger a joint venture.

49 empresa(s) que realizará a exploração e/ou produção dos hidrocarbonetos fluidos, estabelecendo os participantes no referido acordo como se dará tal E&P e como será a divisão de direitos e responsabilidades, a empresa ou pessoa que gerirá a joint venture, dentre outros termos.

Colocados os aspectos basilares do acordo de operações conjuntas, cumpre abordar as principais cláusulas previstas nesse e a sua estrutura.

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