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DIREITO COMPARADO

4.3. JOINT OPERATING AGREEMENT NO DIREITO COMPARADO

Previamente, deve-se tratar dos Estados Unidos, país cujas as empresas foram as primeiras a adotar os joint operating agreements, inclusive, o primeiro modelo foi criado pela Americam Association of Professional Landsmen - AAPL, em conformidade com a doutrina de Marilda Rosado de Sá Ribeiro (2013, p. 312). Tal modalidade contratual surgiu no âmbito do setor petrolífero com intuito de arrecadar investimentos para a exploração e produção, bem como a partilha dos riscos e troca de tecnologia.

Os EUA utilizam-se do contrato de concessão de exploração e produção de petróleo, modalidade contratual criada por estes no século XIX, que pode ter negociação direta com a empresa petrolífera – como ocorre no lease em áreas onshore – ou passar por um procedimento licitatório (BNDES, pp. 31-32). Vale salientar que o modelo da AAPL de 1989 negava a criação de uma joint venture, retirando o seu caráter fiduciário 31 (Ribeiro, 2013, pp.

343-344).

O modelo em questão não é praticamente mais utilizado, no entanto, algumas das disposições presentes nesse contrato básico ainda caracterizam o sistema americano do JOA, como a operator’s lien. Trata-se de um instrumento protecionista do operador em caso de inadimplemento dos não operadores, “permitindo-lhe reter parte ou a totalidade da produção que cabe a um não operador inadimplente, para fazer face à sua parte dos compromissos financeiros no JOA” (Ribeiro, 2013, p. 315).

A AAPL continuou revisando o modelo para melhor aplicação às necessidades da indústria do petróleo, o último, até então, se refere ao de 2014. Uma característica importante do JOA americano que merece destaque consiste na tentativa de tirar o aspecto de joint venture e na constituição de uma sociedade, de uma nova pessoa jurídica – é uma joint venture societária (Ribeiro, 2013, p. 332). Ressalta-se que o acordo de operações é extremamente utilizado nos EUA, não apenas na indústria petrolífera, e consiste em um dos sistemas de joint operating agreements mais avançados.

31 “In their relations with each other under this agreement, the parties shall not be considered fiduciaries or to

have established a confidential relationship but rather shall be free to act on an arm’s length basis in accordance with their own respective selfinterest, subject, however, to the obligation of the parties to act in good faith in their dealings with each other in respect to activities hereunder.” (AAPL, model form 610, 1989, article VII, A).

59 Insta trazer a cabo mais experiências do direito comparado em relação aos joint operating agreements, optou-se por abordar sobre as JOAs na China e na Noruega, que, assim como o Brasil, apresentam modelo misto de exploração e produção de petróleo, isto é, possuem mais de uma modalidade de regimes jurídicos-regulatórios vigentes concomitantemente.

A China consiste em um dos principais entusiastas quanto ao seu uso na área petrolífera, de modo que as empresas estatais 32 (National Oil Companies - NOC) desse Estado costumam fazer parcerias empresariais com empresas de petróleo internacionais (ou International Oil Companies - IOC), principalmente, mediante corporated joint ventures que podem optar por quaisquer modalidades societárias (Ribeiro, 2013, pp. 211-214). Normalmente, há a previsão de mediação e arbitragem no contrato, como substituição à jurisdição estatal (Ribeiro, 2013, p. 215), e ocorre um acordo denominado de joint bidding agreements e, posteriormente, há a celebração de joint operating agreement. O instituto em tela consistiu, juntamente com as joint ventures, em um verdadeiro instrumento para tornar as empresas estatais chinesas umas das maiores petrolíferas do mundo com contratos de exploração e produção espalhados pelo globo, embora a sua utilização fora iniciada na década de 1990, na qual a China intensificou a sua abertura econômica.

Em relação à Noruega, há a utilização do regime de concessão – há um divergência sendo chamado de licença - e de partilha de produção. Assim como a China, e diferentemente dos Estados Unidos, há uma presença constante do Estado na E&P e em outros acordos. O primeiro modelo norueguês foi criado pelo Ministério do Petróleo e Energia e pautado no Decreto Real de 10 de abril de 1987, o atual baseia-se no Decreto Real de 27 de junho de 1997, que sofreu emendas pelo Decreto Real de 28 de junho de 2011 (Ribeiro, 2013, p. 330). É caracterizado pela intensa participação estatal com um ente regulador e uma empresa estatal – a StatoilHydro 33 - e por um modelo distinto de joint operating agreement, denominado de samarbeidsavtale – SA, em que o operador possui mais poderes para a realização de sua função e, ao mesmo tempo, tem menor liberdade, devido ao comitê gestor que passa a ter maior controle sobre os atos do operador (Ribeiro, 2013, pp. 330-331).

Destaca-se que o operador é escolhido pelo Ministério, não havendo uma lei determinando-o, que será controlado pelo comitê gestor e por cada concessionário, e não deve

32 Na indústria petrolífera, a China apresenta duas principais estatais: a China National Petroleum Corporation e

a China Petrochemical Corporation – Sinopet.

33 Marilda Rosado de Sá Ribeiro (2013, p. 330) somente citou tal national oil company ao tratar do modelo

norueguês de JOA, no entanto, o país também possui a Norsk Hydro, a Petoro, dentre outras, com destaque para a Statoil Hydro que se trata de uma das maiores petrolíferas do mundo.

60 visar o lucro (Ribeiro, 2013, p. 333). A responsabilidade deste, no modelo em questão, segue as características usuais do JOA, ou seja, só deve ser responsabilizado em caso de dano causado por dolo; de forma semelhante, a responsabilidade das partes é limitada à participação percentual (Ribeiro, 2013, p. 334). Outras disposições interessantes de serem citadas se refere à necessidade de levar ao comitê um plano quando se pretende dispor do petróleo, ao direito de preferência dos participantes quando uma parte deseja ceder seus direitos e à solução de controvérsias por meio de arbitragem.

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