• Nenhum resultado encontrado

2.2 O Para-Badminton

2.2.1 Considerações Gerais sobre o Para-Badminton

O Para-Badminton (PBd) é um esporte formado à partir da adaptação do Badminton convencional e está em ascensão no Brasil e no mundo.

A Associação Internacional de Badminton para Deficientes (IBAD, 2009) reconheceu o PBd para as pessoas que têm deficiência física (DF) no ano de 1996. Somente em junho de 2011 que a Federação Mundial de PBd (antiga IBAD) foi integrada a BWF (MYO-JUNG; MYUNG-WON, 2012), entidade que rege ambas modalidades.

O PBd apresenta-se como modalidade com futuro promissor, tendo em vista que fará sua estréia nos Jogos Paralímpicos em Tóquio 2020, após a aprovação do Conselho de Administração do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) em reunião no dia 07 de outubro de 2014 (Berlim, Alemanha) (IPC, 2014).

As regras básicas do esporte são as mesmas do Badminton convencional, regidas pela BWF, apresentando algumas adaptações para atender a população com DF (BWF, 2013b). Tais adaptações estão relacionadas: às categorias ou classes esportivas (de acordo com a classificação funcional), à quadra (diminuição da área de jogo em três categorias) e aos equipamentos adicionais (cadeira de rodas, muletas e próteses) (BWF, 2013c).

No PBd os jogadores com DF são classificados em três diferentes grupos que incluem seis classes esportivas, duas destinadas a usuários de cadeira de rodas (UCR) e quatro destinadas a não UCR, apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Classes Esportivas, principais características e DF elegíveis do PBd

Classes esportivas e principais características Principais DF elegíveis

Wheelchair

Sport Classes UCR

WH1 WH2

Necessidade de redução do tamanho

da quadra e uso de cadeira de rodas. Lesão medular, Poliomielite, Espinha bífida, Paralisia cerebral, Distrofia muscular,

Amputação, Lesão de Plexo Braquial, Má-formação dos membros, Baixa estatura ou

nanismo.

Standing

Sport Classes Não

UCR

SL3 Necessidade de redução do tamanho da quadra.

SL4 SU5 SS6

Não existe redução do tamanho da quadra.

Short Stature Sport Classes

Fonte: BWF (2012c), PETRINOVIC (2014).

É importante citar que a classificação funcional deve ser feita de maneira transparente, por profissionais capacitados pela BWF (médicos, fisioterapeutas e profissionais de EF), permitindo que os jogadores com similar condição possam competir de maneira igualitária e justa (MYO-JUNG; MYUNG-WON, 2012; HAIACHI, 2013).

Na classe WH1 participam UCR com equilíbrio corporal moderado ou ruim, e na classe WH2 UCR com bom equilíbrio. Nestas categorias, a quadra tem redução de tamanho (4,72m x 3,05m) (Figuras 7 e 8) e não se usa o tapete de PVC (antiderrapante) comumente usado nos jogos dos demais atletas, pois o mesmo limita a movimentação das rodas da cadeira.

Figura 7: Ilustração da quadra de Badminton adaptada para as classes WH1 e WH2 individual. Fonte: BWF (2013b), com ilustrações da autora.

Figura 8: Ilustração da quadra de Badminton adaptada para as classes WH1 e WH2 de duplas. Fonte: BWF (2013b), com ilustrações da autora.

De acordo com a BWF (2012c), a cadeira de rodas deve ser específica para a modalidade (BWF, 2013c) (Figura 9). Cabe citar que o diferencial da cadeira de PBd são os estabilizadores dianteiros e traseiros ou seja, as rodinhas que do ponto de vista de segurança, previne que o atleta em sua cadeira de rodas caia para trás (WILLIAMS, 2012).

Figura 9: Cadeiras de Rodas de PBd.

Nas classes SL3 e SL4 participam atletas com comprometimento predominante nos membros inferiores (MMIIs). Na categoria SL3 existe adaptação da quadra (13,40m x 3,05m) (Figura 10), pois os atletas apresentam maior comprometimento.

Figura 10: Ilustração da quadra de Badminton adaptada para a classe SL3 individual. Fonte: BWF (2013b), com ilustrações da autora.

Na categoria SU5 participam atletas com comprometimento de membros superiores (MMSSs), e na classe SS6 atletas com baixa estatura ou nanismo (masculino até 1,45cm e feminino até 1,37cm)(BWF, 2012c).

Ressalta-se que a quadra de jogo para as categorias SL4, SU5 e SS6 não tem redução de tamanho e que o serviço ou saque para as categorias WH1, WH2 e SL3 são feitos paralelamente ao quadrante de serviço oposto.

Atualmente 60 países, representantes dos cinco continentes, são filiados à BWF (Tabela 2) (BWF, 2015c; BWF, 2016a).

Tabela 2: Países Filiados à Federação Mundial de Badminton.

Alemanha Coréia Finlândia Iran Noruega Singapura

Austrália Cyprus Gana Irlanda Nova Zelândia Sri Lanka

Áustria Dinamarca Gibraltar Islândia País de Gales Suécia

Bélgica Egito Groelândia Israel Peru Suíça

Bósnia e Herzegovina Escócia Guatemala Itália Polônia Tailândia

Brasil Eslovênia Holanda Jamaica República Checa Turquia

Canadá Espanha Hong Kong Japão República Dominicana Ucrânia

China Estados Unidos Índia Macau Romênia Uganda

China Taipei Estônia Indonésia Malásia Rússia Venezuela

Colômbia França Inglaterra Nigéria Sérvia Vietnã

A BWF já promoveu 10 Campeonatos Mundiais de PBd(BWF, 2016b) (Tabela 3) e o Brasil participou das três últimas edições (2011, 2013 e 2015) com: 02 atletas e 03 técnicos; 10 atletas, 03 técnicos e 03 acompanhantes; e 12 atletas, 05 técnicos, 01 fisioterapeuta, 01 psicóloga, 02 staffs, respectivamente.

Tabela 3: Campeonatos Mundiais de PBd.

Edições País Ano

1º Amersfoort – Holanda 1998

2º Borken – Alemanha 2000

3º Cordoba – Espanha 2001

4º Cardiff - País de Gales 2003

5º Hsin Chu - China Taipei 2005

6º Bangkok – Tailândia 2007

7º Seoul – Coréia 2009

8º Guatemala City – Guatemala 2011

9º Dortmund – Alemanha 2013

10º Stoke Mandeville – Inglaterra 2015 Fonte: BWF (2014, 2016b).

O 9º Mundial contou com 235 atletas inscritos (PETRINOVIC, 2014), sendo 228 participantes de 36 países (STRAPASSON; BAESSA; DUARTE, 2015) e que o 10º Campeonato Mundial de PBd realizado de 8 a 13 de setembro de 2015 (BWF, 2015d) contou com a participação de 232 atletas de 35 países (BWF, 2016b).

Pode-se perceber que, mesmo sendo um esporte adaptado recente, tem grande visibilidade no espectro mundial. Essa visibilidade é notada com mais vigor no aspecto prático, pois o PBd em termos científicos necessita de publicações e pesquisas sobre a modalidade. Para confirmar essa afirmação, encontraram-se na literatura apenas 15 obras relacionadas ao esporte em sua versão adaptada, listadas no Quadro 2:

Quadro 2: Literatura sobre PBd.

Materiais Referências

Livros KIM, MYO-JUNG; SEO, MYUNG-WON. Basic Theory and Practice of Badminton for the Disable. Seoul, Korea: Daekyo, 2012.

WILLIAMS, L. Kicking up a racket! Parabadminton activity programme. Badminton England: England, 2012.

Badminton World Federation. Regulations 2014/2015. Disponível em:

http://bwfcorporate.com/regulations/

Guia HAIACHI, M. de C. (Organizador). Guia de Orientação sobre Parabadminton. Aracajú: Federação Sergipana de Badminton, 2013.

Dissertação de Mestrado

KAIPAINEN, M. Integration of Disabled and Able-bodied Sport Activities in Badminton. A case study of the finnish Para-badminton. University of Jyväskylä, Finland. Department of Sport Sciences. Social Sciences of Sport. Master´s Thesis. Spring 2013. 57 p.

Artigos STRAPASSON, A. M.; BAESSA, D. J. B.; STORCH, J. A.; DUARTE, E. Caracterização das Lesões Esportivas em Atletas de Parabadminton. Conexões. Campinas - SP. v.11, n.4, 2013.

STRAPASSON, A. M.; et al. O Parabadminton: badminton adaptado para pessoas com deficiências físicas. Anais do 6º Congresso Brasileiro de Educação Especial, São Carlos - SP, 2014. Disponível em: https://proceedings.galoa.com.br/cbee/trabalhos/o_parabadminton_badminton_adaptado_para_pessoas_c om_deficiencia_fisica

STRAPASSON, A. M.; et al. Análise de desempenho técnico no Parabadminton. ConscientiaeSaúde. 2014:13. Suplemento "1º Simpósio Paradesportivo Paulista". p.59-63.

OLIVEIRA, A. R. P.; FAUSTINO, P. F.; SEABRA JÚNIOR, M. O. Adaptações de Estratégias e

Recursos como Auxílio à Prática do Badminton às Crianças com Deficiência Intelectual. Revista

Eletrônica Gestão & Saúde. Edição Especial Julho 2013. p. 600-11

OLIVEIRA, A. R. P.; SEABRA JÚNIOR, M. O. Projeto de Extensão Universitária: iniciação ao Badminton para crianças e adolescentes com Deficiência Intelectual. Revista Adapta, Presidente Prudente - SP, v. 10, n. 1, p. 7-10, Jan./Dez., 2014.

STRAPASSON, A. M.; DUARTE, E. PEREIRA, L. S. Parabadminton no Brasil: um esporte adaptado em ascensão. Revista da SOBAMA, Marília-SP. v.16, n.1. p.19-22, jan/jun. 2015.

STRAPASSON, A. M.; BAESSA, D. J. B.; DUARTE, E. Campeonato Mundial de Para-Badminton:

caracterização dos atletas participantes. Conexões. Campinas - SP. v.13, n.2, abr/jun. 2015.

QUIRÓS, L. A. R.; VILLANUEVA, C. M. El Badminton Adaptado: uma propuesta para la

Integración de Alumnos com Discapacidad Física. Disponível em:

http://www.eweb.unex.es/eweb/cienciadeporte/congreso/04%20val/pdf/c62.pdf

PETRINOVIC, L. Adapted Sport: Badminton in perspective of different disabilities. 7 International Scientific Conference of Kinesiology. Fundamental and Applied Kinesiology - Steps Foward. Opatija, Croatia. Publisher: Faculty of Kinesiology, University of Zagreb. May, 2015.

KATIRCI H., YÜCE, A. Effective Communication Images for Disabled People in Sport: a case

of turkish Parabadminton athletes. Pamukkale Journal of Sport Sciences. v.7, n.2, 2016.

Fonte: Pesquisa feita nas bases de dados: Google Acadêmico, Lilacs, Medline, Sciverse,Web of Science, Scielo, Scopus e Pubmed no ano de 2015 e 2016.

Das 15 obras citadas, 08 são procedentes das Américas, mais especificamente da América do Sul, demonstrando esforços do Brasil na disseminação do conhecimento a cerca do PBd, 05 são procedentes da Europa e 02 da Ásia.