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4.1 Aplicação e Adaptação do “Shuttle Time”

4.1.4 Relato das quatro aulas do módulo 8 (M8)

Este módulo intitula-se “Aprender a Ganhar” no qual habilidades táticas básicas, tanto para jogos de simples quanto para duplas, são introduzidas. Deve ser ensinado aos alunos a importância de: ganhar espaço na quadra forçando o adversário a mover-se tanto quanto possível, limitar seu próprio movimento e manter uma boa posição; ganhar tempo atingindo a peteca o mais cedo possível e dar ao adversário menos tempo para reagir; conhecer pontos fortes e fracos de si e do adversário; ler o que o adversário está tentando fazer contra si (BWF, 2013a).

A lição 19, “Tática para simples”, é composta por quatro atividades:

1. Escada de agilidade: Usar uma escada de agilidade para aproximadamente 10 alunos. Exercícios que podem ser executados: Corrida normal; Um-dois dentro, um-dois

dentro; Um-dois dentro, um-dois-fora, um-dois dentro, um-dois-fora. Dar aos alunos oportunidade de realizar os exercícios devagar antes de fazê-lo rápido;

2. Jogo de simples em meia quadra com tática 1: Jogar partidas de simples em meia quadra; os alunos tentam incorporar a tática 1 de simples (forçar o adversário a ficar mais tempo no fundo da quadra para criar um espaço e pontuar na frente da quadra e vice- versa); Jogar sem smashes para estimular os alunos a usar ou criar espaços;

3. Jogo de simples em meia quadra com tática 2: Jogar partidas de simples em meia quadra; os alunos tratam de usar a tática 2 de simples (Mudança de velocidade, usar golpes mais rápidos para ganhar pontos ou criar oportunidades); Os alunos recebem dois pontos cada vez que ganham uma jogada com um golpe que cai no chão ou antes da linha de serviço curto ou entre as linhas de trás;

4. Partidas simples em meia quadra ou quadra inteira com táticas 1 e 2: Os alunos tentam incorporar as táticas 1 e 2. Como variação, o meio da quadra é fora (podem-se usar cones para delimitar o espaço).

Quadro 22: Resultado das quatro atividades da lição 19. L19 – Tática para simples

V1. Escada de agilidade

V2. Jogo de simples em meia quadra com tática 1

V3. Jogo de simples em meia quadra com tática 2

V4. Partidas simples em meia quadra ou quadra inteira com táticas 1 e 2 S1 (UCR) - Sugestão de adaptação S2 (não UCR) - Sugestão de adaptação A escada de agilidade foi substituída por exercícios

de zig-zag entre os cones na cadeira de rodas. A atividade 1 não necessitou de modificações. As três atividades com tática (V2, V3 e V4) foram difíceis de serem assimiladas, pois os sujeitos 1 e 2 têm um nível leve de deficiência intelectual associada. Para os jogos táticos, sugere-se demarcar os espaços da quadra propostos pelo programa.

A vigésima lição também aborda os “Jogos Táticos” e três atividades:

1. Escada de agilidade 2: Os exercícios que podem ser utilizados são – dois pés dentro, dois dentro; dois dentro, dois fora; dois dentro, dois dentro, pé direito fora e equilíbrio, dois dentro, dois dentro, pé esquerdo fora e equilíbrio;

2. Jogo por equipes em meia quadra: Simples em meia quadra, três contra três. O aluno 1 inicia a jogada e sai da quadra para a lateral; o aluno 2 efetua o próximo golpe e sai para o lado, o aluno 3 entra na quadra para efetuar o terceiro golpe, e assim repete-se a sequência;

3. Jogo de simples por equipe em meia quadra: Formar equipes de diferentes níveis de habilidade. Os alunos competem contra adversários de nível similar ao seu e ganham pontos para a sua equipe. Jogo em meia quadra. O aluno ganha dois pontos cada vez que ganhar a jogada se a peteca cair no chão, sem que seja tocada pelo adversário.

Quadro 23: Resultado das três atividades da lição 20. L20 – Jogos Táticos

V1. Escada de agilidade 2 V2. Jogo por equipes em meia quadra

V3. Jogo de simples por equipe em meia quadra

S1 (UCR) - Sugestão de adaptação S2 (não UCR) - Sugestão de adaptação A escada de agilidade foi substituída na 1ª atividade por exercícios de zig-

zag slalon entre os cones na cadeira de rodas. As outras duas atividades da (V2 e V3) não necessitaram de adaptações.

As 3 atividades da L20 não necessitaram de adaptações para o S2.

A Lição 21 é composta por três exercícios referentes “A Tática para Duplas”: 1. Revisão do saque de backhand: Os alunos trabalham em duplas para praticar o saque curto de backhand, tentando acertar um alvo;

2. Jogo na parte da frente e meio da quadra: Duplas em meia quadra; os dois iniciam do meio da quadra. Fazem golpes planos do meio da quadra para o meio da quadra e se houver uma oportunidade, pode ir para a rede para atacar. O outro jogador retrocede para uma posição defensiva;

3. Jogo por posições em duplas: Trabalho de sombra. Quatro alunos por quadra enumerados de 1 a 4. O professor fala um número e o aluno com este número vai para o fundo da quadra em posição de smash. Seu parceiro vai para a rede para completar a formação de ataque, e os adversários vão para a posição de defesa de “lado”. O professor fala outro número e os alunos posicionam-se na formação adequada.

Quadro 24: Resultado das três atividades da lição 21. L21 – A Tática para Duplas

V1. Revisão do saque de

backhand

V2. Jogo na parte da frente e meio da

quadra V3. Jogo por posições em duplas S1 (UCR) - Sugestão de adaptação S2 (não UCR) - Sugestão de adaptação

As atividades 1 e 2 não necessitaram de adaptações.

A 1ª atividade necessitou ser substituída por serviços de forehand, por conta da falta de controle do aluno em virtude da hemiplegia. A atividade 2 não necessitou de adaptação. Os exercícios de movimentação da 3ª atividade tiveram que ser incrementados para facilitar o entendimento. Sugere-se a colocação de 4 cones na quadra formando um losango (um na frente, 2 na linha da posição básica e um no fundo) com intuito de localização após o comando. Durante o comando os alunos têm que girar no sentido horário. Exemplo: nº1 S1 vai para o fundo e simula um smash enquanto o S2 vai para frente e simula a defesa; nº2 vão para a posição básica; nº3 S2 vai para traz e faz um smash e S1 vai para frente defender; nº4 posição 0. Para facilitar o aprendizado, durante o comando, petecas podem ser lançadas simultaneamente na frente e no fundo da quadra.

A última lição do programa também aborda os “Jogos Táticos” e apresenta os quatro exercícios a seguir:

1. O “Jogo das Pedras”: Jogo de correr, útil para aumentar a velocidade e reação. Em fila com as mãos atrás das costas; o professor dá uma pedrinha à um dos alunos (sem que os outros vejam). Este decide quando sair, mas tem que chegar ao outro lado da quadra sem

que os outros o peguem. O perdedor (o que está com a pedra ou o restante do grupo) terá que realizar alguns exercícios fáceis;

2. Jogo no meio da quadra 1: Jogar em meia quadra, 1 x 1. A parte da frente e fundo (adiante da linha de saque curto e atrás da linha de saque longo de duplas) será considerada fora. As jogadas são feitas somente do meio da quadra. Iniciar com saque baixo de backhand e incentivar o jogo plano;

3. Jogo no meio da quadra 2: O mesmo que acima, porém com a quadra inteira e em dupla;

4. Exercício de duplas seguido por jogo: A jogada inicia com um saque baixo de

backhand. A devolução é um golpe alto para o fundo, e o sacador posiciona-se na rede, seu

parceiro faz um smash, os adversários se colocam em posição de defesa e fazem o bloqueio. O jogador na rede levanta a peteca, e trocam de formação (Lob-smash-bloqueio). Progressão, realizar um jogo normal de duplas.

Quadro 25: Resultado das três atividades da lição 22. L22 – Jogos Táticos V1. O “Jogo das Pedras” V2. Jogo no meio da quadra 1 V3. Jogo no meio da quadra 2 V4. Exercício de duplas seguido por jogo S1 (UCR) - Sugestão de adaptação S2 (não UCR) - Sugestão de adaptação As atividades 1 e 4 não necessitaram de nenhuma adaptação para ambos os sujeitos. Para os jogos táticos (V2 e V3) sugere-se demarcar os espaços da quadra propostos pelo programa.

O Módulo 8 tem 14 atividades, sendo necessário a modificação ou adaptação de oito para o S1 e sete para o S2.

Faz-se necessário frisar que muitas pessoas com DF podem ter outros problemas associados além dos motores. No caso dos sujeitos desta pesquisa, ambos têm leve deficiência intelectual associada, o que dificulta os exercícios relacionados a tática. Sugere-se que os espaços e os passos para as atividades sejam demarcados, demonstrados e muitas vezes guiados.

De acordo com Sherrill (1998) algumas atividades só se tornam acessíveis às pessoas com determinadas deficiências mediante adaptações. Lieberman (2002) cita alguns exemplos básicos de adaptação: modificação no equipamento, nas regras, no ambiente e modificação quanto à instrução (orientação verbal, demonstração, assistência física). Essas estratégias são importantes para o ensino de PD.

Ao final da sessão 4 o programa diz que os alunos deverão ser capazes de realizar uma jogada estratégica; demonstrar posições básicas de jogo em simples e em duplas; e jogar

partidas (BWF, 2013a). Em nosso estudo quatro aulas não foram suficientes para gerar independência tática e tomada de decisão. Eles entenderam que precisavam se posicionar no centro da quadra, local demarcado com um “X” no chão e que deveriam lançar suas petecas em pontos mais difíceis, como os quatro cantos da quadra. Mas a movimentação em duplas, bem como táticas de defesa e ataque não foram assimiladas, confirmando a hipótese da necessidade de mais aulas, com diferentes estratégias, para essa população.

Em linhas gerais, o desenvolvimento de um programa de Badminton para pessoas com deficiência: 1º) pode ser auxiliado pelo programa de Badminton convencional citado e da base segura que oferece; 2º) o programa de Badminton convencional pode servir como base segura para o ensino do Badminton para as PD. Enfatizamos que os professores fiquem atentos aos aspectos necessários para suprir as dificuldades relacionadas as deficiências, utilizando adaptações caso necessárias (QUIRÓS; VILLANUEVA, [s.a.]), como neste caso.

Com isso, nota-se que foi possível aplicar o “Shuttle Time” para a população escolhida, mas que o mesmo deve ser ampliado com mais atividades e aulas com o intuito de preparar os alunos que apresentam maiores comprometimentos, bem como sugerir adaptações para permitir a prática do Badminton e do PBd por um maior número de pessoas e suas diversidades.

4.2 Proposta de Atividades para o ensino do Para-Badminton como complemento ao