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Baseados nos relatos, durante os grupos de discussão, verificamos que, no decorrer das atividades, os licenciandos perceberam que a opção por trabalhar com pequenos projetos fez com que os alunos vivenciassem o que demonstravam não saber na teoria, e à medida que foram entendendo o que era

explicado, começaram a demonstrar que estavam assimilan- do as explicações, nas respostas que davam após as perguntas sobre os conteúdos abordados durante as atividades.

Estamos cientes de que os métodos utilizados não são suficientes para que os pibidianos sintam segurança em minis- trar os conteúdos da Matemática fundamental necessários para o bom desempenho dos conteúdos do Ensino Médio, porém, depois do desenvolvimento dos trabalhos, os bolsistas se reve- laram mais motivados na busca por novas metodologias. O grupo PIBID, com os resultados obtidos, mostrou mais incenti- vo na busca de formas inovadoras e auxílio para descobrir que as principais dificuldades apresentadas pelos alunos não são necessariamente falta de interesse, mas podem ser reflexo de uma falta de aprendizagem nos conteúdos dos anos anterio- res, estimulando-os assim a uma associação contínua entre a Matemática do Ensino Fundamental e a do Ensino Médio.

Dos resultados e das observações efetuadas durante a realização dos pequenos projetos, os licenciandos afirmam que as atividades diferenciadas e/ou os jogos como objetos recreativos, simples, atrativos, ou ainda como passatempo, podem realmente não trazer qualquer resultado positivo ou ganho para os alunos, mas se bem utilizados como recurso didático, direcionando conteúdos, explicando objetivos e regras, podem ser uma excelente ferramenta para a melhoria do interesse dos alunos auxiliando os professores. Esses recur- sos didáticos precisam ser utilizados nas aulas de Matemática como atrativo para que os alunos possam descontruir a ideia da “Matemática Escolar”, pois, com base em atividades diferenciadas, os alunos podem conceber a ideia prática da utilização da Matemática em suas vidas.

Com esta pesquisa, podemos afirmar que os licenciandos começam a compreender uma nova concepção de docência, na qual o professor não é o único detentor do conhecimento e que o aluno tem uma gama de informações que pode e deve ser considerada no diálogo com as atividades organizadas. Os pequenos projetos, elaborados e aplicados pelos bolsistas do PIBID, tentam suprir e amenizar essa falta de diálogo entre o professor e o aluno para tornar o ensino da Matemática mais interativo e dinâmico, pois incitam a atentar para as orienta- ções das diversas pesquisas na área, que apontam caminhos para a utilização de métodos adequados à construção do conhe- cimento matemático voltado às necessidades cotidianas.

Consideramos que o intuito de diminuir as distâncias entre educador e educando, nas atividades e nas reflexões realizadas nas aulas, relacionando a Matemática com as atividades vivenciais, estimula a participação dos discentes na maioria das turmas de Ensino Médio. Observamos, ainda, uma maior interação nas ativi- dades e gosto dos alunos pela resolução dos exercícios. Isso porque eles buscaram um maior intercâmbio com os discentes por meio de diversas metodologias, sanando dúvidas e fazendo com que eles diminuíssem o medo de errar. Mostraram, desse modo, que cada um fazia descobertas para chegar à resolução das situações.

Mais ainda, esse modelo formativo que se ampara na confrontação entre teoria e prática cria espaços de reflexão nos quais é possível, a partir da realidade escolar, buscar solu- ções com base em teorias nas quais se embasam cientificamente o ensino para uma aprendizagem consistente e significativa dos conteúdos estudados. Ele se apresenta como possibilidade formativa que garante não só a aprendizagem dos estudantes da Educação Básica como também a autonomia formativa e a pers- pectiva de ensino investigativo para os licenciandos envolvidos.

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PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO