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CONSTITUIÇÃO DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CURITIBA

Em 1955 houve uma reestruturação administrativa na Prefeitura Municipal de Curitiba e foi criado o Departamento de Educação, Cultura e Turismo. No início a prefeitura escolhia os locais onde seriam instaladas novas escolas, construía e repassava as edificações para o governo do Estado, que gerenciava a contratação de professores e colocava a escola em funcionamento. Só em 1963 é que Curitiba construiu o Centro Experimental Papa João XXIII e criou a carreira de professor normalista. Desse ano em diante, a cidade passou a gerenciar o ensino fundamental de 1ª a 4ª série, hoje do 1º ao 5º ano.

Outra iniciativa importante na organização do sistema educacional foi a fundação, em 1971, pelos professores, da Associação dos Professores Municipais de Curitiba - APMC, que durou dois anos e representou uma organização profissional da classe. Em nível nacional, o movimento também foi significativo:

Na origem desse processo, predominaram as associações representativas do magistério primário, que compunha um grupo mais numeroso e cuja regulamentação - no que concerne à formação e ao exercício da docência – estava mais bem definida. [...] De fato, a história das associações em torno das quais os docentes se reuniram permite entender como diferentes grupos dividiram-se, enfrentaram questões específicas da profissão e representaram o próprio ofício (VICENTINI, LUGLI, 2009, p. 102).

Em 1979 foi criada a Associação do Magistério Municipal de Curitiba – AMMC ao mesmo tempo em que foi lançado o terceiro Plano Educacional. Foram levantados os principais problemas do ensino fundamental enfrentados na época e selecionados aqueles que precisavam de melhorias. Os ajustes continuaram. Em 1983 começou o movimento por uma “Política de Educação para a Escola Aberta”, que tinha como objetivo reivindicar o aperfeiçoamento profissional da classe, a eleição direta para diretores das escolas, e outras medidas para alcançar a melhoria da qualidade de ensino. A valorização do profissional da educação foi concretizada quando aconteceu a aprovação do Estatuto do Magistério Municipal de Curitiba sob a Lei nº 6761/1985 (CURITIBA, 2001, p. 4 - 5). Os resultados iniciais foram marcados pela primeira eleição direta para diretores das escolas municipais de Curitiba e pela criação da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba em 1985.

Não se pode deixar de mencionar os efeitos da ditadura militar (1964- 1985) sobre a docência. [...] De qualquer forma, as lutas dos professores motivaram a construção de discursos em favor da autonomia do trabalho pedagógico, cada vez mais proclamada pelas associações docentes, pelos estudiosos na área da educação e por parte da administração do ensino. A partir das décadas de 1980 e 1990 foram crescentes as iniciativas visando à maior qualificação dos professores das redes estadual e municipal, considerando tanto a formação inicial quanto a continuada (VICENTINI & LUGLI, 2009, p.222-223).

Entre os anos de 1984 e 1988 foram feitas discussões e escrita a nova proposta curricular para o ensino municipal denominada “Currículo Básico: uma constituição para a escola pública brasileira” que foi publicada em dezembro de 1988. Esse

documento contemplava a “Política da Educação para a Escola Aberta” que impulsionou o pensamento pedagógico progressista da educação. Em 1991 essa proposta foi reelaborada e foi inserido o ensino de 5ª a 8ª série, hoje, em transição, do 6º ao 9º anos. Das discussões foi elaborado o “Currículo Básico: compromisso para melhoria da qualidade de ensino da escola pública”. Esse documento foi reescrito duas vezes, em 1992 e 1994, para poder redimensionar os conteúdos de forma científica, crítica e reflexiva (CURITIBA, 2001).

A partir de 1999, foram implantados os Ciclos de Aprendizagem com o objetivo de formar plenamente os cidadãos e ampliar o leque de argumentações, de percepções e possibilidades de criação dos alunos. Os ciclos de aprendizagem, formado por duas etapas, têm como principal característica o respeito ao tempo do aluno e seu progresso, de uma etapa para outra, dependendo de sua frequência na escola (CURITIBA, 1999). No final de cada ciclo são exigidos conhecimentos mínimos para poder progredir para o próximo ciclo. Na Rede Municipal de Ensino são quatro ciclos, como demonstra o quadro 2:

Ciclo Etapa

(nomenclatura ainda em vigor)

Série (nomenclatura ainda em vigor)

Ano (nomenclatura em processo gradativo de

implantação) I Etapa Inicial, 1ª e 2ª Etapa Inicial, 1ª e 2ª 1º, 2º e 3º

II 1ª e 2ª 3ª e 4ª 4º e 5º

III 1ª e 2ª 5ª e 6ª 6º e 7º

IV 1ª e 2ª 7ª e 8ª 8º e 9º

Quadro 2: Organização do Ensino Fundamental em Curitiba Fonte: SME. Organizado pela pesquisadora.

O quadro 2 mostra as três nomenclaturas utilizadas pela SME, pois nem todas as escolas aderiram ao sistema de ciclos e continuaram seriadas. A partir de 2007, houve outra mudança, para o Ensino Fundamental de nove anos. Após o período de transição, os sistemas anteriores cairão em desuso e vigorará somente a nomenclatura “ano”.

O Ensino Fundamental de nove anos atende aos preceitos da Lei Federal nº 11.274/2006 e tem como objetivo reforçar o princípio da inclusão de crianças no sistema educacional brasileiro, em especial, aquelas das classes economicamente mais desfavorecidas (BRASIL, 2006, p. 3). A mudança também visou que as instituições de ensino revissem seus currículos, conteúdos e práticas pedagógicas a fim de atender às características, potencialidades e necessidades das diferentes faixas etárias presentes nas

escolas. Essa ampliação de oito para nove anos amplia a qualidade do ensino e da aprendizagem da alfabetização e do letramento, assim como as formas avaliação (IBID, p. 8).

Outros programas importantes fazem parte da RME, como a Educação em Tempo Integral, Educação de Jovens e Adultos, Faróis do Saber (bibliotecas), Educação Especial com Classes Especiais, Salas de Recursos e Escolas Especializadas. Citam-se, a seguir, projetos de grande importância que culminaram na produção de materiais: Lições Curitibanas, Aceleração de Estudos, Fazendo Escola (hoje Escola & Universidade), Jornal Curitibinha, Digitando o Futuro, Um canto em cada canto, Valorização da vida, e Alfabetização Ecológica. Os materiais produzidos foram de grande importância para auxiliar no processo ensino-aprendizagem até o início dos anos 2000, quando alguns deles foram atualizados, mudaram de nome ou deixaram de ser impressos (CURITIBA, 2001).

3.2 ESTRUTURA DA SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DE CURITIBA