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2.2 ESTRUTURA DA SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE

2.2.4 Espaços municipais de Educação Ambiental

2.2.4.2 Jardim Botânico e Museu Botânico

Uma das preocupações do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - IPPUC, criado em 1965, pelo então prefeito Ivo Arzua Pereira, é realimentar a memória urbanística da cidade. Além da publicação intitulada “Memória da Curitiba Urbana”, o IPPUC conta com a colaboração da administração municipal para divulgar os nomes que marcaram as ações urbanísticas sobre o território curitibano. Um destes nomes é o da engenheira que foi homenageada em 1991 por ocasião da inauguração do “Jardim Botânico Francisca Maria Garfunkel Rischbieter”

O número 3 da "Memória da Curitiba Urbana", que está sendo distribuído há duas semanas, abre com um emotivo depoimento que a

inesquecível engenheira e planejadora urbana Franchette (Francisca Maria Garfunkel Rischbieter, Santos, 25/9/1929 Curitiba, 27/8/1989) gravou entre abril/maio do ano passado, quatro meses antes de sua morte. Engenheira da turma 1950 da Universidade Federal do Paraná, ligada a cidade desde 1952 - quando começou a trabalhar na divisão de pavimentação, diretora do Departamento de Urbanismo em 1963, Franchette acompanhou o planejamento urbano desde 1965, antes mesmo da criação da Assessoria de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba transformada depois em IPPUC. Franchette foi uma das mais fortes presenças para que o IPPUC se tornasse a grande instituição que é - e que mesmo com tentativas de destruí-lo, manteve- se com independência técnica (MILLARCH, 2011).

Na verdade, segundo o botânico Gerdt Guenthe Hatschbach, com 87 anos, o Jardim Botânico começou antes de 1991: “Em 1964, me pediram para identificar as árvores do Passeio Público. Eu tinha mais de 12 mil plantas na garagem de casa. Me deram uma salinha. O Museu Botânico nasceu ali.” (ALEXANDRE, 2011).

O conhecimento sobrenatural daquele homem, dono então de 12,6 mil exsicatas – a planta já seca e arquivada –, chamou atenção do prefeito Ivo Arzua. Ele teria decidido ali dar início ao hoje, Museu Botânico, cuja fama atrai pesquisadores dos quatro costados, atraídos pelos 370 mil itens do acervo. Para dar impulso a essa coleção, o pesquisador autodidata, formado num curso profissionalizante de Química Industrial, deixou um emprego modesto como vendedor de ferragens. Pediu a conta a seu patrão, o mano Erwin, e entrou para a História (ALEXANDRE, 2011).

Há um grande embate entre a importância sistêmica das áreas verdes para manter a vida e o equilíbrio dos ciclos vitais e a crescente exploração dos recursos naturais para o desenvolvimento das atividades econômicas. Amazonas (2011) explica que os jardins botânicos, diversos de unidades de conservação, são espaços que possuem valor econômico e estão incorporados na lógica da economia de mercado e da sustentabilidade socioambiental. As iniciativas de políticas públicas para conservação da biodiversidade e a valoração da existência de ecossistemas requerem um novo quadro normativo para a problemática do desenvolvimento socioeconômico e ambiental.

No arranjo normativo e científico brasileiro de áreas de preservação ecossistêmica, os jardins botânicos possuem atributos sistematizados na Resolução Conama 266, amparados no Constituição Federal, art. 255, e na Convenção para a Diversidade Biológica (19) que lhes distinguem de Unidades de Conservação. Primeiro, por serem entidades tipicamente de pesquisa; segundo, pela liberdade científica

que possuem em realizar investigação na interface entre a conservação in situ e ex situ27 (AMAZONAS, 2011)

Ponto turístico de visitação, no Jardim Botânico, está o Museu Botânico Municipal, o qual possui rico material de pesquisa em suas coleções científicas, e mais de 10.000 publicações para consulta local. Seu objetivo é funcionar como um centro de pesquisas botânicas da flora do Paraná. É um espaço, como explica Nascimento (2010), de natureza educativa, que permite a vivência de situações informais de aprendizagem, em que é possível compartilhar concepções e saberes científicos na mediação entre sujeitos e objetos. Em museus encontram-se conjuntos de relações: “entre os conservadores e curadores; entre educadores e curadores; objetos presentes e ausentes; pais e filhos [...] entre sentimentos de presente e de passado; de lembrança e de esquecimento (p.138).

Na interação com o mundo exterior, a dinâmica da aprendizagem do sujeito social acontece não somente em situações de práticas pedagógicas. Em uma pesquisa com jovens adolescentes, estudantes do ensino médio, os pesquisadores perguntaram o que eles mais gostaram em uma visita ao museu:

Quando os entrevistados referem-se ao que mais gostaram após a visita, as respostas ganham uma diversidade de outros elementos próprios de museus, além dos conteúdos e temas que estes esperavam encontrar. Citam atividades específicas e/ou espaços visitados, as diferentes estratégias como o teatro, o vídeo, as oficinas, as experiências, a manipulação de equipamentos como microscópio, a possibilidade de interagir tanto com os equipamentos como com os mediadores e os colegas de visita, o aspecto lúdico e afetivo durante a aprendizagem (ROCHA et al. 2007, p.9).

No Museu Botânico Municipal de Curitiba localizado na Avenida Lothário Meissner e Rua Ostoja Roguski, no Bairro Jardim Botânico, desde1992 funcionam a sala de Educação Ambiental e os espaços complementares externos de pesquisa e lazer. Diariamente, professores e professoras das escolas públicas e privadas chegam neste local com os alunos para vivenciar uma situação de aprendizagem não-formal, a qual complementa aquela de natureza formal feita anteriormente ou posteriormente, na escola.

Além de ser um espaço de pesquisa para cientistas e pesquisadores locais e de outras regiões do Brasil e do mundo, pois possui um grande herbário que abriga

espécies da flora paranaense e brasileira, existe a possibilidade de se preservar e conservar espécies representativas da vegetação brasileira. Mais de 40% da área total (178.000 m2) estão destinadas a ser um remanescente de floresta típica da vegetação regional (capões). Entre a variedade de espécies da fauna, as que mais se destacam neste local são: sabiá, canário-da-terra, saracura, ouriço, sanhaço, preá, gambá e pequenos roedores (CURITIBA, 2010b).

A apropriação de saberes vista como um comportamento, um procedimento, uma extensão das aquisições anteriores ou ainda as mudanças de concepções acontece na “Visita Orientada no Jardim e Museu Botânico” a qual propicia o acesso às informações sobre o meio ambiente, a vegetação local, leis ambientais e quais são as espécies ameaçadas de extinção. Outras atividades: “Fada Natureza” que dá possibilidade aos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental e alunos de Escolas de Educação Especial confrontar novas informações com as representações individuais sobre a natureza e sensibilização, através de atividades lúdicas; “Trilha encantada”, “Navegando pelos rios do Paraná”; “Por que as flores”; “Caça ao tesouro”; e os “Chazinhos da vovó” (plantas medicinais) (CURITIBA, 2010b). Um novo espaço no Jardim Botânico, organizado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, foi inaugurado em 2009:

O Jardim das Sensações, primeiro espaço público da cidade que estimula, com plantas, o tato, o olfato e a audição, virou atração turística e refúgio para os freqüentadores do Jardim Botânico. O jardim, inaugurado no dia 8 de dezembro passado, recebe por semana cerca de 5 mil visitantes. Em fevereiro, começarão as visitas monitoradas ao jardim. Grupos e escolas podem agendar os passeios pelo telefone [...] O visitante tem a opção de fazer o passeio pelo Jardim das Sensações de olhos vendados. Ao longo do percurso de 200 metros, o sentido do visitante é despertado pelo toque, cheiro e textura das 72 espécies de plantas selecionadas para compor o jardim (BEM PARANÁ, 2011b).

Neste espaço as ações educativas estendem-se também para os docentes. O “Curso para Professores de Ciências e de Biologia” tem como principal objetivo proporcionar mais oportunidades de aquisição de conhecimentos aos interessados em desenvolver atividades ambientais interdisciplinares nas áreas verdes municipais. Há possibilidade de se fazer “Empréstimo do Acervo Botânico”, o qual tem um papel estratégico para ampliar os limites das atividades educativas não-formais.

Outro grande atrativo do Jardim Botânico é a arquitetura da estufa de ferro e vidro de 450 m2 que abriga espécies de regiões tropicais, inspirada nas idéias européias. Ela resgata as memórias da exposição universal de 1889, realizada na capital da França, onde uma estufa em forma circular abrigava espécies da flora brasileira.

Querem encontrar-se em plena vegetação fantástica? Aproximem-se do Pavilhão do Brasil. Seguindo pela galeria, chega-se a uma "estufa encantadora onde desabrocha a flora do Brasil. "Contém plantas do Brasil, sempre em flor" tipos da luxuriante vegetação brasileira; "permite a belas plantas tropicais desabrochar em toda liberdade". É a estufa mais linda do mundo, gloriosa com suas palmeiras de folhas em ponta-de-Iança e suas bananeiras gigantes, e toda estrelada de orquídeas (BARBUY, 2011, p.227).

Localizada próximo ao centro, a estufa com o cultivo de espécies de climas diferentes funciona como um cartão postal e um “pulmão” para a concentração urbana do entorno. A conservação e divulgação de espécies botânicas, um dos objetivos prioritários do Jardim Botânico, aliam-se à estética dos jardins, expressando as dimensões da arte, da ciência e da biodiversidade.