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Na década de 1980 foram criadas as primeiras escolas em tempo integral da RME. Em algumas unidades foram construídos prédios anexos para as atividades do contraturno. Tendo em vista que os alunos permanecem cerca de 8 horas por dia na escola, foi preciso instalar cozinhas industriais, refeitórios, banheiros com chuveiros e novas salas de aula para atender a essa nova demanda, além de espaços apropriados para oficinas temáticas. Essa proposta de instalações de escolas em tempo integral e, consequentemente, ampliação do tempo de permanência dos alunos no ambiente escolar, tem como objetivo melhorar a qualidade do ensino, assim como diminuir o índice de evasão escolar e repetência (CURITIBA, 2006b, p. 27).

No final da década de 1980 e início da década de 1990 houve uma ampliação do número de escolas existentes que passaram a atender os estudantes em tempo integral sob a denominação de “Centros de Educação Integral” (CEIs).

Nessa estrutura física, designada inicialmente Complexo II, correspondente a um prédio de três andares, conhecidos como pisos, eram desenvolvidas as seguintes atividades pedagógicas: no 1.º Piso, as relacionadas à Cultura Corporal; no 2.º Piso, as relacionadas à Cultura Artística; e no 3.º Piso, as relacionadas à Cultura das Mídias, à Cultura Ecológica e à Biblioteca (CURITIBA, 2006b, p. 28)

Além desses espaços que oferecem educação em tempo integral, também tiveram início as atividades de contraturno, que se diferenciam das escolas de tempo integral. Nos espaços de contraturno, primeiramente, o objetivo era possibilitar que crianças e adolescentes tivessem uma educação voltada para “trabalho, à vida, ao bem- estar físico e ao estudo, assim como ao seu relacionamento com a família, com a

comunidade e com a religião” (CURITIBA, 2006b, p. 28-29). Um novo projeto foi criado em 1991, intitulado Programa de Integração Social da Criança e do Adolescente (PIÁ), que era administrado pela extinta Secretaria Municipal da Criança (SMCr). Às crianças e adolescentes eram ofertadas oficinas de aprendizagem para fazer tarefa escolar, esporte e recreação, cultura, iniciação ao trabalho e atividades alternativas. Em 2003, esse programa passou a ser administrado pela SME e no ano seguinte passou a ser chamado de Programa de Educação Integral Alternativo. As atividades eram desenvolvidas em unidades fora do espaço escolar, em prédios próprios, administrados seja por uma escola municipal mais próxima seja pela Gerência de Educação Integral do Departamento de Ensino Fundamental da SME (IBID).

Merece destaque a iniciativa do PIÁ AMBIENTAL, desenvolvido pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente em 34 unidades, criado em concomitância aos programas “Compra do Lixo” e “Câmbio Verde”, que visava trabalhar com “conhecimentos relacionados às questões ambientais e à incorporação de valores e atitudes em favor da melhoria da qualidade de vida da comunidade local” (CURITIBA, 2006b, p. 31). Nesses espaços eram desenvolvidas atividades de horticultura e jardinagem, minhocultura, artesanato, fitoterapia, compostagem, teatro, coral, atividades com noções básicas de saúde e alimentação, entre outras. A partir de 2003, esse programa mudou sua nomenclatura e passou a se chamar Espaços de Contraturno Socioambiental (ECOS) administrado pela UniLivre. O quadro 4 apresenta, resumidamente, o percurso destas transformações:

Programa Início Extinção do Programa ou Alteração de Nomenclatura

Situação atual Discussões para implantação de

escolas integrais

1985 _ _

Elaboração do Projeto Educação Integrada em Período Integral

1986 _ _

Implantação de Escolas em Tempo Integral (manhã e tarde)

1987 1992 (extinção da obrigatoriedade do tempo integral)

Opcional tempo integral ou parcial

Implantação dos Centros de Educação Integral (CEI)

1989 _ Atualmente funcionam

37 CEIs Programa de Integração Social

da Criança e do adolescente

1991 2003 (extinção do Programa) _ PIÁ AMBIENTAL (SMCr) 1990 2003 - Espaços de

Contraturno Socioambiental (ECOS)

A partir de 2004 passaram a ser administrados pela SME e a estarem vinculados a uma escola municipal

PIÁ (SME) 1990 2004 - Espaços de

Contraturno

Quadro 4 - Resumo da evolução da Educação Integral em Curitiba Fonte: Curitiba, 2006c. Organizado pela pesquisadora.

A ampliação do tempo que o aluno permanece na escola permite que ele tenha uma formação humana holística, tocando em aspectos afetivos, cognitivos, psicomotores, sociais e culturais, trabalhando a sensibilização, as múltiplas relações com os saberes, e reconhecendo a sua singularidade e universalidade (CURITIBA, 2006c, p 33). Atualmente, a educação integral da RME se dá no contraturno em dois momentos:

[...] um deles destinado às atividades cotidianas (acolhimento do grupo, acompanhamento da freqüência e de estudos); e o outro à ida dos estudantes para diferentes espaços escolares de contraturno onde são desenvolvidas as seguintes atividades: Práticas de Movimento e de Iniciação Desportiva, Práticas Artísticas, Ciências e Tecnologias de Informação e Comunicação, Práticas de Educação Ambiental e de Tempo Livre. “Essas atividades, planejadas coletiva e intencionalmente, são práticas que integram a busca pelo desenvolvimento intelectual e emocional dos estudantes e o seu bem- estar com relação à alimentação, higiene, segurança e proteção.” (CURITIBA, 2006c, p. 35).

No que diz respeito ao trabalho com Ciência e Tecnologias da Informação, e Comunicação, o corpo docente pode ampliar a forma de se trabalhar com livros, jornais, revistas, rádio, televisão, vídeo, cinema, computador e internet. Esses materiais podem ser melhores explorados através do Laboratório de Informática, do Portal Cidade do Conhecimento, do Laboratório de Ciências, da Rádio-Escola e do projeto Pequeno Inventor.

As Práticas de Movimento e de Iniciação Desportiva proporcionam trabalhar o corpo de forma recreativa e esportiva, o que favorece a “consciência, o domínio e o desenvolvimento do próprio corpo; o espírito de coletividade; a solidariedade; o respeito a si mesmo e ao outro; e a elevação da auto-estima” (CURITIBA, 2006b, p. 38).

Buscando a compreensão da complexidade do ser humano, as práticas artísticas - teatro, música, dança e artes visuais - desenvolvem os potenciais criativos, complementado pelo Tempo Livre, momento em que as atividades não são dirigidas pelo professor, mas são acompanhadas. O aluno pode escolher entre descansar, brincar, conversar, utilizar materiais disponíveis na sala, criar e desenvolver idéias.

Os conteúdos sobre meio ambiente são trabalhados através da Educação Ambiental, mas assumem as últimas posições nas escalas de prioridades para as escolas regulares. A quantidade de matérias e de conteúdos preenche o quadro horário e dessa

forma, somente as escolas de tempo integral acabam disponibilizando espaço e tempo para se dedicar a esta prática.

Nos espaços de contraturno, os temas relativos às práticas de Educação Ambiental deverão ter como pressuposto a interdependência existente entre todos os elementos que compõem a realidade socioambiental, entre o ser humano e suas complexas relações culturais, econômicas, políticas, éticas, estéticas e religiosas, entre outras (CURITIBA, 2006b, p. 37).

Toda esta programação escolar, bastante intensa, procura dar aos alunos uma formação que tenha equivalência com os níveis de complexidade da realidade do mundo do trabalho e da vida social. As tarefas são organizadas com o auxílio de projetos, materiais didáticos e instrucionais. Atualmente estão sendo desenvolvidos os seguintes projetos, na área ambiental, em diferentes unidades escolares: atividades de paisagismo, Projeto Agrinho, horta, jardinagem, e reaproveitamento de materiais.