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A CONSTRUÇÃO DE UM ÍNDICE QUE AFIRA EXCLUSÃO SOCIAL

A evolução quantitativa do produto agregado brasileiros sempre se constituiu em objeto de confusão (às vezes premeditada e proposital) que a mídia e governantes fazem, tentando estabelecer como sinônimos os conceitos de crescimento econômico e desenvolvimento econômico. Como se viu na discussão conceitual, crescimento do PIB agregado ou médio, não significa, necessariamente, desenvolvimento econômico. Nessa mesma linha de raciocínio, podeCse afirmar que o mero crescimento do PIB agregado ou do PIB médio, não induzirão, necessariamente, à redução da pobreza, entendida como processo de exclusão social. Mas deve ficar esclarecido que esta é uma condição necessária para que se mitigue pobreza. Precisa que a renda agregada cresça e que a riqueza do País também evolua para que as pessoas pilhadas na vala da exclusão social possam participar na partilha de um bolo maior. Assim, os mecanismos de políticas públicas indutoras do crescimento econômico, que promoverão a redução da exclusão social, devem vir seguidas ou acompanhadas ou em parceria com aquelas medidas de melhor repartição do produto que será gerado. Contudo, no Brasil observaCse que, mesmo havendo crescimento do produto agregado, em passado recente, os níveis de exclusão social não têm reduzido de forma consistente e sustentada. Estas características de apropriação assimétrica da renda e da riqueza geradas no País, se constituem numa faceta generalizada de praticamente todos os Países do terceiro mundo e de economias que ainda não consolidaram um processo de desenvolvimento sustentado. Em alguns deles, e o Brasil se constitui num exemplo marcante, estes vieses assimétricos de participação na renda e no produto social se manifestam de uma forma mais explicita, e é também por esta razão que estes Países estão classificados no grupo dos subdesenvolvidos.

Os desajustes monetários internos que essas economias experimentam ou experimentaram por muitos anos, provocados por longos períodos inflacionários, e o endividamentos, contraídos internamente para financiar as contas públicas e externamente para financiar dificuldades na balança de pagamentos, se constituem em verdadeiros obstáculos para a busca de melhores padrões de bem estar para segmentos importantes da sociedade brasileira, sobretudo aqueles posicionados na base da pirâmide social. Vale ressaltar que o endividamento externo que tinha como argumento básico o financiamento do crescimento interno, haja vista a restrita capacidade que as sociedades atrasadas têm de acumular poupanças necessárias aos financiamentos da alavanca para esses investimentos, na verdade tiveram uma participação importante no desencadeamento do processo de

acumulação capitalista no Brasil, e se constituíram em importante mecanismo de incremento das desigualdades sociais. O financiamento inflacionário desse crescimento e dessa acumulação, impuseram um fardo muito pesado sobre aqueles agentes econômicos que sobrevivem de renda fixa (sobretudo os assalariados de baixa renda), e que não tinham a possibilidade de recorrerem ao mercado financeiro, e a outros ativos, para se aproveitarem do processo indexador então prevalecente na economia brasileira. Desta forma, o financiamento inflacionário do crescimento da economia do Brasil, na verdade se constituiu num doloroso e pesado fardo para a massa de trabalhadores assalariados brasileiros situados na base da pirâmide da distribuição da renda, principalmente.

Por outro lado, os sucessivos planos econômicos de estabilização monetária que foram desenhados para debelar o processo inflacionário, sobretudo o plano real lançado em julho de 1994, sempre trazem um coquetel de políticas monetária, fiscal e cambial, de conotações fortemente restritivas. Estas políticas trouxeram, e trazem, como subproduto previsível na sua elaboração e execução, a elevação dos níveis de desemprego e, paralelamente, uma queda dos salários, em decorrência da rotatividade da força de trabalho advinda dos pesadíssimos níveis de desemprego que eles provocam. Tudo se passa como se a atividade econômica do País funcionasse como uma enorme fábrica toda circundada por paredes de vidros transparentes. Assim, os trabalhadores que ainda conseguem manter o emprego dentro dessa enorme fábrica, perdem qualquer capacidade de reivindicar melhorias salariais, porque sabem que qualquer tentativa nesta direção, implicará na sua demissão, haja vista que existe um contingente de desempregados que, observando através das paredes transparentes, estão interessados em assumir os postos de trabalho por qualquer salário. Este fato se agrava, na medida em que os Governantes promovem as chamadas reformas liberalizantes, que tendem a tornar mais frágeis as relações de trabalho e enfraquecem as organizações dos trabalhadores, tirandoClhes grandes margens de capacidade de negociação. A conseqüência natural do dinamismo de todo esse processo, é uma queda generalizada dos padrões de bemCestar geral da sociedade. De um lado, os trabalhadores que conseguem manter os postos de trabalho, vêm restringido o poder de compra dos seus salários, mas não podem reclamar, porque se o fizerem, perderão os seus postos de trabalho. De outro lado, as políticas fiscais, geralmente de contenção e corte dos gastos públicos e de elevação da carga tributária, reduzem quantitativa e qualitativamente os serviços públicos de acesso a água tratada, saneamento básico, educação, saúde, coleta de lixo, dentre outros serviços, que poderiam arrefecer os impactos da redução, ou da perda da renda.

A tentativa de aferição de índices de bemCestar ou de malCestar, que traduzam, com fidedignidade, o padrão de desenvolvimento ou de pobreza, que acontecem em vários Países, e que são grandemente afetados pelos descompassos provocados pelos ajustes estruturais macroeconômicos, temCse constituído numa preocupação dos cientistas, na medida em que possa servir de subsídios para a formulação de políticas públicas, e de instrumento de planejamento de medidas econômicas de curto, médio e longo prazos, que sejam capazes de reverterem os níveis de exclusão social, que experimentam fortes impactos em virtude desses planos de estabilização monetária. Além disso, este pode se constituir num importante instrumento a ser disponibilizado para as organizações dos trabalhadores, para que elas possam melhor hierarquizarem as suas demandas, e assim acumularem mais forças para lutarem por seus direitos. Buscando atender a essa demanda dos trabalhadores, dos construtores e dos executores das políticas públicas, alguns pesquisadores trilham nesta linha, objetivando a elaboração de índices que afiram, com acuidade, os níveis de bemCestar ou de malCestar das sociedades. São procedimentos reducionistas, na medida em que objetivam compactar em um número (o índice) toda a complexidade de um conceito. Apesar desse pecado original, podeCse encarar os resultados obtidos nessas tentativas, como aproximação ou uma sinalização do patamar de desenvolvimento (ou de exclusão social), e a partir daí buscar um entendimento mais acurado da realidade que o índice tentou captar. Desta forma, os índices que se propõem aferir exclusão social ou desenvolvimento estão sujeitos às criticas, e quem os constrói deve estar consciente dessas deficiências, o mesmo acontecendo para quem deles toma conhecimento e almeja utilizáClos como balizadores das suas ações.

A seguir iniciaCse a discussão de algumas dessas construções, começando pela mais difundida no mundo, que é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado pela ONU em 1990, e que a partir de então passou a aferir os padrões de desenvolvimento humano dos Países que lhe são filiados.

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O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi publicado pela ONU pela primeira vez em 1990, objetivando hierarquizar os 175 Países que lhe eram filiados. O IDH tem 3 indicadores: Esperança de vida ao nascer, que em síntese, é a idade em que, em média, as pessoas morrem; estoque de educação, composto de duas variáveis: percentual de adultos alfabetizados e percentual de matrículas nos ensinos elementar, médio e superior. O terceiro indicador é a renda per capta avaliada segundo a paridade do poder de compra, em que a

ONU aplica um redutor que estabelece que, a partir de determinado patamar de bemCestar, a renda adicional não se traduz em incremento proporcional de qualidade de vida. São estimados índices parciais para cada um desses indicadores que recebem ponderação igual e definida pela ONU como 1/3, para construir o IDH. Os Leitores interessados encontrarão a

engenharia da construção do IDH a partir da página 394 do de

2006. (HDR, 2006).

Gostaríamos de fazer alguns comentários acerca de cada uma das componentes do IDH, e das suas reais possibilidades de aferição com rigor nas economias atrasadas, onde as estatísticas são muito mais difíceis de serem computadas com fidedignidade.

Não se discute o mérito e a capacidade que tem a longevidade como um bom indicador de bem estar. Computar este dado na Suíça ou na Noruega, pais de melhor IDH em 2004, é tranqüilo. O problema assume alguma complexidade quando tentamos aferir, com acuidade, este indicador em lugares remotos, como aqueles existentes em economias atrasadas, como da África, do Nordeste, e do Norte brasileiros, por exemplo. Em lugares assim, um contingente expressivo de pobres, vive e morre, sem ter qualquer registro. Quem tiver alguma dúvida é só observar nas periferias de cidades do interior dessas regiões (Norte e Nordeste, principalmente), a proliferação de cemitérios clandestinos. Nesses cemitérios estão sepultadas pessoas cujas famílias não dispuseram de condições de renda para enterrar dignamente os seus mortos. São pessoas pobres que tendem a morrer mais jovens, e que não fazem parte das estatísticas obituárias. Portanto as estimativas deste indicador em regiões assim, tendem a ser sobreCavaliadas, pois não contabilizam aqueles casos de óbitos. Além disso, a esperança de vida ao nascer se constitui num conceito de média e que por isso, está sujeita a uma grande variância em torno de si. Esta variabilidade, como se sabe, é mais perceptível nas economias atrasadas, devido às desigualdades bastante acentuadas nessas áreas de carência, sobretudo de qualidade de vida. Por estas razões é difícil ter estimativas rigorosas da esperança de vida ao nascer nos rincões mais remotos do Nordeste e Norte do Brasil, ou de lougradouros africanos mergulhados em extrema pobreza.

Um outro indicador que faz parte na composição do IDH é a renda per capta. Como sabemos, renda no Brasil, também apresenta uma grande variabilidade em torno da média. Como já demonstramos no Primeiro Capítulo, o PIB per capta dos municípios brasileiros variou de R$ R$ 763,36 por ano em ApicumCAçu no Maranhão a R$ 315.208,10 em São Francisco do Conde que fica localizado no estado da Bahia. O IBGE estimou para 2004 que o PIB médio brasileiro foi da magnitude de R$ 9.729,11. Portanto, esta amplitude de desigualdade na apropriação da renda monetária que acontece no Brasil, e em economias

atrasadas, dificulta o uso do indicador renda per capta na construção de um índice que capte, com rigor, níveis de desenvolvimento ou de bemCestar social.

Além disso, o IDH não esclarece para o leitor o patamar de desenvolvimento humano experimentado por segmentos da população. Ou seja, observandoCse o IDH de um País, não conseguiremos detectar o percentual da população que está incluída (ou excluída) no processo de desenvolvimento humano daquele País. Esta não era a preocupação de seus idealizadores, digaCse de passagem. O objetivo era construir um instrumento que fosse capaz de hierarquizar os Países do mundo, em termos mais adequados do que o uso da renda per capta, como era procedido até o final dos anos oitenta do século passado. Construído com este objetivo, o IDH está contido no intervalo entre zero e um, e os seus valores têm utilidade apenas para fazer hierarquia. Não obstante estes fatores limitantes, verificaCse que é o índice mais utilizado por quem toma decisão para formatar políticas públicas, preocupados com a performance do seu País, do seu estado, ou do seu município. Isto pode, e efetivamente tem acontecido, provocar distorções, quando se está diante de administradores inescrupulosos, fato que como sabemos, não é difícil de encontrar em economias pobres como a brasileira. Há o risco, da manipulação do número de matrículas, inflandoCas, sem a devida qualidade, ou da implantação de programas improvisados de alfabetização de adultos para “reduzir” o percentual de analfabetos, e assim ter algum tipo de vantagem, na medida que incrementam o IDH. Programas assim, em geral, preocupamCse mais com a quantidade do que com a qualidade do processo de alfabetização ou de escolaridade, e tem impactos limitadíssimos sobre os padrões de bemCestar social das comunidades para onde foram desenhados e aplicados.

Vale ressaltar que o indicador esperança de vida ao nascer, não muda bruscamente de um ano para outro. TrataCse de uma característica que avança (ou retroage) em função de investimentos (ou na falta deles) em melhorias dos serviços de saúde pública, saneamento, de moradias, acesso a água potável, acesso à segurança alimentar, acesso a trabalho com remuneração digna. Todos estes indicadores vêm experimentando grandes dificuldades neste País, em função das políticas macroeconômicas de caráter fortemente restritivas, tanto de um ponto de vista fiscal (geração de superavits fiscais primários para garantir pagamento de credores), monetário (políticas de contenção de demanda agregada, visando atingir metas inflacionárias) e cambiais, que mantiveram e mantém, por longo período, a moeda supervalorizada, justamente para atender aos preceitos liberalizantes que também fazem parte dos ajustes internos da economia brasileira. Portanto, trabalhar para elevar a esperança de vida ao nascer pode não ser atrativa para prefeitos ou governadores que querem conseguir resultados de imediato. Assim, o caminho, aparentemente mais curto, seriam os programas

voltados para a educação, que seriam importantes se seguissem preceitos rigorosos de qualidade. Como isso não acontece, em boa parte dos casos, a “melhora” de IDH conquistada por esses procedimentos artificiais, obviamente não é aquela que todos nós queremos e almejamos para as populações carentes.

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Mais recentemente, a literatura especializada, com forte respaldo na mídia, passou a enfatizar de forma mais intensa os níveis de pobreza que assolam as economias atrasadas, sobretudo no Brasil e no Nordeste. Mas quase sempre, essas informações estão referendadas na linha de pobreza estabelecida pelas entidades multilaterais como Banco Mundial, Organização das Nações Unidas e Fundo Monetário Internacional. Em relatórios do final dos anos noventa do século passado, surgiram propostas de aferição de pobreza por outros mecanismos. Um deles está no Relatório da ONU de 1997, (HDR, 1997). Naquele Relatório foi apresentado, pela primeira vez, o Índice de Pobreza Humana ( 3 , ), que tenta aferir os níveis de pobreza em Países subdesenvolvidos com base em quatro indicadores: percentagem da população, cuja esperança de vida é inferior a quarenta anos; percentagem de adultos analfabetos; e uma terceira variável que se constitui na combinação de três indicadores, a saber: percentagem da população sem acesso a água tratada, percentagem da população sem acesso a serviços de saúde, e percentagem de crianças menores de cinco anos com deficiência de peso. No próprio relatório da ONU de 1997 (HDR, 1997), fica reconhecida, de forma explícita, as dificuldades para a construção do índice de pobreza a partir daqueles indicadores, sobretudo por ser difícil contabilizar estatísticas confiáveis, como a percentagem da população com esperança de vida inferior a quarenta anos, na maioria dos Países do terceiro mundo, inclusive para o Brasil. Este aspecto é mais relevante, como discutimos no item anterior, nas suas regiões mais carentes. Além disso, pareceCnos que um índice desenhado para aferir pobreza que não contenha a variável renda, fica no mínimo subestimado, haja vista ser esta uma variável relevante, ainda que não seja a mais importante, como definição do patamar de pobreza atingido por uma pessoa, uma família, um município, um estado ou um País.

Em seu Relatório de Desenvolvimento Humano de 1998 (HDR, 1998), a ONU apresentou, ao lado do índice de pobreza humana para os Países subdesenvolvidos, um índice que objetiva detectar o percentual de pobres que sobrevivem nas economias mais industrializadas do planeta. Para a construção desse Índice de Pobreza Humana em Países

industrializados a ONU utiliza os seguintes indicadores: percentagem da população que provavelmente morrerá antes de completar 60 anos de idade; percentagem da população que é analfabeta de um ponto de vista funcional. Por funcionalmente analfabeta, a ONU caracteriza um indivíduo que não consiga ler e escrever de forma adequada textos básicos de uma “sociedade moderna, como a bula de remédios ou não consiga fazer a leitura de histórias infantis.” (HDR, 1998, p. 27). A terceira variável que entra na composição deste índice é o percentual da população cuja renda pessoal é menor do que 50% da média da renda per capta. A quarta variável que entra na construção do índice de pobreza para os Países industrializados é a chamada medida de exclusão social, que é aferida pelo percentual da população economicamente ativa e que está desempregada por 12 meses ou mais.

Embora tenha sido desenhado para medir a pobreza nas economias ricas, alguém poderia tentar adaptar o conceito para aferir pobreza em Países como o Brasil. Se fosse esse o caso, além das dificuldades associadas à esperança de vida ao nascer, caberiam alguns comentários acerca da variável exclusão social como componente do índice de pobreza. AcreditaCse que a pobreza, entendida no seu sentido lato, que não é apenas a privação de renda, se constitui num doloroso e inaceitável processo de exclusão social. Dessa forma, trabalhamos com a hipótese de que exclusão social se constitui num conceito muito mais amplo do que não estar inserido no mercado de trabalho formal. Os cidadãos podem estar fora do mercado de trabalho e usufruir de serviços sociais essenciais, que atenuam o estado de privação de renda. Por outro lado, podem estar inseridos no mercado de trabalho, auferindo rendimentos não dignificantes e ainda serem privados de serviços essenciais que deveriam ser providos pelo estado. Neste caso, a situação de uma plêiade de brasileiros, sobretudo nortistas e nordestinos, serve para elucidar esta assertiva. Além disso, em economias como a brasileira em que os índices que aferem a taxa de desemprego, em geral não levam em consideração os subempregados, os biscateiros e outras categorias de trabalhadores, apenas o cômputo da taxa de desemprego de longo prazo, como medida de exclusão social, pode provocar tremendos vieses, para menos, da real dimensão da pobreza no País. Vale ressaltar que o cômputo dessas estatísticas tornaCse muito mais dramático e de pouca confiabilidade, na medida em que adentramos nas regiões mais atrasadas dentro do próprio País. Isto quer dizer que, as taxas de desemprego estimadas oficialmente, são menos precisas nos grotões de pobreza da Amazônia e do Nordeste, do que nos estados do Sul e do Sudeste, sobretudo nos mais desenvolvidos nessas regiões. Ora, é exatamente no Nordeste e na Amazônia que concentramCse os maiores níveis de pobreza deste País, que não seriam captados por esta variável, se houvesse a tentativa de aferir pobreza a partir da sugestão do relatório da ONU de 1998.

Estas assertivas são tão contundentes e controvertidas, que no próprio HDR de 1998, na página 28, podeCse ler a seguinte passagem, referente à inclusão da variável exclusão social na composição do índice de pobreza para as economias industrializadas:

Exclusão social assume muitas formas, e varia consideravelmente de uma comunidade para outra e é difícil de medir. Contudo, a taxa de desemprego de longo prazo, que é consideravelmente medida na maioria dos Países industrializados, pode se constituir numa confiável aproximação para exclusão. Ela reflete a exclusão do mundo do trabalho e a interação social associada com o emprego, que se constitui em uma importante parte da exclusão social observada em muitas comunidades. (HDR, 1998, p. 28).

Nesta passagem deveCse assinalar que no próprio Relatório de Desenvolvimento Humano, onde está apresentado o Índice de Pobreza Humana para os Países industrializados, fica reconhecida a fragilidade da definição de exclusão social apenas como taxa de desemprego de longo prazo. Isto porque, como fica claro na passagem acima, nas economias industrializadas, existem estatísticas confiáveis para a aferição dessas taxas de desemprego, o que não se constitui, seguramente no caso das economias atrasadas, Brasil entre elas, obviamente.

Além do mais, nas economias industrializadas, em geral, existem mecanismos explícitos de proteção aos desempregados, mediante as chamadas políticas compensatórias. Isto sem falar que praticamente 100% da população desses Países, em geral, têm acesso a