• Nenhum resultado encontrado

NONO CAPÍTULO CONSIDERAÇOES FINAIS

Neste estudo buscouCse realizar um diagnóstico do real estágio atual dos níveis de exclusão social por que passam todos os municípios, estados e regiões brasileiras, desdobrandoC se as informações para as zonas urbanas e rurais dos estados, regiões e para o Brasil. ProcedeCse também uma evolução dinâmica da performance dos estados, regiões e Brasil entre os anos de 2001 e 2005 e exercitamCse projeções, com base em modelos econométricos, para o ano de 2006. No Anexo metodológico apresentaCse um outro exercício que os resultados encontrados neste trabalho nos permitiu especular, que é o de tentar buscar estimativas indiretas (via modelo econométrico) para os Índices de Exclusão Social para os 174 Países para os quais o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2006 (HDR, 2006) publica informações de IDH.

O estudo inicia discutindo os contrastes sociais que prevalecem no Brasil e que têm se manifestado de forma mais intensa nestes últimos anos em que prevalecem no País, de forma mais acentuada, políticas macroeconômicas inspiradas no chamado Consenso de Washington, que promoveram a liberalização, abertura e privatização de serviços essenciais.

No capítulo seguinte o estudo busca resgatar os conceitos e definições utilizados, bem como a sua evolução no tempo, tentandoCse estabelecer um elo de convergência, para o seu entendimento e utilização na pesquisa. Assim, empreendeCse uma discussão, acerca dos conceitos de desenvolvimento econômico, desenvolvimento econômico sustentável e pobreza, entendida como o instrumento mais cruel de exclusão social, em que são feitas reflexões, num nível razoável de exaustão, em termos do que está sendo tratado hoje em nível mundial, no que concerne ao entendimento de tão complexos, e até controversos conceitos.

Nesta busca de reflexões sobre os conceitos relevantes para o estudo, tentaCse captar a conexão que existe entre alguns deles, quando esta interface se mostra factível e pertinente, tanto de um ponto de vista teórico, como de um ponto de vista empírico. Esta sinergia parece existir entre os conceitos de pobreza, entendida como exclusão social, e degradação ambiental e dos recursos naturais renováveis ou não.

Em seguida aferemCse os patamares de exclusão social dos municípios, estados e regiões brasileiros, numa perspectiva estática e referente para o ano de 2000. Para tanto utilizaramCse estatísticas publicadas pelo Censo Demográfico do IBGE, realizado para o ano de 2000. Com base nessas estatísticas são construídos os Índices de Exclusão Social (IES) para todos os 5.506

municípios localizados nos 26 estados da Federação e para os 19 distritos, localizados no Distrito Federal. Os dados dos municípios são agregados para os estados, Distrito Federal, regiões e para o País.

Nesta segunda edição do livro, privilegiaCse também a análise do PIB per capta dos municípios e estados brasileiros no período compreendido entre os anos de 2001 e 2004, tendo em vistas que este se constitui no último ano para o qual o IBGE disponibiliza informações a este nível. Também tentaCse fazer uma avaliação dinâmica da evolução do IES e do IDH entre os anos de 2001 e 2005 com projeções para 2006. Vale ressaltar que esta etapa do trabalho utiliza informações das Pesquisas Nacionais de Amostras por Domicílios (PNADs), que teve em 2005 a sua última versão, até a conclusão da versão original deste livro. EsboçaCse também o desdobramento das avaliações dinâmicas dos resultados para as zonas rurais e urbanas de todos os estados da Federação, bem como para as regiões e para o Brasil.

As evidências encontradas neste estudo mostram e confirmam que os municípios situados nas regiões Norte e Nordeste, na sua grande maioria, compõem o quadro dos locais de maiores carências no Brasil, o que comprova a hipótese do elevado padrão assimétrico da exclusão social que se observa no País. Nestas duas regiões concentramCse os maiores bolsões de exclusão social do Brasil. De fato, se pobreza for tratada como sinônimo de exclusão social, e for aferida por indicadores de privações de serviços essenciais, de privação de renda e se utilizarmos a apropriação da renda per capta como complemento dessas análises, será muito mais bem demarcada, com predominância naquelas duas regiões brasileiras. Além disso, nesta versão do livro, também utilizaCse o IDH como medida de aferição do desenvolvimento humano que acontece nos municípios, estados e regiões brasileiras. Assim, nesta nova edição do livro tentamos “cercar” a pobreza entendida como um processo cruel de exclusão social em suas várias vertentes: pelas privações de serviços sociais e renda, que aferida pelo IES devidamente atualizado e revisado para todos os municípios; pelo padrão de desenvolvimento humano, medido pelo IDH; e pela magnitude do PIB per capta e pela apropriação da renda bruta em municípios, estados e regiões.

Assim, acreditaCse que os resultados encontrados nesta nova versão do livro, podem ser de mais utilidade tanto para quem toma decisões de políticas públicas (Presidente da República, Governadores e Prefeitos); como para quem elabora as legislações que se propuserem a mitigar exclusão social (Senadores, Deputados e Vereadores), como para a população em geral e

trabalhadores em particulares que tomam conhecimento da dimensão do quadro de exclusão que lhes cercam ou que estão vivendo no próprio cotidiano.

Das evidências apresentadas e discutidas ao longo deste texto, podeCse ainda retirar algumas conclusões que podem ser de utilidade. Algumas delas sugerem que as políticas públicas devem buscar elementos que viabilizem a geração de ocupação e renda nos municípios brasileiros, sobretudo aqueles posicionados no Norte e no Nordeste do País. Neste aspecto as políticas que tem assumido uma feição mais assistencialista como o Bolsa Família, devem assumir um papel mais incisivo no incremento da escolaridade das crianças e adolescentes que são beneficiados com este programa. Tem que haver uma maior fiscalização da aplicação desses recursos, e um melhor acompanhamento da trajetória e da performance dos estudantes beneficiados por ele. Isto é urgente porque os indicadores de analfabetismo no Brasil (sobretudo nas suas duas regiões mais carentes), bem como a escolaridade média dos brasileiros é muito baixa e precisa ser incrementada num ritmo bem mais acelerado do que aquele que observamos presentemente e que foi mostrado no estudo.

Mas esta versão do trabalho não se prende apenas a fazer diagnósticos, o que já se constitui, na nossa avaliação, em grande avanço, na medida em que disponibiliza para quem toma decisão de política e para o público em geral, informações importantes no que concerne às características sociais e econômicas dos municípios e dos estados brasileiros. Nesta versão apresentamCse resultados concretos de ações mitigadoras de exclusão social nas áreas rurais maranhenses, um dos estados mais pobres do Brasil, como se depreende das evidencias mostradas neste trabalho. Segundo este trabalho que foi realizado com recursos do Banco Mundial e que chamouCse de Programa de Desenvolvimento Integrado do Maranhão (PRODIM), foram injetados de julho a dezembro de 2006 em áreas de pobreza rural daquele estado algo como R$ 11,66 milhões em projetos sugeridos pelas comunidades carentes reunidas em associações. Essas demandas espontâneas das comunidades privilegiaram, principalmente, o acesso ao serviço de água de qualidade. Este fato sugere que ao colocar a privação deste beneficio no IES estávamos em sintonia com o que pensam as famílias carentes. Além disso, houve uma grande demanda por fossas sépticas. No aspecto produtivo, a maior demanda das comunidades carentes das zonas rurais maranhenses beneficiadas de julho a dezembro de 2006, foi para a construção de unidades de beneficiamento de mandioca, para produzir farinha de qualidade e fécula.

A conclusão geral deste trabalho, que é a mesma da sua versão anterior, como não poderia ser diferente, mas agora com mais subsídios em termos de informações e de dados, é que o Brasil é um País muito desigual, no que concerne, tanto aos padrões de exclusão social, como de desenvolvimento humano, como de apropriação da renda e da riqueza gerada nas suas fronteiras. Por esta razão é que optouCse pela designação deste trabalho como sendo este um País “Assimetricamente Pobre”, tanto no que concerne aos diferenciais existentes entre estados e regiões, como dentro dos estados e das regiões. ObservamCse dentro dos estados (sem exceção) que existem contingentes muito grandes de socialmente excluídos, com renda abaixo das médias dos estados, convivendo com populações com patamares elevados de renda, de desenvolvimento humano e de inclusão social.

ANEXO A