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3. Trilhas metodológicas

3.3. Contextualização dos aspectos institucionais

3.3.2. Contato inicial e pactuação da participação dos técnicos na pesquisa

O contato inicial com a instituição se deu em 29/03/16. Ao chegar no SVO, os os responsáveis pela direção não estavam presentes. Mas, com o auxílio da recepcionista, que telefonou para a diretora, foi possível agendar uma reunião para apresentar a proposta de pesquisa. A reunião aconteceu em 04/04/16 e nela estavam presentes o pesquisador, a diretora do SVO e uma médica patologista, que fazia parte do grupo diretor.

Durante o encontro elas enfatizaram o interesse em saber sobre a metodologia da pesquisa, queriam detalhes sobre como se daria a intervenção e quantos técnicos em necropsia participariam. Foi explicada a proposta metodológica e foi informado que, antes de firmarmos a parceria, seria necessário conhecermos os técnicos em necropsia para saber se haveria da parte deles o interesse pela proposta de pesquisa, se eles teriam alguma demanda e/ou disponibilidade.

Indagamos sobre a dinâmica de trabalho dos técnicos em necropsia, perguntando se eles costumam se reunir em algum momento, com o intuito de poder expor a proposta da pesquisa para todo o grupo ao mesmo tempo. Fomos informados de que eles raramente se reúnem e que seria difícil conseguir convocar uma reunião com todos os técnicos em necropsia para tal apresentação. Elas pontuaram que, como os técnicos em necropsia trabalham em regime de escala, eles vão ao SVO apenas nos horários do plantão que devem cumprir. Além disso, vários deles residem em outros municípios, o que dificultaria uma possível convocação extraordinária.

Ao fim da reunião, as representantes da direção pediram mais tempo para analisar a proposta e marcaram uma nova reunião para tratar do assunto, que foi realizada no dia 14/04/16, na sala do administrador. Nela estavam presentes o administrador do SVO, o orientador desta pesquisa e os demais membros da reunião anterior. Após apresentar novamente a proposta, discutimos estratégias de operacionalização que viabilizassem o desenvolvimento da pesquisa. Dentre várias questões levantadas, as mais discutidas foram os horários para a realização do trabalho de campo e o local onde seriam feitas as entrevistas.

A questão do horário foi resolvida rapidamente, pois nos disponibilizamos nos horários que fossem mais viáveis para a instituição e para os técnicos em necropsia, garantindo que as atividades da pesquisa não iriam atrapalhar a rotina deles. A direção do SVO informou que um horário interessante seria por volta das 16h, quando todas as atividades já estariam se aproximando do encerramento e haveria a troca de plantonistas às 17h.

Sobre o horário da intervenção clínica, a direção concordou que esta ocorresse durante o expediente, pois contava com atividade de observação. O detalhe adicional é que esta não poderia ocorrer em um dia de quarta-feira, pois neste dia a instituição recebia graduandos do curso de medicina, que acompanhavam os exames de necropsia, alterando assim a dinâmica da instituição.

Concordamos com o horário sugerido, no entanto, ao longo da pesquisa, atendendo às necessidades individuais dos técnicos em necropsia, foi preciso realizar as entrevistas nos mais diversos horários, sempre com o cuidado de não atrapalhar a rotina dos técnicos em necropsia ou o andamento das atividades da instituição.

O maior impasse foi com relação ao local das entrevistas. Os responsáveis pela direção sugeriram a sala de TV ou a copa-cozinha, mas pontuamos que precisaríamos de um ambiente

que pudesse resguardar o sigilo dos relatos dos técnicos em necropsia, o que seria difícil conseguir em ambientes abertos e de uso coletivo.

Cada vez que um dos membros da direção levantava alguma das salas da instituição como possível espaço para as entrevistas, ao se submeter a ideia à análise do grupo, sempre surgia algum impedimento. Até que o administrador colocou a possibilidade de realizar as entrevistas no “dormitório dos necrotomistas”, uma vez que o ambiente conta com mesa, com cadeiras e é um espaço reservado, de uso e controle dos próprios técnicos em necropsia. Todos recebemos a ideia com entusiasmo e, em seguida, nos dirigimos até o referido espaço.

Ao chegar no dormitório, encontramos a equipe de técnicos em necropsia daquele dia, que era composta por uma dupla. Pedimos permissão para conversar com eles. Fomos convidados a entrar e recebidos com entusiasmo. Apresentamo-nos, falamos sobre os motivos que nos levaram a propor esta pesquisa e sobre as duas etapas que comporiam o processo.

A Etapa 01, consiste na realização de uma entrevista semiestruturada, aberta a todos os técnicos em necropsia. A Etapa 02, corresponde ao desenvolvimento de uma análise clínica do trabalho, mediada por uma técnica pertencente ao escopo teórico-metodológico da Clínica da Atividade, com uma dupla montada a partir dos participantes da etapa anterior.

Os técnicos em necropsia nos falaram que acharam importante a proposta de pesquisa e relataram situações do cotidiano que os incomodavam. Colocaram que consideravam importante discutir tais questões, tanto no campo acadêmico como no social. Eles demonstraram entusiasmo, disponibilidade e interesse na proposta. Além de aceitar participar da pesquisa, concordaram que as entrevistas fossem realizadas no espaço de repouso deles.

Após a identificação do interesse dos técnicos em necropsia e a concordância dos representantes da instituição para o desenvolvimento das atividades de pesquisa, colhemos a assinatura da Carta de Anuência (Apêndice I) para darmos entrada com os procedimentos junto

ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), conforme normatização do controle ético da pesquisa envolvendo seres humanos.

O projeto foi submetido ao CEP em 10/05/2016 e sua aprovação se deu em 04/07/16. O início das atividades de campo da Etapa 01 se deu em 18/07/16. Cabe ressaltar que houve um intervalo de 3 (três) meses entre a data da autorização formal da instituição, meados do mês de abril, e que o início da Etapa 01, meados do mês de julho.