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Conteúdos Tecnológicos de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)

Capítulo 1. Educação a Distância: conceitos, histórico, legislação e considerações

1.5 Considerações sobre os estruturantes didáticos e a modalidade a distância

1.5.2 Conteúdos Tecnológicos de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)

Para ilustrar a importância da integração dos diferentes estruturantes de uma proposta didática, em relação ao conteúdo tecnológico que precisa ser considerado em EaD, uma breve descrição de um ambiente virtual de aprendizagem pode esclarecer tal relevância. A reflexão realizada sobre EaD on-line destaca a necessidade de meios tecnológicos para que a interação seja possível e a aprendizagem ocorra. Desde 1990, com o surgimento da internet o aprendizado através do computador adquiriu novo significado. A criação de sistemas de gerenciamento de aprendizado integrados possibilitou uma integração entre professores, instituições e alunos através de ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas, além de favorecer o controle das atividades relacionadas a um curso realizado a distância através da internet como gerenciamento de cursos, matrículas e estatísticas sobre os participantes.

Moore e Kearsley (2007) denominam esses sistemas de Learning Management System (LMS), mas ressaltam que algumas vezes eles são considerados soluções de aprendizado eletrônico que proporcionam acesso a materiais da internet, comunicação síncrona e assíncrona.

Esses ambientes informatizados baseados na internet são chamados ainda de "espaços de aprendizagem", "locais de aprendizagem" ou de maneira mais comum de "ambientes de aprendizagem", com algumas variações como "ambientes colaborativos de aprendizagem",

"ambientes on-line de aprendizagem", "ambientes digitais de aprendizagem" ou "ambientes virtuais de aprendizagem" conhecidos com a sigla AVA.

O foco desta pesquisa voltada principalmente para a reflexão sobre as contribuições e desafios das TDIC à modalidade de EaD objetiva analisar como estudos realizados na área descrevem a presença e a integração dos estruturantes didáticos. Assim, optou-se por analisar estudos que utilizam um AVA, como o Moodle, por exemplo, considerado mais comum pelos trabalhos analisados, por concentrar em seu ambiente de ensino, recursos digitais de comunicação e gestão para mediar a aprendizagem e as interações entre os participantes de cursos de EaD on-line.

O AVA é o local no qual ocorre um curso de EaD, seu “estabelecimento virtual", no qual se hospeda o conteúdo do curso bem como ferramentas para que a interação seja possível. Essas ferramentas de comunicação como exposto anteriormente podem ser de natureza síncrona, em que os envolvidos estão ao mesmo tempo se comunicando, como é o caso de ferramentas de chat e conferências. Podem ser também assíncronas, em que não há necessidade de estarem juntos, ao mesmo tempo, conectados à ferramenta para poderem se comunicar, como é o caso das ferramentas fórum, e-mail e portfólio.

Segundo Moore e Kearsley (2007) a ferramenta de comunicação presente nesses sistemas e considerada mais valiosa pelos instrutores é o fórum de discussão assíncrono por meio de textos encadeados. Essa ferramenta permite a troca de mensagens entre professores e alunos com a flexibilidade de poder enviar ou ler as mensagens quando for mais conveniente para cada um. Geralmente os cursos baseados na internet envolvem alguma atividade em que os alunos são estimulados a formular respostas e os instrutores tecem comentários a respeito das mesmas. Apresenta dessa forma, o que se chamou de elementos estruturantes das didáticas específicas enquanto favorece a configuração contextual de um curso, especificamente quanto às possibilidades ampliadas para incentivar os saberes e linguagens

específicas que tratam da compreensão de um conteúdo e sua relação com o sujeito, o seu

mundo, ele mesmo e os demais. Favorece ainda as atribuições de significados, que buscam compreender o porquê dos conceitos onde por meio dos fóruns os estudantes atribuem significado e compartilham o conhecimento e saberes aprendido.

Os ambientes virtuais de aprendizagem podem incorporar as proposições

metodológico-procedimentais, que partem da centralidade das ações didáticas no estudante,

recursos (imagens, sons, áudio, fóruns, chat, wiki etc.) relacionar a teoria que fundamenta os campos epistemológicos e pedagógicos à prática das experiências do trabalho docente e profissional.

A esse respeito Rosa e Maltempi (2006) tratam do desafio de realizar a avaliação formativa, a que pretende contribuir para a aprendizagem do aluno, na EaD, considerando-se o grande volume de dados disponíveis no AVA relativos às interações realizadas nos fóruns e

chats, por exemplo. A avaliação como um dos estruturantes didáticos de uma proposta pode

ser auxiliada qualitativamente a fim de identificar falhas e realizar intervenções para que os alunos construam o conhecimento junto com professor e colegas, de formas mais interativa. Os autores apontam para a necessidade do desenvolvimento de ferramentas computacionais capazes de auxiliar os professores no tratamento dessa quantidade de recurso registrados no ambiente, sobretudo em cursos que utilizam a multimodalidade textual, como o vídeo, o áudio, a animação e a realidade virtual (ROSA; MALTEMPI, 2006).

No AVA a aprendizagem tem características distintas das apresentadas no contexto de um espaço físico estabelecido e num tempo previamente estipulado, o que demanda mudanças no processo de avaliação da aprendizagem e novas reflexões sobre os estruturantes didáticos que podem ser incorporados neste ambiente.

São diversos os softwares disponíveis para a realização de cursos de EaD. Eles variam de acordo com a instituição de ensino, propósito do curso e objetivos. Alguns dos mais utilizados são o TelEduc15, sistema sob a Licença de software livre na modalidade GNU, com código aberto desenvolvido pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED) da Universidade de Campinas (UNICAMP).

O Blackboard16, que é um software baseado na internet com arquitetura aberta personalizável e que permite a integração com sistemas de cadastro de estudantes e protocolos de autenticação. Ele pode ser instalado em servidores locais ou hospedado pela própria Blackboard. A empresa responsável é a Blackboard Inc., representada no Brasil pelo Grupo A.

O Moodle17, o nome deriva de "Modular Object-Oriented Dynamic Learning

Environment", é um sistema Open Source que está sob a licença GNU. O verbo em inglês "to

15 Disponível <http://www.teleduc.org.br/> Acesso em nov.2013. 16 Disponível <http://blackboard.grupoa.com.br> Acesso em nov. 2013. 17 Disponível <https://moodle.org/> Acesso em nov. 2013.

moodle" é usado para descrever o processo de navegar despretensiosamente por algo enquanto

faz qualquer outra coisa que lhe ocorra. Essa forma de pensar é representada tanto no desenvolvimento do software quanto na utilização do ambiente por professores e alunos, chamados "Moodlers". Para funcionar o Moodle precisa ser instalado em um servidor internet que pode ser qualquer computador que possa executar a linguagem Php e que possua suporte a banco de dados SQL. Existem parceiros do Moodle que oferecem suporte a dúvidas e serviços de hospedagem do site do Moodle para aqueles que não possuem servidor próprio.

O Moodle é desenvolvido colaborativamente, por uma comunidade de programadores, professores, designers e usuários do mundo todo e por isso está sempre evoluindo e se adequando às necessidades de seus utilizadores. Por sua natureza personalizável, é capaz de atender desde realidades restritas a alguns poucos alunos até grandes universidades com diversos cursos e milhares de alunos. De acordo com o controle de estatísticas do site oficial do Moodle18, ao todo são 84,524 sites de cursos espalhados por 237 países. O Brasil é o terceiro país em número de sites registrados, atrás apenas de Espanha e Estados Unidos.

A USP utiliza o Moodle através do projeto STOA19, vinculado à Coordenadoria de Tecnologia da Informação (CTI). O STOA é uma rede social dos estudantes, professores, funcionários e ex-membros da USP. Pretende promover uma maior interação dos membros da comunidade USP, criar um espaço onde cada membro tenha uma identidade digital de fácil acesso tanto para comunidade USP quanto para comunidade externa.

O Moodle está integrado aos sistemas acadêmicos da USP desde 2011 com o objetivo de facilitar aos professores a administração de seus cursos para os estudantes, auxiliando o processo de criação de cursos, materiais on-line e cadastramento automático dos estudantes em cada curso.

Em suma, a modalidade de EaD requer intensas reflexões sobre seus conceitos, seu histórico, suas características e tendências pedagógicas. Há um conteúdo tecnológico que é pedagógico nos recursos digitais de informação e de comunicação e que fundamenta as reflexões realizadas em estudos sobre o tema.

18 Disponível em: <https://moodle.org/stats> Acesso em abr. 2014. 19 Disponível em: <http://moodle.stoa.usp.br> Acesso em abr. 2014.