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DA IMPLEMENTAÇÃO: RELATÓRIOS DA AAI/DEPE E PLANOS DE AVALIAÇÃO

IV- conter um plano de trabalho com nome (s) do (s) docente (s)

interessado (s), fundamentação teórica, objetivos, justificativa, bibliografia de suporte, abrangência, público alvo, recursos físicos, materiais e financeiros, cronograma, distribuição temporal das HPs ao longo da semana, local de realização, quadro de horário do (s) participante (s) incluindo as horas-projeto e as demais horas pedagógicas e total de HPs necessárias para a realização do projeto.

§1º. Caso o Projeto requeira a regência de um profissional da SME ou

externo à SME, o nome do mesmo deverá constar na proposta;

§2º. Os recursos materiais e financeiros deverão estar previstos no plano

de aplicação da Conta Escola.

Além disso, determina que as propostas de Projetos de Formação continuada desenvolvidas sob a forma de GTs,39 nas Unidades Educacionais ou nos NAEDs, devem contemplar as seguintes temáticas: Diretrizes Curriculares da SME; Avaliação Institucional e Organização de ciclos e/ou agrupamentos. Revogada pela Resolução SME Nº 16/2008, a qual

dispõe sobre as Diretrizes e Normas para o cumprimento dos Tempos Pedagógicos, e determina, no Art. 23, que a organização das HPs não deverá ultrapassar o limite de nove horas. Dessa forma, abre a possibilidade de os docentes participarem de projetos com alunos em Projetos de Formação Continuada.

Nesse contexto, os grupos de trabalho criados nas unidades educacionais ficam submetidos à avaliação da equipe gestora que, representada na figura do diretor educacional, dará o parecer favorável ou não à proposta, para, então, encaminhar os trabalhos à equipe educativa do NAED. Ao diretor educacional também cabe controlar os pagamentos de HP, analisando se serão realizados ou não, dependendo do que estiver de acordo com a Resolução SME Nº 16//2008.

Ademais, conforme afirma Paro (2015, p. 119) sobre o cumprimento dos tempos pedagógicos, faz-se necessário “contemplar maneiras de conceber a direção escolar que transcendam a forma usual de concentrá-la nas mãos apenas de um indivíduo que se constitui chefe geral de todos”.

O depoimento de uma OP para a equipe da AAI faz refletir sobre essa questão:

[...] cheguei nesta escola no ano de 2011 e contei com a colaboração dos professores responsáveis pela CPA na época para me inserir no trabalho. Em 2012 a CPA não

funcionou, pois a diretora priorizou HPs para outros projetos (Relatório AAI, 2013,

grifo nosso).

Nesse sentido, percebe-se a importância de compreender a intersecção entre a ideia de gestão e os princípios que embasam a AIP, já que são elementos que se entrelaçam, se interligam, se conectam e, dependendo do perfil da gestão, se instituem de diferentes formas no contexto da escola.

No que tange à política de AIP, Sordi (2009, p.4) adverte:

Se a proposta parece simples de ser aceita, na prática implica uma revolução nas formas usuais de funcionamento dos estabelecimentos de ensino cuja lógica tem se aproximado de práticas hierarquizadas, atomizadas e centralizadoras, cuja base organizacional colide frontalmente com o discurso de trabalho coletivo tão frequentemente citado pelos gestores em todos os níveis de ensino.

Malgrado estejam anunciados os princípios da participação e da negociação, nem sempre, na prática, se concretizam no contexto da escola, uma lógica que permeia os modos de atuação de muitos gestores, visto que construir uma gestão democrática demanda tempo para

dialogar, para debater, para argumentar, para negociar os processos desencadeados com o coletivo de profissionais que atuam no ambiente escolar.

A ideia de remunerar os professores que participam ativamente dos processos pedagógicos acaba estimulando uma adesão maior do corpo docente. Entretanto não existe garantia de participação total, visto que “em algumas unidades escolares não houve professor com disponibilidade para ser representante na CPA mesmo com o recebimento de HP” (Doc. AAI, nº 80, 2013)40. Apesar disso, ao analisar o percentual de HP destinado ao pagamento dos professores, observa-se um crescimento significativo entre 2008 e 2014.

TABELA 6 - Quantidade de professores recebendo HP para apoio ao processo de AIP

Professores Representantes da CPA 2008 2014

HP 71 140

Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2015) com base nos docs. AAI nº 3 e 82.

Embora a SME estabeleça as diretrizes para a organização das unidades educacionais, cada escola possui uma lógica própria que nem sempre segue as normas definidas pela SME, o que não impediu o aumento de HP destinado aos professores.

Por isto, torna-se indispensável refletir sobre as relações cotidianas, observando-se as atitudes tomadas, as estratégias escolhidas durante o percurso de projetar o futuro, frente ao movimento de planejamento, execução e avaliação do PP.

Como a Resolução SME nº 03/2008 também traz as diretrizes sobre o Projeto Pedagógico das unidades educadoras, é preciso entender como funciona sua construção, já que esse documento registra o compromisso público da comunidade escolar em aperfeiçoar a educação ofertada na unidade educacional (Art. 1º).

Assim, apresenta-se o Art. 2º da Resolução SME Nº 03/2008, o qual indica que, na elaboração do Projeto Pedagógico, a equipe educacional deverá:

40 O documento AAI, nº80/2013 apresenta as fragilidades nos processos de AIP, identificadas a partir dos dados das reuniões/formações efetuadas com equipes gestoras, professores representantes da CPA e famílias, bem como através do acompanhamento sistemático que a AAI fez das/nas unidades escolares de ensino fundamental no ano de 2013.

I - visar à excelência das práticas do processo ensino aprendizagem;

II - garantir um plano curricular que considere as diferentes faixas etárias de seus alunos e o tempo de aprendizagem individual;

III - incluir as ações e os indicadores, inclusive os estatísticos, que evidenciem a forma pela qual a unidade educacional planeja, organiza, realiza e avalia os trabalhos individuais e coletivos que visam ao ensino e à aprendizagem dos alunos;

IV - contemplar a análise da realidade da unidade educacional e de seu entorno; V - assegurar o cuidar e o educar como ações indissociáveis e intencionais na educação escolar, como responsabilidade de todos que se relacionam com a criança, o adolescente, o jovem e o adulto;

VI - apontar a demanda de formação dos profissionais da unidade educacional para o cumprimento das diretrizes educacionais gerais da Secretaria Municipal de Educação, SME;

VII - considerar os dados da Avaliação Institucional, no caso das unidades educacionais que já a implantaram;

VIII - incluir o plano de trabalho a ser realizado na sala de recurso multifuncional; IX - incluir os critérios para a compensação de ausência no curso de Educação de Jovens e Adultos, nas unidades educacionais que ofertam esta modalidade;

X - incluir as normas de convivência disciplinares aprovadas pelo Conselho de Escola. XI - incluir a auto-avaliação e o Plano de Trabalho da Comissão Própria de Avaliação, CPA, elaborados pela referida comissão.

Pensar a função do PP, na gestão dos espaços/tempos pedagógicos, inclui a articulação das formas de organização da unidade escolar, em que se converge a ação dos envolvidos no processo educativo, visto que segundo Freitas (2009, p.47), “a teoria educacional fortemente defende que um PP deve prestar-se como instrumento norteador da organização do trabalho pedagógico rechaçando-se o uso burocrático ou legalista do mesmo”.

Nesse sentido, reitera-se a concepção de gestão democrática, em que se percebe a escola como um espaço de reflexão, de negociação e de corresponsabilidade.

De acordo com o Art. 4º,

A comunidade escolar e o Conselho de Escola de cada Unidade Educacional Municipal deverão considerar os processos de elaboração, desenvolvimento e avaliação do Plano Escolar/Projeto Pedagógico como a principal etapa da Avaliação Institucional (RESOLUÇÃO, SME Nº 03/2008).

Segundo Freitas (2009, p.47) “o verdadeiro sentido de um PP pode e deve também servir para a administração da escola” e, nesta perspectiva, “a avaliação se coloca como balizador, para se perceber e redirecionar os projetos pedagógicos” (FERNANDEZ, 2002, p.57).

Ressalta-se que, por meio da publicação da Resolução SME Nº 23/2010 de 20 de novembro de 201041, alterou-se o tempo de vigência do Projeto Pedagógico, de dois para quatro anos.

Art. 11 - O Projeto Pedagógico, após homologação pela autoridade competente, terá

validade de 04 (quatro) anos.

Parágrafo único. Durante os três anos subsequentes ao ano de homologação do

Projeto Pedagógico, a equipe educacional deverá elaborar, a cada ano, um adendo ao referido Projeto.

À equipe educativa do NAED cabe a elaboração de relatórios, de parecer e sobre o PP, realizar a avaliação externa, além do monitoramento do processo por meio de:

[...] instrumentos e procedimentos que incluem visitas in loco das respectivas equipes. A periodicidade desta avaliação depende diretamente das diferentes etapas do processo de AI de cada UE, respeitando-se os prazos estabelecidos no PP de cada unidade. (SME, 2007, p.10).

Entretanto, ao explorar os documentos oficiais da proposição da AIP, verificou-se uma discrepância entre a teoria e a prática, já que há diversos fatores que influenciam a aplicação de uma norma, apesar de ter havido uma democratização mais concreta dos espaços e tempos escolares. Por isso, a Resolução SME nº 05/2008 foi importante para fomentar a participação dos múltiplos atores no processo de autoavaliação, além de ter legitimado as Comissões Próprias de Avaliação (CPA).42

Pautada nas prioridades estabelecidas, coletivamente, e elencadas no Projeto Pedagógico, de acordo com essa resolução, a CPA deverá:

I - assumir a condução do processo de Avaliação Interna na Unidade Educacional; II - sistematizar as informações obtidas no processo de Avaliação Interna para facilitar a interlocução com as ações desencadeadas por meio das políticas públicas da Secretaria Municipal de Educação – SME;

III - desenvolver o processo de Avaliação Interna de tal modo que haja superação das experiências avaliativas descontextualizadas e geradoras de comparações e competições entre os envolvidos;

IV - estimular a participação de todos os atores da Unidade Educacional nas diferentes etapas do processo de Avaliação Interna;

41 Resolução SME Nº 23/2010 (Publicação DOM 20/11/2010: 04) estabelece diretrizes e normas para o planejamento, a elaboração e a avaliação do projeto pedagógico das unidades educacionais supervisionadas pela Secretaria Municipal de Educação.

42A Avaliação interna, de acordo com o Art. 1º, processo pelo qual a Unidade Educacional constrói conhecimento sobre sua própria realidade com a finalidade de planejar as ações destinadas ao aprimoramento institucional e à superação das dificuldades.

V - incluir, corresponsabilizar e valorizar a comunidade escolar na análise dados coletados no processo de Avaliação Interna;

VI - manter informada a comunidade escolar sobre o processo de Avaliação Interna, seus encaminhamentos e resultados;

VII - identificar, no processo educativo, fragilidades e/ou potencialidades e estabelecer estratégias para superação das dificuldades observadas;

VIII - elaborar e sistematizar o Plano de Acompanhamento e de Avaliação do Plano Escolar/Projeto Pedagógico, expressando as metas a serem atingidas pela Unidade Educacional, as ações a serem adotadas para este fim e os indicadores que permitam o monitoramento das ações.

De acordo com o Regimento Escolar, a CPA é formada por um colegiado de cada unidade educacional, a fim de avaliar a própria instituição, considerando a gestão escolar em seus aspectos pedagógicos, administrativos e financeiros.

Para monitorar o processo de AIP, a SME, por meio da Ordem de Serviço SME nº

02/2010, determina que os diretores educacionais encaminhem, ao titular do DEPE, por meio

de endereço eletrônico:

A) A constituição da Comissão Própria de Avaliação, CPA, indicando a quantidade e a relação nominal dos representantes de cada segmento;

(b) A relação nominal dos professores, participantes da CPA, e a quantidade de Horas- Projeto atribuída a cada um deles.

Tal decisão, tomada pelos gestores centrais, reafirma a necessidade de compor as CPAs nas escolas, bem como dá visibilidade para a quantidade de docentes atuando como representantes, por isso, a fim de garantir a regularidade das reuniões das CPAs, publicou-se a

Resolução SME/FUMEC Nº 01/2013 revogada pela Resolução conjunta nº1 de 28/01/2014 que dispõe sobre as diretrizes para organização do calendário escolar, a qual determina:

Art. 5º A escola deverá organizar as seguintes reuniões sem suspensão de aula: I - 3 (três) Reuniões da Família e Educadores (RFE), no mínimo, para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental Regular;

II - 2 (duas) Reuniões da Família e Educadores (RFE), no mínimo, para a EJA/Anos Iniciais e Anos Finais do Ensino Fundamental, 1 (uma) ao final de cada semestre;

III - Assembleia de Pais e Educadores da Escola (APE) para a eleição do Conselho de Escola até 06/03/2014;

IV - Reuniões de Conselho de Escola (CE), sendo, no mínimo, 04 (quatro) reuniões ordinárias anuais;

V - Reuniões da Comissão Própria de Avaliação (CPAs), sendo, no mínimo, 1 (uma) reunião mensal;

Mediante as múltiplas diretrizes expressas nas resoluções, reflete-se sobre o quanto podem afetar o “fazer” dos gestores escolares, na perspectiva de uma “uma Administração Escolar voltada para a transformação social” (PARO 2003, p.13).

Com o objetivo de envolver todos os atores no processo de AIP e abrir possibilidades de (trans) formação baseada na horizontalização das decisões, a SME criou outras estratégias, tais como os Encontros Gerais das CPAs e as Reuniões de Negociação.

Essa ação foi pensada porque era necessário criar condições de participação, o que foi efetivado a partir dos encontros entre as CPAS de todas as escolas municipais de ensino fundamental da rede municipal, o que permitiu à SME, segundo Silva e Vieira (2012, p.66), “intensificar a qualidade das trocas e desenvolver o valor da solidariedade entre pares na produção da qualidade da escola pública”.

Tal estratégia está intimamente relacionada aos princípios da participação democrática, da legitimidade política e da formação para o trabalho coletivo, conforme explicitado nos registros das falas dos gestores escolares, por ocasião dos Encontros Gerais das CPAs, ocorridos no decorrer de 2008,2009 e 2010, sintetizadas no Doc. AAI nº 88, 2010:

O encontro foi muito esclarecedor e produtivo. Foi possível compreender as dificuldades e impasses ao atendimento das demandas levantadas pelo grupo de modo geral. Também foi possível compreender melhor a própria proposição da CPA, enquanto projeto que envolve uma comissão e que traz como principal objetivo a garantia da aprendizagem a todos os alunos. Para que esse processo ganhe vida precisa ter visibilidade e ser sempre negociado. Finalizo salientando que essa aprendizagem foi focada nesse encontro com a abertura ao diálogo com todos os segmentos envolvidos na CPA. Que continuem acontecendo outros encontros com essa finalidade.

Como sou nova na rede pude me familiarizar de forma mais efetiva com a dinâmica da CPA. Percebo que a busca pela qualidade não pode ser fragmentada. Todos os segmentos devem estar em sintonia e a CPA vem de encontro a essa realidade. Infelizmente, em alguns casos esbarramos em questões burocráticas, mas é interessante que durante esses encontros essas questões são esclarecidas a todos que não participam dessa realidade (alunos, famílias).

Neste encontro, pudemos notar que, se a proposta da Avaliação Institucional é atingir a melhoria da qualidade oferecida pelas escolas municipais de Campinas, através de um diálogo negociado (ou seja, através de negociações entre as partes para um objetivo comum), este encontro foi uma ótima oportunidade para o diálogo e deveria ser uma ação constante da SME.

Com o espaço da CPA, a escola tem a possibilidade de expor seus problemas e necessidades dos pontos de vista físico, das necessidades de profissionais e outros que podem ser discutidos e solucionados, a médio (ou curto) prazo. É um espaço para a comunidade escolar ser ouvida e discutir seus problemas. Percebemos o quanto a Secretaria Municipal de Educação está aberta para nos acolher, buscando atender nossas solicitações, visando uma melhoria na aprendizagem.

Embora tenha ocorrido uma avaliação positiva por grande parte das equipes gestoras das unidades educacionais, também foram explicitados os prejuízos causados pela burocracia:

Porém, diferentemente do idealizado pelo Senhor Secretário - “tornar planos de ação em procedimentos regulares, eficazes” - muito do caminho fica “emperrado” na demora burocrática. É preciso que não só as CPAs façam este movimento de executar as ações planejadas, mas que também os vários departamentos (CAE, NTE, etc.) do governo municipal o façam, para nos ajudar a superar a demora burocrática. Infelizmente, sem este respaldo, muito pouco poderá ser praticado, efetivamente.

Vale esclarecer que, apesar de essa estratégia ter sido deflagrada pela SME/DEPE, a organização dos encontros destinados à socialização de experiências vivenciadas no processo de avaliação, ocorridos entre 2008 e 2010, não foram priorizados pelos gestores centrais, razão pela qual não tiveram continuidade nos anos de 2011 e 2014.

Outra estratégia adotada pelo poder público, em 2010, para dar suporte à política de AIP, foi o estabelecimento das Reuniões de Negociação, entre os gestores centrais da SME e as CPAs das unidades escolares de ensino fundamental. Seu propósito principal é fazer os múltiplos atores assumir o protagonismo frente aos processos de autoavaliação de cada escola, firmandoum compromisso que une a SME e as escolas, na busca pelas condições que favoreçam a aprendizagem de todos os estudantes e a concretização de um pacto de qualidade negociado.

Segundo Penteado, Silva e Sordi (2012, p.5):

O pacto de qualidade negociada sustenta e qualifica os difíceis e necessários diálogos entre atores e órgãos externos, é ele quem publiciza os interesses e necessidades apontadas pelo interior da escola bem como o atendimento das reivindicações estabelecidas.

Ainda, de acordo com Sordi, o pacto de qualidade negociada são as múltiplas expectativas e necessidades que ao serem examinadas em comum, geram acordos que contemplam responsavelmente a hierarquia das prioridades definidas para o ano no plano de avaliação das escolas. Firma-se um compromisso que une poder público e escolas na busca pelas condições que favorecem a aprendizagem dos estudantes retratada na melhora dos indicadores de qualidade internos e externos.

Os Encontros Gerais e as Reuniões de Negociação visavam a abrir os canais de comunicação para permitir, a todos os partícipes, expressar suas demandas, já que a participação e a negociação não se restringem aos profissionais da escola, mas sim a todos os segmentos implicados no processo educativo, inclusive, pais e alunos. Neste cenário,

A CPA é entendida não só como espaço de avaliação e implementação de mudança, mas também como espaço de aprendizagem. Cada segmento sob sua ótica, contribui para construção de um trabalho coletivo, pois toma como base as especificidades, articulações e experiências vivenciadas no âmbito de cada escola, visando a melhoria da qualidade social da educação da escola pública (SILVA; VIEIRA, 2012, p.66). O modelo político idealizado foi implementado, bem como as ações e estratégias da SME, visando a fundamentar as atividades de avaliação da escola, tendo sido considerado o movimento político que permeou o desenvolvimento desse processo, no contexto da prática.

Há de se pontuar os gestores centrais implicados diretamente na condução da política de Avaliação Institucional na RMEC, visto que entre os anos de 2011 e 2012, convivemos com quatro diferentes secretários de Educação, o que causou mudanças também das diretorias da SME. O Departamento Pedagógico ficou sem diretor (a) de abril a julho de 2012, sendo que a nova diretora do DEPE assumiu função em agosto, permanecendo no cargo até dezembro. Após a eleição, em 2013, ocorreu nova mudança, tendo assumido uma nova diretora no DEPE, a qual permaneceu no cargo até setembro, quando passou a pasta para outro diretor.

Diante dessa rotatividade de gestores centrais da SME, houve uma interrupção das estratégias desenvolvidas pela própria SME, como os Encontros Gerais das CPAs e as Reuniões de Negociação, o que, na visão dos gestores escolares, prejudica a própria política, já que “a falta de espaços formativo-participativos fragiliza a política e desmotivam os atores” (Doc. AAI nº. 80, 2013).

A partir desse cenário tornou-se imprescindível estreitar o diálogo com os gestores da SME. Assim, coube à coordenadora da AAI vinculada ao DEPE, negociar com o próprio diretor do DEPE, a manutenção dos espaços formativo-participativos, bem como rememorar os princípios que embasam a política de AIP, socializando as demandas das escolas para os diferentes departamentos da secretaria, ademais explicitar o plano de trabalho em andamento, visando a cumprir o cronograma das ações.

A partir desta interlocução da AAI com os gestores e instâncias nível central, garantiu-se a continuidade de alguns processos, tais como: a continuidade das reuniões de negociação no

ano de 2011 e a produção de material impresso sobre o processo de AIP em curso na RMEC em 2012. Por outro lado, ocorreu a interrupção dos espaços de formação e negociação, por determinação dos gestores centrais, tendo os Encontros Gerais das CPAs sido interrompidos a partir de 2011, e as Reuniões de Negociação, nos anos de 2012 e 2013.

Esta interrupção sem dúvida fragiliza esse processo político, visto que, “para que a negociação multiatores e multi instâncias aconteçam, é necessário que sejam planejados espaços de encontro que os coloquem em condição de diálogo” (SORDI, 2012, p.494).

Frente a esses dilemas e contradições que permeiam esse movimento/processo, buscamos estabelecer uma conexão entre os documentos instituidores da AIP e os documentos oficiais do banco de dados do DEPE/AAI sobre a implementação da AIP, focando-se nos documentos que