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1. A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

1.3 Contexto atual – Ano 2015

Em momentos de crise econômica as organizações necessitam se adequar realizando ajustes internos para se manter ativas no mercado. O custo da mão-de- obra naturalmente é revisto e tradicionalmente as mulheres são demitidas em maior número comparativamente a força de trabalho masculina. O trabalho para a mulher é visto como de menor importância, conforme bibliografia disponível (BRUSCHINI, 2000; ABRAMO, 2007; SANTOS, 2010; HIRATA, 2012) definida como força de trabalho secundária na colaboração financeira da família, ela é vista ainda como complemento da renda familiar. No momento da tomada de decisão para a demissão de um colaborador esse critério será levado em conta.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê que o índice de desemprego mundial continuará a crescer nos próximos cinco anos, segundo reportagem na Rede Brasil Atual (RBA) publicado 20/01/2015. Desde a crise de 2008 são mais de 61 milhões de postos de trabalho extintos. "Os jovens, em particular as mulheres jovens, estão sendo afetadas pelo desemprego de maneira desproporcional", diz a organização. Neste ano estima-se mais de 3 milhões de desempregados podendo chegar a um total de 211 milhões em 2018. A OIT ainda afirma que a situação do emprego está melhorando em algumas economias desenvolvidas, como Estados Unidos e Japão. Em grande parte da Europa ainda apresenta incertezas e oscilações. O relatório prevê que a taxa de desemprego mundial, que era de 5,5% em 2007 e chegou a 6% em 2013, se mantenha na faixa de 5,9% até 2017.

No Brasil a taxa de 8,1% (2007) decresceu para 6,5% em 2013. A estimativa da taxa de desemprego para o ano de 2015 é de 7,1%. O IBGE publicou em 07 de maio de 2015 os indicadores da Pesquisa nacional por amostra de domicílios (PNAD) contínua, referente ao 1° trimestre de 2015 (janeiro a março).

No Gráfico 4 podemos observar o índice da população ocupada (segundo IBGE aquelas que, num determinado período de referência, possuem um trabalho), que apesar das mulheres serem maioria em idade ativa para trabalhar, os homens apresentam em todas as regiões do país índice superior as mulheres. Analisando a situação do Brasil, a diferença entre a força masculina é de 14,6 pontos percentuais a maior em relação à população ativa feminina.

Gráfico 4. Distribuição das pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por sexo, segundo as grandes regiões – 1° trimestre de 2015 (Brasil)

Fonte: IBGE, Diretoria de pesquisas, Coordenação de trabalho e rendimento, pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua.

Gráfico 5. Distribuição das pessoas de 14 anos ou mais de idade, desocupadas na semana de referência, por sexo, segundo as grandes regiões – 1° trimestre de 2015 (Brasil).

Fonte: IBGE, Diretoria de pesquisas, Coordenação de trabalho e rendimento, pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua.

Quanto ao índice de população desocupada (segundo IBGE são as pessoas que não tinham trabalho, em um determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar e tomaram alguma providencia), demonstrada no Gráfico 5, observa-se um comportamento inverso, pois o percentual feminino foi superior ao masculino apresentando no primeiro trimestre de 2015 52,9% dessa população. Todas as regiões do país apresentaram índices superiores de desocupação sendo o maior índice na região Norte com 55,3%.

Gráfico 6. Distribuição das pessoas de 14 anos ou mais de idade, fora da força de trabalho, na semana de referência, por sexo, segundo as grandes regiões - 1° trimestre de 2015

Brasil).

Fonte: IBGE, Diretoria de pesquisas, Coordenação de trabalho e rendimento, pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua.

O índice percentual da população fora da força de trabalho (pessoas em idade de trabalhar classificadas como fora da força de trabalho, ou seja, aquelas que não estavam ocupadas nem desocupadas na semana de referência da pesquisa) foi de 34,1% para os homens e 65,9% para as mulheres, uma diferença de 31,8 pontos percentuais, como podemos analisar no Gráfico 6.

Nota-se que, em 2015, em virtude da crise econômica e redução dos postos de trabalho as mulheres podem vir a ter duas situações opostas a vivenciar comparativamente aos pressupostos sobre gênero e sobre a divisão sexual do

trabalho, discutidos anteriormente neste trabalho. As mulheres podem vir a ser, em determinados casos, as primeiras a serem demitidas das organizações por serem consideradas força de trabalho secundária, ou por outro lado a oportunidade de trabalho por conta da precarização, salários mais baixos e necessidade de se manter a produtividade.

Neste capítulo pode-se concluir que, no decorrer da história, a mulher buscou sua emancipação, se libertando do modelo restritivo patriarcal, onde o lar, filhos e esposo eram sua única preocupação. Os momentos de crise, escassez de mão de obra ou guerras propiciaram oportunidades para o trabalho fora do limite domesticos. Manter a economia ativa e a capacidade produtiva sempre foi o principal objetivo, dando espaço a mulher não pelo reconhecimento mas sim pela necessidade do contexto. A precarização do trabalho se instaura pelas diferenças na remuneração, diferença no trato pessoal e condições de inferioridade. A mulher passa a acumular funções com a dupla jornada, maior desdobramento e dedição a todos os afazeres domésticos e ainda garantir um bom desempenho profissional. A condição de um planejamento familiar mais eficaz pela evolução dos métodos contraceptivos promove a liberdade de expressão sexual. A mulher passa a olhar mais para si e investir em seu desenvolvimento e capacitação para o trabalho, galgando novas posições dentro da organização, inclusive em posições de liderança.

. O próximo capítulo trata sobre a questão da mulher na liderança das organizações, a liderança feminina, como veremos a seguir.

2. A LIDERANÇA FEMININA NAS ORGANIZAÇÕES