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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC SP Cleonice Nazaré do Nascimento

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Academic year: 2018

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC SP

Cleonice Nazaré do Nascimento

A Mulher no Mercado de Trabalho e na Liderança das

Organizações: Uma Análise Bibliométrica no Campo da

Administração

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

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PUC SP

Cleonice Nazaré do Nascimento

A Mulher no Mercado de Trabalho e na Liderança das

Organizações: Uma Análise Bibliométrica no Campo da

Administração

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Administração, sob a orientação do Prof. Dr. Arnaldo José França Mazzei Nogueira.

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Cleonice Nazaré do Nascimento

A Mulher no Mercado de Trabalho e na Liderança das

Organizações: Uma Análise Bibliométrica no Campo da

Administração

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

____________________________________

____________________________________

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Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Arnaldo José França Mazzei Nogueira, pelo apoio, incentivo e paciência no processo de desenvolvimento desta pesquisa, contribuindo eficazmente para o enriquecimento da qualidade deste trabalho.

À Profa. Dra. Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos, que além das sugestões acadêmicas na Banca de Qualificação, sempre esteve disposta e disponível para troca de opiniões e estímulo ao desenvolvimento em todas as disciplinas ministradas.

À Profa. Dra. Maria Cristina Sanches Amorim por suas contribuições e sugestões na Banca de Qualificação.

Ao Prof. Dr. Arnoldo José de Hoyos Guevara, que além de apresentar um arcabouço de conhecimento admirável, demonstra simplicidade e humildade no trato com seus discentes, proporcionando momentos especiais na relação ensino-aprendizagem e ampliação da visão de mundo por meio da pesquisa acadêmica.

A todos os docentes, funcionários e colegas de estudo da pós-graduação da PUC-SP pela troca de conhecimentos, informações e amizade no decorrer do curso. À Coordenação de Amparo à Pesquisa (CAPES) e Fundação São Paulo pela concessão de bolsa de estudos, cujo auxílio financeiro foi primordial para a realização da pesquisa que resultou nessa dissertação de mestrado.

Ao Prof. Dr. João Paulo dos Santos Netto, cujo papel foi essencial para meu desenvolvimento acadêmico e auxílio na elaboração do projeto preliminar apresentado à seleção de mestrado do Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração da PUC-SP.

Ao Itamar Pereira Cruz por ter sempre valorizado os meus talentos e no incentivo a acreditar que “ [...] no final tudo dá certo! ”.

Aos amigos pessoais pelo encorajamento a não desistir e pela compreensão em minha ausência no ciclo social.

Ao Antero L. Garcia Pracidelli pelo apoio, carinho e companheirismo nos últimos meses. À minha irmã Cleusa Maria do Nascimento pela dedicação e apoio pessoal para que eu pudesse me dedicar ao projeto.

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Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive.

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relacionados à presença feminina no mercado de trabalho, especificamente nas posições de liderança, empreendedorismo, cargos executivos e estratégicos sendo tema abordado constantemente em diversas publicações na área de negócios por meio de periódicos, artigos e eventos. A presente dissertação por meio de análise bibliométrica, teve por objetivo estudar a questão de gênero nas organizações com foco na mulher no mercado de trabalho e na liderança, no campo da administração, Para isso foram definidos objetivos específicos a serem seguidos que foram: apurar indicadores bibliométricos na base de dados Web of Science no periodo entre 2005 a 2015; quantificar e identificar artigos, autores, ocorrência de citações, períodicos e sua relevancia, idioma, palavras-chave, instituições, país de origem e editores; e investigar possíveis subtemas discutidos nos artigos de maior relevância. A metodologia utilizada para esta pesquisa incluiu ferramentas com foco qualitativo e quantitativo, por meio de levantamento de dados secundários e de caráter exploratório, gerando dois estudos bibliométricos de artigos científicos. Para o desenvolvimento do estudo aqui proposto foram estruturados grupos de palavras-chave para cada tema e rastreamento no banco de dados. A primeira análise bibliométrica, referente ao tema a ‘mulher no mercado de trabalho’ resultou em 11 artigos. Os principais subtemas dos artigos de maior relevância foram: gênero versus performance, empoderamento econômico da mulher, empreendedorismo e fatores de impacto para as mulheres em cargos estratégicos. A segunda análise bibliométrica sobre o tema ‘liderança feminina nas organizações’, apresentou como resultado 30 artigos, quantidade quase três vezes maior do que o tema anterior. Os subtemas dos artigos de maior relevância trouxeram a questão de gênero, com foco na mulher em assuntos relacionados principalmente a: liderança versus sucesso; dificultadores na ascensão de carreira; estereótipos da liderança; presença em cargos políticos; sobrerepresentação em cargos estratégicos e equilíbrio da profissão com a vida pessoal.

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In 21st century one observes more interest by organisations in subjects related to the female presence in labor market, specifically in leadership, entrepreneurship positions as well as executive and strategic functions, what is a topic approached constantly in diverse publications in business area in journals, articles and events. The present thesis, which involves bibliometric analysis, aimed at studying the matter of gender in organizations focusing women in labor market and in leadership in administration field. For such accomplishment, specific objectives were established which were: getting bibliometric indicators in Web of Science database from 2005 to 2015; quantifying and identifying articles, authors, citations occurrence, journals and their relevance, language, key words, institutions, publications’ country, editors and investigating other complementing topics discussed by the most relevant articles. The methodology used for such research work includes tools with both qualitative and quantitative, by secondary and exploratory data, that generates two bibliometric studies of the scientific articles. For the development of the proposed study here groups of key words were structured for each topic and search in the referred data base. The first bibliometric analysis, about the topic “women in labor market” resulted 11 articles. The most subtopics of the most relevant articles were: gender versus performance, women economic empowerment, entrepreneurship and impact factors for women in strategic positions. The second bibliometric analysis about the topic “female leadership in organizations” resulted in 30 articles, almost over three times the amount of the previous topic. The subtopics of the most relevant articles brought the matter of gender, focusing women in subjects related mostly to: leadership versus success; difficulties in career improvement; leadership stereotypes; presence in political functions; overrepresentation in strategic functions and professional and personal life balance

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Figura 1. Etapas da pesquisa ... 18

Figura 2. Mulheres em cargos gerenciais seniores (% - 10 maiores índices e 10 inferiores) ... 66

Figura 3. Nuvem de palavras-chave (MMT) ... 86

Figura 4. Nuvem dos Títulos (MMT) ... 87

Figura 5. Nuvem dos Resumos (MMT) ... 87

Figura 6. Nuvem de palavras-chave (LFO) ... 117

Figura 7. Nuvem dos Títulos (LFO) ... 117

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Tabela 1. Artigos por domínio de pesquisa (MMT) ... 71

Tabela 2. Artigos por área de pesquisa (MMT) ... 72

Tabela 3. Publicações por ano – 2005 a 2015 (MMT) ... 73

Tabela 4. Citações por ano – 2005 a 2015 (MMT) ... 75

Tabela 5. Publicações por periódico com FI (MMT) ... 77

Tabela 6. Faixa dos fatores de impacto ... 78

Tabela 7. Comparativo artigos na amostra x FI x artigos totais x cidades (MMT) 80 Tabela 8. Título dos artigos x periódicos x citações (total e média) x ano (MMT) 81 Tabela 9. Distribuição de periódicos por País (MMT) ... 83

Tabela 10. Artigos por instituição relacionada ao autor x pais (MMT) ... 84

Tabela 11. Artigos por país de origem da instituição (MMT) ... 85

Tabela 12. Referências bibliográficas com mais de três ocorrências (MMT) ... 88

Tabela 13. Artigos por domínio de desquisa (LFO) ... 96

Tabela 14. Artigos por área de pesquisa (LFO) ... 97

Tabela 15. Publicações por ano (LFO) ... 99

Tabela 16. Citações por ano (LFO) ... 100

Tabela 17. Publicações por periódico com FI (LFO) ... 103

Tabela 18. Faixa dos fatores de impacto ... 104

Tabela 19. Comparativo artigos na amostra x FI x artigos totais x cidades (LFO) ... 107

Tabela 20. Título dos artigos x periódicos x citações (total e média) x ano (LFO) ... 108

Tabela 21. Distribuição de periódicos por País (LFO) ... 112

Tabela 22. Artigos por instituição relacionada ao autor x pais (LFO) ... 113

Tabela 23. Artigos por país de origem da instituição (LFO) ... 114

Tabela 24. Referências bibliográficas com mais de seis ocorrências (LFO) ... 119

Tabela 25. Artigos MMT por banco de dados – 2005 a 2015 ... 128

(11)

Quadro 1. Tendências de execução (plataforma de ação ONU Women 2015)... 29

Quadro 2. Conceitos de liderança ... 46

Quadro 3. Fatores de poder (influência) e respectiva utilização ... 47

Quadro 4. Principais teorias da liderança ... 49

Quadro 5. Sistemas administrativos e tipos de liderança ... 51

Quadro 6. Diferenças individuais entre sociedades femininas e masculinas ... 55

Quadro 7. Banco de dados pesquisado ... 69

Quadro 8. Variáveis analisadas ... 70

Quadro 9. Palavras-chave para seleção da amostragem (MMT) ... 71

Quadro 10. Descrição das áreas de pesquisa com maior volume de registros (MMT) ... 73

Quadro 11. Periódicos x título dos artigos x DOI (MMT) ... 83

Quadro 12. Relação de autores (MMT) ... 85

Quadro 13. Ano de publicação x palavras-chave (MMT) ... 86

Quadro 14. Artigos x Sub-temas (MMT) ... 95

Quadro 15. Palavras-chave para seleção da amostragem (LFO) ... 96

Quadro 16. Descrição das áreas de pesquisa com maior volume de registros (LFO) ... 98

Quadro 17. Periódicos x título dos artigos x DOI (LFO) ... 110

Quadro 18. Relação de autores (LFO) ... 115

Quadro 19. Ano de publicação x palavras-chave (LFO) ... 116

Quadro 20. Artigos x Subtemas (LFO) ... 126

(12)

Gráfico 1. Divisão % da participação da força de trabalho, feminino e masculino

(1990-2013) ... 30

Gráfico 2. Taxa de fecundidade total IBGE (décadas de 1940 a 2000) ... 37

Gráfico 3. Taxa de fecundidade fotal IBGE (anual de 2000 a 2014) ... 38

Gráfico 4. Distribuição das pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por sexo, segundo as grandes regiões – 1° trimestre de 2015 (Brasil) ... 41

Gráfico 5. Distribuição das pessoas de 14 anos ou mais de idade, desocupadas na semana de referência, por sexo, segundo as grandes regiões – 1° trimestre de 2015 (Brasil) ... 41

Gráfico 6. Distribuição das pessoas de 14 anos ou mais de idade, fora da força de trabalho, na semana de referência, por sexo, segundo as grandes regiões - 1° trimestre de 2015 (Brasil) ... 42

Gráfico 7. Distribuição por gênero na hierarquia organizacional ... 65

Gráfico 8. Publicações por ano (MMT) ... 74

Gráfico 9. Citações por ano (MMT) ... 75

Gráfico 10. Comparativo em publicações e citações - 2005 a 2015 (MMT) ... 76

Gráfico 11. FI 2013 - 09 periódicos (MMT) ... 78

Gráfico 12. Artigos por periódico - total no período (MMT) ... 79

Gráfico 13. Periódicos por cidade - abrangência total no período (MMT) ... 80

Gráfico 14. Publicações por ano (LFO) ... 100

Gráfico 15. Citações por ano (LFO) ... 101

Gráfico 16. Comparativo em publicações e citações - 2005 a 2015 (LFO) ... 102

Gráfico 17. FI 2013 - 19 periódicos (LFO) ... 104

Gráfico 18. Artigos por periódicos - total no período (LFO) ... 105

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ANBIMA Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais

ANPAD Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração

FDA Food and drug administration FGV Fundação Getúlio Vargas

FI Fator de impacto

IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBM Internacional Business Machines JCR Journal Citation Reports

LFO Liderança feminina nas organizações LPC Least preferred co-worker

MMT Mulher no mercado de trabalho

OIT Organização Internacional do Trabalho ONG Organização não governamental

ONU Organização das Nações Unidas

PNAD Pesquisa nacional por amostra de domicílios RBA Rede Brasil Atual

SCIELO Scientific Eletronic Library online SPELL Scientific Periodicals Eletronic Library UN (WOMEN) Nações Unidas (WOMEN)

(14)

INTRODUÇÃO ... 14

Problema de pesquisa ... 14

Objetivos da pesquisa ... 16

Referencial teórico ... 17

Estrutura do trabalho ... 17

Organização do estudo ... 18

Metodologia ... 18

1. A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO ... 21

1.1 História da mulher no trabalho: uma questão de gênero ... 21

1.2 A mulher no mercado de trabalho brasileiro ... 33

1.3 Contexto atual – Ano 2015 ... 40

2. A LIDERANÇA FEMININA NAS ORGANIZAÇÕES ... 44

2.1 Liderança: conceito e principais teorias ... 44

2.2 Relação entre liderança, cultura organizacional e gênero ... 53

2.3 Barreiras na ascensão da mulher a cargos de liderança ... 61

3. ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO E NA LIDERANÇA DAS ORGANIZAÇÕES, NO CAMPO DA ADMINISTRAÇÃO (2005 2015) ... 69

3.1 Fonte de pesquisa: ISI Web of Science... 69

3.1.1 A mulher no mercado de trabalho ... 71

3.1.2 Liderança feminina nas organizações ... 95

3.2 Outros bancos de dados (Spell, Scielo, Emerald) ... 127

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 130

REFÊRENCIAS ... 134

ANEXO A – Abordagens feministas (Resumo) ... 148

ANEXO B – Abstract dos artigos com tema “A mulher no mercado de trabalho” (11 artigos finais) ... 151

(15)

INTRODUÇÃO

Problema de pesquisa

A divisão sexual do trabalho, ancorado nas discussões de gênero, apresenta-se historicamente de acordo com a sociedade à qual faz parte (NOGUEIRA, 2007).

Ao se resgatar debates e discussões de autores sobre gênero, tais como, Marx (1982), Engels (1974) e Naville (1970), observa-se que há a caracterização do modelo patriarcal, em que é predominante a visão da mulher em posição subalterna ao homem. A divisão do trabalho não se apresenta de forma igualitária, sendo ainda destinado à mulher o papel exclusivamente dos cuidados domésticos, da criação dos filhos e amparo à família. A diferenciação de gênero no mundo do trabalho se mantém quando a mulher passa a exercer funções fora do ambiente doméstico. A precarização do trabalho é presente restando à mulher apenas o exercício de tarefas secundárias, com remuneração geralmente inferior àquela oferecida aos homens.

Garaudy (1982) afirma que o movimento feminino nasceu em torno do século XVII e o feminista a partir dos anos 50, tendo como objetivo principal buscar a igualdade de direitos entre homens e mulheres, além da luta contra preconceitos e discriminações de toda ordem.

Os movimentos feministas nas décadas de 60 e 70 utilizaram a palavra gênero rejeitando a visão tradicional de que o sexo necessariamente determina os traços psicológicos, os tipos de trabalho a serem exercidos ou papéis sociais a serem desempenhados (HOLMSTROM, 2014).

Embora a divisão sexual do trabalho tenha sido objeto de trabalhos precursores em diversos países, foi na França, no início dos anos 1970, sob o impulso do movimento feminista, que surgiu uma onda de trabalhos que rapidamente assentariam as bases teóricas desse conceito. (HIRATA, 2007, p.3)

(16)

carreira, na vida pessoal e também capacitação no trabalho exercido em diferentes organizações.

Especificamente no Brasil, Martins (2014) afirma que nos anos 90 a mulher se consolida no mercado de trabalho ocupando cargos estratégicos, na alta cúpula, alcançando um avanço na equiparação salarial e ampliação dos direitos trabalhistas.

Essas diferenças, em um percentual menor, ainda permanecem nos tempos atuais. A mulher sai de uma invisibilidade de valor para uma nova posição, galgando novos patamares dentro da organização.

No século XXI observa-se maior interesse pelas organizações nesse assunto relacionado à presença feminina no mercado de trabalho, especificamente nas posições de liderança, empreendedorismo, cargos executivos e estratégicos sendo tema constante em diversas publicações na área de negócios por meio de revistas, artigos, eventos, entre outros.

Pelo fato de liderança feminina ser um tema contemporâneo e apresentar relevância para a área de negócios, principalmente no campo da administração, surgiu o questionamento de como o assunto gênero, com foco na mulher vem sendo abordado na literatura acadêmica. Indaga-se, por exemplo, se há presença deste assunto na literatura nacional e internacional a partir de 2005 e se existem lacunas a serem pesquisadas sobre a questão de gênero relacionada a liderança nas organizações.

Sendo assim, a questão central que suporta o desenvolvimento desta pesquisa é:

Considerando a questão de gênero nas organizações, como o tema liderança

feminina vem sendo abordado nos debates sobre a mulher no mercado de trabalho,

no campo da administração, por meio da literatura nacional e internacional, no período

de 2005 a 2015?

(17)

Em contrapartida, delinea-se um mapa atual às mulheres, que já atuem ou tenham a intenção de assumir cargos estratégicos em diferentes organizações, além de ter outros conhecimentos sobre o tema.

Busca-se entender a relevância do tema escolhido para esta pesquisa, por ser assunto de tendência e com possibilidade de novas abordagens e questionamentos. A exploração do conhecimento científico poderá agregar valor a possíveis interessados nesta questão, no campo das ciências sociais aplicadas, especialmente na área administração de empresas. Esta pesquisa não tem a pretensão de descrever todo o território de assunto tão abrangente, mas possivelmente contribuir a pesquisadores, profissionais e organizações que estejam atentos ao desenvolvimento desta problemática.

Objetivos da pesquisa

No contexto apresentado o objetivo principal desta pesquisa é realizar análise bibliométrica da produção científica sobre gênero com focos nos temas “a mulher no mercado de trabalho” e a “liderança feminina nas organizações”, no campo da administração.

Para atingir este objetivo geral desta dissertação, torna-se necessário o alcance dos seguintes objetivos específicos:

I. Apurar indicadores bibliométricos na base de dados Web of Science, sobre a mulher no mercado de trabalho e a liderança feminina, no campo da administração, no periodo entre 2005 a 2015.

II. Quantificar e identificar artigos, autores, ocorrência de citações, períodicos e sua relevancia, idioma, palavras-chave, instituições, país de origem e editores.

(18)

Referencial teórico

A fim de proporcionar maior suporte aos temas deste trabalho o referencial teórico articula dois importantes elementos: o primeiro elemento tramita pela áreas da sociologia, história, filosofia, antropologia e inclusive ciências sociais e se refere à questão de gênero no mundo contemporâneo. Tema emergente principalmente nas décadas de 70 e 80 por meio dos movimentos feministas, apresenta a tratativa da divisão sexual no trabalho entre homens e mulheres ao longo da história. O segundo elemento trata a liderança nas organizações e qual a presença feminina em posições executivas. Apresentar o porque na área de gestão a mulher tem um papel diminuto e caracterizado como força secundária.

A abordagem do referencial teórico, nesta pesquisa, não tem um tratamento aprofundado por ser assunto vasto abrangendo discussões em diversos campos de estudo e será futuro objeto no desenvolvimento do doutoramento.

Estrutura do trabalho

Esta dissertação possui a estrutura distribuída em três capítulos. Após a introdução seguem os capítulos um e dois que apresentam o referencial teórico e contextualização que suportam a análise bibliométrica a ser estudada no capítulo três: O primeiro capítulo apresenta a teorização sobre a questão de gênero e a história da mulher no mercado de trabalho no período posterior à revolução industrial, bem como a contextualização nos dias atuais que justificam o problema de pesquisa.

O segundo capítulo trata da questão da liderança feminina nas organizações, conceituando a liderança e sua relação com a questão de gênero.

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Organização do estudo

Mediante o esclarecimento do objetivo principal e objetivos secundários, este estudo dividiu-se em 4 (quatro) etapas estruturantes, conforme ilustrado na Figura 1, a seguir:

Figura 1. Etapas da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Metodologia

O conhecimento científico, conforme Moroz (1999), pode ser definido, como uma das expressões mais complexas da atividade humana. Como afirma Pinto (1979): Em toda escala, o conhecimento se revela uma propriedade geral da matéria viva: a de ser capaz de sensibilizar-se pelas condições do ambiente e reagir a ele com respostas que tendem a ser as mais apropriadas, as mais eficazes para contornar a ação possivelmente prejudicial do meio. [...] Em todas as espécies, [...] o conhecimento é o reflexo da realidade adquirido pela capacidade perceptiva que o ser vivo, segundo a sua possibilidade de sua organização vital, está habilitado a fazer desta realidade (PINTO, 1979, p. 15).

Decidindo-se por se iniciar uma pesquisa científica, esta deve ser pautada em um objetivo principal desenvolvendo-se a teoria, descobrindo e criando explicações efetivas para ocorrências bem delineadas. As pesquisas são classificadas por suas características em relação ao tipo de informação por: quantitativas ou qualitativas.

Referencial teórico conceituando os

temas centrais da pesquisa

Definição da estrutura da pesquisa, como banco de dados,

palavras-chave, categorias e

filtragem

Rastreamento dos artigos, triagem, seleção

e organização com referencia a

pesquisa proposta

Análise e tratamento das

informações, elaboração de

(20)

Segundo ROESCH (1999), tecnicamente a pesquisa qualitativa identifica a presença ou a ausência de algo, enquanto a quantitativa procura medir o grau em que algo está presente.

Em consequência, também do ponto de vista metodológico, sofrem tratamentos diferentes. Enquanto a pesquisa quantitativa é numérica, tratada por escalas e submetida a tratamentos estatísticos mais intensos, a qualitativa tem perguntas abertas, realizadas por meio de entrevistas em grupos, entrevistas individuais de profundidade, testes projetivos, pesquisa-ação, estudo de casos, análise de conteúdos, dentre outros (ROESCH, 1999, p.130-175).

A estratégia metodológica visa gerar pesquisa qualitativa e Bogdan e Biklen (1982) supõem que deverá ocorrer o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, através do trabalho intensivo da pesquisa de campo. De acordo com o delineamento proposto, a pesquisa exploratória é construída por meio da composição de métodos que conforme Mattar (1996) poderão ser:

I. Levantamentos secundários; II. Levantamentos de experiência; III. Estudos de casos selecionados; IV. Observação informal.

Os levantamentos secundários estão subdivididos em quatro fontes de informação: bibliográficos - quando se realiza a investigação baseada em produções anteriores de terceiros, buscando em livros, teses, artigos, revistas, os conceitos sobre o problema proposto; documentais - baseado em informações e documentos mantidos pela empresa que serão de grande valia sem praticamente o envolvimento de custos; estatísticas – busca de informações em instituições que realizem pesquisa formal, apresentando cenários que possibilitem agregar valor no foco central da pesquisa; pesquisas efetuadas – busca de pesquisas anteriores sobre o tema possibilitando evoluir no tema proposto.

(21)

Segundo Kleinubing (2010) os estudos bibliométricos têm como principal objetivo conhecer o comportamento de evento relativamente a outro já conhecido. Para se mensurar a produção científica e gerar indicadores, surge a análise bibliométrica, a qual segundo Pritchard (1969) é conceituado como “todos os estudos que tentam quantificar os processos de comunicação escrita”, tendo como objeto de estudo referências bibliográficas e publicações científicas.

Uma metodologia de recenseamento das atividades científicas e correlatas, por meio de análise de dados que apresentem as mesmas particularidades. Por meio dessa metodologia, pode-se, por exemplo, identificar a quantidade de trabalhos sobre um determinado assunto; publicados em uma data precisa; publicados por um autor ou por uma instituição[...] Por meios bibliométricos pode-se, por exemplo, computar dados para comparar e confrontar os elementos presentes em referências bibliográficas de documentos representativos das publicações (KOBASHI; SANTOS, 2006, p.3).

De acordo com Guedes e Borschiver (2005) as leis de Bradford, Lotka e Zipf são as principais leis bibliométricas, com foco na produtividade de periódicos, produtividade científica de autores e frequência de palavras, respectivamente.

A Lei de Bradford permite estimar o grau de relevância de periódicos em áreas de conhecimento específica, partindo do princípio que os periódicos com maior número de produção de artigos sobre determinado assunto formarão um núcleo de periódicos supostamente de maior qualidade ou relevância para aquela área (GUEDES; BORSHIVER, 2005).

A Lei de Bradford sugere que na medida em que os primeiros artigos sobre um novo assunto são escritos, eles são submetidos a uma pequena seleção, por periódicos apropriados, e se aceitos, esses periódicos atraem mais e mais artigos, no decorrer do desenvolvimento da área de assunto. Ao mesmo tempo, outros periódicos publicam seus primeiros artigos sobre o assunto. Se o assunto continua a se desenvolver, emerge eventualmente um núcleo de periódicos, que corresponde aos periódicos mais produtivos em termos de artigos, sobre o tal assunto (GUEDES; BORSHIVER, 2005, p.4).

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1. A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

1.1 História da mulher no trabalho: uma questão de gênero

A desigualdade esteve presente na sociedade em uma linha em que uns possuíam vantagens em detrimento de outros, sendo estas intelectuais, materiais ou de poder. Definidas como inferiores desde os tempos antigos, as mulheres foram vistas como fonte de reprodução biológica, responsáveis pela organização doméstica e cuidados com os filhos, atribuições não valorizadas no passado.

Para Aristóteles, conforme sinalizado por Xavier e Xavier (2010), a definição para a mulher era que a natureza fazia mulheres na impossibilidade de fazer homens, ou seja, neste contexto a mulher seria uma espécie de “homem inferior”.

[...] enquanto coube ao homem a tarefa de conquistar o mundo do trabalho, da guerra, do poder e do conhecimento, à mulher restou-lhe cuidar da casa, dos afazeres domésticos e dos filhos, ou seja, o domínio do público foi atribuído ao homem e à mulher sobrou-lhe o do privado. Decorrente dessa situação é que surgiu, ao longo do tempo, o jargão machista de que “lugar de mulher é na cozinha” (XAVIER;

XAVIER, 2010, p.2).

Os núcleos familiares eram formados com o predomínio da liderança masculina, em que o homem preconizava o papel de provedor enquanto cabia à mulher o papel coadjuvante de cuidar do marido, filhos e do lar.

Esta estrutura de organização social/familiar de repressão contra mulher é conhecida como patriarcal. Este é um modelo baseado em uma hierarquia bem estabelecida dentro do âmbito familiar e social onde os papéis do homem e da mulher estão bem definidos (MARTINS, 2014, p.15).

Lisboa (2012) afirma que a divisão sexual do trabalho historicamente se associa aos papéis reservados ao homem e à mulher na sociedade. Para o homem foi designado o papel relacionado à produção econômica (perfil masculino) e para a mulher o papel relacionado à reprodução biológica (perfil feminino).

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cuidar dos adolescentes. As camponesas dedicavam-se à agricultura e também às funções do lar.

A realidade feminina mudou significativamente no decorrer do tempo. Desde a primeira Revolução Industrial, com início no século XVIII na Inglaterra, e outros impactos gerados no século XIX, surge a necessidade de mão de obra e a mulher passa a ter novas oportunidades de trabalho. Ocorre a migração das famílias da agricultura para a urbanização, e do trabalho voltado ao artesanato para a indústria. Para Souza (2014) era o momento do surgimento das máquinas que eliminavam, em grande parte, a necessidade da força física, predominantemente de característica masculina, sendo assim as mulheres poderiam contribuir de forma eficaz.

A grande indústria, graças ao papel decisivo que ela atribui às mulheres e às crianças fora do espaço doméstico, nos processos de produção socialmente organizados, cria a nova base econômica na qual se construirá uma forma superior da família e das relações entre sexos (MARX, 1982, p.467).

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Segundo Fontes (2013), a primeira greve realizada por mulheres aconteceu em 8 de março de 1857 com reinvindicações relacionadas à jornada de trabalho (máximo 10 horas) e em 1903 nasce a Women’s Trade Union League (Sindicato das Mulheres) com o objetivo de organizar trabalhadoras assalariadas. De acordo com Martins (2014), milhares de operárias se sujeitavam a jornadas de trabalho em condições sub-humanas chegando a 17 horas por dia em países europeus, como na Alemanha, que iniciava às três horas da madrugada, com término à noite. Comenta ainda que a remuneração era extremamente baixa, chegando a ser um terço do valor pago aos homens. Passa a se caracterizar a dupla jornada, pois além de atuar na indústria manteve-se com as responsabilidades domésticas o que acontece igualmente nos dias atuais, em outra dimensão.

Outro evento de relevância conforme Gomes (2005) está relacionado à Grande Recessão, porém a mulher conseguia se manter trabalhando principalmente devido a uma remuneração menor. A recessão atingiu com maior violência a indústria do que os escritórios, e com o advento e surgimento do telefone (1876) e o aperfeiçoamento da máquina de escrever (1843) novas oportunidades se abriam para as mulheres em funções que não geravam interesse ao público masculino.

No II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhagen (1910), Clara Zetkin sugere o Dia Internacional da Mulher. Em 25 de março de 1911 ocorre um incêndio na Triangle Shirtwaist Company, considerado um dos piores da história de Nova York, com a morte de 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens. A empresa era localizada nos últimos três andares de um prédio, com condições de segurança precária e portas mantidas fechadas devido ao controle do empregador.

Gomes (2005) observa que no século XX ocorreu o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho, em função de alguns eventos significativos como a Revolução Russa, ocorrida em 1917. O objetivo principal era a busca pela igualdade de acesso ao trabalho, bem como a segurança legal (mesmo por teoria) da garantia de salários iguais para as mesmas funções.

Tonani (2011) e Martins (2014) destacam outros dois momentos históricos cruciais e relevantes nesse processo de mudança na atuação da mulher, especificamente a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), exercendo um papel de destaque neste último período.

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por abrir oportunidade para mulheres e crianças, as quais seriam substitutas à mão-de-obra masculina. Além disso, Martins (2014) aponta a questão da produção agrícola com as mulheres assumindo novas atribuições no meio rural para garantir também a continuidade do setor em alguns países. Segundo Mello (2012), as mulheres também assumiram outras responsabilidades junto ao exército relacionadas às áreas administrativa, logística e de serviços médicos. Cerca de 120.000 mulheres atuaram diretamente na batalha para o exército russo, com destaque na aviação com conquistas significativas para o exército vermelho.

Na Rússia, durante a primeira guerra, o número de mulheres no trabalho industrial saltou de 26% para 46%. Na Áustria cerca de um milhão de mulheres passaram a trabalhar nas fábricas, e na França, onde já havia um grande número de mulheres na indústria, houve um aumento de 20%, no setor agrícola francês 800 mil mulheres cuidavam de propriedades agrícolas. Durante a segunda guerra, nos EUA houve um aumento de 50% da força de trabalho feminino na indústria em geral, especificamente na indústria bélica o aumento foi de 452% (MARTINS, 2014, p.20).

Probst (2007) destaca que se não fossem as guerras, talvez as mulheres ainda estivessem voltadas ao lar e ao cuidado da família como nos séculos anteriores. Pelo fato de a Segunda Guerra Mundial ter sido longa e com efeitos devastadores, os países envolvidos perderam um grande contingente de homens. Ao final havia dois problemas a serem resolvidos: um relacionado à escassez de mão-de-obra masculina e outro em manter a economia e as indústrias em funcionamento. Mais por necessidade do que por reconhecimento, abre-se o campo para o trabalho feminino, adaptando a mulher ao mercado de trabalho ou garantir a continuidade aos negócios familiares, suprindo a falta dos homens para os cargos existentes.

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continuou a crescer de forma ainda lenta ganhando certa abrangência em trabalhos exercidos antes exclusivamente pela força masculina.

Desde o início do processo de industrialização Belle (1993), afirma que o trabalho oferecido à mulher era menos qualificado, com remuneração baixa e mantida longe de cargos relacionados ao exercício do poder, desta forma sendo colocada perante a sociedade em segundo plano, em uma posição secundária e mantendo o antigo papel de “mãe” e “esposa”, permanecendo a questão de gênero na divisão sexual do trabalho bem como a caracterização do patriarcado.

A entrada das mulheres na “indústria” foi importânte para sua liberação passando a participar do trabalho assalariado, lhes permitindo ganhar uma relativa autonomia perante o seu cônjuge e escapar parcialmente do peso das tradições patriarcais na família (ENGELS, 1974).

Nos anos posteriores a 1945, Giddens (2003) relata que a divisão do trabalho entre gêneros sofre uma mudança significativa, pela mão de obra escassa, com um crescimento de 16% na presença feminina no trabalho.

[..] a mulher não sai de casa para o trabalho industrial objetivando sua independência, mas sim para se tornar um ser submetido aos imperativos do capitalismo emergente.[..] nesse cenário de desenvolvimento industrial, as mulheres ganham visibilidade como trabalhadoras e adentram a cena política visto que não foram meramente seres dóceis e passivos e, diante das mazelas e exploração que vivenciavam, organizaram-se em determinados momentos reivindicando direitos e melhores condições de vida e de

trabalho” (GUIRALDELLI, 2007, p.4).

A questão de gênero torna-se presente nos anos de 60 e 70 com os movimentos feministas e historicamente autores diversos como Comte (1975), Durkeheim (1963), Marx (1982), Engels (1974), Naville (1970), Weber, (1971) contribuíram significativamente com óticas diferenciadas em temáticas interligadas ao problema de gênero. No processo de pesquisa pode-se apurar a predominância da teoria do patriarcado a qual será tratada como linha diretriz para as análises a serem apresentadas no decorrer desta pesquisa.

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A invenção da pílula anticoncepcional permitiu as mulheres, incialmente nos Estados Unidos, uma liberdade e controle sobre sua sexualidade e foi um fator decisivo no planejamento familiar, impactando a sociedade por dar o direito à mulher de não sofrer pelo fardo da gravidez indesejada. Segundo Pereira et al. (2010) a primeira pílula foi produzida e lançada nos Estados Unidos da América (EUA) em 1960, e o primeiro comprimido anticoncepcional aprovado pela FDA - Food and Drug Administration (Agência de Alimentos e Medicamentos) era da marca Enovid, segundo Lipovetsky (2000).

A pesquisa se deu, como outras no passado, visando à melhoria da fertilidade, porém a combinação de estrogênio e progestina produziram um contraceptivo eficiente. Ainda segundo Pereira et al. (2010), a pílula após a comprovação de sua eficácia, foi comercializada rapidamente em vários países, promovendo a liberdade feminina, rompendo com tradições e possibilitando as mulheres definir o número de filhos que gostariam de ter. Propiciou ainda uma mudança comportamental nas mulheres provocando debates e polêmicas nos campos científico, social, religioso, moral e ético. Além da liberdade reprodutiva abriu espaço a mulher em sua liberdade sexual, permitindo, ainda, revisão de aspectos de comportamento.

Nos anos posteriores a 1970, o dia do incêndio na Triangle Shirtwaist Company de 1911, passa a ser associado ao Dia Internacional da Mulher e em 1975, Ano Internacional da Mulher, a ONU faz a definição determinando o dia 8 de março como dia oficial de comemoração.

As mulheres, por meio de várias batalhas, conseguiram alcançar a conquista e o reconhecimento sendo o dia 8 de março destinado a ser o Dia Internacional da Mulher, comemorado anualmente (SCHLICKMANN; PIZARRO, 2013).

O tempo passou e barreiras foram vencidas pelas mulheres, barreiras estas relacionadas ao papel definido a elas no passado, ou seja, de serem apenas reprodutoras, passivas, internas e donas do lar. A partir da década de 70 a mulher conquista novos patamares, profissões de maior relevância e valor e adentra ao cenário político. Nas décadas de 70 e 80, o movimento passa a ser chamado de feminista (SCHLICKMANN; PIZARRO, 2013).

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as questões de outros, além das mulheres, que são diretamente impactados pelos discursos organizacionais.

São várias as teorias feministas como a liberal, radical, psicanalítica, marxista, socialista, pós-estruturalista ou terceiro-mundista/ (pós) colonialista todas contribuindo para os estudos organizacionais, conforme Anexo A. Apesar de suas diferenças, apresentam pontos convergentes relacionados a dominação masculina na sociedade e a busca por mudanças. As teorias feministas apresentam-se genericamente com uma visão crítica sobre a situação, onde o grau e natureza da crítica tem variação de acordo com cada teoria defendida. As discussões feministas de estudos organizacionais possibilitam um campo para análises, críticas e reflexões sobre os excessos e a violência do capitalismo global contemporâneo, e impactos sobre as pessoas no mundo, apresentando diferentes temas, questões centrais e vocabulário discutido (CALÁS, SMIRCICH, 2014).

[...] desde a preocupação com a mulher (seu acesso a organizações e seu desempenho), passando pela relação gênero e organização (a noção de práticas organizacionais influenciadas por relações de

gênero), até a consideração da estabilidade das categorias “gênero”, “masculinidade”, “feminilidade” e “organização”. Cada linha de

pensamento oferece formas alternativas para o enfoque da

desigualdade de gênero, enquadrando o “problema” de forma diferenciada e propondo diferentes caminhos de ação como “solução”

(CALÁS; SMIRCICH, 2014, p. 274).

A partir dos anos 80, o movimento pela “libertação das mulheres” obteve consideráveis ganhos sociais, políticos e econômicos, melhorando a situação de muitas mulheres (CALÁS; SMIRCICH, 2014).

Para Lisboa (2012), a luta para se inserir no mercado de trabalho que as mulheres almejaram no decorrer do tempo (espaço público) está diretamente relacionada às conquistas femininas.

Calás e Smircich (2014), afirmam que vários são os estudos realizados no mundo em universidades sobre a questão de gênero relativa a mulher contribuindo para o enriquecimento do tema, mas em contrapartida a divisão sexual no trabalho se mantém bem como as diferenças na remuneração entre homens e mulheres.

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creches, facilitando o dia-a-dia no cuidado com os filhos, podendo os pais, a partir de então, deixar as crianças sob cuidados especializados enquanto se dedicavam ao trabalho. Lentamente a mulher deixa de ser cobrada como única responsável pelo lar, atividades domésticas e cuidados com os filhos. A mulher com um número menor de filhos passa a dedicar mais tempo para cuidar de si mesma e para trabalhar fora, a liberdade de poder buscar independência financeira e garantir seu sustento. O ingresso da mulher no mercado de trabalho se expande. Esse cenário propiciou, por consequência, o surgimento de uma classe de mulheres profissionais nas sociedades modernas.

A UN Women, entidade das Nações Unidades para igualdade de gênero e empoderamento das mulheres (também conhecida como ONU Mulheres) publicou em 2015 relatório com uma revisão nacional e avaliação dos 20 anos da implementação da Declaração de Beijing (Pequim, 1995), a plataforma de ação e os resultados da vigésima terceira sessão especial da assembleia geral organizada pela instituição. Foram incluídos ainda os desafios dos dias atuais que afetam essas ações relacionados a igualdade de gênero, o empoderamento da mulher assim como tendências pós 2015.

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Quadro 1. Tendências de execução (plataforma de ação ONU Women 2015)

Temáticas

1 As mulheres e a pobreza

2 Educação e formação das mulheres

3 Mulheres e saúde

4 Violência contra as mulheres

5 As mulheres e os conflitos armados

6 As mulheres e a economia

7 Mulher no poder e tomada de decisões

8 Mecanismos institucionais para o progresso da mulher

9 Direitos humanos das mulheres

10 Mulheres e os meios de comunicação

11 Mulheres e o ambiente

12 A criança “mulher”

Fonte: ONU Women (2015) – Summary Report The Beijing Declaration and Platform for Action turns 20 - elaborado pela autora

Apresenta-se, a seguir, alguns pontos e assuntos do relatório que se relacionam diretamente ou indiretamente com o tema desta pesquisa no que tange questão de gênero e a mulher no mercado de trabalho.

Conforme ONU Women (2015, p.25) as principais mensagens apresentadas no relatório sobre a mulher na economia são:

a) Desde os anos 90 a diferença de gênero na participação no mercado de trabalho diminuiu timidamente de 28% para 26%. Mantém-se uma variação regional significativa na participação da força de trabalho das mulheres.

b) Há uma segregação ocupacional generalizada e as mulheres estão sobre-representadas em empregos de baixa remuneração, com menor acesso à proteção social, e com remuneração, em média, menor do que a dos homens por atividade de igual valor. Os resultados do trabalho da mulher ainda são limitados pela desproporcionalidade do trabalho não remunerado que realizam.

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que permitam a criação e redistribuição de trabalho decente. Ampliar medidas sociais de proteção, serviços acessíveis e de cuidados de qualidade e melhoria da infraestrutura.

d) A Plataforma de Ação apelou à promoção de Direitos Econômicos e independência das mulheres, incluindo acesso ao emprego, ao abrigo apropriado, condições de trabalho, controle sobre os recursos, eliminação de discriminação e segregação ocupacional, a harmonização das responsabilidades profissionais e familiares para mulheres e homens.

Em análise do Gráfico 1, observa-se que globalmente no período de 1990 a 2013 ocorreu uma redução na participação da força de trabalho distribuídas entre homens e mulheres. Entre 1992 e 2012 a taxa de participação feminina no mercado de trabalho decresceu de 52% para 51% e os homens de 80% para 77%. Há um estreitamento não significativo do hiato entre gêneros entre 28% a 26%.

Gráfico 1. Divisão % da participação da força de trabalho, feminino e masculino (1990-2013)

Fonte: ONU Women – Summary Report: The Beijing Declaration and Plataform for action turns 20 (2015, p. 26)

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mercado de trabalho entre aqueles com idade entre 15 a 24 anos. Para adultos com idade ativa entre 25 a 54 anos a participação da mulher reduziu um ponto percentual indo de 65% para 64% e para os homens dois pontos percentuais, 96% para 94%. Isto implica uma redução mínima na lacuna entre gêneros 31% a 30% em relação ao período de 20 anos, mantendo um cenário praticamente inalterado e o degrau substancial entre gêneros mantido.

Nota-se ainda as diferenças nas regiões com as taxas de participação feminina no mercado de trabalho variando expressivamente de um número elevado na Ásia Oriental e Pacífico (62%) para valores mínimos no Oriente Médio e Norte da África com 22%. Segundo o relatório, no período de 1992 a 2012 a América Latina e Caribe apresentaram o maior crescimento no trabalho feminino, quando comparado as demais regiões, saindo de 44% para 54%. Em contrapartida, na Ásia Oriental e Pacífico houve uma redução de seis pontos percentuais, de 60% para 62% e no Sul da Ásia redução de quatro pontos percentuais, de 35% para 31%. As maiores diferenças na participação de gênero no mercado de trabalho em 1992 estão no Oriente Médio e Norte da África seguido pelo Sul da Ásia com 56 e 50% respectivamente. Em 2012, as duas regiões permanecem com as maiores lacunas, 53 e 50% respectivamente, embora as disparidades de gênero na antiga região tenham se estreitado levemente.

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Globalmente as mulheres estão sobre-representadas em cargos de apoio administrativo e representadas moderadamente em ocupações de gerenciamento. São vários os fatores que influenciam a segregação ocupacional baseada no gênero, sendo um deles o estereótipo em relação ao que é considerado trabalho adequado para homens e mulheres. Um dos grupos com crescimento significativo é o das trabalhadoras domésticas, no qual 83% são mulheres que estão vulneráveis há preconceitos em função de gênero, raça, etnia, geografia entre outros.

As mulheres são mais suscetíveis a trabalhos em áreas humanistas e os homens com propensão a se especializar em assuntos técnicos e científicos, porém a disparidade na remuneração é uma característica presente em todo o mundo. São difíceis de localizar dados confiáveis para comparação, principalmente nos países em desenvolvimento principalmente pelos empregos informais. Em termos globais, os dados disponíveis mais recentes indicam que os salários das mulheres variam entre 70 a 90% dos valores pagos aos homens na mesma função. Ainda segundo o relatório mantendo-se a velocidade de crescimento existente levariam mais de 75 anos para que a remuneração seja igualitária.

As ações mundiais, segundo a UN Women, deverão na atualidade estar imprimindo esforços nos seguintes aspectos:

a) Aumentar a igualdade de gênero melhorando as condições de trabalho (por meio do direito, leis, políticas;

b) Apoiar as mulheres agricultoras ou das regiões rurais com plano de desenvolvimento (direito a propriedade, acesso a tecnologia, acesso ao crédito e melhores práticas);

c) Mulheres empresárias ou autônomas (direitos, apoio financeiro, desenvolvimento de competências);

d) Reforçar as vozes das mulheres na economia por meio de associações, ONG´s e outras iniciativas.

Na visão de futuro, o relatório defende a importância do foco na qualidade de trabalhos disponíveis tanto a homens e mulheres, mas principalmente as mulheres por todo o contexto já apresentado anteriormente.

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os trabalhadores domésticos, incluindo a prestação de educação infantil, serviços de cuidados, crédito e infraestrutura para as trabalhadoras independentes. Salienta a divisão mais equitativa nas responsabilidades dos deveres domésticos por meio de medidas de proteção social com serviços mais acessíveis disponibilizando uma estrutura mais adequada de apoio. Uma mudança de políticas macroeconômicas que permitam a criação de mais empregos com melhores condições e incentivar o aumento da mobilização de recursos para financiamento de investimentos em infraestrutura, serviços sociais e medidas de proteção social com desenvolvimento de maior amplitude.

Na atualidade ainda se reproduz a desigualdade seja relacionado à etnia, raça ou gênero.

O gênero é, assim, constituído por esses diversos aspectos do processo por meio do qual tornamo-nos e, ao mesmo tempo, somos uma mulher em uma determinada sociedade: as normas, as instituições econômicas e sociais, e os traços psicológicos determinados pela diferença sexual (HOLMSTROM, 2014, p.344).

Lisboa (2012) comenta que essa dicotomia entre homens e mulheres passou por mudanças e atualmente as mulheres estão mais presentes nos espaços públicos, mas a cultura ainda é forte e predominante sobre à visão da mulher como responsável pelos afazeres domésticos e cuidados com a família, assim como no passado.

1.2 A mulher no mercado de trabalho brasileiro

A situação da mulher no mercado de trabalho brasileiro, para Santos et al. (2015) ainda é superficial a abordagem do tema da mulher apesar de ser discutida pelo senso comum. Faz-se necessário compreender a realidade histórica no Brasil e da mesma forma a mulher possuía apenas um papel de mãe e esposa no início do Brasil Colônia.

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na diferenciação de mundos entre homens e mulheres, separando o trabalho da casa e colocando os dois em mesmas condições e exigências nos ritmos da produção fabril. No final do século XIX ampliam-se as possibilidades de atuação. Abrem-se novos horizontes com o surgimento das primeiras escolas normais no Brasil, e inicia-se a capacitação das moças para o exercício do magistério, inicia-sendo na época a única profissão aceita, em partes, para as mulheres de melhores classes (média e alta). Outra alternativa para as solteiras, eram os conventos e casas de reclusão. A mulher não possuía meios para se manter e não poderia buscar sua independência, sendo assim não casar era economicamente inviável, acarretando total desprestígio social, o casamento era praticamente a única alternativa de “carreira” para as mulheres (ROCHA-COUTINHO, 1994).

Santos et al. (2015) enfatizam que tanto a Igreja quanto o Estado enalteciam a imagem da mulher com o objetivo secundário de tentar submetê-la ao domínio do homem. Com um discurso moralista sobre a vida das mulheres estas duas instituições afetaram diretamente quando se tratava o assunto “moral” da mulher, mantendo a dominação masculina, com apoio das instituições religiosas e legais.

A mulher passa para uma nova função definida pela sociedade com a vinda da corte portuguesa ao Brasil. Essa nova função das mulheres de classe alta é a de ser colaboradora e incentivadora dos homens, sendo responsáveis agora não apenas pelo sucesso dos filhos, mas sim pelo do seu esposo também. Com o início da agricultura, por meio do cultivo da terra, a família passa a ganhar importância no Brasil. A economia latifundiária e monocultura era dominada pelo “pater famílias autoritário”, assim com a política, além do poder exercido sobre sua esposa, filhos e parentes (ROCHA-COUTINHO, 1994).

Com as necessidades de mão de obra da industrialização, no século XIX aumentou a demanda de mulheres solteiras de famílias economicamente mais desfavorecidas para trabalhar nas fábricas. Além dessas atividades, elas começaram a trabalhar no comércio e nos escritórios (ROCHA-COUTINHO,1994; BERTOLINI, 2002).

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divergências salariais e intimidação física foram obstáculos que as mulheres enfrentaram para fazerem parte do mundo das empresas na época ( RAGO, 2001).

O mercado opta pela mão-de-obra feminina não pela sua realização profissional ou desenvolvimento na carreira, mas apenas por uma necessidade econômica e sua urgência (SANTOS ET AL, 2015).

A Revolução de 1930 foi um marco no processo de urbanização do Brasil, o que provocou também a mudança comportamental da sociedade. A vida urbana se faz presente e se fortalece, enfraquecendo em contrapartida o modelo de família patriarcal rural. Perde o sentido da dependência da mulher com relação ao esposo, passando então a realizar atividade fora do lar. Residindo na cidade a mulher na vida urbana passa a tomar consciência dos seus direitos. Com a Constituição de 1934 ocorre a oficialização do direito da mulher na política, por meio do voto (AZZI, 1993). As mulheres não tinham ainda o direito de trabalhar fora e muito menos o direito de participar das decisões sociais, isso foi conquistado no Brasil pela Constituição de 1934 quando passaram a ter direito ao voto direto e secreto. A partir disso a capacidade produtiva da mulher passa a ser percebida, pelo homem. Dar início com mais afinco a sua vida fora dos limites que a cercam no lar passando a atuar no trabalho que antes era exclusivamente masculino (SCHILICKMANN; PIZARRO, 2013).

Comparando-se a realidade brasileira na época da Segunda Guerra Mundial com a de outras regiões do mundo, as mulheres também realizam tarefas consideradas tipicamente masculinas, além de ocupar espaços que antes não tinham acesso. Atividades como dirigir bondes e taxis, ajuste de peças e adentrar as usinas, mas ao fim da guerra elas sofrem pressões para retornar a sua posição anterior. Sofrem pressões para o retorno ao lar, colocado como ideal e papel da mulher (PERROT, 1998).

Após a Segunda Guerra Mundial vários fatores auxiliaram para a emancipação da mulher brasileira. Nas décadas de 50 e 60 ter uma carreira ainda era inaceitável para a mulher brasileira, a educação era um luxo ou percebida apenas para formação de uma mãe e esposa melhores (ROCHA-COUTINHO, 1994).

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ser apenas mãe e esposa a situação vivenciada pela mulher era de absoluta dependência, a princípio com o pai e, posteriormente, com o marido.

A casa e a rua são modos de ler e falar do Brasil, ou seja, não são apenas espaços geográficos. Se a mulher é da rua, ela é vista e tratada de um modo. Se ela é de casa, o tratamento é outro (DaMATTA, 1986; 1991).

Andrade e Barbosa (2015) defendem que a mulher vem galgando novos postos e conquistas significativas no mercado de trabalho ampliando sua participação, a partir dos anos 50 também se abre o campo para discutir a carreira feminina em posições gerenciais e maior nível profissional.

Por meio da literatura e do cinema chega ao Brasil um novo modelo da mulher, advindo dos países afetados pela guerra, e começam a aparecer as fragilidades no modelo brasileiro, isso na década de 1960. Influenciado pelos movimentos feministas mundiais e pelo liberalismo francês, o modelo patriarcal brasileiro, perde força e uma nova forma de se portar e se vestir mais liberal está presente (BERTOLINI, 2002).

De 1950 até os anos de 1980, ela deixa de atuar como força de trabalho secundária e passa a conquistar empregos mais qualificados. Hoje, ainda mais presentes no mercado de trabalho, as mulheres estão voltadas para o lar e para a carreira, em busca de conciliar tempo para a dupla jornada de trabalho (SANTOS et al., 2015, p.5).

Enfrentando barreiras profissionais (em que anteriormente apenas existia a presença masculina) e se apropriando da responsabilidade de suas carreiras. Importante ainda atentar para o fato de que a evolução contínua da participação feminina resulta da luta feminista no mercado de trabalho almejando-se a igualdade entre os sexos. A necessidade de contribuição econômica familiar voltada ao orçamento financeiro impacta diretamente neste quadro. A mulher busca alavancar o seu nível de escolaridade e a sociedade ameniza as barreiras para o ingresso da mulher em diversas áreas.

Dessa forma, as mulheres brasileiras adentram os espaços antes ocupados predominantemente por homens e refletem em sua escolaridade e alteração na estrutura familiar brasileira. A redução do número de filhos teve aumento de renda e o crescimento de mulheres como chefes de família também são apontados por Bruschini (2007).

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Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cai significativamente, conforme Gráfico 2, e a mulher passa a ter mais liberdade, independência, e tempo livre para investir em seus próprios objetivos. A taxa de fecundidade total segundo definição do indicador (IBGE) refere-se ao número médio de filhos nascidos vivos, por mulheres hipoteticamente na faixa de 15 a 49 anos de idade, ao término de seu período reprodutivo.

Gráfico 2. Taxa de fecundidade total IBGE (décadas de 1940 a 2000)

Fonte: IBGE – elaborado pela autora (2015)

http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=0&vcodigo=POP263&t=taxa-fecundidade-total

Acesso em 24/3/2015

Em análise do Gráfico 2, podemos observar que nas décadas de 40, 50 e 60 o indicador de taxa de fecundidade total se mantém nos patamares entre 6,16 e 6,28 filhos por mulher. Na década de 70 inicia-se um movimento retroativo significativamente nos anos 80, saindo de 5,76 para 4,35 filhos por mulher. Nas duas próximas décadas o indicador permanece em queda chegando a 2,38 filhos, por mulher, nos anos 2000.

6,16 6,21 6,28

5,76

4,35

2,85

2,38

0 1 2 3 4 5 6 7

Decada

(39)

O Gráfico 3 apresenta o índice de fecundidade total no século XXI:

Gráfico 3. Taxa de fecundidade total IBGE (anual de 2000 a 2014)

Fonte: IBGE - elaborado pela autora (2015)

http://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/taxas-de-fecundidade-total em 24/03/2015

Acesso em 24/3/2015

Observando o Gráfico 3, nota-se que o indicador apresenta queda progressiva com redução de 0,64 em 2014, comparativamente ao início do século no ano 2000, passando o índice de 2,38 a 1,74 filhos por mulher.

A partir da década de 70 a participação da mulher no mercado de trabalho se intensifica devido a crescente urbanização, aceleração do processo industrial e consequente expansão da economia.

Desde os anos 80 está sendo traçado um novo perfil referente à força de trabalho feminina em que as mulheres mais velhas, casadas e mães trabalham mesmo com dificuldade conciliando todas as responsabilidades que lhe cabem (BRUSCHINI, 2007).

2,38 2,32 2,26

2,2

2,14 2,09

2,04 1,99

1,95 1,91

1,87 1,83

1,8 1,77 1,74

0 0,5 1 1,5 2 2,5

Qtde

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

(40)

Nos anos 80 e primeira metade dos anos 90 essa participação continua em crescimento devido ao processo de abertura econômica iniciada no governo Collor (LEONE, 2000).

Segundo Abramo (2007), constata-se que a participação da mulher na força de trabalho, bem como o tempo de trabalho (quantidade de anos) dedicados tem se alavancado constantemente. Parece estar ocorrendo uma reconstrução da ideia de gênero devido ao aumento de sua presença no mercado de trabalho e a grande importância dos rendimentos gerados para a economia doméstica.

Nesta nova realidade com sua efetiva participação no mercado de trabalho a mulher passa a lidar agora com um novo dificultador que se trata da dupla jornada, gerando uma sobrecarga de responsabilidades, trabalhar nas empresas versus os cuidados com a casa e filhos.

Para Bertolini (2002) mesmo com dificuldades houve no Brasil uma grande diversificação de papéis e o campo da atuação da mulher sofreu durante o último século, uma ampliação relevante. Buscando sua realização pessoal e na carreira, com consequente independência financeira sem deixar de lado seu papel de mãe e esposa. Integrar papéis distintos que, em certos momentos, podem gerar conflitos, mas, por outro lado, pode trazer status e fortalecimento da autoestima (BERTOLINI, 2002).

Conforme Engels (1995) na atualidade a mulher lida com o que o autor achava uma realidade impossível que se tratava de conciliar as tarefas domésticas e trabalho fora do lar, porém pode-se notar que apesar de ser uma sobrecarga, é possível conciliar essas duas realidades simultaneamente.

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1.3 Contexto atual – ano 2015

Em momentos de crise econômica as organizações necessitam se adequar realizando ajustes internos para se manter ativas no mercado. O custo da mão-de-obra naturalmente é revisto e tradicionalmente as mulheres são demitidas em maior número comparativamente a força de trabalho masculina. O trabalho para a mulher é visto como de menor importância, conforme bibliografia disponível (BRUSCHINI, 2000; ABRAMO, 2007; SANTOS, 2010; HIRATA, 2012) definida como força de trabalho secundária na colaboração financeira da família, ela é vista ainda como complemento da renda familiar. No momento da tomada de decisão para a demissão de um colaborador esse critério será levado em conta.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê que o índice de desemprego mundial continuará a crescer nos próximos cinco anos, segundo reportagem na Rede Brasil Atual (RBA) publicado 20/01/2015. Desde a crise de 2008 são mais de 61 milhões de postos de trabalho extintos. "Os jovens, em particular as mulheres jovens, estão sendo afetadas pelo desemprego de maneira desproporcional", diz a organização. Neste ano estima-se mais de 3 milhões de desempregados podendo chegar a um total de 211 milhões em 2018. A OIT ainda afirma que a situação do emprego está melhorando em algumas economias desenvolvidas, como Estados Unidos e Japão. Em grande parte da Europa ainda apresenta incertezas e oscilações. O relatório prevê que a taxa de desemprego mundial, que era de 5,5% em 2007 e chegou a 6% em 2013, se mantenha na faixa de 5,9% até 2017.

No Brasil a taxa de 8,1% (2007) decresceu para 6,5% em 2013. A estimativa da taxa de desemprego para o ano de 2015 é de 7,1%. O IBGE publicou em 07 de maio de 2015 os indicadores da Pesquisa nacional por amostra de domicílios (PNAD) contínua, referente ao 1° trimestre de 2015 (janeiro a março).

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Gráfico 4. Distribuição das pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por sexo, segundo as grandes regiões – 1° trimestre de 2015 (Brasil)

Fonte: IBGE, Diretoria de pesquisas, Coordenação de trabalho e rendimento, pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua.

Gráfico 5. Distribuição das pessoas de 14 anos ou mais de idade, desocupadas na semana de referência, por sexo, segundo as grandes regiões – 1° trimestre de 2015 (Brasil).

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Quanto ao índice de população desocupada (segundo IBGE são as pessoas que não tinham trabalho, em um determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar e tomaram alguma providencia), demonstrada no Gráfico 5, observa-se um comportamento inverso, pois o percentual feminino foi superior ao masculino apresentando no primeiro trimestre de 2015 52,9% dessa população. Todas as regiões do país apresentaram índices superiores de desocupação sendo o maior índice na região Norte com 55,3%.

Gráfico 6. Distribuição das pessoas de 14 anos ou mais de idade, fora da força de trabalho, na semana de referência, por sexo, segundo as grandes regiões - 1° trimestre de 2015

Brasil).

Fonte: IBGE, Diretoria de pesquisas, Coordenação de trabalho e rendimento, pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua.

O índice percentual da população fora da força de trabalho (pessoas em idade de trabalhar classificadas como fora da força de trabalho, ou seja, aquelas que não estavam ocupadas nem desocupadas na semana de referência da pesquisa) foi de 34,1% para os homens e 65,9% para as mulheres, uma diferença de 31,8 pontos percentuais, como podemos analisar no Gráfico 6.

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trabalho, discutidos anteriormente neste trabalho. As mulheres podem vir a ser, em determinados casos, as primeiras a serem demitidas das organizações por serem consideradas força de trabalho secundária, ou por outro lado a oportunidade de trabalho por conta da precarização, salários mais baixos e necessidade de se manter a produtividade.

Neste capítulo pode-se concluir que, no decorrer da história, a mulher buscou sua emancipação, se libertando do modelo restritivo patriarcal, onde o lar, filhos e esposo eram sua única preocupação. Os momentos de crise, escassez de mão de obra ou guerras propiciaram oportunidades para o trabalho fora do limite domesticos. Manter a economia ativa e a capacidade produtiva sempre foi o principal objetivo, dando espaço a mulher não pelo reconhecimento mas sim pela necessidade do contexto. A precarização do trabalho se instaura pelas diferenças na remuneração, diferença no trato pessoal e condições de inferioridade. A mulher passa a acumular funções com a dupla jornada, maior desdobramento e dedição a todos os afazeres domésticos e ainda garantir um bom desempenho profissional. A condição de um planejamento familiar mais eficaz pela evolução dos métodos contraceptivos promove a liberdade de expressão sexual. A mulher passa a olhar mais para si e investir em seu desenvolvimento e capacitação para o trabalho, galgando novas posições dentro da organização, inclusive em posições de liderança.

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2. A LIDERANÇA FEMININA NAS ORGANIZAÇÕES

2.1 Liderança: conceito e principais teorias

Assunto de grande importância para as organizações o tema “liderança” apresenta interesse entre pesquisas acadêmicas e discussões profissionais. Principalmente em um cenário globalmente competitivo em que as empresas necessitam de diferenciais estratégicos, certamente a liderança contribui para a eficácia organizacional.

A noção de liderança ainda continua a atrair gerações de escritores, em grande parte porque se tende a ver a liderança como um importante aspecto do cotidiano e dos assuntos organizacionais (BRYMAN, 2012).

O fenômeno da liderança ganhou grande espaço no campo da administração. O administrador tem de ser um líder para desempenhar melhor suas funções (NOGUEIRA, 2007, p.145).

Presente em quase todos os grupos de pessoas, a liderança independentemente da área de atuação se forma pela necessidade dos membros da equipe de alguém que os incentive a atingir os objetivos traçados em qualquer tipo de organização.

Com base nestas pressuposições, o termo gera interesse tanto para quem ocupa uma posição de líder, quanto para quem se encontra na posição de liderado (SILVA; LIMA, 2013, p.2).

O papel exercido pelo líder nas organizações é de fundamental importância pois, conforme sua atuação perante a equipe é que tangibilizará ou não todo o planejamento estruturado para o alcance de objetivos sejam eles no âmbito operacional, tático ou estratégico.

Referências

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