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CONTEXTO EDUCACIONAL DE MOÇAMBIQUE

DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA NO CONTEXTO DO PÓS-INDEPENDÊNCIA

CONTEXTO EDUCACIONAL DE MOÇAMBIQUE

Em Moçambique havia o desafio de incutir, através da educação, as ideias de libertação do governo revolucionário, capitaneado pela Fren- te Nacional de Libertação de Moçambique (FRELIMO). O desenvolvi- mento da educação buscava:

8. Relatório do Estado do Sistema Educativo Nacional (RESEN) Cabo Verde; Ministério da Educação e Desporto, Praia, 2011, p. 99. Disponível em: https://dakar.iiep.unesco.org/sites/ default/files/fields/publication_files/resen2011_0.pdf. Acesso em: 30 set.2020.

9. População de Cabo Verde em 2005. Dados do site do Bando Mundial. Disponível em: ht- tps://data.worldbank.org/country/cabo-verde. Acesso em: 30 set. 2020.

Acabar com o analfabetismo e oferecer acesso ao conhecimento científico à população; inserir a obrigatoriedade da escola consoante o desenvolvi- mento do país, como sendo o fator de garantir a educação básica para os jovens de Moçambique; formar professores profissionalmente conscientes e educadores, com uma nova e vasta organização política, ideológica, pe- dagógica e científica com capacidade de educar outras pessoas através dos conceitos socialistas; formar cientistas e especialistas bem qualificados para possibilitar o desenvolvimento da pesquisa cientifica consoante o que o país necessita. (INTANQUÊ; SUBUHANA, 2018, p. 6)

As tarefas descritas acima, voltadas à educação, assumidas pela FRELI- MO, sofreram rapidamente um terrível golpe, que foi o período da Guer- ra Civil em Moçambique de 1977 a 1992 (MASSEKO, 2019), caracterizada pelas disputas entre a FRELIMO e a Resistência Nacional de Moçambique ( RENAMO), esta última uma organização que combatia o governo revo- lucionário de Moçambique, por discordar dos caminhos seguidos por este após a independência, o que levou a retrocessos no campo educacional:

O conflito armado entre essas suas forças políticas, FRELIMO e RENA- MO, causou duras perdas no país na área da educação, houve grandes problemas, sobretudo com a destruição das infraestruturas escolares. Nos anos de 1981 a 1987, 50% das escolas primárias , 13% da rede escolar se- cundária, 22,5% dos centros de formação de professores e muitos centros de alfabetização da população adulta fecharam, o deslocamento de milha- res de pessoas para as zonas urbanas, em busca de segurança, levou ao es- vaziamento das escolas de várias regiões de Moçambique. No ano de 1992, só restava 1,2 milhão de alunos do ensino primário, número igual ao que existia em 1983. (INTANQUÊ; SUBUHANA, 2018, p. 7)

Depois da guerra civil, somente em 1997, depois de várias concerta- ções com parceiros nacionais e externos, é que o governo de Moçambi- que apresentou o Plano Estratégico para o Setor de Educação, que iria

compreender os anos de 1999 a 2005. Parte desta retomada está regis- trada no Relatório Exame Nacional 2015 da Educação para Todos: Moçam- bique,10 produzido pelo Ministério da Educação de Moçambique, mo- nitorando os objetivos propostos e seu alcance da política educacional entre os anos 2000 e 2014.

No documento observamos que, em 2000, Moçambique adotou a Declaração de Dakar, dentro do escopo do Programa Educação para To- dos. No período, apesar do país crescer a uma taxa de aproximadamen- te 7% ao ano, a dívida externa consumia aproximadamente 30% do or- çamento corrente do país e esse fator, somado às perdas na estrutura educacional com a guerra civil , tornava difícil fazer os investimentos necessários no setor educacional. Isso só veio a ser possível após o país ter sido elegível a um programa de alívio à dívida externa, o que acon- teceu após 1999. A partir de então, as áreas prioritárias definidas para a educação foram: expansão equitativa do acesso à educação, elevação da qualidade do ensino e capacidade institucional e de gestão do sistema.

Entende-se que a escassez dos recursos é um proibitivo não somente para a melhoria da oferta e da qualidade dos serviços oferecidos pela infraestrutura educacional, mas também da sua manutenção. Convém, no entanto, lembrar que a política educacional, para ser efetiva e pro- mover avanços, precisa ser permanente, com planejamento de longo prazo e prioridade, para que os recursos, estes já escassos, não possam ser desviados para outras finalidades, por orientação política deste ou daquele governo de plantão.

No âmbito do ensino superior, o Ministério da Educação de Moçam- bique elaborou o Plano Estratégico do Ensino Superior – PESS 2012-2020, com o objetivo de garantir um planejamento para a crescente oferta de ensino superior em Moçambique na primeira década do século XXI: “O

10. Relatório Sobre os Seis Objectivos da Educação para Todos. Moçambique. República de Moçambique, Ministério da Educação: MAPUTO, 2015. Disponível em: https://unesdoc. unesco.org/ark:/48223/pf0000231723?posInSet=3&queryId=303dcdc7-2f42-4ec4-abc9-d1b- ca3c2096c . Acesso em: 30 set. 2020.

ensino superior aumentou rapidamente de cerca de 12 mil estudantes, em 2000, para mais de 101 mil, em 2010. Este crescimento numérico coloca desafios à qualidade do ensino e ao funcionamento das institui- ções de ensino dos diferentes níveis.”11

Desta forma, a política de planejamento para a expansão do ensino superior em Moçambique tem mostrado resultados significativos. Ain- da assim, segundo dados do Banco Mundial, a população de Moçambi- que, em 2005, era de 20.493.925 pessoas12, considerando que naquele ano havia 28.298 mil estudantes matriculados no ensino superior, um pouco menos de 0,14% do total da população moçambicana esteve matriculada neste nível de ensino. Ao comparar com os dados de 2010, temos uma população de 23.531.574 pessoas e 101.36213 matrículas no ensino superior, ou seja, um pouco mais de 0,43% da população esteve matriculada em cursos de graduação em Moçambique em 2010. Ape- sar de representar uma porcentagem reduzida do total da população, a relação população/matriculas no ensino superior no país triplicou en- tre os anos de 2005 e 2010, um excelente índice, em relação aos outros países dos PALOP.