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CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA ETNOGRÁFICA E DO DESIGN THINKING

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA ETNOGRÁFICA E DO DESIGN THINKING

Neste item são apresentadas as contribuições da pesquisa etnográfica e no Design Thinking no processo de desenvolvimento de um produto.

2.2.1 PESQUISA ETNOGRÁFICA

A etnografia é uma metodologia de pesquisa desenvolvida por antropólogos no início do século passado e pode ser definida como um processo sistemático de observar, detalhar, descrever, documentar e analisar o estilo de vida ou padrões específicos de uma cultura a fim de aprender com o seu modo de viver em seu ambiente natural (GUALDA; HOGA, 1997, LEININGER, 1985). Dessa forma, a pesquisa etnográfica se consolida por meio do trabalho de campo, onde se acredita que o pesquisador só poderá compreender a perspectiva do grupo estudado por meio de um processo de imersão no cotidiano desta cultura (MALINOWSKI, 1978; GUALDA; HOGA, 1997).

A observação participante e a entrevista são consideradas as principais técnicas da pesquisa etnográfica, mas outros elementos podem ser utilizados para enriquecer o procedimento de coleta de dados. O uso de imagens e filmagens feitas em campo, por exemplo, pode fornecer informações sobre pessoas e eventos que não mais fazem parte do contexto, além de ajudar a reavivar a memória dos informantes (GUALDA; HOGA, 1997).

Introduzida pelos antropólogos e sociólogos, a observação participante é comumente utilizada quando se pretende compreender o mundo social a partir do ponto de vista do sujeito (HOLLOWAY; WHEELER4, 1996 apud LIMA et al., 1999). Os pesquisadores são levados a compartilhar os papéis e os hábitos dos grupos observados para estarem em condição de observar fatos, situações e comportamentos que poderiam permanecer obscurecidos em outras abordagens (MARTINS, 1996).

4HOLLOWAY, I.; WHEELER, S. Qualitative research for nurses. Great Britain: Blackwell Science,

A observação participante difere de outras técnicas qualitativas de coleta de dados por ser menos formal e mais flexível (HAGUETTE, 1992). Por outro lado, exige que o observador tenha acuidade suficiente para identificar o que é relevante no momento da observação como posturas, gestos e expressões faciais (HAGUETTE, 1992).

Como qualquer técnica de pesquisa, a observação participante tem algumas fraquezas e limitações. A principal preocupação de quem utiliza essa técnica é fazer parte de um grupo e não ser apenas mais um membro qualquer. Para tanto, o pesquisador deve compartilhar a mesma situação que as pessoas que estão sendo estudadas. Além disso, o observador participante deve ter objetividade para observar e experimentar o mundo como se fosse um participante, e ao mesmo tempo manter os olhos de um pesquisador para análise, compreensão e explicação (SOCIOLOGY, 2011).

A observação participante normalmente é caracterizada por estudos de pequena escala realizados por um longo período, pois o princípio que a norteia é o da qualidade dos dados, ou seja, a precisão que se retrata o contexto como um todo (GUALDA; HOGA, 1997; ATKINSON; HAMMERSLEY, 2000). Por esse motivo, é pouco provável que o grupo observado represente qualquer outro grupo social, comprometendo a generalização das conclusões da pesquisa. Além disso, outros motivos dificultam a repetição de um mesmo estudo como o fato de um grupo se dissolver após um trabalho de investigação concluído ou, talvez, a composição do grupo que está sendo estudado mudar ao longo do tempo. Por estas razões, a observação participante raramente tem como objetivo fazer generalizações sobre o comportamento das pessoas com base no estudo de um grupo relativamente pequeno (SOCIOLOGY, 2011).

Uma maneira de aumentar a confiabilidade dos dados de uma pesquisa baseada em observação participante é fazer a observação em equipe. O envolvimento do pesquisador com outros pesquisadores nas diversas etapas da investigação enriquece a análise ao permitir a confrontação de diferentes perspectivas e dados obtidos pelos diversos observadores (GUALDA; HOGA, 1997; LAKATOS; MARCONI, 2002). Além disso, os dados podem ser considerados amplamente

confiáveis se os mesmos resultados, ou muito semelhantes, forem adquiridos por diferentes pesquisadores fazendo o mesmo trabalho com o mesmo grupo de pessoas (SOCIOLOGY, 2011). Por outro lado, as principais desvantagens são o investimento no treinamento da equipe e a disponibilidade dos vários observadores (LAKATOS; MARCONI, 2002).

2.2.2 DESIGN THINKING

O uso do design para o desenvolvimento de soluções tem sido estudado há mais de trinta anos por diversas escolas de pensamento, como arquitetura, ciências, artes e nos últimos anos tem sido também aplicado nos negócios (BONINI; ENDO, 2011). A origem dessa nova aplicação do design está associada à consultoria norte-america IDEO e é denominada Design Thinking. (BONINI; ENDO, 2011).

O Design Thinking é uma abordagem para solucionar problemas com foco na empatia, na colaboração e na experimentação, que se refere à maneira pouco convencional, no meio empresarial, do designer de pensar (VIANNA et al., 2011). É uma abordagem à inovação “centrada no usuário”, que equilibra as perspectivas dos usuários, da tecnologia e dos negócios e é por natureza integradora (BROWN, 2010).

A inovação guiada pelo design veio complementar a visão do mercado de que para inovar é preciso focar no desenvolvimento ou integração de novas tecnologias ou atendimento a novos mercados (VIANNA et al., 2011). Ela não se limita mais ao lançamento de novos produtos físicos, mas inclui novos tipos de processos, serviços, formas de entretenimento e meios de comunicação e colaboração (BROWN, 2010).

O Design Thinking pode ser descrito em um processo em três etapas, como mostra a Figura 2.7: imersão, ideação e prototipação. Este processo deixa de ser um funil e passa a ser um espiral, na qual essas fases evoluem até que o todo se torne viável (BONINI; ENDO, 2011).

Figura 2.7 - Esquem

Geralmente, a primeira contexto do projeto. A pr do problema que motiv necessidades dos atore emergem do entendim (BROWN, 2010; VIANNA e Síntese, que tem como que auxiliem a compree (VIANNA et al., 2011).

A segunda etapa busca que estimulem a criativid ideias (BROWN, 2010; V função dos objetivos do humanas atendidas (VIAN

Por último a terceira eta propiciando aprendizado 2010; VIANNA et al., 201

ema representativo das etapas do processo de De

Fonte: Vianna et al., (2011)

ra etapa do processo tem por objetivo primeira etapa é denominada Imersão e v

tiva a busca por soluções, por meio da res envolvidos no projeto e prováveis imento de suas experiências frente ao NA et al., 2011). Essa etapa é seguida de u o objetivo organizar esses dados de modo eensão do todo e identificação de oportu

a gerar ideias inovadoras através de ativid vidade, ou seja, é um processo de gerar, d ; VIANNA et al., 2011). As ideias criadas sã

do negócio, da viabilidade tecnológica e IANNA et al., 2011).

etapa, a prototipação, auxilia na experim do contínuo e a eventual validação da 011). Esses protótipos podem ser desenvo

Design Thinking o a aproximação do e visa o entendimento da identificação das is oportunidades que ao tema trabalhado e uma fase de Análise do a apontar padrões rtunidades e desafios ividades colaborativas r, desenvolver e testar são selecionadas em e das necessidades

imentação das ideias a solução (BROWN, volvidos de diferentes

formas, seja como modelos pouco sofisticados, como caixas de remédio com fita crepe ou formas mais elaboradas (BONINI; ENDO, 2011). Além disso, o principal resultado desse processo não é a minimização de riscos e o levantamento do potencial de lucratividade do protótipo em si, como nos modelos tradicionais, mas o aprendizado sobre os pontos fortes e fracos da ideia, além da Identificação de novos rumos para esse protótipo (BONINI; ENDO, 2011).

Todo o processo do Design Thinking está baseado na ideia de criar oportunidades e soluções (pensamento divergente) para somente depois começar a trabalhar na escolha das melhores soluções (pensamento convergente), conforme mostra a Figura 2.8 (BROWN, 2009; BONINI; ENDO, 2011).

Figura 2.8 - Divergir para convergir

Fonte: adaptado de Brown (2009)