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PARÂMETROS CHAVE PARA A INTERPRETAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.6 CONTRIBUIÇÕES DA DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO DE INTERFACE

2.6.2 PARÂMETROS CHAVE PARA A INTERPRETAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO

Os primeiros estudos sobre a distribuição da pressão na interface ocupante-poltrona foram realizados para minimizar os riscos de ulceração da pele ou úlceras de pressão em pacientes paralisados (TREASTER; MARRAS, 1987; LINDAN et al., 1965). Através deles foi possível verificar que o risco de úlceras de pressão pode ser

reduzido ao se distribuir uniformemente o peso do corpo sobre a superfície do assento. Apesar de muitas pesquisas terem sido realizadas em prevenção de úlceras de pressão, principalmente no caso de cadeiras de rodas, o valor limite para o desenvolvimento de úlceras de pressão profunda, em termos de magnitude e duração, ainda não é conhecido (REENALDA et al., 2009). O que se sabe é que a tolerância à pressão varia de pessoa para pessoa (STINSON et al., 2003) e que a recomendação geral é que tecidos devem estar sujeitos a pressão mais baixa possível (MEFFRE et al., 2007). O nível de pressão em uma poltrona pode ser reduzido ao diminuir pressões de áreas críticas para áreas mais tolerantes ou através da distribuição da pressão sobre uma área maior (KÄRKI, LEKKALA, 2006). Os principais parâmetros de avaliação de pressão de interface entre a poltrona e seu ocupante encontrados na literatura foram listados a seguir.

2.6.2.1 PRESSÃO DO PICO

Historicamente, os valores de pico têm sido utilizados para avaliar diversas poltronas, porém diversos autores possuem opiniões diferentes com relação ao valor limite de pressão. Alguns estudos sugerem que o valor de 32 mmHg corresponde à pressão capilar ao nível do coração e que tal pressão seria capaz de obstruir vasos capilares, iniciando uma privação de oxigenação nos tecidos, pela falta de sangue (KÄRKI; LEKKALA, 2006; STINSON et al. 2003; SHELTON; LOTT, 2003). Por outro lado, um estudo realizado por Bar (1998) determinou que este valor é muito baixo para ser considerado como limitante da pressão numa poltrona e que um valor mais correto para a região das nádegas seria de 60 mmHg (SCHMELER, BUNING, 1999). Outros autores ainda defendem o uso de diferentes valores de pressão de acordo com a região do corpo analisada e o grupo antropométrico (PETERSON; ADKINS, 1982, DUNK; CALLAGHAN, 2005; KAMIJO; et al., 1982; KOLICH, 2004; OUDENHUIJZEN et al., 2003). Segundo Peterson e Adkins (1982) é possível ter pressões de até 40 mmHg sobre as tuberosidades isquiáticas, até 60mmHg sobre os trocanteres posteriores e até 10 mmHg na junção do osso sacro e cóccix, se a pessoa é capaz de mudar de postura frequentemente, ou seja, movimentar-se na poltrona a fim de aliviar a pressão durante exposição prolongada.

Valores um pouco superiores foram propostos por Shapcott e Levy (1999) em seus estudos. Segundo esses autores, nenhuma ação deve ser tomada caso a pressão medida seja inferior a 80 mmHg, uma vez que essa pressão não causaria danos ao tecido das nádegas. Num intervalo de 80 a 120 mmHg, a indicação seria de alguma modificação no tipo da espuma ou então em pequenos ajustes no projeto da poltrona, de forma a redistribuir melhor o corpo sobre o assento. Para pressões acima de 120 mmHg é recomendado o total re-projeto da poltrona, uma vez que o valor excessivo de pressão exporia a pessoa a danos fisiológicos graves.O estudo, no entanto, não faz relação com o tempo de exposição.

No entanto, a quantificação simples dos picos de pressão de interface como indicadores de desconforto não é satisfatória, conforme verificado em estudos disponíveis na literatura (JIN et al., 2009, NA et al., 2005; EITZEN, 2004). Eitzen (2004) analisou a distribuição de pressão de 8 homens sadios sentados em uma cadeira de rodas, utilizando a análise de frequência de pressões, ou seja, registrando o número de vezes que cada valor ocorreu em uma escala com intervalos definidos. Desta forma, foi possível determinar o número de valores observados na parte alta da escala, que representam maior risco a saúde do ocupante. A vantagem da análise de frequência é que em um único gráfico você consegue mostrar a ordem de grandeza do pico de pressão e os valores mais comuns de pressão naquela poltrona (EITZEN, 2004).

Um estudo realizado por Sprigle e Dunlop (2003) recomenda o uso do índice de pico de pressão, que nada mais é do que a média dos valores de pressão em uma área de 9 a 10 cm2, que corresponde a área das tuberosidades isquiáticas. Segundo esses autores, outra medida importante a se considerar é o gradiente de pressão nas áreas adjacentes as tuberosidades isquiáticas. Se o gradiente for alto há uma indicação de baixo envelopamento das proeminências dos ossos dessa região, o que pode gerar sensação de desconforto.

Mergl (2006), conforme os autores citados acima concorda que não há um único parâmetro de distribuição da pressão do assento, o que pode explicar o desconforto. Por isso, em seu estudo, define diretrizes para uma boa distribuição da

pressão no banco de um distribuição de carga, p percentual de distribuição corpo e a carga de um cumulativa é descrito pe de sensores da direita p 2D. Nesta abordagem, relacionada com o peso uso da pressão máxima. parâmetros varia de acor a Figura 2.41. Além di calculados para cada um avaliação subjetiva dos s

Figura 2.41 - Referências pa para curto tempo de desconfo

um automóvel, considerando três parâme pressão máxima e gradiente de curva ção de carga é definido a porcentagem en

uma determinada região do corpo e o pela a curva resultante dos valores de pre

para a esquerda resumido e apresentad , considera-se que a pressão média so do sujeito do que com conforto, por is

a. Segundo Mergl (2006), os valores de ca cordo com a região do corpo exposta a pre

disso, sempre que possível, estes parâ uma das 17 áreas do corpo e depois corr s sujeitos.

para uma boa distribuição de pressão. Valores val forto (até 30 min) e valores validados para as náde

longo tempo de desconforto (até 3h).

Fonte: adaptado de MERGL (2006)

metros: percentual de a cumulativa, onde o entre a carga total do o gradiente de curva pressão de cada linha tado como uma curva a sozinha está mais isso recomenda-se o cada um desses três pressão, como mostra râmetros devem ser orrelacionados com a

alidados para as costas degas para curto tempo e

De acordo com esta divisão, deve-se ficar atento para as regiões 4 e 5 das costas e nas regiões 2 e 3 do assento. Segundo Mergl (2006), a região 4 do encosto deve suportar entre 20 e 50% da carga do encosto e sua pressão máxima deve ser de 15 à 52,50 mmHg. A região 5 do encosto também deve ter pressão máxima de 15 à 52,50 mmHg. O assento, por outro lado, pode tolerar maiores concentrações de carga. A região 2 do assento deve suportar uma carga de 49% a 57%, ter pressão máxima inferior a 150 mmHg e gradiente máximo menor que 42,00 mmHg. Já a região 3 do assento deve suportar menos de 14% da carga, pressão máxima menor que 52,50 mmHg e gradiente máximo menor que 12 mmHg.

2.6.2.2 SIMETRIA

Este parâmetro destaca a importância de se integrar os resultados da distribuição de pressão de interface com uma avaliação física completa. Otimização de simetria da distribuição de pressão, comparando os lados direito e esquerdo, requer uma avaliação postural feita em conjunto com a tomada de pressão (DAVIS; SPRIGLE, 2008).

2.6.2.3 ÁREA DE CONTATO

A área de contato é uma medida representativa da distribuição de forças sobre uma área mais abrangente possível. Pode ser representada pelo número total de sensores ativados durante uma avaliação. Segundo Sprigle e Dunlop (2003), deve- se considerar os sensores que estiverem com carga acima de 5mmHg, valor que minimiza interferências nas medições. Além disso, esses autores ainda sugerem o índice de dispersão como outra métrica para avaliar a distribuição de pressão de interface. O índice de dispersão é a soma da pressão distribuída nas regiões das tuberosidades isquiáticas e do sacro dividida pela soma das leituras de pressão de toda a manta, expresso em porcentagem. Um estudo desenvolvido por Drummond et al. (1985) mostrou que índices de dispersão acima de 55% são inaceitáveis.