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Contribuições da visita

assinalado várias alternativas para essa questão e associá-las entre si, como pode ter acontecido com as duas primeiras, serem relacionadas aos aspectos metodológicos, e com as duas seguintes aos processos de aquisição do conhecimento.

Os dois itens com menor incidência de respostas são: “abertura para novos

conceitos não contemplados no currículo escolar”, com 91 respostas representando

(12%)” e “reforço curricular” com 70 respostas, representando (10%) do total.

Assim como se procedeu no tocante aos objetivos da visita, também se coletou dados via questões abertas para a contribuições da visita, sendo que, o procedimento para categorizar as questões também foi o mesmo. Como decorrência, obtiveram-se os seguintes resultados (Tabela 8):

Tabela 9- Categorização das respostas sobre a contribuição das visitas, segundo os Questionários Abertos Categoria Palavra (s) incidente (s) Número de respostas na categoria Porcentagem

Vivência prática/ experimentação de conceitos. Prática/ teoria 40 34%

Complemento ou reforço de conteúdos. Conteúdos 28 24%

Aquisição ou ampliação de conhecimentos. Conhecimentos 22 18%

Estimulo a curiosidade e gosto pela ciência. Ciência 17 14%

Experiência lúdica e interativa. Interatividades 12 10%

FONTE: BORTOLETTO-RELA, 2014.

A resposta mais incidente nos questionários abertos é a “Vivência prática

de conceitos” (34%), seguido de “Complemento e reforço de conteúdos” (24%).

Nota-se que a “Vivência prática de conceitos” (34%), coincide com a segunda resposta mais incidente obtida no questionário fechado para contribuições da visita e com uma das respostas mais incidentes dentre os objetivos dos professores para a visita.

Entretanto, a resposta que aparece em segundo lugar no questionário aberto “Complemento e reforço de conteúdos”, não aparece nos questionários fechados, mas é uma das principais respostas para os objetivos dos professores ao levarem seus alunos à EC.

A resposta “Aquisição ou ampliação de conhecimentos”, que corresponde

a (18%) do total de respostas do questionário aberto, não é contemplada no

questionário fechado, mas aparece como um dos principais objetivos dos professores para a visita na EC.

O “Estímulo a curiosidade e gosto pela ciência” e a “Experiência lúdica e

interativa”, respectivamente com 14% e 10% de incidência nas respostas dos

questionários abertos, não aparecem nos questionários fechados. Entretanto, também aparecem como objetivos dos professores para visita.

É relevante ressaltar a importância da aplicação de questionários abertos como um instrumento “a mais” na obtenção dos dados, no sentido de ajustar possíveis contribuições não previstas nos questionários fechados.

As entrevistas também se configuraram num instrumento de coleta de dados complementar importante para a caracterização das principais contribuições da vista e foram categorizadas e organizadas na Tabela 9, a seguir, da mesma maneira que foi feito com os dados obtidos para os objetivos da visita:

Tabela 10 - Categorização das respostas das entrevistas

Categoria Palavra (s)

incidente (s)

Número de respostas na categoria

Porcentagem

Complementar conteúdos. Conteúdos 5 37%

Vivenciar na prática as teorias. Prática/ teoria 3 21%

Ajudar os professores com suas aulas. Professores 3 21%

Relacionar com o cotidiano. Cotidiano 2 14%

Estímulo a curiosidade. Curiosidade 1 7%

FONTE: BORTOLETTO-RELA, 2014.

Nos resultados obtidos por meio das entrevistas, a resposta mais incidente foi “Relacionar ou complementar conteúdos”, com 5 respostas, equivalendo a 37% do total, seguida de duas respostas com igual número (3), que foi “Vivenciar na prática

as teorias” e “Ajudar os professores com suas aulas”, respectivamente representando

As duas respostas com menor incidência nas entrevistas foram: “Relacionar com o cotidiano” com 2 respostas representando 14% do total e “Estímulo

a curiosidade”, com apenas 1 resposta, equivalendo a 7% do total.

As contribuições: “Relacionar ou complementar conteúdos”, “Vivenciar na

prática as teorias” e “Relacionar com o cotidiano”, aparecem também como

contribuições nos questionários fechados. A contribuição “Estímulo a curiosidade” aparece também no questionário aberto, ao passo que “Ajudar os professores com

suas aulas” é uma contribuição que só aparece nas entrevistas, embora seja muito

importante de acordo com os professores entrevistados.

Os dados coletados por meio dos três instrumentos foram organizados, no quadro a seguir, por ordem de incidência das respostas obtidas e suas respectivas porcentagens:

Quadro 11 - Comparativo dos três instrumentos de coleta de dados27

Incidência

de respostas Questionário fechado Questionário aberto Entrevistas

Motivar para futuras atividades a serem desenvolvidas na escola (21%) Vivenciar na prática (experimentos) conceitos (34%) Relacionar ou complementar conteúdo (32%) Aplicar na prática conceitos (20%) Complementar ou reforçar conteúdos (24%) Vivenciar na prática teorias (21%) Ajudar professores com suas aulas

(21%) Conectar conceitos com

o cotidiano do aluno (19%) Adquirir ou ampliar conhecimentos (18%) Relacionar com o cotidiano (14%) Visualizar interdisciplinarmente os conhecimentos (18%)

Estimular a curiosidade e gosto pela ciência (14%)

Estimular a curiosidade (7%)

Abrir para novos

conceitos não contemplados no currículo escolar (12%)

Obter experiência lúdica e interativa (10%)

Reforçar o currículo (10%)

FONTE: BORTOLETTO-RELA, 2017

As respostas que aparecem em cada um dos instrumentos de coleta de dados com maior incidência são: “Vivenciar na prática (experimentos) conceitos”

(34%), “Relacionar ou complementar conteúdos” (32%) e “Motivar para futuras atividades a serem desenvolvidas na escola” (21%).

Duas respostas tiveram incidência nos três instrumentos aplicados:

“Complementação de conteúdos” e “Vivência prática/experimentação de conceitos teóricos”, embora com designação um pouco diferentes.

27 Os resultados apresentados estão por ordem de incidência em cada um dos instrumentos, porém não se relacionam entre si nas linhas horizontais. Não há equivalência de significados entre as respostas apresentadas na mesma linha horizontal, apenas posicionamento quantitativo segundo os dados obtidos com a aplicação dos três instrumentos.

Algumas respostas aparecem respectivamente em dois instrumentos, como: “Relacionar ou conectar conceitos com o cotidiano” (questionário fechado e entrevista) e “Estimular a curiosidade e o gosto pela ciência” (questionário aberto e entrevista). Por sua vez, “Reforçar o currículo” aparece somente no questionário fechado, embora possa ser relacionado ao item “Relacionar ou complementar

conteúdos”.

Respostas como: “Visualizar interdisciplinarmente os conhecimentos”,

“Abrir para novos conceitos não contemplados no currículo escolar”, “Obter experiência lúdica e interativa” e “Ajudar professor com as aulas” apareceram

isoladamente em cada um dos instrumentos aplicados.

Portanto, tais observações permitem afirmar que as principais contribuições da visita à Estação Ciências, por ordem de incidência de respostas, considerando os três instrumentos utilizados, foram:

1º) “Vivenciar na prática (experimentos) conceitos”; 2º) “Relacionar ou complementar conteúdos”;

3º) “Motivar para futuras atividades a serem desenvolvidas na escola”.

É importante considerar que as demais contribuições não estão excluídas das reflexões acerca dos objetivos e contribuições da visita. Entretanto, para fins de análise, optou-se por delimitar as contribuições que mais evidenciaram a partir dos dados obtidos. Nota-se que, dentre as três contribuições mais incidentes nos resultados obtidos, duas delas (“Vivenciar na prática (experimentos) conceitos” e

“Relacionar ou complementar conteúdos”) se articulam a dois principais objetivos dos

professores (“Vivenciar na prática conteúdos e experiências” e (“Complementar

conteúdo desenvolvidos em sala de aula”).

Considerando tais contribuições apresentadas, vale a pena ressaltar que outras pesquisas trazem a respeito das contribuições de espaços não-formais de educação.

Chinelli et. al (2008) procuraram em sua pesquisa identificar equipamentos interativos em museus de ciências que possibilitassem a reprodução pelas escolas e obtendo como resultado da pesquisa que eles podem ser utilizados como um recurso

para o ensino de ciências. Identificaram que os museus de ciências são capazes de possibilitar a imersão do visitante no contexto científico devido ao seu potencial de entretenimento educacional, tornando a ciência mais acessível. Entretanto, evidenciam o potencial dos museus para a aprendizagem dos próprios professores, conforme destacado a seguir:

Para os professores que os visitam, eles podem ser também exemplos vivos de uma pedagogia que tem como ponto de partida o interesse e que oferece a possibilidade de aprender em processos investigativos. Mais raro, mas certamente possível, podem ser exemplos das relações entre ciência e tecnologia em situações que evidenciam o quanto uma e outra se influenciam mutuamente, e das consequências sociais e ambientais da produção científica e tecnológica. (CHINELLI, et al, 2008, p.4505-9)

Vieira (2005) também pesquisou o uso dos museus de ciências pelos professores em sua tese de doutorado. Estudou espaços de educação não-formal e analisou as contribuições deles a partir da visão de professores. Constatou que os professores consideram, como importante contribuição para o aprendizado dos alunos, a metodologia utilizada durante a visita, a abordagem dos temas dos conteúdos científicos por meio de recursos, estratégias e dinâmicas diferentes das realizadas na escola. Outras contribuições também são consideradas, como a possibilidade de vivência de uma aula lúdica e prazerosa no museu, que estimula a participação dos alunos e possibilita a multidisciplinaridade.

Entretanto, Vieira ressalta a importância da clareza dos objetivos da visita por parte do professor e da integração entre alunos, professores e espaço não-formal para a contribuição positiva da visita:

Os resultados obtidos neste trabalho mostram que a educação não-formal pode contribuir positivamente para o ensino formal de Ciências. Uma diversidade de espaços normalmente adequados à multidisciplinaridade e à contextualização do ensino, que abrangem conteúdos curriculares, é acessível aos professores. No entanto o sucesso destas aulas, que já contam com a motivação dos estudantes, depende da clareza dos objetivos dos professores e da integração aluno – professor – espaço não-formal. (VIEIRA, 2005, p. 115)

Varela (2009) estudou as potencialidades dos museus de ciências para a aprendizagem de ciências naturais do ponto de vista de professores e alunos. Entre as possíveis contribuições citadas pelos professores investigados, destacam-se: aprendizagem e/ou consolidação de conteúdos; compreensão de processo de construção de conhecimento; interesse pelas ciências; convívio social.

Em se tratando de aprendizagem de conteúdos, os professores pesquisados por Varela (2009) apontam indícios de aprendizagem que se ligam principalmente à capacidade de relacionar conhecimentos e aprender fatos, nomenclaturas ou técnicas.

Rocha e Terán (2010) avaliaram visitas de alunos do 4º ano do Ensino Fundamental em um espaço de educação não-formal e constataram que, quando uma visita é intencionalmente pensada e planejada, os espaços de educação não-formal contribuem para a aprendizagem de Ciências Naturais em suas dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais.

Rocha et al. (2014), em um estudo realizado no Museu da Geodiversidade do Ciências Matemáticas e da Natureza, no Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, entrevistaram 18 estudantes do Ensino Médio, a fim de identificar quais as possíveis contribuições da visita realizadas por eles ao referido museu. Identificou-se por meio dos dados obtidos que o museu contribui com um ambiente favorável para a compreensão de conteúdos relativos à ciência e à cultura. Tal ambiente também colabora na desmistificação da ciência por parte dos estudantes.

Marandino (2005) considera que os museus são produtores de diferentes saberes em que são expressas transposições didáticas e museológicas. Nesse contexto, são os dispositivos que vão disponibilizar ao público visitante, ao mesmo tempo, a interação e a informação. A mesma autora (2003) destaca que esses espaços podem contribuir tanto para a aprendizagem dos alunos quanto para a melhoria no processo de ensino, por meio de formação do professor através de parcerias entre a instituição e a escola.

No estudo feito por Gouvêa et al (2001), sobre exposição realizada no MAST, foi mostrado que professores consideram a visita ao museu como complemento à escola e elencam outras possíveis contribuições dos museus às escolas, como: sedimentação dos conteúdos trabalhados; motivação para posterior abordagem de conteúdos programáticos; compensação de materiais didáticos e laboratoriais; oportunidade de estabelecer relação entre teoria e prática. Neste mesmo estudo, destaca-se o fato de a ampliação à cultura em geral não ser contemplada como uma contribuição do museu, mesmo sendo ela inerente a este tipo de instituição. Outro destaque cabe à concepção de o museu ser visto como suplemento da escola. Para Jacobucci (2008), a contribuição dos museus de ciências pode se dar por meio da aproximação da sociedade ao conhecimento científico, contribuindo para o debate sobre assuntos relacionados a ciência e se tornando um aliado das escolas e das mídias na formação de uma cultura científica. Para tanto, destaca a necessidade de algumas ações:

Promover a divulgação científica sem cair no reducionismo e banalização dos conteúdos científicos e tecnológicos, propiciando uma cultura científica que capacite os cidadãos a discursarem livremente sobre ciências, com o mínimo de noção sobre os processos e implicações da ciência no cotidiano das pessoas, certamente é um desafio e uma atitude de responsabilidade social. Há de se pensar e se investir na formação das pessoas que gerenciam, cooperam e fazem os centros e museus de ciências, pois passa por elas a decisão acerca de o quê e como enfocar determinado assunto científico e quais ações formativas poderão ser desencadeadas a partir do assunto em pauta. Da mesma forma, há de se pensar e se investir na formação dos professores frequentadores desses espaços educativos, para que esses possam articular e entrecruzar a cultura científica, o saber popular e o próprio saber com vistas à criação de novos conhecimentos e a sua divulgação de forma consciente e cidadã. (JACOBUCCI, 2008, p. 64)

Blosser e Nascimento (2013), analisaram excertos de discursos de professores sobre visitas a museus e descobriram que, para eles, “Desenvolver atividades em conjunto com os museus aparece como maneira de resolver demandas específicas, como oferecer práticas mais interessantes aos alunos e ter acesso/viabilizar o acesso dos alunos a fontes singulares de conhecimento, que o universo escolar não contempla” (p.95).

Conforme destacado, as contribuições dos museus para o ensino ou aprendizagem em geral e, principalmente, de ciências nos casos de museus de ciências o inúmeras. Entretanto, não somente nas pesquisas apresentadas, quanto na presente pesquisa, destacam-se as contribuições relacionadas aos aspectos curriculares e metodológicos, ressaltando-se: desenvolvimento de conteúdos curriculares e motivação para seu desenvolvimento e vivência prática de conceitos.

Para efeito desta pesquisa, considera-se que as principais contribuições da visita à EC na visão dos professores visitantes estão relacionadas também ao desenvolvimento do currículo e aspectos metodológicos desenvolvidos de maneira diferentes dos da sala de aula. Tais contribuições articulam-se, em parte, aos objetivos delimitados pelos docentes nos instrumentos de coleta de dados, visto que algumas contribuições diferem dos objetivos iniciais dos professores.

Uma vez apresentados os objetivos e contribuições da visita, na visão dos docentes, importa agora elucidar o que tais objetivos e contribuições trazem implícitos sobre aspectos da educação, do ensino, da aprendizagem e da formação do próprio docente. Cabe, nesse momento, desvelar os discursos implícitos presentes nos resultados que constituem a “fala” do professor no momento da visita e que pode ser transposta ao cenário da escola e do ensino de ciências em museus de ciências, no caso, a Estação Ciências de Itatiba.

CAPÍTULO 6 – DISCURSOS DA ESTAÇÃO CIÊNCIAS E DOS

DOCENTES

O capítulo 6 apresenta a ideia de discurso adotada nessa pesquisa, ressalvando que não há intenção de se fazer uma análise linguística do discurso dos docentes ou da instituição, mas sim analisar quais os dizeres implícitos a partir dos discursos ou “falas” evidenciados tanto pela Estação Ciências, quanto pelo público docente visitante desse espaço.

É válido dizer que os discursos não são imutáveis e que, ao considerar que eles são influenciados por outros discursos, conferindo-lhes a capacidade de se reconfigurarem ou se recontextualizarem pela influência ou nível de interação entre um e outro, é possível que, ao final desta pesquisa, os discursos evidenciados nela já não representem os mesmos discursos do início ou nem sejam mais os mesmos. Entretanto, a importância dessa análise dos discursos justifica-se exatamente pelo fato de que a aprendizagem acontece por meio de interações, vivências, ajustes e desajustes dos sujeitos que constituem as relações.

Este capítulo pretende identificar como são constituídos os discursos dos docentes e da Estação Ciências, mas acima de tudo procurar trazer à tona a reflexão sobre como eles se desenvolvem ao longo da constituição do profissional e da instituição.

6.1 Os discursos: definições no contexto da pesquisa e nos

museus de ciências

Esta pesquisa propôs-se a descrever e analisar os discursos estabelecidos entre a Estação Ciências e os docentes visitantes. Entretanto, é importante salientar que o objetivo não foi fazer uma análise linguística do discurso como uma prática do campo da Linguística, nem somente analisar o discurso explícito que se estabelece a partir dos dados obtidos com a aplicação dos instrumentos de pesquisa, mas