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A Estação Ciências de Itatiba e o público docente

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO

LUCIANA BORTOLETTO RELA

A ESTAÇÃO CIÊNCIAS DE ITATIBA E O PÚBLICO

DOCENTE

CAMPINAS

2017

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“A ESTAÇÃO CIÊNCIAS DE ITATIBA E O PÚBLICO

DOCENTE”

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestra em Educação, na área de concentração de Ensino e Práticas culturais.

Orientador: Prof. Dr. Ivan Amorosino do Amaral

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA LUCIANA BORTOLETTO RELA, E ORIENTADA PELO PROF. DR. IVAN AMOROSINO DO AMARAL

CAMPINAS 2017

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Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Educação

Rosemary Passos - CRB 8/5751

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: The Itatiba Science Station and teaching public Palavras-chave em inglês:

Science museum Visiting educators Schools

Discourse

Área de concentração: Ensino e Práticas Culturais Titulação: Mestra em Educação

Banca examinadora:

Ivan Amorosino do Amaral [Orientador] Jorge Megid Neto

Luciana Conrado Martins Data de defesa: 30-10-2017

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

A ESTAÇÃO CIÊNCIAS DE ITATIBA E O PÚBLICO

DOCENTE

Autora: Luciana Bortoletto Rela

COMISSÃO JULGADORA:

Prof. Dr. Ivan Amorosino do Amaral Prof. Dr. Jorge Megid Neto

Profª Drª Luciana Conrado Martins

A Ata da Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno.

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Dedico essa pesquisa de mestrado aos meus filhos Ana Luísa e João Pedro como prova de amor e reconhecimento pelo tempo deles roubado durante esse trabalho. Que o fruto dessa pesquisa seja para eles: fé em Deus, na vida, na ciência, nos estudos e na crença que nada é impossível para aqueles que acreditam e lutam para a realização de seus sonhos.

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São muitos os agradecimentos que tenho a fazer nesse momento em que concluo esse trabalho de vários anos. Durante a caminhada até aqui contei com a ajuda de muitas pessoas, que por um motivo ou outro, estenderam-me a mão e contribuíram com a minha pesquisa.

Agradeço:

- a Deus o dom da vida, a inteligência e a sabedoria;

- à Nossa Senhora Desatadora dos Nós, que desatou os fortes nós que amarravam o término dessa pesquisa e ajudou-me a vencer cada um dos obstáculos que se ergueram à minha frente;

- ao meu pai Francisco Bortoletto, que me ensinou a ter fé em Deus, persistir diante dos desafios da vida, ter coragem e a dar importância aos estudos;

- a minha mãe Luiza Aparecida Flaibam Bortoletto, que literalmente me carregou no colo nos momentos difíceis, ensinando-me que é preciso ser forte e ajudando-me com as crianças para que eu pudesse me enclausurar nos estudos;

- ao meu marido Marco Antonio Rela, que assumiu o papel de pai e mãe em muitas ocasiões para me ajudar a começar e a recomeçar esse trabalho até que eu o concluísse;

- aos meus amados filhos Ana Luísa Bortoletto Rela e João Pedro Bortoletto Rela, que participaram ativamente dessa pesquisa desde o meu ventre, que vivenciaram minhas alegrias e tristezas durante o processo e souberam esperar pacientemente pelos momentos comigo. Obrigada por acalentarem meu coração com os desenhos que faziam e colocavam por debaixo da porta do quarto durante os períodos em que eu me fechava para estudar e escrever a dissertação;

- aos demais familiares, meu irmão Eduardo Bortoletto, minha cunhada Gisele Aparecida Nardin Bortoletto e meus sobrinhos Maria Eduarda Nardin Bortoletto e Thomás Nardin Bortoletto, pela compreensão nos momentos de minha ausência em eventos de família e pela ajuda com as crianças;

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de me orientar mesmo com as inúmeras adversidades enfrentadas, tanto por mim quanto por ele, durante essa pesquisa;

- ao grupo FORMAR – Ciências, Grupo de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação da Unicamp, em especial ao Prof. Dr. Jorge Megid Netto, que sempre esteve pronto a me ajudar e as colegas: Profª Drª Rebeca Quiacchio Azevedo Fernandes e Profª Drª Juliana Rink, que sempre me incentivaram a prosseguir;

- aos funcionários da Secretaria de Pós-graduação da Faculdade de Educação da Unicamp, Cláudia dos Reis, Lígia de Andrade Cunha, Nadir Aparecida Gomes Camacho, Tassiane Bragagnolo e Viviani Vicentin Bergamaschi que não mediram esforços para me ajudar no processo de religamento da matrícula e ajustes finais para a solicitação da defesa;

- a Profª Drª Thaís Gimenez da Silva Augusto, professora na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" UNESP – Jaboticabal, que me orientou na elaboração do primeiro projeto que apresentei para o processo de seleção do mestrado;

- à Profª Drª Daniela Franco Carvalho, professora no Instituto de Biologia e no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, que dedicou horas de seu trabalho ao analisar os dados por mim coletados inicialmente e que participou da minha qualificação;

- à Profª Drª Luciana Conrado Martins da empresa Percebe – pesquisa e consultoria em educação - que se dispôs a me ajudar, mesmo sem me conhecer, e a me orientar na busca de um caminho novo durante determinada etapa dessa pesquisa;

- à Profª Drª Martha Marandino, que além de fazer parte do meu referencial teórico, que acolheu-me em suas aulas na Pós-Graduação da Universidade de São Paulo durante a reta final dessa pesquisa, colaborando para minhas reflexões sobre a teoria de Basil Bernstein

- à Profª Drª Maria de Fatima Silveira Polesi Lukjanenko, que me abriu as portas, primeiramente da Estação Ciências e Planetário e posteriormente da

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realidade e, principalmente, apostando nesses sonhos junto comigo;

- ao Sr.João Gualberto Fattori, prefeito de Itatiba, nas gestões de 2009 a 2016, que confiou no meu trabalho, permitindo que eu vivenciasse uma das mais gratificantes realizações da minha vida, que foi a de organizar as três edições das Feiras Científicas e Culturais de Itatiba, as quais são citadas e descritas nesse trabalho;

- à equipe da Estação Ciências, que se tornaram meus amigos e com quem tive o prazer de compartilhar momentos inesquecíveis durante o período que trabalhei com eles, em especial a Daniela Monte Rabechi, Caio Leardini Grillo, Ivanira Camargo Giovanelli, Dona Nice e Luiz Fernando.

- aos planetaristas Carlos Eduardo Mariano e Angelo Roberto Nascimento, pelo aprendizado em Astronomia, pela parceria em todos os projetos idealizados e realizados pela Estação Ciências em parceria com o Planetário Prof Benedito Rela;

- aos colegas da Secretaria da Educação de Itatiba, que presenciaram os meus momentos de dúvidas, preocupações de ansiedade durante a produção do texto, em especial os com quem convivi durante o desenvolvimento dessa pesquisa e ajudaram de alguma maneira: as supervisoras da Educação Infantil, pela parceria no projeto Educação Infantil na Estação Ciências e as supervisoras do Ensino Fundamental, por acreditarem no meu trabalho e me incentivarem; aos professores formadores do Ensino Fundamental II, pelas contribuições com reflexões sobre as formações de professores; as monitoras de informática e estagiários, pela ajuda com os gráficos e formatações. A todos minha gratidão por tê-los ao meu lado.

- aos professores e demais profissionais que participaram dessa pesquisa e prontamente ajudaram com suas contribuições;

- aos professores de Ciências da Rede Municipal com os quais tive o prazer de conviver e compartilhar momentos como formadora de Ciências durante nove anos e me inspiraram a desenvolver projetos específicos de Ensino de Ciências na Estação Ciências e, em especial, a Profª Tania Cristina Rojas, que deu a ideia para o Projeto “Física na Estação”;

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acadêmica e me inspiraram a seguir no caminho da Educação, em especial a minha primeira professora de Ciências, citada nessa pesquisa: Profª Maria Paula de Oliveira Pinto;

- à minha Master Coach Marcia Costa, por me fazer enxergar que vale a pena lutar pelos sonhos, incentivando-me a não desistir dessa pesquisa e a retomá-la, mesmo diante das dificuldades encontradas.

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Esta pesquisa trata da relação estabelecida entre museu de ciências e público docente, especificamente a Estação Ciências Profª Neide Teresinha Canal Pereira (EC), do município de Itatiba, São Paulo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e se aproxima de um estudo de caso, por especificar a relação dos discursos estabelecidos entre os dois principais sujeitos da pesquisa: a EC e seu público docente visitante. Com a finalidade de caracterizar os dois sujeitos da pesquisa, optou-se por: traçar o histórico da instituição, sua proposta pedagógica (concretizada por suas ações e atividades oferecidas ao público docente) e o discurso estabelecido por ela; identificar o público docente visitante da EC, seus objetivos ao visitarem-na, as contribuições da visita e o discurso estabelecido por eles. Respaldada pela teoria dos discursos pedagógicos e campos recontextualizadores do discurso, foi possível identificar que: o discurso dos professores centra-se na necessidade de visitar a EC com seus alunos para fins de complementação de conteúdos conceituais desenvolvidos em sala de aula, vivenciar práticas que possibilitam a aquisição ou a ampliação de conhecimentos científicos. O discurso da Estação Ciências baseia-se prioritariamente nos aspectos educacionais voltados para a escola, por meio da parceria com docentes e divulgação do espaço como um recurso didático a ser utilizado por eles. Quando os discursos da EC e dos docentes se fundem, surge um novo discurso reelaborado por ambas as partes. Assim, o público docente se apropria do discurso da EC reelaborando-o e, ao mesmo tempo, difunde seu discurso para a EC que, por sua vez, apropria-se do discurso docente reconstruindo-o em novo discurso, surgindo então a possibilidade de parceria em que os sujeitos são respeitados em suas expectativas e interesses.

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Station “Estação Ciências Prof. Neide Teresinha Canal Pereira” hereinafter referred to as EC, in the city of Itatiba, São Paulo, Brazil. This is a qualitative research and approaches a case study, by specifying the relation of the established discourses between the two main subjects of the research: the EC and its educator visitors. In order to characterize the two subjects of the research some aspects were traced: the history of the institution, its pedagogical proposal (accomplished by its actions and activities offered to the visiting educators) and the discourse established by it; identifying the visiting educators of the EC, their objectives when visiting it, the contributions of the visit, and the speech established by them. Supported by the theory of pedagogical discourses and recontextualizing fields of discourse, it was possible to identify that: the teachers' speech focuses on the need to visit the EC with their students with the purpose of complementing conceptual content developed in the classroom, experiencing practices that make it possible to acquire or expand scientific knowledge. The EC speech is based primarily on the educational aspects of the school, through the partnership with the teachers and dissemination of the place as a didactic resource to be used by them. When the discourses of the EC and the teachers are merged, a new discourse comes out reworked by both parties. Thus, both, the visiting educators and the EC, have each other’s discourse re-elaborated based on one another, resulting in a partnership in which the subjects are respected in their expectations and interests.

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Gráfico 1 - Visitas espontâneas e escolares agendadas em 2011. ... 80

Gráfico 2 - Visitas espontâneas e escolares agendadas em 2012. ... 81

Gráfico 3 - Visitas espontâneas e escolares agendadas em 2013. ... 81

Gráfico 4 - Natureza da instituição de ensino – porcentagem ... 168

Gráfico 5 - Nível de escolaridade dos alunos visitantes ... 169

Gráfico 6 - Disciplina lecionada para a turma visitante ... 169

Gráfico 7 -Nível de formação docente ... 170

Gráfico 8 - Licenciatura cursadas pelos docentes visitantes ... 171

Gráfico 9 - Tipo de Pós-Graduação cursada pelos docentes visitantes ... 172

Gráfico 10 - Conhecimento prévio da instituição ... 172

Gráfico 11 - Aproveitamento ou não da visita com conhecimento prévio da instituição ... 175

Gráfico 12 - Preparo ou não dos alunos para a visita ... 174

Gráfico 13 - Objetivos da visita em números ... 176

Gráfico 14 - Objetivos da visita em porcentagens ... 177

Gráfico 15 - Objetivos da visita em porcentagens – questões abertas ... 179

Gráfico 16 - Objetivos da visita em porcentagens - entrevistas. ... 180

Gráfico 17 - Contribuições da visita em números ... 189

Gráfico 18 - Contribuições da visita em porcentagem ... 190

Imagem 1- Atividade de campo com alunos do Ensino Fundamental I da Escola Municipal de Ensino Fundamental “Profª Vera Lúcia Carride de Palma” – Fazenda Alagado - Município de Itatiba/SP, 2006 ... 25

Imagem 2 - Primeira experiência como formadora de professores. Secretaria da Educação no município de Feijó – Feijó/ Acre – 2007 ... 28

Imagem 3 - Aula prática com alunos do Ensino Fundamental II – Escola Municipal de Ensino Fundamental “Profª Vera Lúcia Carride de Palma” – Município de Itatiba/SP, 2006 ... 33

Imagem 4 - Prof. Dr. Ivan Amorosino do Amaral e o grupo de professores da Rede Municipal de Itatiba em formação continuada ... 34

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Profª Neide Teresinha Canal Pereira ... 89

Imagem 6 - Estação Ciências – Profª Neide Teresinha Canal Pereira – Itatiba/SP . 89 Imagem 7 - Fachada e interior do Planetário Municipal de Itatiba ... 90 Imagem 8 - Planta baixa da Estação Ciências... 92 Imagem 9 - Salas da Estação Ciências diferenciadas por cores ...94 Imagem 10 - Monitoria interativa na Estação Ciências Prof. Neide Teresinha Canal

Pereira – Itatiba/ SP – 2009 ... 136

Imagem 11 - Monitorias interativas da Estação Ciências (Prefeitura de Itatiba)

momento de participação do público escolar ... 138

Imagem 12 - Formação de professores da Educação Infantil na Estação Ciências

2013 ... 145

Imagem 13 - 1ª Feira Científica e Cultural de Itatiba – Stands e abertura oficial. Parque

Luiz Latorre / Itatiba/SP – 2009 ... 155

Imagem 14 - Apresentação teatral durante a 2ª Feira Científica e Cultural de Itatiba

promovida pela Estação Ciências – 2010 ... 157

Imagem 15 - Foto dos cartazes das três edições da Feira Científica e Cultural de

Itatiba: 2009, 2010 e 2011... 158

Quadro 1 - Objetivos relacionados à Estação Ciências e ao público docente ... 64 Quadro 2 - Estação Ciências - Descrição dos interlocutores e objetivo da

entrevista ... 74

Quadro 3 - Professores visitantes - Descrição dos interlocutores e objetivo da

entrevista ... 76

Quadro 4 - Categorias descritivas do questionário aplicado aos professores ... 85 Quadro 5 - Relação entre o tema transversal - Gestão Museal - do PNSM, as Leis

municipais 4.444/2012, 4848/2015 e as metas da Estação Ciências de Itatiba (2009 a 2013)... 115

Quadro 6 - Relação entre o tema transversal - Preservação, aquisição e

democratização dos acervos - do PNSM, as Leis municipais 4.444/2012, 4848/2015 e as metas da Estação Ciências de Itatiba (2009 a 2013) ... 115

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as Leis municipais 4.444/2012, 4848/2015 e as metas da Estação Ciências de Itatiba (2009 a 2013)... 116

Quadro 8 - Relação entre o tema transversal - Educação e ação social - do PNSM, as

Leis municipais 4.444/2012, 4848/2015 e as metas da Estação Ciências de Itatiba (2009 a 2013)... 116

Quadro 9 - Relação entre o tema transversal - Modernização e segurança - do PNSM,

as Leis municipais 4.444/2012, 4848/2015 e as metas da Estação Ciências de Itatiba (2009 a 2013)... 117

Quadro 10 - Relação entre o tema transversal - Economia de museus - do PNSM, as

Leis municipais 4.444/2012, 4848/2015 e as metas da Estação Ciências de Itatiba (2009 a 2013)... 117

Quadro 11 - Relação entre o tema transversal - Acessibilidade e sustentabilidade

museal - do PNSM, as Leis municipais 4.444/2012, 4848/2015 e as metas da Estação Ciências de Itatiba (2009 a 2013)... 117

Quadro 12 - Relação entre o tema transversal – Comunicação e exposição - do

PNSM, as Leis municipais 4.444/2012, 4848/2015 e as metas da Estação Ciências de Itatiba (2009 a 2013) ... 118

Quadro 13 - Relação entre o tema transversal – Pesquisa e inovação - do PNSM, as

Leis municipais 4.444/2012, 4848/2015 e as metas da Estação Ciências de Itatiba (2009 a 2013)... 118

Quadro 14 - Relação estrutura organizacional da Estação Ciências X estrutura

organizacional proposta por Cury (2013) ... 128

Quadro 15 – Campos recontextualizadores ... 203 Quadro 16 – Expectativas da escola e contribuições dos museus e centros de ciências

(15)

Tabela 1 - Quantidade de questionários selecionados conforme meses e anos de

aplicação ... 82

Tabela 2 - Origem das escolas visitantes da Estação Ciências ... 143

Tabela 3 - Número de monitorias realizadas ... 144

Tabela 4 - Número de visitas monitoradas e espontâneas na Estação Ciências em oito anos ... 144

Tabela 5 - Relatório de visitas anuais da Estação Ciências ... 145

Tabela 6 - Dados dos questionários com questões abertas (2013)... 178

Tabela 7 - Dados das entrevistas ... 179

Tabela 8 - Comparativos dos dados coletados pelos três instrumentos: questionário fechado, aberto e entrevista ... 181

Tabela 9 - Categorização das respostas sobre a contribuição das visitas, segundo os questionários: Aberto ... 191

Tabela 10 - Categorização das respostas das entrevistas...192

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▪ ABCMC - Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciências ▪ CDCC - Centro de Divulgação Científica e Cultural

▪ CECIBA - Centro de Ciências da Bahia

▪ CECIGUA - Centro de Ciências da Guanabara ▪ CECIMIG - Centro de Ciências de Minas Gerais ▪ CECINE - Centro de Ciências Do Nordeste

▪ CECIRS - Centro de Ciências do Rio Grande do Sul ▪ CECISP - Centro de Ciências de São Paulo

▪ CTS - Ciência, Sociedade e Tecnologia

▪ DES/MEC-Diretoria de Ensino Secundário do Ministério de Educação e Cultura ▪ EC – Estação Ciências Prof. Neide Teresinha Canal Pereira” de Itatiba

▪ EJA - Ensino de Jovens e Adultos

▪ ENPEC – Encontro Nacional de Pesquisa e Ensino de Ciências ▪ EPCOT – Experimental Prototype of the Community of Tomorrow ▪ FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação

▪ FE-UNICAMP – Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas

▪ FORMAR – Ciências - Grupo de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação da Unicamp

▪ FUNBEC - Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências ▪ HTPCs - Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo

▪ IBECC - Instituto Brasileiro de Educação, Cultura e Ciências ▪ INT – Interlocutor (sujeito entrevistado na pesquisa)

▪ MAST- Museus de Astronomia e Ciências Afins

▪ MCT/PUCRS - Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS ▪ NURC - Norma Linguística Urbana Culta

▪ PROESF - Programa Especial para Formação de Professores em Exercício da Região Metropolitana de Campinas

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Cultura

▪ UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas ▪ USP - Universidade de São Paulo

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APRESENTAÇÃO 20

CAPÍTULO 1 – VIVÊNCIAS PROFISSIONAIS E MUSEUS DE CIÊNCIAS 23

1.1 Breve resgate da trajetória pessoal 23

1.2 Dos primeiros museus aos museus e centros de ciências 39

1.2.1 Museus e centros de ciências no Brasil 44

1.3 Os setores educativos dos museus 51

1.3.1 Tendências educacionais nos museus e centros de ciências 54 1.4 A Estação Ciências no contexto da temática da pesquisa: problemas e objetivos 62

CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA DA PESQUISA 65 2.1 As pesquisas qualitativas e sua utilização no contexto de museus de ciências 66

2.2 Metodologia 69

2.3 Instrumentos de coleta de dados 71

2.3.1 Análise documental 71

2.3.2 Entrevistas no contexto da pesquisa 72

2.3.2.1 Sobre as entrevistas para a composição do histórico da EC 73

2.3.2.2 Sobre as entrevistas com professores visitantes 74

2.3.2.3 Sobre a entrevista com monitor da EC 77

2.3.2.4 Questionários e sua elaboração 77

2.4 Contexto da aplicação dos questionários 79

2.4.1 Aplicação dos questionários: 82

2.4.1.1Algumas considerações sobre o momento do preenchimento: 83 2.5 As categorias descritivas e a tabulação dos dados dos questionários 84

2.6 A análise dos dados da entrevista 86

CAPÍTULO 3 – ESTAÇÃO CIÊNCIAS: HISTÓRICO, ESTRUTURA E AÇÕES EDUCACIONAIS 88

3.1 Apresentando a Estação Ciências de Itatiba 88

3.1.2 A Estrutura física e o acervo 91

3.2 Origem da Estação Ciências: O histórico como o primeiro produto da pesquisa 95

3.2.1 Os recursos para a realização do projeto 99

3.2.2 A origem do nome da Estação Ciências 101

3.2.3 A inauguração e início das atividades da Estação Ciências 102 3.2.4 Os primeiros profissionais e ações da Estação Ciências e o atendimento ao público escolar 106

3.3 Sobre a gestão da instituição a partir de 2009 110

3.3.1 A nova organização: recursos orçamentários e humanos 111 3.3.1.1 Leis que regulamentam a gestão da Estação Ciências 112

3.4 Novos rumos a serem trilhados 122

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4.2 Atividades educacionais da Estação Ciências 129

4.2.1 Monitorias interativas na Estação Ciências 131

4.2.2 Alguns números sobre as monitorias interativas da Estação Ciências 142

4.2.3 Formação de professores 146

4.2.4 Eventos de popularização da Ciência: Feiras Científicas e Culturais 152

4.2.4.1 Feira Científica e Cultural de Itatiba 154

4.3 Concretização da proposta pedagógica da Estação Ciências 159

CAPÍTULO 5 – PÚBLICO ESCOLAR VISITANTE: CARACTERÍSTICAS, OBJETIVOS E

CONTRIBUIÇÕES DA VISITA 166

5.1 Características do público escolar visitante: estudantes e professores 167

5.2 Objetivos da visita 175

5.3 Principais contribuições da visita 188

CAPÍTULO 6 – DISCURSOS DA ESTAÇÃO CIÊNCIAS E DOS DOCENTES 200 6.1 Os discursos: definições no contexto da pesquisa e nos museus de ciências 200

6.2 A constituição do discurso da Estação Ciências 205

6.3 A constituição do discurso docente 208

6.4 Quando os discursos se encontram surge a possibilidade de parceria 216

6.5 A parceria no contexto da EC 220

CAPÍTULO 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 224

7.1 Sobre a importância deste estudo 224

7.2 Avanços, limites e possibilidades 228

7.2.1 Dos avanços alcançados 228

7.2.2 Dos limites e possibilidades 233

REFERÊNCIAS 237

APÊNDICES E ANEXOS 250

APÊNDICE 1: Termo de aceite na participação na pesquisa 250 APÊNDICE 2: Roteiro Semiestruturado de Entrevista com os professores visitantes da Estação

Ciências no ano de 2011 251

APÊNDICE 3: Roteiro Semiestruturado de Entrevista com ex-presidente do Fundo Social de

Solidariedade de Itatiba – ano de 2000 252

APÊNDICE 4: Roteiro Semiestruturado de Entrevista com ex-funcionários - Coordenadora 253 APÊNDICE 5: Roteiro Semiestruturado de Entrevista com ex-funcionários – Monitora 254

APÊNDICE 6: Questionário frente 255

APÊNDICE 7: Questionário-verso 256

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APRESENTAÇÃO

A presente pesquisa teve como foco identificar os discursos estabelecidos entre a Estação Ciências Profª Neide Teresinha Canal Pereira (EC) de Itatiba, cidade situada no estado de São Paulo, e o seu público docente visitante, especificamente entre os anos de 2011 a 2013.

A Estação Ciências possui um discurso proveniente de sua concepção de educação e de instituição que possibilita a organização de ações articuladas oferecidas ao público, inclusive ao público docente. Esse público, por sua vez, possui suas próprias concepções de educação e de instituição e, ao visitar a Estação Ciências, estabelece um diálogo com a instituição que é evidenciado em seu discurso.

Essa pesquisa evidenciou qual é o discurso estabelecido pela Estação Ciências através da concretização das atividades oferecidas por ela ao público docente. Em contrapartida identificou quais os objetivos e expectativas dos docentes ao levarem seus alunos à Estação Ciências e por consequência o discurso presente em tais constatações. Além disso, possibilitou mapear de que maneira esses discursos dialogam com os resultados obtidos no contexto do museu de ciências e da educação.

No primeiro capítulo da pesquisa é traçado um breve resgate da minha trajetória pessoal, profissional e acadêmica, para contextualizar o leitor sobre meu envolvimento com a temática da pesquisa. Em seguida é apresentado um breve histórico das origens dos museus e dos centros de ciências no mundo, desde o século III a.C. até os museus do século XXI, caracterizando-os sob suas funções e contextos históricos, com a finalidade de inserir o leitor no contexto dos museus de ciências no mundo e no Brasil, a fim de sanar minha necessidade de pesquisadora em situar a Estação Ciências de Itatiba num cenário de museu de ciências. Também é apresentada no primeiro capítulo uma breve conceituação de setores educativos em museus, suas funções e, por fim, algumas tendências pedagógicas da educação presentes em centros e museus de ciências, bem como possíveis relações estabelecidas entre escola e museu de ciências presentes na literatura.

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No final do primeiro capítulo, o problema da pesquisa é evidenciado e apresentado mediante os questionamentos provenientes da própria temática. Os objetivos gerais e específicos das partes envolvidas nessa pesquisa são apresentados separadamente, sob a óptica da Estação Ciências e do público docente, com a intenção de delimitar os aspectos correspondentes a essas duas dimensões: Estação Ciências e público docente.

O segundo capítulo se inicia com a conceituação de pesquisas qualitativas, suas principais características e diferenciando-as das pesquisas quantitativas. Enfatiza-se nesse capítulo que a pesquisa qualitativa é uma metodologia de investigação compatível com as necessidades do presente estudo, definindo-o com características de estudo de caso. Tais características são apresentadas e associadas ao cenário de estudos e pesquisas realizadas em museus de ciências.

Ainda no segundo capítulo são descritos os instrumentos de coleta de dados utilizados na pesquisa, como: questionários, entrevistas, observações, registros oficiais e pessoais, explicando os contextos de elaboração, aplicação e análise dos dados.

Previamente, como um resultado da pesquisa, o terceiro capítulo apresenta a instituição pesquisada a partir de sua localização, estrutura física e principais características. Traça o histórico da Estação Ciências “Profª Neide Terezinha Canal Pereira”, descreve todo o processo de idealização, inauguração e funcionamento da instituição até os dias atuais, com base em entrevistas, documentos oficiais e registros da Estação Ciências nunca antes organizados em um texto descritivo. Além disso, aponta os avanços e limites da instituição durante determinado período e indica possibilidades de melhorias.

O quarto capítulo revela a proposta pedagógica da Estação Ciências por meio de suas atividades desenvolvidas. A finalização de tal proposta também pode ser considerada como um produto desta pesquisa, pois, até então, não existia na instituição um documento denominado “Proposta Pedagógica” que instituísse tal proposta.

(22)

As monitorias interativas, a formação continuada de professores e os eventos de divulgação científica são elementos descritos durante o capítulo quatro, com a finalidade de deixar claro ao leitor como eles se realizam e viabilizam a concretização da proposta pedagógica da Estação Ciências. Nesse capítulo fica evidente que a proposta da instituição é baseada em características do modelo de ensino de Ciências construtivista, com nuances do modelo Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). Tais características ficam implícitas no discurso da instituição por meio das ações estabelecidas.

O quinto capítulo caracteriza o público escolar, em especial o docente visitante durante o período delimitado na pesquisa. Nesse capítulo, evidenciam-se os objetivos dos professores ao levarem seus alunos à Estação Ciências, relacionando as respostas obtidas nos três tipos de instrumentos utilizados: questionários fechados, questionários abertos e entrevistas, com a finalidade de investigar quais os principais objetivos desse público. As contribuições da visita também são apresentadas nesse capítulo, a partir da análise dos mesmos instrumentos utilizados para investigar os objetivos da visita.

O sexto capítulo apresenta a conceituação de discurso adotado nesta pesquisa. São apresentadas considerações sobre discurso pedagógico e campos recontextualizadores do discurso, oficial e pedagógico, relacionando-os aos impasses estabelecidos por eles, tanto referentes à Estação Ciências quanto ao público docente.

O sétimo capítulo apresenta as considerações finais da pesquisa enfatizando sua relevância para o campo de ensino de ciências em museus de ciências e sinaliza possíveis temas para a continuidade do estudo do tema na Estação Ciências de Itatiba.

(23)

CAPÍTULO 1 – VIVÊNCIAS PROFISSIONAIS E MUSEUS DE

CIÊNCIAS

Neste capítulo introdutório é apresentado um breve Memorial, com aspectos essenciais da minha trajetória pessoal, acadêmica e profissional que contribuíram para determinar a realização da presente pesquisa. Nele, descrevo experiências importantes que me constituíram docente e também pesquisadora.

Para contextualizar a problemática da pesquisa, descrita no final do capítulo, após o memorial é feita uma sucinta retomada das origens dos museus e centros de ciências no mundo e no Brasil e, por fim, é adotada a terminologia de Museu de Ciências para a Estação Ciências de Itatiba. Algumas pesquisas são citadas no campo da educação em museus, caracterizando-os sob os ângulos de suas funções e de seus contextos históricos. É feita também uma breve conceituação de setores educativos em museus e suas funções. Por fim, são apresentadas as tendências pedagógicas da educação e modelos de ensino de ciências presentes em centros e museus de ciências, bem como possíveis relações estabelecidas entre escola e museu de ciências presentes na literatura.

Ao final do capítulo são apresentados o problema e os objetivos dessa pesquisa. Para facilitar tanto a sua compreensão quanto a organização dos dados, os objetivos foram delimitados em objetivos específicos relacionados à Estação Ciências, objetivos específicos relacionados aos docentes e objetivos gerais relacionados a ambos.

1.1 Breve resgate da trajetória pessoal

As experiências obtidas durante a vida de qualquer ser humano contribuem para a construção das concepções que ele possui sobre o mundo e tudo aquilo que o cerca. Por isso, é impossível falar sobre educação sem levar em consideração as experiências vividas, seja como aluno ou como professor, que nos levam a tomar algumas decisões quando buscamos enfrentar os questionamentos de uma pesquisa por nós proposta.

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Dessa maneira, não posso desvincular-me das experiências vividas em sala de aula, como aluna e como professora, nem dos processos de formação inicial e continuada que vivi e vivo até hoje.

Muitas lembranças surgem das aulas de Ciências da 7ª série, em que eu me destacava por gostar da disciplina e da maneira como a professora ensinava; do curso de Magistério, em que eu esperava aprofundar meus conhecimentos científicos, mas que não foi possível devido à forma de atuação pedagógica dos professores das áreas de Biologia, Física e Química, infelizmente. Lembranças do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas na Unicamp, em que as aulas de laboratório com experimentos variados eram constantes, prazerosas e motivadoras, embora não fossem passíveis de serem reproduzidas com alunos de Ensino Fundamental; aliás, não nos remetiam ao propósito de “como” ensinar Ciências aos nossos futuros alunos. Enfim, fatos importantes que compõem minhas lembranças e experiências do passado, e que me permitem refletir sobre questões ainda tão presentes quanto à deficitária formação inicial e continuada dos professores.

O curso de Magistério no Ensino Médio deu-me a oportunidade de lecionar nos anos iniciais, e na condição de professora polivalente, por isso, iniciei minha carreira no magistério em 1997 como professora substituta no Ensino Fundamental I e em 1998, a partir de concurso público, efetivei-me nesse mesmo segmento. Nessa época eu ainda não havia concluído a graduação em Biologia, porém como professora dos anos iniciais ousava nas aulas de Ciências, com atividades diferentes das convencionais propostas pelos livros didáticos da década de 1990, como por exemplo, atividades de campo, visitas a museus de ciências, experimentos, teatros, rodas de leitura, projetos sobre animais, horta, produção de jornais, livros, enfim, inúmeras atividades relacionadas à disciplina de Ciências, que, para uma jovem iniciante, representaram um grande desafio, e, sem dúvida, uma enorme experiência.

A imagem 1 representa uma das iniciativas citadas anteriormente, a que me propus a realizar no exercício do magistério para os anos iniciais

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Imagem 1-Atividade de campo com alunos do Ensino Fundamental I da Escola Municipal de Ensino Fundamental “Profª Vera Lúcia Carride de Palma” – Fazenda Alagado - Município de

Itatiba/SP, 2006

FONTE: BORTOLETTO-RELA, 2006.

Ao concluir a graduação comecei a dar aulas de Ciências para os alunos do Ensino Fundamental II (6º a 9º anos) e um pouco da professora dos anos iniciais prosseguiu comigo, pois passei a desenvolver atividades semelhantes àquelas mencionadas anteriormente, isto é, diferentes das aulas expositivas convencionais, utilizando principalmente aulas práticas diversificadas, com especial destaque para as atividades de campo e/ou experimentações.

Pode parecer uma contradição eu ter escolhido cursar Biologia sem ao menos ter tido como aluna uma única aula de laboratório ou experimento no Ensino Fundamental, mas acho que, nesse caso, minha professora de Ciências da 7ª série1,

professora Maria Paula de Oliveira Pinto, foi importante no despertar desse interesse. Eu sabia que suas aulas eram diferentes de todas as que já havia tido e sua maneira de explicar se distinguia da dos outros professores. Talvez, as condições oferecidas a ela não fossem favoráveis para o desenvolvimento de aulas práticas ou experimentais, mas muitos anos mais tarde, já como sua colega de profissão, descobri a influência de alguns projetos de ensino de Ciências do Instituto Brasileiro de

1

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Educação, Cultura e Ciências (IBECC) sobre sua prática. Talvez tenha sido esse o diferencial em sua conduta pedagógica.

Entretanto, para mim era crucial permitir aos meus alunos o contato com os fenômenos por meio dos experimentos e, embora também não tivesse qualquer condição favorável para isso, pois em nenhuma escola em que lecionei havia um laboratório de Ciências, ou até mesmo materiais específicos de laboratório, não deixei de lhes proporcionar esse tipo de aulas práticas, utilizando materiais e espaços adaptados.

No decorrer da minha trajetória, senti necessidade de saber mais sobre as teorias pedagógicas e buscar embasamentos teóricos para minha prática que pudessem me auxiliar na compreensão e busca de soluções para os inúmeros obstáculos encontrados pela docência no processo de ensino e aprendizagem. Foi por isso, que resolvi realizar um segundo curso de graduação, escolhendo a Pedagogia.

Com essa perspectiva, ingressei no Programa Especial para Formação de Professores em Exercício da Região Metropolitana de Campinas (PROESF), oferecido pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em 2004.

Durante o curso, uma disciplina em especial foi muito significativa para mim: “Teoria Pedagógica e Produção em Ciências e Meio Ambiente” coordenada pelo Prof. Dr. Ivan Amorosino do Amaral. Tal disciplina foi importante para minha prática pedagógica e para que questionamentos sobre “por quê, para quê e como ensinar ciências” emergissem mais consistentemente em meu cotidiano e permitissem uma reflexão mais aprofundada sobre minha prática.

Embora eu tivesse obtido excelentes resultados com meus alunos a partir da implementação de aulas práticas, os estudos e reflexões sobre os modelos de ensino em Ciências, tais como o tradicional, redescoberta, construtivista, ciência – tecnologia - sociedade, proporcionados durante a disciplina do PROESF, permitiram-me concluir que o experipermitiram-mento por si só não era suficiente para garantir aprendizagem em Ciências, pois algumas atividades, por mim oferecidas aos alunos, caracterizavam-se ora como tradicionais, ora como de redescoberta e ora como

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construtivistas. Portanto, eram necessárias adequações para que o experimento se tornasse um eficaz instrumento de ensino e aprendizagem. Concluí que alguns procedimentos, tais como considerar o conhecimento prévio dos alunos, propor problemas, observar o meio, levantar hipóteses, comparar, confrontar ideias, testá-las, trabalhar com os resultados não previstos para a experiência questionando suas explicações, tornavam-se extremamente necessários para que o experimento se tornasse mais significativo para o aluno e, ao mesmo tempo, o mito da ciência verdadeira e inquestionável, fossem enfraquecidos.

Alguns conflitos pessoais sobre a maneira adequada de realizar os experimentos, considerando a tipologia e os objetivos de cada um, bem como as concepções de ciência incutidas em cada um deles, fizeram-me refletir e, em determinados momentos, questionar-me sobre a validade deles. Entretanto, a possibilidade de proporcionar aos alunos o contato com os fenômenos e a oportunidade de vivenciarem na prática noções e conceitos que só viam teoricamente nos livros didáticos me fizeram prosseguir com esse tipo de aula.

Para a finalização do curso do PROESF, escrevi meu memorial de formação “Memórias e reflexões sobre o ensino de ciências”, o qual foi mais uma oportunidade de refletir sobre minhas vivências com experimentos nas aulas de Ciências.

No mesmo semestre em que conclui o curso de Pedagogia, participei de um projeto que, sem que eu percebesse, mudaria os rumos da minha trajetória profissional e ao mesmo tempo proporcionaria um imenso salto qualitativo na minha formação. Tratava-se do Projeto “Rondon: Expedição Centenária”, em que participei no Estado do Acre, na cidade de Feijó, durante vinte e um dias. Ele me proporcionou, além de uma riquíssima experiência de vida, minha primeira experiência com formação de professores em diferentes segmentos: Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio, sempre enfatizando temas voltados para o Ensino de Ciências. A Imagem 2 retrata uma das primeiras reuniões de formação de professores ministrada por mim em 2007, durante o Projeto Rondon.

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Imagem 2 - Primeira experiência como formadora de professores. Secretaria da Educação no município de Feijó – Feijó/ Acre – 2007

FONTE: BORTOLETTO-RELA, 2007.

Inusitadamente, no grupo de oito alunos de diferentes áreas da Unicamp, somente eu era representante da Faculdade de Educação e coube a mim a tarefa de organizar as palestras, oficinas e cursos de formação voltados aos professores dos diversos segmentos, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Foi um grande desafio, pois nunca havia trabalhado com formação de professores e também uma grande surpresa ao perceber que realmente gostava desse tipo de atividade.

A partir do término do projeto e do meu retorno para Itatiba, fui convidada para atuar como coordenadora pedagógica em uma escola municipal. Isso me permitiu uma visão diferente daquela que eu tinha na sala de aula até então, além de ter que assumir a tarefa de planejar as formações de professores durante as Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) e atuar diretamente junto a eles nas atividades de sala de aula.

Durante esse tempo em que exerci a função de coordenadora não me distanciei das aulas de Ciências, no entanto, elas se restringiram ao Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Continuei com minhas convicções sobre as aulas práticas e experimentais, mesmo para esse segmento, pois elas davam bons resultados.

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Fruto do meu trabalho na coordenação pedagógica e da minha atuação como professora de Ciências, em 2008 fui convidada a ser Assistente Técnico Pedagógica da disciplina de Ciências e assumi a responsabilidade de planejar e executar as formações continuadas de professores de Ciências do Município de Itatiba. O principal objetivo delas era o de colaborar para a elaboração e implantação de um currículo único de Ciências para a Rede Municipal.

Tal currículo já era discutido desde 2006, por meio de reuniões entre professores da rede e a assessoria de professores doutores da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), porém, deveria ser concluído em 2008, quando o convênio entre a Universidade e o Município findaria.

Nesse contexto, as inquietações sobre as aulas práticas e experimentais não haviam sumido e, diante das experiências expostas por professores de Ciências com que passei a trabalhar, comecei a me questionar sobre suas concepções de Ciência e os motivos pelos quais muitos não realizavam experimentos em suas aulas. Desenvolvi diversas iniciativas, tais como minicurso teórico-prático de experimentos, visitas a museus e exposições de Ciências, atividades de campo, enfim, inúmeras atividades a fim de contribuir para a melhoria das aulas de Ciências no município.

Tais inquietações persistiram e me impulsionaram a escrever um projeto de Mestrado e inscrever-me no processo de seleção de 2009 do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Unicamp (FE-UNICAMP). Foi mais um grande desafio para mim, talvez o mesmo de muitos professores que, embora estudem e busquem a formação continuada, não têm uma vivência acadêmica e nem o hábito de escrever fora do âmbito escolar.

Superada a dificuldade de escrever o projeto para a inscrição na seleção do Programa e tendo passado pelas fases seguintes de avaliação escrita e entrevista, fui aprovada e, a partir da minha aprovação em 2009, comecei a cursar disciplinas do Programa e a participar das reuniões do grupo de pesquisa FORMAR – Ciências, da própria FE-UNICAMP, ao qual me integrei durante esse processo acadêmico.

O fato de participar de um grupo de pesquisas em que as pessoas discutiam assuntos muito próximos à minha realidade me animou muito em estudar e

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querer saber mais sobre as pesquisas em Ciências e principalmente sobre o histórico do Ensino de Ciências. Isso me possibilitou adquirir uma visão muito mais abrangente sobre os processos históricos e sobre os papéis que os experimentos ocupavam nas aulas de Ciências no decorrer dos anos.

Inicialmente, o projeto com o qual ingressei no Mestrado era “A experimentação e as concepções históricas no ensino de ciências”, que tinha objetivos ambiciosos de resgatar as concepções sobre ciência e os modelos de experimentação no ensino de Ciências que os professores possuíam; caracterizar, dentre os professores que realizam experimentos em suas aulas, a tipologia dos experimentos realizados; identificar em qual modelo de ensino de Ciências tais experimentos se localizam; e, por fim, analisar as tendências da pesquisa acadêmica voltada ao tema experimentação no ensino fundamental de 5ª a 8ª séries (6º ao 9ª ano) durante o período de 1996 até os dias atuais.

No entanto, no mesmo ano em que ingressei no Mestrado, ocorreu outra mudança significativa em minha trajetória profissional. Fui convidada a assumir a coordenação administrativa e pedagógica de um museu de ciências no município de Itatiba, a Estação Ciências “Profª Neide Terezinha Canal Pereira” e, embora continuasse designada como Assistente Técnico Pedagógica de Ciências, as formações continuadas de professores passaram a ser realizadas por assessores doutores de diversas Universidades, fazendo com que eu deixasse de realizá-las temporariamente. No caso da disciplina de Ciências, as formações ficaram sob a responsabilidade do Prof. Dr. Ivan Amorosino do Amaral do grupo FORMAR- Ciências da Unicamp, também meu orientador de mestrado.

Nesse ínterim, minhas atenções se voltaram ao funcionamento e organização do mencionado museu de ciências. Nesse local, ao me deparar com inúmeros aparatos que simulam experimentos, comecei a me interessar por tudo o que dizia respeito à aprendizagem dos alunos: organização do espaço físico, recepção dos visitantes, comunicação entre monitores e visitantes, monitorias interativas, e valorização do conhecimento prévio dos alunos durante as monitorias,

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além das providências administrativas que cabiam a mim para que tudo funcionasse corretamente.

Aos poucos percebi que a procura por esse espaço era intensa por parte das escolas e passei a questionar-me sobre o porquê de tanta procura. Qual seriam os objetivos dos professores e equipes gestoras das correspondentes escolas ao levarem seus alunos a aquele local?

Comecei a pensar que, embora diferente da sala de aula, tal espaço poderia consistir em uma rica oportunidade de aprendizagem de Ciências para os alunos visitantes e também para professores.

As monitorias, a princípio, foram as que mais me chamaram a atenção. Passei a observar a atuação das crianças durante a interação com o monitor e com os aparelhos e verificar as suposições, as considerações, as inferências e conclusões realizadas por elas durante as monitorias. Percebi o quanto é importante a atuação do monitor como mediador do conhecimento e comecei a fazer comparações com minhas aulas de Ciências, nas quais realizava experimentos. Passei também a observar quais perguntas feitas instigavam mais os alunos a pensarem a respeito do fenômeno observado ou problemas apresentados.

No caso da Estação Ciências, os experimentos já estão prontos e pré-definidos, e a função do monitor, a priori, é apresentar os fenômenos correspondentes e as noções a eles associadas. Entretanto, com a vivência das monitorias, comecei a perceber que o monitor poderia ir além da simples demonstração e da repetição de conceitos sobre Física, Matemática, Química, Geociências ou outras disciplinas. Notei que é possível envolver os alunos numa proposta desafiadora em que as respostas não estão prontas e acabadas. Elas podem ser construídas paulatinamente durante a interação com os experimentos através de questionamentos e problematizações que valorizem o conhecimento prévio dos alunos e os oportunizem a refletirem.

Nesse contexto, em 2009, elaborei um estudo que buscou observar as monitorias interativas na Estação Ciências, com o intuito de constatar a importância da valorização do conhecimento prévio dos alunos durante esses momentos e

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verificar quais são as contribuições que as mesmas podem trazer para a aprendizagem dos conceitos científicos.

Tal estudo foi transformado em um artigo científico publicado nos anais do VII Encontro Nacional de Pesquisa e Ensino de Ciências (ENPEC), em 2009. Dentre as várias contribuições observadas no trabalho, junto aos alunos visitantes, foi possível destacar a: “importância da comunicação e exposição de ideias; possibilidade de errar e a partir do erro ampliar seus conhecimentos; elaboração de conhecimentos mediante os conflitos propostos; desestabilização de ideias e conceitos a fim de aprofundá-los; motivação para busca de respostas que desconhece (incentivo à curiosidade); oportunidade de contextualizar seus conhecimentos, muitas vezes do senso comum, com o conhecimento científico; valorização das opiniões.” (BORTOLETTO, 2009, p.10).

O estudo permitiu concluir que monitorias semelhantes às realizadas na Estação Ciências podem se constituir em eficiente recurso pedagógico nas exposições de centros e museus de ciências. Também permitiu a reflexão sobre a contribuição desses estudos para outras pesquisas que objetivem a melhoria na divulgação e aprendizagem dos conhecimentos científicos nesses espaços.

Embora minhas atenções estivessem voltadas para conhecer mais sobre o ensino de Ciências nos centros e museus de ciências, as inquietações sobre experimentação persistiam e passei a pensar que os aparatos presentes na Estação Ciências poderiam ser considerados experimentos, pois o objetivo deles é permitir que os alunos tenham contato com fenômenos e compreendam conceitos por meio da prática.

Em minha prática docente algumas vezes levei meus alunos a visitarem a Estação Ciências, mas não tinha a percepção que hoje tenho a respeito da função desses espaços, dos aparatos lá existentes. Todavia, eu sabia que de alguma forma os alunos seriam beneficiados com a visita para a aprendizagem de Ciências.

Recordo-me que, em 2006, levei uma turma de alunos para visitar a Estação Ciências (ver Imagem 3), no entanto, não me lembro de ter recebido, anteriormente à visita, nenhuma preparação por parte da instituição e nem de eu ter

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desenvolvido alguma atividade específica com meus alunos ao retornar para a escola. A continuidade do trabalho limitou-se a conversas sobre o que os alunos tinham achado da Estação Ciências e de alguns aparelhos que haviam chamado mais a atenção deles.

Imagem 3 - Aluno do Ensino Fundamental II da Escola Municipal de Ensino Fundamental “Profª Vera Lúcia Carride de Palma” interagindo com equipamento durante a visita à Estação

Ciências – Itatiba/SP, 2006

FONTE: BORTOLETTO-RELA, 2006.

Talvez, como muitos dos professores que atualmente buscam agendamentos de visitas nesse espaço, eu não tivesse ideia de como fazer a relação entre o que os alunos vivenciaram ou aprenderam na Estação Ciências e o que era proposto no currículo escolar de Ciências, embora possuísse a convicção de que tal visita seria importante para a aprendizagem dos meus alunos.

Na função de coordenadora da instituição, passei a me questionar, sobre o porquê dos professores levarem seus alunos à Estação Ciências e de que forma o que os alunos vivenciam lá pode contribuir para a aprendizagem de conhecimentos científicos e a aprendizagem de Ciências nos diversos segmentos do Ensino Fundamental.

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À medida que as indagações a respeito da Estação Ciências iam aumentando, as dificuldades encontradas por mim para desenvolver a proposta inicial do meu projeto de Mestrado também cresciam. Tais dificuldades decorriam de várias questões de ordem prática, principalmente devido à impossibilidade de eu realizar as formações com os professores de Ciências durante 2009 e 2010, por terem sido realizadas por assessores externos a Rede Municipal de Ensino.

Assim, em comum acordo com meu orientador, Prof. Dr. Ivan Amorosino do Amaral, resolvemos alterar a proposta inicial do projeto e direcionar os estudos para as questões referentes à Estação Ciências, pois eram nelas que naquele momento eu estava focando minhas reflexões.

Durante o ano de 2010, as formações de professores na Rede Municipal de Ensino foram desenvolvidas por professores de Universidades e tinham como objetivo principal discutir o currículo e continuar com a proposta de elaboração iniciada anteriormente. A disciplina de Ciências contou com a colaboração do Prof. Dr. Ivan Amorosino do Amaral (ver Imagem 4) na discussão sobre as bases teóricas do currículo de Ciências. Tais discussões foram fundamentais para a construção do novo currículo de Ciências.

Imagem 4 - Prof. Dr. Ivan Amorosino do Amaral e o grupo de professores da Rede Municipal de Itatiba em formação continuada

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Entre a ideia de mudança do projeto e a sua reformulação foram aproximadamente dois anos, de 2009 a 2011. Esse período coincidiu com o período em que novamente assumi as formações continuadas de professores de Ciências da Rede Municipal de Ensino e passei a atuar efetivamente na construção do currículo municipal de Ciências, incentivando a conexão dele com as atividades oferecidas pela EC.

Inúmeras inquietações e reflexões surgiram decorrentes da minha atuação como coordenadora da Estação Ciências, dentre elas: a questão da sua estrutura e organização como um museu de ciências; a curiosidade e a importância de saber mais sobre sua idealização e origem; o desejo de conhecer sobre o histórico dos museus e centros de ciências no Brasil e no mundo; a contextualização da Estação Ciências nesse cenário; a necessidade de criar uma proposta pedagógica a fim de definir ações para a instituição; a identificação de expectativas dos professores ao levarem seus alunos; a necessidade de oferecer formação continuada para os professores visitantes e profissionais atuantes na Estação Ciências (monitores, recepcionistas, auxiliares de limpeza, demais parceiros); a ampliação de atividades para além da instituição, tais como as Feiras de Ciências; projetos específicos para os diversos segmentos; idealização e desenvolvimento da Estação Ciências Itinerante; parceria com outras instituições; inter-relação com a formação continuada de professores de ciências da rede municipal de ensino; contribuição na construção do currículo de ciências da rede, incorporando a Estação Ciências a ele; necessidade de produzir conhecimento científico sobre as atividades e propostas e seus resultados; por fim, a criação de um instrumento de avaliação da instituição com a finalidade de desvelar quais as relações entre museu ou centro de ciências e escola.

Tais inquietações não foram simples de serem sanadas, muito menos de serem organizadas num problema central que pudesse nortear a pesquisa sem perder o foco. Por isso, o processo de qualificação do mestrado em 2012 foi de extrema importância para reflexão sobre os rumos a serem tomados dali em diante. Muitas foram as contribuições dos professores da banca de qualificação acerca de novas possibilidades, como assumir essa pesquisa como um estudo de caso, considerando

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que pode servir de referência para outros museus de ciências se basearem em suas ações; descrever a Estação Ciências considerando seu funcionamento, sua estrutura e atividades com a finalidade de contextualizar o leitor e constituir um memorial para a própria instituição; considerar a importância das formações de professores realizadas pela Estação Ciências; priorizar alguns dados coletados em detrimentos a outros, devido à quantidade e possibilidades de análises; realizar entrevista com monitor da Estação Ciências para complementação de dados.

Assim sendo, após a qualificação os dados foram revistos e senti a necessidade de realizar algumas mudanças. A princípio, os dados coletados com os questionários fechados pareciam não ser conclusivos o suficiente para alcançar o objetivo inicial da pesquisa, por isso, decidi elaborar outro questionário aberto com as duas questões principais: qual(ais) o(s) objetivo(s) dos professores ao levarem seus alunos aos museus de ciências e a(s) possível(is) contribuição(ões) da estação Ciências e aplicá-los em período equivalente ao aplicado com os questionários fechados.

À medida em que os dados foram confrontados e analisados, surgiu a problemática sobre qual discurso é estabelecido pela Estação Ciências, qual discurso é estabelecido pelo público docente visitante e como se relacionam tais discursos. Nesse sentido buscou-se na literatura da área de museus aporte teórico para interpretar os discursos explicitados nos conjuntos de dados obtidos.

Portanto, a presente pesquisa se iniciou com o estudo sobre as origens dos museus e centros de ciências no Brasil com a finalidade de situar a Estação Ciências de Itatiba nesse cenário. Buscou-se conhecer quais as tendências pedagógicas educacionais existentes e modelos de ensino de ciências presentes nos museus de ciências, enfatizando como se organizam os setores educativos que cuidam das relações museu e escola dentro dos museus de ciências, quem são os atores desse processo e de que maneira esses setores educativos atuam junto aos professores. Procurou-se refletir, à luz da literatura, sobre as relações que se estabelecem entre o museu de ciências e a escola e principalmente o que sinalizam seus discursos nos

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âmbitos explícitos, por meio dos dados obtidos, e implícitos, a partir do respaldo teórico.

O aporte teórico sobre museus de ciências, apresentado no item 1.2 deste capítulo e no capítulo 6, foi fundamental para estabelecer o constructo dessa pesquisa, desenvolver os procedimentos metodológicos e prover reflexões que culminaram na sua conclusão. Entretanto, para finalizar esse breve memorial, cabe uma breve explanação sobre os desafios encontrados durante os anos em que a mesma se desenvolveu.

Esta pesquisa teve seus passos desacelerados em decorrência de atribuições profissionais assumidas na Secretaria de Educação de Itatiba, o que exigiu de mim extrema dedicação e empenho fazendo com que, a exemplo de muitos colegas de profissão que lutam por continuar estudando e necessitam trabalhar, tivesse que dividir meu tempo de estudo com o trabalho, muitas vezes utilizando-me das madrugadas para pesquisar e escrever. Além disso, projetos de ordem pessoal também se articularam aos projetos profissionais e acadêmicos, como os dois outros projetos importantíssimos da minha vida: o nascimento dos meus dois filhos Ana Luísa e João Pedro, que participaram ativamente desta pesquisa desde o meu ventre até seus primeiros anos de vida.

O ritmo da pesquisa foi afetado consideravelmente quando me afastei fisicamente da Estação Ciências para assumir a Diretoria de Programas e Eventos Educacionais da Secretaria da Educação, em 2014, e passei a coordenar não somente a Estação Ciências e a formação de professores de ciências, como também o programa de formação continuada de professores de 6º a 9º ano (incluindo as demais disciplinas do Ensino Fundamental II), a formação de coordenadores pedagógicos e todos os projetos e eventos educacionais da Rede Municipal de Itatiba. Embora estivesse acumulando funções, não deixei de atuar junto a Estação Ciências, formando monitores, organizando os projetos e acompanhando as ações desenvolvidas nos âmbitos administrativos e pedagógicos.

As pausas nessa pesquisa me desanimaram muitas vezes. Pensei em desistir, achei que eu não fosse tão forte para persistir e aguentar outras inúmeras

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noites acordada, estudando, escrevendo, refletindo e analisando dados. Pensei que meu físico não aguentaria e meu emocional não suportaria a distância das crianças todas as vezes que tinha que me trancar no quarto para estudar e de repente uma folha de papel aparecia por debaixo da porta com um desenho colorido feito por elas na tentativa de se fazerem presente naquele momento. Minhas lágrimas rolavam e ao mesmo tempo me diziam para continuar, pois o caminho era árduo, mas meu objetivo era maior que qualquer sofrimento.

Esta pesquisa me fez amadurecer em diversos aspectos da minha vida acadêmica e pessoal. Enxergar a pesquisa como um processo inacabado, flexível e dinâmico que, conforme o ângulo em que se olha, enxergam-se novos desafios e possibilidades capazes de torná-la cada vez mais rica e instigante e, ao mesmo tempo, crescer com os desafios impostos por ela, da mesma maneira como a vida se configura num eterno desafio estimulante para a aprendizagem.

Concluir essa pesquisa para mim tornou-se muito mais que obter dados, analisá-los, refletir sobre eles à luz da literatura, inferir ou produzir pesquisa qualitativa em educação. Tornou-se um desafio. Um desafio, que uma vez vencido, pode servir de exemplo para tantos outros professores que acreditam na educação e não se limitam apenas a ensinar do mesmo jeito, a saber sempre o mesmo, a fazer sempre o mesmo... e sim, lutam a cada dia para inovar, para vencer os desafios e para continuarem estudando, pois o estudo é nosso maior instrumento de trabalho.

A pesquisa se tornou, antes de tudo, acreditar que independentemente do nível ou tamanho da instituição, recursos disponíveis ou desafios encontrados no seu percurso, é possível realizar um trabalho de qualidade voltado ao benefício da educação e consequentemente da sociedade. Acreditar que é possível romper com as barreiras das deficiências de espaços físicos e estruturais das escolas, da formação dos professores, dos alunos, acreditando que a reflexão sobre os diálogos e relações estabelecidas entre professor e aluno, diretor e professor, instituição museal e público docente podem ser o caminho para a compreensão de que existem relações de interação em que todos saem ganhando de alguma maneira.

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O item a seguir, sucinto levantamento histórico sobre museus e centros de ciências no mundo e no Brasil, pode ser considerado um produto desta pesquisa, pois, a partir dele, foi possível compreender a Estação Ciências de Itatiba como um museu com características de museu de ciências.

1.2 Dos primeiros museus aos museus e centros de ciências

A primeira ideia de museu, enquanto instituição, surgiu no século III a.C. em Alexandria, a partir do Mouseion de Alexandria, com a preocupação de reunir saberes da época em todas as áreas de conhecimento e principalmente com a finalidade de preservação de objetos e documentos de natureza variada. O termo museu vem do latim museum, que se origina do grego mouseion e que significa santuário das musas. Somente séculos mais tarde a palavra museu passou a ser associada a coleções (GASPAR, 1993; MARANDINO, 2001).

No período do Renascimento, com a expansão ocidental, os museus proliferaram e se diversificaram. Nesse período também surgiram os gabinetes de curiosidades, nome inicialmente dado a móveis que serviam para guardar objetos e/ou coleções. Com o tempo esse termo passou a ser usado para designar salas com coleções particulares nas áreas de botânica, zoologia, mineralogia, química, física, matemática, entre outras. Os objetos organizados num gabinete de curiosidades obedeciam apenas a dois eixos: Naturalia, em que eram armazenados exemplares do reino animal, vegetal e mineral; e Mirabilia, que consistia em objetos produzidos pelo homem, além de antiguidades.

Devido às viagens ao Oriente e à América, os gabinetes foram se enriquecendo não somente em coleções que retratavam a flora e a fauna de determinado local, mas também em objetos que representavam a vida de determinada população, costumes, artesanato, dentre outras coisas.

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Suas coleções eram heterogêneas, com exemplares de objetos da natureza e de artefatos históricos, e, com o passar do tempo, no interior de algumas delas, já se fazia certa distinção entre naturalia (exemplares de fauna e flora e componentes da vida das populações de países distantes), artificialia (objetos artesanais) e antiquitas (testemunhos do passado). (MARANDINO, 2009, p. 155).

Lopes (1988), em sua dissertação de mestrado, também faz referência à forma de organização dos objetos num gabinete de curiosidades:

Neste período, em que o colecionismo caracterizava-se pelo raro, pelo maravilhoso, pelo único, pelo valor econômico das peças tanto em arte, como em ciências naturais, os gabinetes refletiam a curiosidade intelectual da época, organizando-se segundo princípios filosóficos complexos e propondo-se a reunir os testemunhos de todo o mundo natural, bem como obras de produção humana, das diferentes partes do mundo. (LOPES, 1988, p. 15).

Possas (2005), por sua vez, define os gabinetes como o “mundo em pequeno espaço”, conforme apresentado a seguir:

Enfim, podemos perceber que esses gabinetes de coleções tentavam reproduzir o mundo em pequeno espaço. Todos os exemplares recolhidos eram dispostos geralmente em um local, uma mesma sala, lado a lado, ora obedecendo a uma classificação posterior, ora não obedecendo a nenhuma teoria preexistente. (POSSAS, 2005, p. 156).

Se a princípio os gabinetes de curiosidades tinham por finalidade o colecionismo, sem a preocupação da classificação, a atenção para a ordenação e a investigação sobre os objetos colecionados passou a ser o foco ao longo do século XVII, conforme apresenta Possas (2005):

Nos gabinetes de curiosidades, os diversos exemplares eram recolhidos e armazenados de forma aleatória, respeitando-se apenas os dois eixos já referidos: Naturalia e Mirabilia. Quanto mais ampla a coleção, em termos quantitativos, maior o status e o poder de seu proprietário. No entanto, ao longo do século XVII, este aspecto vai assumindo outra dimensão. Para conhecer, já não bastava possuir. Pequenos processos de investigação e de ordenação foram surgindo. (POSSAS, 2005, p. 156 e 157).

Dessa forma, entre os séculos XVI e XIX, os gabinetes de curiosidades foram substituídos paulatinamente por museus científicos, dando-lhes a perspectiva

Referências

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