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Capítulo III. Microatividades e microconteúdos para mobile learning 68

3.2. Alguns princípios pedagógicos para a conceção de conteúdos educativos

3.2.1. O que é a microaprendizagem? Contributo para o design de contextos

3.2.2.1. Contributo dos estudos da usabilidade 80

A organização responsável pela criação de padrões abertos para a Web, a World Wide Web Consortium (W3C), desenvolve ações no sentido de orientar o processo de desenvolvimento de conteúdo para dispositivos móveis. Estas iniciativas tentam melhorar a acessibilidade e a usabilidade dos conteúdos elaborados (Rabin et al., 2008).

Na advertência do W3C intitulada Web Content Accessibility Guidelines (WCAG), (Caldwell, 2008) destacam-se quatro princípios da acessibilidade sobre os quais um conteúdo deve ser criado e apresentado: percetível, operável, compreensível e robusto. As advertências divulgadas pelo W3C são direcionadas para o processo de desenvolvimento de conteúdo no contexto da Web. Apesar disso,uma vez consideradas as particularidades das tecnologias envolvidas em mobile learning, uma grande parte dessas recomendações aplica-se de modo similar. Logo, as advertências do W3C são de enorme influência para este estudo.

O termo “usabilidade” é definido na Wikipedia como sendo um termo utilizado para definir a facilidade com que as pessoas podem empregar uma ferramenta ou objeto a fim de realizar uma tarefa

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específica e importante. Refere ainda que, na interação homem-computador e na ciência da computação, a usabilidade normalmente refere-se à simplicidade e facilidade com que uma interface, um programa de computador ou um website podem ser utilizados. Segundo a norma ISO 9241 (Ergonomia de software de escritório) a usabilidade é a medida pela qual um produto pode ser usado por usuários específicos para alcançar objetivos como efetividade, eficiência e satisfação num contexto de uso específico. Segundo a mesma norma, a usabilidade pode ser especificada ou medida segundo outras perspetivas como, por exemplo: a) facilidade de aprendizagem (o utilizador consegue rapidamente explorar o sistema e realizar as tarefas pretendidas); b) facilidade de memorização (o utilizador que não é um frequentador assíduo é capaz de regressar ao sistema e realizar as tarefas sem necessidade de reaprender a interagir com ele); c) baixa taxa de erros (o utilizador realiza as tarefas sem grandes obstáculos e é capaz de recuperar erros, caso ocorram).

Neste estudo, é importante falar de usabilidade na medida em que queremos compreender as limitações de algumas ferramentas da Web 2.0 móvel quando se utilizam algumas microatividades e microconteúdos, em contexto educativo. Queremos perceber de que forma devem ser desenhadas as microatividades para que os estudantes obtenham o máximo de proveito das tecnologias móveis e das ferramentas Web 2.0 móvel. Para a criação destas microatividades é necessário considerar o conceito de usabilidade e as perspetivas referidas na norma ISSO 9241.

Alguns autores afirmam que o tamanho pequeno do ecrã (Corlett et al., 2006; Kukulska- Hulme, 2007; Waycott, 2004) e a entrada de dados nos dispositivos móveis (Smordal & Gregory, 2003) são os grandes problemas de usabilidade no mobile learning. Desta forma, surge o conceito de microconteúdo que é abraçado pelos investigadores do mobile learning. A ideia de pequenos conteúdos é vista como uma solução para alguns problemas de usabilidade destes dispositivos de pequena dimensão.

Nielsen (1998) definiu, pela primeira vez, o termo “microconteúdo” no seu artigo “Microcontent: How to write headlines, page titles, and subject lines”, como pequenos conteúdos ou pequenos grupos de palavras, tais como manchetes de artigos, títulos de páginas, linha com um assunto e cabeçalhos de correio eletrónico, os quais têm por objetivo cativar a atenção do leitor e permitir que este fique com uma ideia clara do conteúdo de uma página web. Mesmo quando retiradas do seu contexto, estas frases devem fazer sentido quando apresentadas numa página ou lista de marcadores. O microconteúdo deve ser um resumo muito curto do macroconteúdo que lhe está associado (Nielsen, 1998). Estas palavras acabam por ser as principais para quem vai pesquisar ou ver a página em questão.

Com o aumento da informação na Internet, o tempo de leitura de toda a informação diminui. A forma como as pessoas selecionam a página que vão visualizar passa frequentemente pela leitura do título, no momento em que pesquisam. Assim, é fundamental que o título ou o grupo de palavras que

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estão a descrever essa página sejam apelativos e foquem o que realmente importa sobre a temática da página. Os microconteúdos descrevem macroconteúdos em alguns caracteres. Atente-se em “you get

40-60 characters to explain your macrocontent. Unless the title or subject make it absolutely clear what the page or email is about, users will never open it” (Nielsen, 1998). Ao receber uma mensagem

de correio eletrónico, as pessoas olham para o campo “assunto” e, caso esteja em branco, já nem leem a mensagem. No entanto, se o assunto for apelativo, mesmo não conhecendo o remetente, a tendência é para a abrir.

Quando Nielsen (ibidem) se refere aos microconteúdos, como sendo pequenos grupos de palavras, alerta para a diferença que existe entre as manchetes online e as das impressas, já que a sua utilização é diferente.

 Manchete nos media impressos: fortemente associada a fotografias, subtítulos e todo o corpo do artigo, que pode ser visualizada com um único olhar.

 Manchetes online: neste caso, ter em conta que a dificuldade de leitura online e a quantidade de informação que pode ser visualizada, num piscar de olhos, mesmo quando o título e um resumo estão visíveis, torna-se mais difícil para os utilizadores aprender a partir dos dados disponíveis. Normalmente, a informação que é considerada desagradável de ler é aquela que não está disponível. Nielsen (ibidem) considera que a maior parte dos utilizadores acaba por ler as manchetes das novidades de um site e acaba por nem olhar para o resumo que lá está.

O autor aponta algumas diretrizes para a criação de microcontéudo (idem), que a seguir se enunciam.

● O microconteúdo deverá ser um resumo muito pequeno do macroconteúdo que lhe está associado. Por exemplo, um artigo ou email devem conter as palavras-chave do conteúdo, de forma a cativar o utilizador.

● Utilizar sempre uma linguagem muito simples.

● Não “brincar” com as pessoas utilizando formas de sedução para que elas leiam o conteúdo do site. Na Internet é comum perder muito tempo à espera do download de uma página; esse tempo de espera pode levá-las a abrir outras páginas mais rápidas.

● Nunca utilizar artigos “o” e “a” no assunto de um email individual ou nos títulos das páginas. Nas páginas, os microconteúdo são, muitas vezes, ordenados por ordem alfabética, e seria mais difícil encontrar um “o” no meio de muitas páginas começadas por “o”.

● A primeira palavra deverá ser importante. Resulta em melhor posição nas listas em ordem alfabética e facilita a digitalização. Por exemplo, deve começar-se com o nome da empresa, pessoa ou conceito discutido num artigo.

● Os títulos da página inicial devem ter palavras diferentes. Assim será mais fácil diferenciá-los quando estão numa lista.

● O campo “De” deve ser preenchido sempre para eliminar o aparecimento de spam ou anónimo.

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Neste estudo foram realizados testes de usabilidade antes da realização do módulo em mobile learning. Os testes foram realizados por três utilizadores e, de acordo com as suas observações, foram realizadas alterações no desenho das microatividades.