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Capítulo II. Aprendizagem e ensino suportados por dispositivos móveis 24

2.5. Mobile learning em contexto educativo 45

Nestes últimos anos, e em resultado do trabalho que tem sido realizado por toda a comunidade de mobile learning, temos vindo a assistir a uma explosão no crescimento desta modalidade de aprendizagem em todos os setores da educação (Winters, 2006). A aplicação de novas estratégias e ferramentas para apoiar a aprendizagem a distância torna-se possível devido ao crescimento e popularização da Internet e dos dispositivos computacionais. Este crescimento tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos, contribuindo para a disseminação, cada vez maior, da utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação na educação. Segundo Almeida, “a Educação a Distância (EAD) tomou um novo impulso que favoreceu a disseminação e a democratização do acesso à educação, em diferentes formas de interação e de aprendizagem” (2008). Esta disseminação é a grande responsável pela substituição do ensino a distância, tradicional, pelo ensino a distância, online ou elearning, sendo, agora, o grande responsável pela nova modalidade, a aprendizagem móvel.

A educação é, agora, instigada pelas potencialidades e possibilidades dos novos paradigmas educacionais, contribuindo, desta forma, para a inovação e evolução crescente, da sociedade atual. A alta velocidade no acesso à Internet, os recursos multimédia, a evolução em tecnologias centradas na mobilidade e as interfaces, cada vez mais criativas e inteligentes, têm seduzido os utilizadores.

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“Aprendizagem móvel” é o nome atribuído à chamada terceira geração da onda tecnológica, descrita pela utilização de equipamentos portáteis, em particular computadores de mão, num panorama de computação perversiva. Caracterizada pela mobilidade, permite aos seus utilizadores a ubiquidade da conectividade e disponibilidade do ambiente de aprendizagem, em qualquer lugar e a qualquer hora (Tarouco e Barcelos, 2009).

Cada vez mais os dispositivos móveis oferecem recursos de grande qualidade, que permitem alterar a dinâmica, as estratégias e o compromisso dos estudantes e dos professores nesta nova modalidade de ensino. Será importante, devido às suas potencialidades, focar esses recursos para a aprendizagem, seja como um complemento para o conhecimento adquirido nas aulas, como uma ferramenta agregadora, seja como um recurso de educação fora das aulas, despertando o interesse dos estudantes, sempre com dinamismo e fatores criativos e interativos. Tal como já acontecera no passado, com a emergência de novas modalidades de ensino/aprendizagem, estes novos recursos e ferramentas, aplicados na educação a distância, podem contribuir para cativar um maior número de pessoas diferenciadas, contribuindo, desta forma, para uma maior qualidade na formação, independentemente da sua localização, e podendo aceder aos recursos tecnológicos, em qualquer momento, seja online ou offline.

É fundamental perceber qual a melhor forma de utilizar estas novas modalidades de ensino/aprendizagem, bem como as ferramentas a elas associadas, pelas pessoas, no desenvolvimento do seu saber. Segundo Falkembach e Tarouco (2002), a meta que é considerada principal, na educação, é a construção de conhecimento. Por isso, muitos são os estudos que tentam compreender qual a melhor forma de aplicar este novo paradigma educacional, de modo a obter melhores resultados na aprendizagem.

As barreiras temporais e geográficas que existiam estão a ser quebradas, devido ao avanço das tecnologias móveis e à incorporação das mesmas, nos recursos da Internet, possibilitando, assim, a comunicação em qualquer lugar e a qualquer hora. A aprendizagem móvel é uma excelente forma de aprendizagem e de atualização profissional, e vem combinar mobilidade e disponibilidade de acesso, aos professores, estudantes e conteúdos, independentemente da hora e do local.

O objetivo da utilização dos dispositivos móveis é ser utilizado como uma ferramenta de ensino, que estimula novas descobertas nos estudantes, motiva-os, auxilia os professores e enriquece o conteúdo educativo. Os educadores têm de inovar e propor novas atividades itinerantes. Estes têm de criar um contexto mais dinâmico e motivador. Vivemos numa sociedade que está, cada vez mais, embutida num grande volume de informação, de aplicações e de recursos, que se encontram disponíveis a qualquer pessoa que tenha acesso à Internet. O desafio educacional, neste momento, é perceber como organizar essa informação, como utilizar essas aplicações e recursos, de forma a beneficiar o processo de ensino/aprendizagem.

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O uso integrador de dispositivos móveis no currículo, de forma a facilitar a aprendizagem ativa e criadora de significado, exige a criação de espaços de aprendizagem. Estes (espaços de aprendizagem móvel) são, caracteristicamente, dinâmicos, colaborativos e focados nas necessidades individuais do aprendente, no contexto corrente. Estes espaços de aprendizagem podem ser fechados ou abertos, permitindo o acesso de estudantes e professores a ambientes naturais, como: museus, países, e possibilita a partilha de um conjunto variado de recursos, permitindo, assim, a criação de um ambiente colaborativo e proativo.

Até ao momento, não existe um modelo de ensino considerado ideal, nem mesmo uma ferramenta que seja capaz de identificar e de resolver todos os problemas do ensino e da aprendizagem. Os dispositivos móveis podem ser vistos como ferramentas com potencialidades, em contexto educativo, aptas para ajudar a minorar alguns desses problemas. Estas vêm responder às necessidades de mobilidade das pessoas que trabalham e de aprendentes, permitindo a possibilidade de escolher, onde e quando querem aprender. Estamos, desta forma, perante um novo paradigma educativo, que vem contribuir para repensarmos a educação e ir ao encontro das exigências da sociedade atual.

Para contribuir no desenvolvimento desta nova modalidade na educação temos ao dispor as vantagens da utilização das ferramentas da Web móvel 2.0. Qualquer professor tem, hoje em dia, um conjunto vasto de ferramentas que pode ser utilizado para a criação de conteúdos educativos e de espaços de aprendizagem acedidos através de dispositivos móveis.

Um dos desafios a considerar é a Aprendizagem ao Longo da Vida29: “toda a atividade de

aprendizagem em qualquer momento da vida, com o objetivo de melhorar os conhecimentos, as aptidões e competências, no quadro de uma perspetiva pessoal, cívica, social e/ou relacionada com o emprego”, (Neves, 2005). Trata-se de uma aprendizagem que pode ser formal, não formal ou informal, e que pode acontecer em todas as fases de vida, desde a infância até à reforma. A educação a distância, combinada com a aprendizagem móvel, permite um ensino de qualidade, flexível em termos de tempo e de local. A preparação de uma formação que utilize este tipo de recursos requer a consideração do perfil desse novo estudante e a adoção de estratégias, conteúdos e pedagogias que contribuam para um processo de ensino/aprendizagem num ambiente de colaboração, participação e interação, entre professores e estudantes.

A aprendizagem móvel surge com o objetivo de melhorar o ensino/aprendizagem. Num estudo de 2005, Marcel, Andrade & Rios destacam algumas das vantagens desta nova modalidade de aprendizagem:

 melhorar os recursos para a aprendizagem do estudante: este pode, através do dispositivo móvel, aceder a um conjunto de tarefas, registar notas, ideias, fotos, sons e outras funcionalidades existentes;

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 permitir aos estudantes o acesso a um conjunto de conteúdos didáticos, em qualquer lugar e a qualquer momento;

 as possibilidades de acesso aos conteúdos são maiores;

 expandir o corpo de professores e as estratégias de aprendizagem disponíveis, favorecendo, tanto a aprendizagem formal, como a informal;

 expandir os limites da sala de aula de forma omnipresente;

 possibilitar o desenvolvimento de métodos inovadores de ensino, utilizando os novos recursos de computação e de mobilidade.

Em suma, como afirma Lehner (2012) os dispositivos móveis possibilitam aos estudantes e professores uma extensão natural da educação a distância, via computadores, pois contribuem para a facilidade de acesso à aprendizagem, por exemplo na obtenção de um conteúdo específico para um determinado assunto, sem hora e local pré-estabelecidos. Nos países em desenvolvimento, onde os dispositivos móveis estão disponíveis a um custo muito abaixo de outros equipamentos computacionais, a aprendizagem móvel veio contribuir para um aumento da educação a distância em áreas que não permitem um acesso justo à educação. Independentemente do hardware empregado, como a demanda exige que os pedidos sejam mais reautoria de formatos móveis, as instituições podem considerar necessário rever e partilha de dados e de técnicas de entrega de conteúdo, para apoiar a plataforma móvel.

Segundo o Horizon Report (2011), um projeto interessante e de grande sucesso é o da maior Universidade Aberta do mundo, a IGNOU, The Indira Ghandi National Open University, que numa associação com o gigante tecnológico Ericsson desenvolveu os seus cursos para mobile learning (2009).

De acordo com um estudo realizado pela empresa International Data Corporation (IDC), em Abril de 2009, a maioria dos trabalhadores, no ano de 2013, seriam trabalhadores móveis e seriam cerca de 1,2 milhares de milhão, 35% dos trabalhadores ativos.

No estudo feito pela iniciativa MoLeNET, é importante verificar o resultado de algumas questões postas aos estudantes que utilizaram dispositivos móveis, em algumas disciplinas:

 69% considera que as tecnologias móveis ajudam no seu processo de aprendizagem, mas apenas 22% que talvez possa ajudar;

 78%, pensa que as tecnologias móveis vêm permitir uma aprendizagem em qualquer lugar, enquanto 22% considera que não;

 60% reputa que a utilização das tecnologias móveis torna a aprendizagem mais interessante, mas 33% considera que só algumas vezes;

 75% calcula que as tecnologias móveis vêm permitir uma aprendizagem em qualquer hora, mas 25% acredita o contrário;

 84%, responderam que gostariam, no futuro, de frequentar disciplinas onde os professores utilizem dispositivos móveis.

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Outros estudos, entre os quais situamos os de Moura & Carvalho (2008a; 2008b), têm também demonstrado como a inserção dos dispositivos móveis, no contexto sala de aula e fora dela, têm vindo a originar efeitos positivos na motivação, interesse e empenho dos estudantes na aprendizagem individual e colaborativa.

Num futuro próximo, é possível verificar quais serão as tendências das tecnologias móveis que puderam ter um maior impacto a nível educativo.