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Crenças gerais sobre o ensino de LE (inglês)

CAPÍTULO 4 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

4.1 TRAJETÓRIA DE APRENDIZAGEM DE INGLÊS E CRENÇAS GERAIS

4.1.3 Crenças gerais sobre o ensino de LE (inglês)

A partir do questionário com itens abertos, questão 1219, aplicado para as professoras participantes Letícia e Louíze, crenças gerais sobre o ensino de inglês como LE são apresentadas nos quadros abaixo. Para facilitar a discussão, as crenças são organizadas tendo como referência a escala de concordância escolhida por cada participante em relação à afirmação apresentada. Dessa forma, as crenças são dispostas na seguinte sequência: concordo totalmente, concordo parcialmente, nunca pensei a este respeito, discordo e discordo totalmente.

QUADRO 17 – CRENÇAS GERAIS SOBRE O ENSINO DE INGLÊS COMO LE, PARTICIPANTES LETÍCIA E LOUÍZE

Crença Escala de concordância por Letícia Escala de concordância por Louíze A aprendizagem de língua inglesa é mais

fácil para crianças.

Concordo totalmente

Concordo totalmente A aprendizagem de língua inglesa acontece

quando os aprendizes são motivados.

Concordo totalmente

Concordo totalmente É mais fácil aprender a ler e escrever em

inglês do que a falar e ouvir.

Concordo totalmente

Concordo totalmente O ensino de inglês exige o desenvolvimento

de estratégias individuais de aprendizagem.

Concordo totalmente

Concordo parcialmente Para que haja aprendizagem é preciso que o

professor fale em inglês nas aulas.

Concordo totalmente

Concordo parcialmente

19 Esta questão foi adaptada do BALLI e usa a escala Likert para indicar a concordância com as

O uso de estratégias para a aprendizagem de uma língua estrangeira auxilia os alunos no aprendizado de outras disciplinas.

Concordo totalmente

Concordo parcialmente Qualquer pessoa pode aprender inglês em

qualquer idade.

Concordo parcialmente

Concordo parcialmente É possível aprender inglês na escola pública. Concordo

parcialmente

Concordo parcialmente Mulheres aprendem mais fácil que homens Nunca pensei a este

respeito

Concordo parcialmente A aprendizagem bem-sucedida de língua

inglesa acontece somente para pessoas com aptidão.

Discordo Concordo

parcialmente É mais fácil aprender a falar e ouvir em

inglês do que ler e escrever.

Discordo Discordo

O ensino de uma língua estrangeira deve se basear no ensino da língua materna.

Discordo Discordo

É possível aprender inglês mesmo quando não se é motivado

Discordo totalmente

Discordo Só se aprende inglês em países onde se fala

inglês.

Discordo totalmente

Discordo totalmente Só se aprende inglês em cursos livres Discordo

totalmente

Discordo totalmente Só se aprende inglês se souber o significado

de todas as palavras que lê ou ouve.

Discordo totalmente

Discordo totalmente

(quadro elaborado pelo pesquisador)

A análise do quadro acima mostra uma identificação de crenças das participantes caracterizada tanto por um processo de reflexão sobre a experiência de aprendizagem como de crenças constituídas a partir do contexto social e educacional em que as participantes estão inseridas, sendo consideradas, portanto, crenças experienciais ou contextuais na visão de Barcelos (2007). A observação dos quadros revela muita convergência entre as participantes, fato evidenciado pela escala de concordância atribuída por essas às afirmações dispostas na questão 12 do questionário com itens abertos.

Dessa forma, pode-se afirmar que são crenças convergentes na escala de concordância total: “a aprendizagem de língua inglesa é mais fácil para crianças”; “é mais fácil aprender a ler e escrever em inglês do que falar e ouvir” e “o uso de estratégias para a aprendizagem de uma língua estrangeira auxilia os alunos no aprendizado de outras disciplinas”, sendo que a segunda afirmação tem relação direta com as capacidades apresentadas pelas participantes nas seções 4.1.1 e 4.1.2, deste mesmo capítulo, e a terceira relaciona-se com a capacidade metacognitiva discutida na

seção 2.4.1 do capítulo teórico, sobre a concepção da autonomia como processo cognitivo que se configura na forma em que aprendiz perceber o grau de consciência sobre os conteúdos ou estruturas por ele conhecidos.

Na escala de concordância parcial, figuram as crenças sobre a possibilidade de “qualquer pessoa em qualquer idade aprender língua inglesa” e que “é possível aprender inglês na escola pública”, tais crenças também podem ser relacionadas ao processo de aprendizagem das participantes, descritos nas seções citadas no parágrafo anterior, sendo que a segunda já foi discutida nesta análise.

No que tange às afirmações: “A aprendizagem de língua inglesa acontece quando os aprendizes são motivados”; “O ensino de inglês exige o desenvolvimento de estratégias individuais de aprendizagem”; “Para que haja aprendizagem é preciso que o professor fale em inglês nas aulas”, observa-se uma acentuada concordância positiva entre respostas das participantes (Letícia – “concordo totalmente” e Louíze – “concordo parcialmente”), embora em relação aos dois últimos itens, não seja isso que registra a observação de aulas, pois todas foram dadas com as participantes falando em português o tempo todo, com exceção da leitura de exemplos e textos, também não foi observado nenhuma motivação quanto ao processo de desenvolvimento de estratégias individuais de aprendizagem dos alunos, entendido aqui como capacidade dos aprendizes exercerem sua curiosidade, criatividade, sendo esses encorajados a assumir o controle de sua aprendizagem, como afirma Healy (1999).

Nas afirmações: “Só se aprende inglês em países onde se fala inglês”; “Só se aprende inglês em cursos livres” e “Só se aprende inglês se souber o significado de todas as palavras que lê ou ouve”, as semelhanças entre as respostas permanecem, mas nesses últimos casos a concordância passa para o lado negativo, registrando-se “discordo totalmente” para Letícia e “discordo” para Louíze.

No campo das divergências mais agravantes, estão crenças como: “o ensino de língua estrangeira deve se basear no ensino de língua materna” e “é possível aprender inglês mesmo quando não se é motivado”. Tais crenças apresentam um distanciamento entre as participantes, atribuído a concepção do professor sobre o aprendizado de LE, denominado de “conhecimento prático pessoal” (CLANDININ; CONNELLY, 1987) que representa um conhecimento experimental que é incorporado às crenças sobre a prática docente, tendo como base a história de vida do professor. Esse conjunto de teorias implícitas influencia as expectativas dos professores acerca do processo de

aprendizagem de LE, orientando o desempenho de seus papéis e o modo como percebem o desenvolvimento dessa tarefa.

Embora esta seção sugira uma relação entre as crenças das duas participantes, não se pretende, contudo, realizar uma análise comparativa a partir das duas perspectivas. Uma razão para isso é que nem todos os instrumentos aplicados com as duas participantes tiveram o mesmo teor, como é o caso da entrevista semiestruturada que teve um roteiro específico para cada participante, ou a observação das aulas que evidenciou aspectos distintos dentro desta investigação.

Nesse caminho, a próxima seção continua a apresentar e analisar as crenças das participantes, mas dessa vez sob o foco da motivação no ensino de LE.