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CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.2 A NATUREZA

Quanto à natureza, esta pesquisa se caracteriza como um estudo de caso, uma vez que objetiva investigar dados relevantes sobre o ensino de LE no contexto da escola pública e, desse modo, contribuir para um conhecimento mais amplo sobre as questões

pertinentes a esta tarefa e a instrução de ações posteriores. Pois como afirma Chizzotti (2011, p. 136) o estudo de caso trata de “uma busca intensiva de dados de uma situação particular, de um evento específico ou de processos contemporâneos, tomados como ‘caso’ (grifo do autor)”. Uma das intenções desta natureza de pesquisa é compreender aspectos intrínsecos de um processo ou caso específico identificando e explorando suas características com base em múltiplas fontes de coleta, por isso exige do pesquisador um olhar holístico e cuidadoso (CHIZZOTTI, 2011; JOHNSON, 1992).

Para Johnson (1992, p.76) “o propósito de um estudo de caso é descrever um caso em contexto” 10

. Esta afirmação justifica a escolha metodológica desta pesquisa, pois tem como foco uma unidade, no caso uma escola pública e a complexidade de seu contexto, buscando informações relevantes ao esclarecimento de questões relacionadas ao ensino de LE. Como defende Teles (2002, p. 108), um estudo de caso é usado “quando um professor deseja enfocar um determinado evento pedagógico, componente ou fenômeno relativo à sua prática profissional”. Esta afirmação reforça a necessidade de investigações, como esta, sobre como as crenças dos professores influenciam a escolha das abordagens para o ensino de inglês como LE, o que pode se traduzir em conhecimentos capazes ajudar a elucidar algumas dúvidas sobre as dificuldades demandadas da realização deste processo no contexto da escola pública.

Segundo Yin (2005, p. 19) “os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por que” (grifo do autor), quando o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real”, este trecho está em total consonância com esta pesquisa, visto que ela foi desenvolvida em condições contextuais reais de uma escola pública, fato que, conforme o autor (idem, p. 32) tais condições “poderiam ser altamente pertinentes ao seu fenômeno de estudo”.

Quanto à relevância de um estudo de caso, André (1995) aponta para o fato desse tipo de pesquisa oferecer “insights e conhecimentos que clarifiquem ao leitor os vários sentidos do fenômeno estudado, levando-o a descobrir novas significações, a estabelecer novas relações, ampliando suas experiências”. Contudo, Brown e Rodgers (2002) atentam para o cuidado com as generalizações, recomendando aos pesquisadores

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que o estudo de caso seja documentado de maneira precisa e completa, com suas implicações descritas de maneira clara.

Lincoln e Guba (1985), citados em André (1995), falando sobre generalizações, sugerem o intercâmbio desse conceito para o de transferência, pois no estudo de caso, o pesquisador fornece informações detalhadas do contexto em questão para que o leitor tenha insumo suficiente para elaborar julgamentos de transferência para outro contexto. Nesta perspectiva, esta pesquisa busca evidências que podem ajudar outros professores e pesquisadores a compreender e produzir sentidos sobre a prática de ensino de LE na escola pública.

É preciso ressaltar que crenças não são construídas instantaneamente. De acordo com a definição de Barcelos (2006, p.18) crenças são “experiências resultantes de um processo interativo de interpretação e (res)significação da realidade”, caracterizadas pela autora como sendo sociais, individuais, dinâmicas, contextuais e paradoxais, representadas nas formas de como “se pensa, vê e percebe o mundo e seus fenômenos”. Dessa forma, este estudo de caso é proposto para desvelar crenças de professores e sua influência sobre a motivação de aprendizagem autônoma de LE, mantendo a atenção nos elementos que possam emergir durante o desenvolvimento desta pesquisa, enfatizando a interpretação, em contexto, para a apreensão mais completa do objeto investigado. Sendo estas características apontadas por Lüdke e André (2013) como fundamentais para o estabelecimento de um estudo de caso.

As autoras Lüdke e André (op. cit.) também caracterizam o desenvolvimento de um estudo de caso tendo com base três fases. A primeira seria a fase aberta ou exploratória tida como um plano inicial que será delineado na medida em que o estudo se desenvolve. Trata-se do momento de localizar fontes de dados que retratem uma unidade em ação. A segunda seria a fase de análise sistemática e a elaboração do relatório, quando o pesquisador analisa, organiza e registra os dados interessantes da pesquisa. E a terceira fase seria a prática do estudo de caso, momento em que o pesquisador avalia a relevância do seu estudo quanto à generalização dos resultados, fator que pode levar o leitor a perceber semelhanças entre aspectos particulares deste caso com situações por ele vivenciadas, usando seu conhecimento tácito para desenvolver, a partir destas percepções, novas ideias, significados e compreensões que redimensionarão a pesquisa.

Apesar de Johnson (1992) advogar que os resultados obtidos em um estudo de caso podem não ser generalizáveis, é preciso lembrar que, em se tratando de pesquisa

qualitativa, é previsto que cada contexto apresente suas idiossincrasias o que permite que as reflexões advindas de um determinado estudo possam auxiliar outros pesquisadores a compreender processos, eventos ou fenômenos decorrentes de contextos diversos, pois para Lüdke e André (2013, p. 27) “a identificação desses aspectos comuns e recorrentes vai permitir uma ampliação e maior solidez no conhecimento do objeto estudado”.

Como forma de contemplar as questões relevantes ao desenvolvimento de um estudo de caso, a escolha da abordagem metodológica representa o meio pelo qual o processo investigativo será orientado. Aspecto abordado na próxima seção.