• Nenhum resultado encontrado

Quadro 14 Crenças sobre o bom professor de línguas

4.2.6 Crenças sobre o aprendizado da L

É visível verificar que Antonello, ao ser questionado sobre a facilidade em relação ao aprendizado da LI, em sua resposta [98], informa que não considera fácil aprender o italiano e faz comparação tanto com a sua língua materna, o português, como com a língua espanhola, estudada por ele durante muito tempo. Posteriormente, no mesmo questionário, o aluno informa que, dentre as habilidades propostas para o aprendizado de uma LE, a escrita é a mais difícil, por apresentar poucas diferenças em relação ao português. Outro fator importante é o fato de ele informar que o espanhol influenciará no seu aprendizado de LI, mas não explica de que modo, se negativamente ou positivamente.

Um pouco mais tarde, em uma pergunta de tipo escala Likert, na qual o estudante deveria informar se concorda ou não concorda, Antonello mostra que não comunga com a crença comum de que para aprender uma LE é necessário viver ou estudar no país onde essa língua é falada (BARCELOS, 1995; SILVA 2006).

[98]

Não. Ela é mais afastada de nossa língua portuguesa, ao contrário da língua espanhola, que possui mais vocábulos parecidos com a nossa língua (Antonello - Q2).

[99]

Escrever é mais difícil. Porque é muito semelhante ao nosso idioma o que dificulta e confunde na escrita (Antonello - Q2).

[100]

Sim. Espanhol. Claro que o espanhol influenciará no aprendizado da língua italiana, por isso devo me policiar quanto a isso; porém quanto à língua que já estudei, eu não vejo nada prejudicial pelo fato de sua raiz ser germânica (Antonello - Q2).

[101]

Para se aprender a ler em italiano não se deve traduzir palavra por palavra para o português. Para aprender italiano, é possível usar português em sala de aula; Para aprender italiano com sucesso é necessário estudar em casa. Não é necessário passar um tempo na Itália para aprender italiano (Antonello - Q3).

Nas palavras abaixo, do questionário Q4, Antonello considera bastante importante a gramática para o aprendizado da LI. No entanto, em seu diário de aprendizagem, o aluno

expõe uma reflexão sobre o processo de aprendizagem: “é necessário dominar a gramática”. Em todas as suas respostas o aluno demonstra que a sua maior dificuldade é exatamente aprender a gramática. Provavelmente porque em seu curso foi dada maior atenção aos conteúdos gramaticais. No primeiro tópico referente a crenças sobre a aprendizagem de uma LE, Antonello deixa clara a sua dificuldade em relação à gramática das línguas e em relação à LI, reforçando a importância e a dificuldade de aprender os verbos.

Contudo, observo, também, que nesse momento do processo de aprendizagem, há uma conscientização sobre a aprendizagem de línguas, da parte de Antonello quando passa a considerar outras habilidades, como a escrita, a fala e os aspectos culturais, como fatores que geram o aprendizado. O aluno ainda enfatiza que é preciso estudar a língua-alvo fora da sala de aula.

[102]

Eu preciso estudar bastante a gramática da língua. Praticar a conversação. Escrever bastante composições, ou seja, a redação é de extrema importância (Antonello - Q4).

[103]

Estudar a gramática em outra língua. Responder aos exercícios. Fazer redações (Antonello - Q4).

[104]

[...] Confesso que a língua italiana possui muitos verbos que requerem mais tempo para ser fixado [...] Confesso que aprendi a gostar da língua italiana porque é muito rica culturalmente e, na verdade, o estudo de um idioma não se restringe somente a uma sala de aula, é preciso praticar a oralidade e o tempo é pouco para isso [...] [...] A forma como se pronunciam as palavras não é muito fácil para mim. Gostaria de saber se para falar bem um idioma é necessário dominar a gramática porque para mim é muito doloroso estudar as regras (Antonello - DA entregue no dia 01 de junho de 2011).

[105]

Eu posso resumir que o que eu aprendi da língua italiana, na verdade, foi o contexto, é::: o contexto maior, o contexto cultural, o contexto de vocábulos, também, né? e::é:: gramatical ficou mais deficiente, porque dependeu mais de mim do que dos professores. E vejo que o esforço é muito grande em pouco tempo. Acho que a gente deveria ter mais tempo para poder se ambientar com a língua, porque só a gramática, a gramática /.../ (Antonello - entrevista realizada em 10 de julho de 2011).

Marcos Alexandre, ao ser questionado sobre a facilidade de aprender a LI, responde que é fácil aprender italiano por ser semelhante ao português. Diferentemente de Antonello, Marcos Alexandre confronta a LI com o inglês e o alemão e informa que o fato de também ter

estudado espanhol pode influenciar na aprendizagem da LI, mas ressalta, a influência seria negativa, já que considera o espanhol e o italiano línguas semelhantes.

[106]

Sim. A língua parece muito com o português e a mesma é relativamente fácil comparando com as línguas germânicas como o inglês e o alemão (Marcos Alexandre - Q2).

[107]

Falar é mais difícil. Por eles valorizarem bem a pronúncia. E se não pronunciar correto eles podem não entender ou confundir com outra palavra Ex.: ano e anno. (Marcos Alexandre - Q2).

[108]

Sim. Estudei espanhol, por isso posso me atrapalhar, pelo fato delas serem parecidas (Marcos Alexandre- Q2).

[109]

Concordo que para se aprender a ler em italiano deve-se traduzir palavra por palavra para o português. Concordo que se você quer aprender italiano, pode usar português em sala de aula; Para se aprender italiano com sucesso é necessário estudar em casa. Estudar italiano é semelhante a estudar português; Para aprender italiano não é necessário passar um tempo na Itália (Marcos Alexandre- Q3).

Como foi possível verificar, a grande preocupação de Marcos Alexandre é, de fato, a pronúncia, como já visto em outros tópicos. O aluno afirma que, possivelmente, os falantes de italiano como língua materna não o entenderiam caso ele não tivesse uma boa pronúncia.

Ao responder ao item de tipo escala Likert, no qual o estudante deveria informar se concorda com as assertivas, esse aprendiz, assim como Antonello, não concorda com a crença já detectada por outros estudiosos de que para aprender uma língua é necessário viver ou estudar no país onde essa língua é falada (BARCELOS, 1995; SILVA 2006). Marcos Alexandre é a favor da tradução para aprender a ler na língua-alvo.

O referido aluno, também considerou que para aprender a LI seria necessário mais tempo e dedicação. Porém, informa que não houve grandes dificuldades em relação aos conteúdos, sobretudo, com relação à gramática. Ele aponta como empecilhos para a sua aprendizagem, além da sua falta de tempo para se dedicar e o seu cansaço, a didática da sua primeira professora, o que foi relatado tanto no diário de aprendizagem como na entrevista.

[110]

[111]

Ao falar eu confundo os verbos, troco os tempos, esqueço as palavras e tenho dificuldades na pronúncia. O cansaço também atrapalha, porque o italiano é a última aula e minhas aulas começam às 11: 00 da manhã (Marcos Alexandre - Q4).

[112]

A professora não tinha didática [...] [...] o assunto mais fácil que achei foram os verbos, talvez pela minha facilidade na gramática da língua portuguesa, os verbos se parecem muito com o português e com o latim, só é assimilar as formas, o tempo e as pessoas [...] (Marcos Alexandre - DA entregue no dia 01 de junho de 2011).

[113]

Se fosse para dar uma nota, eu daria nota cinco! É::: primeiro assim, também por mim, pelo fato de eu não estar me dedicando. Aliás, tem esse problema. né? Mas também pelo fato de outras matérias, entendeu? As outras matérias obrigatórias, impedem, são empecilho para eu aprender, para um desenvolvimento melhor. Eu acho que poderia ser melhor. Mas eu tenho ciência que também que 70%, 60% NÃO! Agora! 90%, 100% da:: culpa é minha, pelo fato, agora: NESSE SEMESTRE! Semestre passado, acho que teve, também um pouquinho da professora/.../ a didática da professora do semestre passado, não foi muito legal! (Marcos Alexandre - entrevista realizada em 08 de junho de 2011).

Nesse caso, posso concluir que ocorreu um choque entre a cultura de aprender de Marcos Alexandre com a cultura de ensinar da primeira professora. Recordo, aqui, as palavras de Horwitz (1988) quando chama atenção para o fato de que uma experiência de aprendizagem sem sucesso pode fazer com que o aluno conclua que não possui habilidades especiais e/ou necessárias para aprender uma LE.

Tutti Frutti estuda francês há dez anos e acredita que o seu conhecimento nessa língua, favorecerá e facilitará a sua aprendizagem da LI. Assim como os outros alunos, ela não possui a crença de que para aprender a LI é necessário viver em um país falante do idioma.

[114]

Falar é mais difícil. Acho um pouco mais difícil por causa da pronúncia (Tutti Frutti- Q2).

[115]

Sim. Estudo francês e isso me ajuda muito a entender as palavras e a gramática (Tutti Frutti - Q2).

[116]

Estudo francês e influencia no meu aprendizado do italiano e acaba facilitando na gramática e nas palavras (Tutti Frutti- Q2).

[117]

Não se deve traduzir palavra por palavra para o português para aprender a ler em LI. Pode usar português em sala de aula se você quer aprender italiano; É necessário estudar em casa para aprender italiano com sucesso; Estudar italiano é semelhante a estudar português; Para aprender italiano não é necessário passar um tempo na Itália (Tutti Frutti - Q3).

Na segunda fase da investigação, Tutti Frutti continua salientando que estudar francês há muito tempo lhe ajuda muito no aprendizado da LI. Observa, também, que um bom professor é muito importante para a que a sua aprendizagem se realize.

[118]

Às vezes na parte gramatical e na construção de frases para expressão oral (Tutti Frutti- Q4).

[119]

Se dedicar e praticar sempre (Tutti Frutti- Q4). [120]

[...] Para aprender melhor, sempre fiz comparação com a língua francesa (idioma que estudo há dez anos) e o italiano e isso facilita muito o meu conhecimento [...] [...] prefiro muito mais uma conversação ou então ler um texto e depois discutir. Acho também que um bom ensino depende do professor, sei que há uma diferença entre o nível básico e o intermediário [...] [...] Acho importante para ao aprendizado da língua italiana a utilização de recursos como televisão, filmes, músicas, leitura de jornais e livros [...] (DA entregue no dia 30 de junho de 2011).

[121]

(tô gostando muito), já fiz a prova tirei, nota boa! isso! isso! É uma felicidade para mim! (Tutti Frutti - entrevista realizada em 01 de junho de 2011).

A seguir apresento um quatro que resume as crenças dos alunos-informantes desta pesquisa sobre as crenças sobre o aprendizado da LI.

Quadro 15 – Crenças sobre o aprendizado da LI