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HABILITAÇÕES ATUAIS

3.5 OS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Nesta seção, apresento os instrumentos de coleta de dados deste estudo, que são utilizados frequentemente nas pesquisas que objetivam a investigação das crenças no ensino/aprendizagem de línguas. É importante informar que por se tratar de uma pesquisa qualitativa, “[...] nenhum instrumento é suficiente por si só, mas a combinação de vários instrumentos se faz necessária para promover a triangulação de dados e perspectivas [...]” (VIEIRA ABRAHÃO, 2006, p. 221).

No estudo de caso, método de observação da presente pesquisa, o pesquisador pode utilizar diversas fontes de coleta de dados tais como documentos, entrevistas, histórias de vida, observação participante, recursos audiovisuais, dentre outros (CHIZZOTTI, 2006). Além disso, dentro da perspectiva contemporânea para a investigação de crenças - a abordagem contextual - é adequado o uso de múltiplas fontes de coletas de registros (BARCELOS, 2006, p. 22).

Diante disso, neste estudo, a coleta de dados foi realizada em sala de aula através de observação, diários de campo, questionários abertos e semi-abertos, atividade investigativa, entrevista semiestruturada, diários de aprendizagem e gravação das aulas em vídeos, tendo em vista que para a realização de uma pesquisa é necessário promover um confronto de dados, das evidências encontradas e das informações coletadas referentes a um determinado assunto e conhecimento teórico acumulado sobre ele (LÜDKE E ANDRÉ, 1986, p. 1).

A coleta de dados aconteceu em dois semestres letivos: 2010.2 e 2011.1., durante as aulas de duas disciplinas de LI, respectivamente: Língua Italiana em Nível Básico e Língua Italiana em Nível Intermediário, ministradas, cada uma, por duas professoras diferentes. O quadro a seguir apresenta os instrumentos utilizados nos dois períodos da investigação, denominados de primeiro período da investigação (2010.2) e segundo período da investigação (2011.1).

Primeiro período: 2010.2 Segundo período: 2011.1 • Questionário I • Questionário II • Atividade investigativa • Questionário III • Diário de aprendizagem • Observação das aulas • Notas de campo

• Observação de sala de aula • Notas de campo

• Questionário IV

• Gravação da aula em vídeos • Diário de aprendizagem • Entrevista semiestruturada

Quadro 5 - Instrumentos de coleta de dados

3.5.1 Observações de aula

Ao entrar na sala de aula, o pesquisador que pretende observar sujeitos que compõem o ambiente de aprendizagem - a sala de aula - torna-se mais próximo dos alunos e pode documentar sistematicamente “[...] as ações e as ocorrências que são particularmente relevantes para suas questões e tópicos de investigações [...]” (VIEIRA ABRAHÃO, 2006, p. 225).

Segundo Vieira Abrahão (2006), existem dois tipos de observações realizadas na sala de aula: a observação participante que consiste na observação do outro e de si mesmo, tornando-se membro do contexto pesquisado; e a observação não-participante, na qual o pesquisador observa, grava, mantendo-se distante e sem envolvimento pessoal com os sujeitos de pesquisa. De acordo com a referida autora, nos estudos de natureza etnográfica e nos estudos de caso, o modelo de observação participante é mais frequente (VIEIRA ABRAHÃO, 2006), “[...] uma vez que o pesquisador mergulha no contexto social investigado, assumindo um alto grau de interação com a situação estudada [...]” (Rocha, 2010) e por ser inevitável, com o passar do tempo, o envolvimento entre o pesquisador e o objeto de estudo.

Acredito que a frequência da observação participante na maioria das pesquisas de base etnográfica e nos estudos de caso que visam à investigação das crenças no ensino/aprendizagem de línguas, conforme afirma Vieira Abrahão (2006), se dá, certamente, porque o distanciamento total dos sujeitos de pesquisa é extremante difícil, considerando que a natureza da pesquisa na escola ou no contexto organizacional sugere que o pesquisador seja participante, mesmo que na prática, os níveis de envolvimento possam ser distintos durante o

transcorrer da pesquisa (MCDONOUGH; MCDONOUGH, 1997). Logo, embora não tenha participado ativamente das atividades realizadas em sala de aula pelas professoras e pelos alunos, considero que este estudo caracteriza-se como observação participante.

Durante a pesquisa, foram observadas vinte cinco aulas no primeiro semestre e vinte aulas no segundo semestre. A observação das aulas teve, a princípio, o objetivo de criar maior proximidade entre a pesquisadora e os alunos-informantes, bem como, identificar possíveis crenças e presenciar as ações dos alunos em sala de aula, visto que, segundo Barcelos (2001, 2004 2006) é de extrema importância investigar as crenças dentro do contexto de suas ações. A partir das observações pude elaborar as notas de campo, próximo instrumento a ser apresentado.

3.5.2 Notas de campo

As notas de campo funcionaram como um suporte, pois à medida que eu relatava o que ocorria na sala de aula com os alunos-participantes e o que eu considerava relevante para a pesquisa, traçava o próximo caminho a ser trilhado como, por exemplo, a aplicação de um questionário. Vale ainda ressaltar que essas são definidas, segundo Vieira Abrahão (2006), como

“[...] descrições ou relatos de eventos no contexto de pesquisa que são escritos de forma relativamente objetiva. Normalmente incluem relatos de informação não verbal, ambiente físico, estruturas grupais e registros de conversas e interações [...]” (VIEIRA ABRAHÃO, 2006, p. 226).

Logo, quando o pesquisador escreve uma nota de campo, ele já está fazendo uma análise, uma vez que ele escreve aquilo que considera pertinente. Durante a observação das aulas, descrevi eventos na sala de aula que julgava interessantes para a investigação das crenças, bem como as ações dos alunos em sala de aula. Desse modo, as notas de campo utilizadas nesta pesquisa foram descrições das minhas impressões pessoais.

3.5.3 Questionários

O uso dos questionários nesta pesquisa foi essencial como um instrumento que possibilitou logo no início da investigação a aproximação entre a pesquisadora e os alunos- participantes. Como afirma Vieira Abrahão (2006), os questionários consumem menos tempo

em comparação com as entrevistas. Desse modo, para envolver os participantes na pesquisa, no período inicial, considerei esse instrumento como o mais adequado.

Conforme Barcelos (2001, p. 76), os questionários possuem outras vantagens: “[...] são menos ameaçadores do que as observações, fornecem acesso a uma gama de contextos, possibilitando até mesmo que os dados sejam coletados em épocas diferentes [...]”. Exatamente assim procedeu-se nesta pesquisa, pois foram aplicados quatro questionários ao longo do estudo em diferentes momentos.

Os questionários podem ser elaborados com perguntas abertas, itens em escala, perguntas fechadas ou com a combinação desses elementos. Optei por elaborar questionários com itens, predominantemente, abertos e poucos itens fechados baseados no BALLI69, já que “os questionários construídos com itens abertos têm por objetivo explorar as percepções pessoais, crenças e opiniões dos informantes” (VIEIRA ABRAHÃO, 2005, p. 222). Outro fator importante é que, segundo Santos (2010, p. 100), “[...] sua análise requer um tratamento mais cuidadoso dos dados já que eles trazem respostas mais ricas e detalhadas do que aquelas obtidas pelos questionários fechados [...]”.

As perguntas dos questionários foram elaboradas com base nas perguntas de pesquisa e leituras previamente realizadas sobre o tema e baseadas em algumas dissertações sobre crenças, tais como Silva (2005), Alves (2010) e Santos (2010).

Todos os questionários serão expostos em ordem de aplicação, a seguir: