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Crenças sobre as atividades realizadas na sala de aula de línguas

QUESTIONÁRIOS Questionário 1 – Q

4 A CHEGADA: INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

4.2 CRENÇAS DOS APRENDIZES DE LI DA UFBA

5.2.3 Crenças sobre as atividades realizadas na sala de aula de línguas

Os dados mostram que existe a preocupação com diferentes recursos que podem ser usados na sala de aula e retratam a ideia de que atividades lúdicas, para os participantes da pesquisa, são favoráveis ao aprendizado. Percebo que para esses alunos uma aula considerada dinâmica e lúdica contribui para a aprendizagem de uma LE. Nesse caso, uma aula dinâmica seria aquela na qual o professor usa diferentes recursos. Essa ideia, possivelmente, vem da percepção que os alunos têm de uma aula realizada a partir da abordagem comunicativista cujo objetivo é tornar os alunos ‘comunicativamente’ competentes (PACHECO, 2006). De acordo com teóricos do comunicativismo, como observa Pacheco (2006, p. 55), “[...] é adequado que o professor faça uso de material autêntico como artigos de revistas, jornais, trechos de programas de rádio e TV [...]”. A referida autora, ainda salienta que “[...] Os jogos e as dramatizações constituem também importantes estratégias para que os alunos tenham acesso à língua como ela é [...]”.(PACHECO, 2006, p. 55).

Crenças sobre o bom aprendiz de línguas.

Participantes Primeiro período Segundo período

Antonello Gostar do que estuda. Treinar diálogo; Se esforçar bastante; Gostar do que estuda; Assistir a filmes e escutar músicas. Marcos

Alexandre

Ser dedicado; Prestar atenção à pronúncia; Ser atento às explicações da professora. Procurar recursos extras como música para aprender.

Ser dedicado; Ter disponibilidade de tempo para se dedicar; Prestar atenção à pronúncia. Tentar ler e falar; Não ter medo de errar; O bom aprendiz tem boas notas.

Tutti Frutti Estudar e exercitar a oralidade e fazer exercícios.

Prestar atenção à pronúncia; Procurar recursos extras como música, assistir a filmes, ler jornal; Praticar a oralidade; O bom aprendiz deve se expor à língua.

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As aulas devem ser mais lúdicas, voltadas para o diálogo e com atividades orais e escritas (Antonello - Q2).

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Tem que ter muita dinâmica e com muito material didático, como televisores e vídeos. Todos os estudantes terão obrigação de ter seus livros e dicionários (Antonello- Q2).

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A interação em grupo, trabalhando com os textos e fazendo perguntas aos nossos colegas de cada grupo (Antonello - Q3).

Um fato importante e possível de ser inferido na fala de Antonello é que em sua sala de aula nem todos os alunos possuíam o livro didático adotado pela professora, o que sugere que o aluno possui a crença de que para aprender ‘bem’ uma língua é necessário um livro como material didático. Mas a verdade é que os recursos didáticos não se constituem apenas de um livro. Pelo contrário, eles podem ser, inclusive, ‘fabricados’ pelos próprios alunos ao fornecerem insumos diversos para o professor de LE. Diante disso, é importante recordar Scheyerl (2009), quando ressalta que “[...] é necessário que o professor não seja um mero reprodutor das lições ditadas por materiais didáticos elaborados por editoras que ignoram o contexto real de ensino, nem seja apenas um cumpridor de programas e currículos [...]” (SCHEYERL, 2009, p. 130). Ou seja, nem o professor, nem o aluno devem ser reféns de livros elaborados por editoras que desconhecem completamente os diferentes contextos nos quais se encontram os participantes do processo de ensino/aprendizagem.

Antonello ainda entende que recursos como televisão e vídeo devam ser usados como material didático. Acredita, também, que o uso desses recursos propiciará o seu aprendizado. E aqui lembro, mais uma vez, as palavras de Scheyerl et al. (1999, p. 130), quando enfatizam que “quaisquer recursos que levem o aprendiz a se lançar com mais comprometimento e motivação em sua aprendizagem, parecem apostar na necessidade de se investir na sua auto-estima, para que ele passe acreditar no próprio valor.”

Mais tarde, no segundo período de investigação, Antonello reafirma a crença de que a utilização de filmes na sala de aula propiciará o aprendizado, visto que a aula será mais interessante. O aluno entende que a não utilização de recursos extras na sala de aula se deva ao fato de existir um programa, muitas vezes engessado, que deve ser seguido pelos professores. Sobre esse fato, Scheyerl (2009, p. 132) informa que vários autores, como Cortez

(2003), indicam que o melhor a ser feito é consultar os alunos sobre o que eles esperam do ensino, ou seja, seus interesses, antes de elaborar qualquer plano de aula. Nessa mesma linha, Matos (2010, p. 267), salienta “que ao começar um curso, ano ou período letivo, o professor pode realizar uma avaliação inicial, com o objetivo de obter informações que lhe permitam definir o ponto de partida de sua disciplina”.

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[...] vejo que para a aula ficar mais interessante também é necessário para uma turma de nível intermediário exibir um filme em italiano para que nos ajude a nos ambientarmos com a cultura e com as expressões humanas em que os atores nos transmitem [...] (Antonello - DA entregue no dia 30 de junho de 2011).

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Infelizmente, o professor, ele tem um programa a ser dado, então ele fica muito preso a isso, tá entendendo? Então, isso dificulta o professor (Antonello - entrevista realizada em 10 de junho de 2011).

Já Marcos Alexandre acredita que um ambiente favorável para a aprendizagem é uma sala de aula que retrate um pouco da cultura de um país cuja língua é estudada. Em todos os momentos da investigação, esse aluno também observa que para aprender uma LE são necessárias aulas lúdicas e dinâmicas. Para ele, é essencial que o professor tenha didática e seja paciente.

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A sala poderia ser decorada com pinturas ou fotos que representassem a cultura do país cuja a língua é estudada (Marcos Alexandre-Q2).

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O seminário sobre a cultura italiana, pois as avaliações expositivas são bem mais fixadoras de conhecimento e, de certo modo, é também, uma atividade lúdica [...] (Marcos Alexandre - Q3).

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[...] no início, a aula era bastante interessante, tinha dinâmica, a professora era mais paciente, os alunos estavam mais interessados, eu chegava da aula ia direto para o Google pesquisar palavras e músicas italianas e tudo estava fluindo bem [...] ( Marcos Alexandre- DA entregue no dia 01 de junho de 2011).

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Olha! É:: como a minha professora tá fazendo. Acho que ela tá levando muitos jogos, ela tá::: é:::: tornando a aula mais dinâmica e tudo. É::: a professora tem que ter muita didática, tem que ter muita paciência, porque não é muito complicado aprender uma língua, não é tão fácil/.../ (Marcos Alexandre - entrevista realizada em 08 de junho de 2011).

Conforme visto, esse aluno deixa claro que em um momento da sua aprendizagem houve um choque entre a sua cultura de aprender e a cultura de ensinar da sua primeira professora e isso, como afirma Almeida Filho (1993), pode provocar a desmotivação e frustração no aluno. Vale ressaltar que esse fato não ocorreu com a professora do semestre seguinte, como pode ser visto no excerto [66].

Ainda ao informar qual atividade realizada pela professora em sala de aula mais lhe agradou, Marcos Alexandre aponta o seminário sobre a cultura italiana. Logo, compreendo que a avaliação tradicional, como a prova escrita, não satisfaz a esse aluno, bem como, fica evidente de que para Marcos Alexandre, trabalhar a cultura na sala de aula é muito importante.

Assim como os demais alunos, Tutti Frutti acredita que materiais extras, utilizados na sala de aula, como vídeos e músicas, contribuirão para o seu aprendizado.

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Com material didático apropriado, televisão, recursos audiovisuais, professor bom e alunos interessados (Tutti Frutti-Q2).

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Prática oral e escrita, exercícios e material didático (Tutti Frutti- Q2).

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A apresentação sobre a cultura italiana feita em sala. Porque fiquei conhecendo mais sobre a música, culinária, cidades e também aprendi novas palavras (Tutti Frutti - Q3).

Tutti Frutti também aprovou o seminário sobre a cultura italiana. Segundo a estudante, essa atividade gerou mais conhecimento sobre diversos aspectos da sociedade italiana. A aluna mostra ter uma visão ampla do processo de aprendizagem e admite que para aprender uma LE é importante, também, o uso de diferentes atividades em sala de aula.

Para Tutti Frutti, restringir a aula ao uso do livro didático torna o aprendizado enfadonho e pouco produtivo. A aluna considera que uma boa explicação de um conteúdo é muito importante. Nesse caso, apesar de a aluna ter demonstrado mais consciência do processo de aprendizagem de línguas, ao expor que é necessária a explicação do assunto, parece crer que as atividades relacionadas ao aprendizado de uma LE devem ser semelhantes àquelas de uma matéria escolar.

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[...] Durante as aulas do nível básico, vários métodos foram utilizados para a introdução ao estudo da língua italiana. No começo o meu interesse e meu fascínio me ajudaram muito, mas depois fui percebendo que as aulas foram se tornando sempre as mesmas, ou seja, na maior parte só com a utilização do livro. Às vezes havia uma aula com música ou outro recurso. Acho importante para o aprendizado da língua italiana a utilização de recursos como televisão, filmes, músicas, leitura de jornais e livros [...] (Tutti Frutti - DA entregue no dia 30 de maio de 2011).

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Sempre quando explica o assunto. Tem exercício para fazer, praticar. Tem que ter a explicação e o exercício (Tutti Frutti - entrevista realizada em 01 de junho de 2011).

A seguir apresento um quatro que resume as crenças dos alunos-informantes desta pesquisa sobre as atividades realizadas em sala de aula de línguas.

Quadro 12 - Crenças sobre as atividades realizadas em sala de aula de línguas

Crenças sobre as atividades realizadas em sala de aula de línguas

Participantes Primeiro período Segundo período

Antonello Atividades lúdicas; Aulas dinâmicas; Uso de diferentes recursos como televisão, filmes. Interação dos alunos; É necessário um livro-didático.

Aulas com filmes; Aulas que não se prendam somente ao programa.

Marcos Alexandre

Sala de aula com pinturas e fotos do país cuja língua é estudada; Atividades lúdicas.

Aula dinâmica; Realização de jogos; Aulas didáticas.

Tutti Frutti Uso de diferentes recursos audiovisuais: televisão, filmes; É necessário um livro-didático.

Uso de filmes, jornais, livros em italiano; É preciso uma explicação do conteúdo.