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O crescimento no número de discentes com NEE na UFRN: alguns apontamentos

4 A POLÍTICA DE INCLUSÃO DE ESTUDANTES CEGOS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR NA UFRN: DO ACESSO À PERMANÊNCIA

4.2 DISCENTES COM DEFICIÊNCIA ATENDIDOS PELA CAENE: QUEM SÃO ESTES SUJEITOS?

4.2.1 O crescimento no número de discentes com NEE na UFRN: alguns apontamentos

O debate sobre política de acessibilidade parece ganhar força com a divulgação de dados que atestam a realidade em números, em destaque: entre os anos de 2000 e 2010, houve aumento de 933,6% no número de estudantes com deficiência nas instituições de Ensino Superior brasileiras, passando de 2.173 no começo do período para 20.287 em 2010 - sendo 6.884 na rede pública e 13.403 na particular, segundo o Censo da Educação Superior de 2010. O Censo aponta que, no ano de 2010, o Brasil possuía 6,37 milhões de estudantes matriculados nas universidades, de modo que a população de universitários com deficiência representa apenas aproximadamente 0,3% deste universo.

35 Podemos afirmar que os graus de visão abrangem um amplo espectro de possibilidades: desde a cegueira total, até a visão perfeita, também total. A expressão ‘deficiência visual’ se refere ao espectro que vai da cegueira até a visão subnormal.

36 Neste caso, define-se baixa visão, à alteração da capacidade funcional decorrente de fatores como rebaixamento significativo da acuidade visual, redução importante do campo visual e da sensibilidade aos contrastes e limitação de outras capacidades. Entre os dois extremos da capacidade visual estão situadas patologias como miopia, estrabismo, astigmatismo, ambliopia, hipermetropia, que não constituem necessariamente deficiência visual, mas que na infância devem ser identificadas e tratadas o mais rapidamente possível, pois podem interferir no processo de desenvolvimento e na aprendizagem. Uma definição simples de visão subnormal é a incapacidade de enxergar com clareza suficiente para contar os dedos da mão a uma distância de 3 metros, à luz do dia; em outras palavras, trata-se de uma pessoa que conserva resíduos de visão. 37 A cegueira, ou perda total da visão pode ser adquirida ou congênita (desde o nascimento). O indivíduo que nasce com o sentido da visão, perdendo-o mais tarde, guarda memórias visuais, consegue se lembrar das imagens, luzes e cores que conheceu, e isso é muito útil para sua readaptação. Quem nasce sem a capacidade da visão, por outro lado, jamais pode formar uma memória visual, possuir lembranças visuais. Deficiência visual / Marta Gil (org.). – Brasília : MEC. Secretaria de Educação à Distância, 2000.

38 Já o surdo que se identifica com a língua de sinais brasileiras- Libras. Ressalta-se um dado relevante é que a comunidade surda não gosta de ser reconhecido como pessoa com deficiência auditiva. Ele tem orgulho de ser surdo e não se considera um deficiente. Já a situação da pessoa que não se identifica com a comunidade surda tende a ser mais delicada: alguns se incomodam muito quando seu déficit auditivo é percebido, outros se reconhecem como pessoas com deficiência auditiva (dependendo de sua história pregressa, da etiologia da surdez, de suas condições atuais de vida, etc.).

39 A pessoa com deficiência auditiva ela será percebida pelos demais quando se nota a presença de uma prótese auditiva ou se percebe alguma dificuldade (geralmente pequena) de fala. Comumente, pessoa com deficiência auditiva exerce esforça redobrado para que sua dificuldade não seja percebida. A perda auditiva causa desconforto e é muitas vezes motivo de discriminação e preconceito. Geralmente, eles fazem uso de uma prótese auditiva, também conhecida como aparelho auditivo

Dados estatísticos da educação das pessoas com deficiência no Brasil ainda apontam que o crescimento de matrículas no ensino superior cresceu, em dez anos, aproximadamente 575,4% passando de 5.078 matrículas em 2003 para 29.221 matrículas em 2013 (BRASIL, 2013).

É importante destacar que o número de instituições de educação superior que atendem estudantes com deficiência duplicou no período, ao passar de 1.180 no fim do século passado para 2.378 em 2010, apenas contam com uma estrutura de acessibilidade para os estudantes, ainda de forma incipiente, e às vezes sequer dispõe dessa estrutura.

Os dados da CAENE demonstram um crescimento exponencial do número de estudantes ingressantes com NEE na UFRN. Mediante indicadores inferimos que o crescimento de discentes com deficiência na universidade é produto das políticas e instrumentos normativos que passaram a reestruturar o sistema de acesso à educação superior no Brasil.

Em outros termos, um elemento que justifica elevado número de discentes com NEE na UFRN diz respeito à implantação do Programa de Apoio a Planos e Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) em concomitância com os aportes teóricos e legais presentes no Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI (2010-2019). Neste caso, podemos ressaltar que um dos princípios do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRN está alicerçado no respeito à diversidade, a saber:

Como valor geral para garantir o direito de identidade - pessoal, de grupos e institucional – atendendo às diferenças, sem discriminação, de modo a contemplar as características próprias de cada um com vistas a permitir o desenvolvimento pleno de suas potencialidades (PDI, 2012, p.17).

Segundo indicadores catalogados pela própria UFRN, o trabalho da CAENE vem demonstrando resultados animadores no contexto da inclusão educacional nesta Universidade. Os dados apontam para um crescimento exponencial do número de estudantes ingressantes com NEE na UFRN. No período de 2010 a 2015, a CAENE recebeu um total de 429 solicitações de apoio de estudantes de todos os níveis de ensino através do SIGAA. Desse modo, observa-se, desde a criação da CAENE em 2010, uma relação crescente nos números de novas solicitações por ano, que se estabilizaram a partir de 2014. Este número coincide com a submissão de propostas para o Programa Incluir, a partir de 2006 e com a implantação da CAENE. Conforme ilustração a seguir:

GRÁFICO 1 - Quantitativo de estudantes com NEE na UFRN por ano de ingresso no período de 2010 a 2015.

Fonte: Arquivo CAENE; Módulo NEE/ SIGAA, acessado em dezembro de 2015.

Este dado demonstra que após a inserção factual da política de inclusão na UFRN, a instituição vem apresentando avanços na minimização de barreiras em relação, especificamente, ao acesso de estudantes com NEE em seu quadro, de modo que, totaliza 180 estudantes com NEE registrados pela CAENE em 2015, vejamos quadro a seguir:

QUADRO 2 – Discentes com NEE atendidos pela CAENE, por tipo de NEE.

TIPO DE NEE 2015 Altas Habilidades/superdotação 3 Deficiência Auditiva 10 Surdez 14 Deficiência Física 29 Deficiência Intelectual 11 Deficiência Múltipla 1

Deficiência visual – baixa visão 26 Deficiência visual – cegueira 5

Outras necessidades 63

Transtorno do Espectro do Autismo 2

Transtornos de Aprendizagem 16

Total 180

Fonte: Arquivo CAENE, acessado em dezembro de 2015.

Ainda nessa direção, trazemos abaixo também o quantitativo de estudantes com deficiência visual na UFRN por ano de ingresso a seguir:

2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total 28 45 48 64 115 129 0 20 40 60 80 100 120 140

GRÁFICO 2 - Quantitativo de estudantes com deficiência visual na UFRN por ano de ingresso no período de 2004 a 2015.

Fonte: Dados internos da CAENE, acessado em dezembro de 2015.

Estes dados são bastante significativos e apontam que, após a implementação da política de inclusão na UFRN em 2010, a instituição vem apresentando avanços na desconstrução das barreiras arquitetônicas, atitudinais e de comunicação enfrentadas pelos estudantes com NEE, que são demonstradas no cotidiano institucional. Entretanto, sabemos que a inserção, nas mais diversas modalidades de ensino na UFRN, não assegura a permanência e a conclusão. Assim, este segmento traz consigo diferentes demandas em termos de serviços, condições objetivas e subjetivas. Trataremos destes elementos mais à frente neste estudo.

Embora seja um trabalho recente, destacamos que, como resultado apreendido desta atuação, os estudantes vêm reivindicando a efetivação dos seus direitos, e vêm ampliando a sua participação política, inserindo a temática da inclusão educacional na pauta do movimento estudantil da UFRN. Neste sentido, podemos destacar a criação de uma representação dos estudantes com NEE e a mobilização da comunidade universitária no que diz respeito à realização de campanhas pela garantia dos direitos dos estudantes. A título de exemplo, temos a campanha educativa realizada na UFRN pelos estudantes e intitulada "Esta vaga não é sua nem por um minuto". Este é o desdobramento de uma ação local com base na campanha nacional pelo respeito aos diretos das pessoas com deficiência.

2004 2006 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total 1 1 1 2 6 9 3 6 17 9 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18