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Criar a EAP (Estrutura Analítica do Projeto) – Gerenciamento do Escopo

5.4 O Estudo de Situação e os processos do Grupo de Planejamento

5.4.4 Criar a EAP (Estrutura Analítica do Projeto) – Gerenciamento do Escopo

Criar a EAP é o processo de subdivisão das entregas e do trabalho do projeto em componentes menores e de gerenciamento mais fácil. A Estrutura analítica do Projeto (EAP) é uma decomposição hierárquica orientada às entregas do trabalho a ser executado [...] cada nível descendente da EAP representa uma definição gradualmente mais detalhada da definição do trabalho do projeto. A EAP organiza e define o escopo total e representa o trabalho especificado na atual declaração do escopo do projeto aprovada. (PMI, 2008, p. 116)

No PMBOK (PMI, 2008) são indicados como entradas desse processo: • A declaração do escopo do projeto;

• A documentação dos requisitos; e

• Os ativos dos processos organizacionais.

Assim como foi feito no estudo do processo anterior, observa-se que as entradas do processo já foram alvo de comentários anteriores e as principais correlações entre elas e a documentação do estudo de situação estão descritas, respectivamente, nos parágrafos 5.4.3, 5.4.2 e 5.4 do presente trabalho.

Da leitura do PMBOK (PMI, 2008) pode-se depreender que a EAP é uma representação gráfica, normalmente na forma de um organograma, que mostra a decomposição das entregas programadas do projeto. Esta decomposição deve ser feita de forma progressiva, por níveis, onde os níveis mais baixos mostram um detalhamento cada vez maior dessas entregas. No último nível da EAP são definidos os chamados “Pacotes de Trabalho” que permitem a quantificação de custos e prazos das atividades.

De acordo com o PMBOK (PMI, 2008) a EAP pode ser criada utilizando-se para primeiro nível as fases do ciclo de vida do projeto, as entregas principais ou subprojetos. No caso de os subprojetos serem desenvolvidos por organizações externas, essas organizações serão as responsáveis pelo desenvolvimento da parte da EAP que lhes compete.

O PMBOK mostra que a subdivisão do trabalho para cada uma das entregas ou subprojetos representam produtos, serviços ou resultados verificáveis e diz ainda:

A EAP pode ser estruturada como uma lista sumarizada, uma estrutura analítica organizacional, um diagrama de espinha de peixe ou outro método. A verificação da precisão da decomposição requer a determinação de que os componentes do nível mais baixo da EAP sejam necessários e suficientes para a conclusão das entregas dos nível mais alto correspondente. Entregas diferentes podem ter níveis diferentes de decomposição (PMI, 2008, p. 120).

Sendo assim pode-se admitir que a EAP possa ser organizada com base em produtos, processos ou até mesmo de forma híbrida, mesclando produtos e processos e que possa ser apresentada na forma de um organograma, de uma árvore hierárquica ou de uma lista. A seguir exemplos que ilustram estas últimas ideias (Figuras 6, 7 e 8).

Figura 6 - Exemplo de decomposição com entregas principais

Fonte: PMBOK (PMI, 2008, p. 120).

Figura 7 – Exemplo de EAP em forma de organograma ou árvore hierárquica

Figura 8 – Exemplo de EAP em forma de lista

Fonte: o autor

Consta no PMBOK que “O PMI Pratice Standard for Work Breakdowm Structures55 fornece

diretrizes para a geração, desenvolvimento e aplicação de estruturas analíticas de projetos.” (PMI, 2008, p.121).

A criação da EAP, no estudo de situação, pode ser caracterizada no desenvolvimento do subparágrafo “c. Nossas Linhas de Ação”, do parágrafo “2º Situação e Linhas de Ação”. Neste subparágrafo são estabelecidos “os elementos essenciais de uma linha de ação” (BRASIL, 2003e, p. B-14) e são montadas todas as Linhas de Ação possíveis de serem executadas que serão submetidas à apreciação do comandante e após a sua decisão transformar-se-á no principal conteúdo da OOp.

A representação da OOp na forma de organograma ou árvore hierárquica não é normalmente utilizada no Exército Brasileiro.

De acordo com o PMBOK (PMI, 2008) esse processo tem como saídas: • A própria EAP;

• O dicionário da EAP

• A linha de base do escopo56; e

• As atualizações dos documentos do projeto.

55 Padrão de práticas para trabalho com Estrutura Analítica de Trabalho

56 Versão específica aprovada da declaração detalhada do escopo, da estrutura analítica do projeto (EAP) e do

dicionário da EAP associado (PMI, 2008, p. 435). Reforma da casa 1) Instalações Elétricas a) De Tomadas b) De Interruptores c) De Luminárias 2) Pintura a) Da Sala b) Dos Quartos

Em relação às saídas do processo como foi mostrado pode-se considerar que a OOp seja uma solução equivalente à EAP (no formato de Lista) do gerenciamento de projetos. Entretanto, não existe no estudo de situação um documento formalizado que se compare ao Dicionário da EAP (figura 9).

Figura 9 – Exemplo de Dicionário da EAP

Fonte: Poder Judiciário do Rio Grande do Norte57

57 Obtido em:

<http://pej.tjrn.jus.br/files/METODOLOGIA%20DE%20GERENCIAMENTO%20DE%20PROJETOS%20 DO%20PJRN.pdf>, acessado em, 03 de maio de 2012.

O dicionário da EAP, de acordo com o PMBOK (PMI, 2008), deve conter, entre outras coisas, o código de identificador da conta, a descrição do trabalho, a organização responsável pela execução, a lista de marcos do cronograma, as atividades do cronograma, os recursos necessários, a estimativa de custos, os requisitos de qualidade, as referências técnicas e as informações de contrato.

No caso militar alguns desses parâmetros são naturalmente desconsiderados em função das características do gerenciamento de uma operação. Por exemplo: o código identificador da conta, a estimativa de custos e as informações do contrato, não serão considerados no caso da elaboração da OOp, tendo em vista que nesse escalão da força normalmente não é considerado como fator de planejamento o custo da operação ou a existência de relacionamentos comerciais entre a brigada e fornecedores. Como já foi dito as necessidades da brigada são, em princípio, atendidas pela cadeia logística.

Na verdade pode-se observar que os demais parâmetros elencados pelo PMBOK (PMI, 2008) para constarem do dicionário, podem ser identificados no próprio corpo da OOp ou na base doutrinária vigente.

No que tange à Linha de base do escopo pode-se considerar que assim como o dicionário ela está consolidada no corpo da OOp sem que, assim como no caso do dicionário, seja construído um documento específico para esse fim.

Quanto à atualização de documentos, tendo em mente que a OOp é confeccionada somente ao final do estudo de situação, a criação da EAP, feita durante o processo do estudo de situação, não causará nenhuma modificação.

Do que foi exposto pode-se inferir que a Ordem de Operações da brigada pode ser considerada uma EAP, apresentada no formato de lista de atividades, principalmente considerando-se que nela estão expostas todas as tarefas a serem executadas a fim de que se possa obter o produto desejado. Pode-se ainda considerar que na OOp está contida a maioria dos parâmetros elencados para comporem o Dicionário da EAP, tais como a descrição do trabalho, a organização responsável pela execução do projeto, a lista de marcos, a lista de atividades, os requisitos de qualidade e os critérios de aceitação dos trabalhos a serem empreendidos.

É preciso que se esclareça que a OOp, assim como a EAP, não é um documento único. Ela é composta de um corpo principal e de vários anexos por meio dos quais são transmitidos e esclarecidos vários outros aspectos relevantes da operação em curso. Entre estes anexos pode-se destacar: o Calco de Operações, o Plano de Barreiras, o Plano de Fogos de Artilharia e o Quadro de Redes Rádio. (BRASIL, 2003d, p. 8-3 e 8-6 e 2003e, p. E-28). Na figura 10 pode-se ver um extrato de uma Ordem de Operações.

Figura 10 - Extrato de uma OOp utilizada em documentação de exercício da ECEME

Fonte: Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

A figura 11 mostra uma representação gráfica (EAP) de parte de uma operação (formato de árvore hierárquica) onde estão representadas algumas tarefas executadas no desenvolvimento da batalha. A representação espelha os tópicos componentes do memento para elaboração de uma OOp e pode ser usada como EAP para o planejamento de qualquer operação, da mesma forma que é usado o memento que lhe serviu de modelo. Neste caso, a diferenciação na aplicação da EAP estaria nas especificações feitas no seu dicionário.

Figura 11 – EAP de uma operação (na forma de árvore hierárquica)

Fonte: o autor

Há ainda que se considera que como a OOp não sofre alteração no seu conteúdo ela pode ser considerada também uma representação da Linha de Base do projeto e que a representação das novas linhas de base, surgidas em decorrência das atualizações do projeto estejam, no planejamento militar, conformadas nas diversas Ordens Fragmentárias que forem expedidas.

Dessa forma, pode-se depreender que a OOp seja um documento que unifica os conteúdos da EAP, do dicionário da EAP e da Linha de Base do projeto, facilitando o acesso às informações e a compreensão das tarefas a serem cumpridas.

5.4.5 Definir as atividades – Gerenciamento do Tempo