• Nenhum resultado encontrado

O Manual de Campanha C 101-5 – Estado-Maior e Ordens, no seu 7º capítulo diz o seguinte sobre planejamento e planos:

31Parte do teatro de guerra, necessária à condução de operações militares de vulto e seu consequente apoio logístico, para o cumprimento de determinada missão. (BRASIL, 2003e, p. T-2)

7-1. GENERALIDADES

a. O planejamento e a consequente (grifo nosso) elaboração dos planos são

partes integrantes do processo decisório [...]. [...]

7-2. NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO

O planejamento adequado e objetivo é essencial à solução de qualquer problema militar. O planejamento apropriado permite o exame detalhado e sistemático de todos os fatores envolvidos em uma operação. Quanto maior o escalão, maior a necessidade de prever e planejar operações futuras com maior amplitude no tempo. (BRASIL, 2003d, p. 7-1)

Na literatura civil encontram-se autores que, de forma geral, ratificam essas assertivas. Para Kerzner, “O Planejamento estratégico para a gestão de projetos é o desenvolvimento de uma metodologia-padrão que se possa utilizar repetidamente com alta probabilidade de atingir os objetivos do projeto” (KERZNER, 2010, p. 161). Ele indica que a adoção de uma metodologia proporciona um processo racional de pensamento logicamente ordenado que dá consistência às ações da organização e evita que as subunidades se desviem das metas e objetivos estabelecidos. Entretanto, ele adverte que a simples adoção de um planejamento estratégico e a execução da metodologia aumentam as possibilidades, mas não garantem o sucesso institucional.

Para Ferreira planejamento significa

[...] 2. Trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados; planificação. [...]. 3. Processo que leva ao estabelecimento de um conjunto ordenado de ações, visando a consecução de determinados objetivos”, ou ainda, “elaboração de planos ou programas [...]. (Ferreira, 1999, p. 1582).

Para Koontz e O’Donnel planejar é: “decidir antecipadamente o que fazer, de que maneira fazer, quando fazer e quem deve fazer”. (KOONTZ & O’DONNEL, 1980, p. 85); é um processo intelectual de escolha de alternativas para ações futuras; é um processo de tomada de decisão baseado na análise de objetivos, fatos e estimativas. Para estes autores “O planejamento tem a qualidade única de estabelecer os objetivos necessários a todo esforço.” (KOONTZ & O’DONNEL, 1980, p. 87).

De acordo com Xavier et al “O planejamento do projeto é um processo contínuo que não acaba com o início da execução. É um engano pensar que basta estabelecer um PGP32 e

implementá-lo. O plano precisa ser mantido atualizado para refletir a execução do projeto e as mudanças autorizadas.” (XAVIER et al, 2010, p.31).

Cleland destaca, por sua vez, que “Nenhum elemento tem maior impacto no sucesso de um

projeto do que seu planejamento.” (CLELAND, 2002, p. 194).

Ao se consultar o Manual de Campanha C 20-1 – Glossário de Termos pode-se constatar que, de forma concordante com os conceitos expostos, para o Exército, planejamento é: o “ato ou efeito de idealizar e fixar, com maior ou menor grau de detalhe, ação, operação ou atividade a ser realizada”, ou ainda, uma “atividade permanente e continuada que se desenvolve de modo ordenado e racional, sistematizando um processo de tomada de decisão”. (BRASIL, 2003f, p. P-4).

No mesmo documento encontra-se a seguinte definição de Técnica de planejamento:

“Método que consiste em identificar o problema, fazer a reunião e processamento de dados e outros elementos cognitivos pertinentes, desenvolver a concepção de uma solução factível ou alternativas e elaborar, finalmente, um plano de execução. (id. p. T2).

Coerente com ambos os conceitos formalizados, o Manual de Campanha C 124-1 – Estratégia (BRASIL, 2001b), demonstra que o procedimento de planejamento, no Exército, segue uma metodologia que pode ser aplicada a qualquer nível de planejamento de operações do Exército. O manual diz o seguinte:

CAPÍTULO 6

PLANEJAMENTO DO PREPARO E EMPREGO DA FORÇA TERRESTRE

ARTIGO I GENERALIDADES 6-1. CARACTERIZAÇÃO

A metodologia do Sistema de Planejamento do Exército (SIPLEX) é uma orientação prática e racional que visa sistematizar o processo de tomada de decisões, para que se alcancem os objetivos desejados com economia de meios, em menor tempo e com os melhores resultados. Mais especificamente, significa a coordenação das atividades realizadas por todos que intervêm no planejamento, quer suas responsabilidades sejam de assessoramento, quer sejam de decisão.

6-2. ETAPAS DE PLANEJAMENTO

De modo genérico, em cada nível de planejamento (grifo nosso), as etapas mais características do processo são:

- estudo da situação (grifo nosso); - decisão;

- desencadeamento das ações planejadas; - supervisão e controle. (BRASIL, 2001b)

As etapas estudo de situação, decisão e elaboração dos planos, desse processo, consolidam a fase de planejamento.

De forma semelhante ao gerenciamento de projetos onde a responsabilidade pela adaptação da adequabilidade dos processos teoricamente elencados para um determinado projeto é atribuída à equipe de gerenciamento do projeto (PMI, 2008, p. 4 e 37), no processo de planejamento de uma operação (estudo de situação) estão envolvidos tanto o Comandante quanto o seu Estado-Maior e a eles cabe também adaptar o processo decisório à situação em curso. Se não vejamos:

O Cmt33 e seu EM34 muitas vezes iniciam o planejamento antes mesmo do

recebimento da missão. Após o seu recebimento, ficam continuamente empenhados no planejamento para atender às situações não previstas que, freqüentemente, exigem uma decisão do comando. Tais considerações exigem, invariavelmente, identificação e estruturação dos problemas, preparação de planos e ordens e tomada de decisões. A realização destas ações - o processo decisório – numa seqüência metódica permite ao Cmt a certeza de que todas as situações possíveis foram consideradas, que sua decisão se fundamenta em todos os dados e conhecimentos de inteligência disponíveis e que foi feito o melhor emprego da assessoria de EM. [...]. Daí resulta uma reação mais rápida do EM e ações melhor planejadas. (BRASIL, 2003d, p. 5-1).

Este é o texto de abertura do capítulo 5 do primeiro volume do Manual C101-5 - Estado- Maior e Ordens (BRASIL, 2003d), que se refere à conceituação e à definição das fases do processo decisório militar.

Cabe destacar que no próprio manual existe uma ressalva sobre a possibilidade de se abreviar o processo, em função de volatilidade da situação. Essa ressalva está expressa da seguinte forma: “Todo este processo poderá ser abreviado se o tempo disponível não for suficiente para que se execute o processo de forma completa, cabendo ao oficial de EM assessorar seu Cmt de forma competente.” (id., p. 5-3).

Do exposto pode-se concluir que tanto o conceito como a metodologia de planejamento em uso no Exército Brasileiro estão de acordo com as ideias expostas pelos autores das áreas de administração e de gerenciamento de projeto já referenciados.

33 Comandante.