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5.4 O Estudo de Situação e os processos do Grupo de Planejamento

5.4.13 Identificar os Riscos – Gerenciamento dos Riscos

Com os textos encontrados no PMBOK (PMI, 20008) pode-se compor a seguinte definição para este processo:

Identificar os riscos é o processo de determinação dos riscos que podem afetar o projeto e de documentação de suas características. [...].

Identificar os riscos é um processo iterativo porque novos riscos podem surgir ou se tornar conhecidos durante o ciclo de vida do projeto. [...]. O formato das declarações de riscos deve ser consistente para garantir a capacidade de comparar o efeito relativo de um evento de risco com outros no projeto. (PMI, 2008, p. 282).

Embora exista, na estrutura organizacional da brigada, uma seção de inteligência63 cuja destinação principal é obter informações sobre as atividades inimigas, não se pode dizer

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O oficial de inteligência realiza seu estudo de situação para determinar os efeitos da área de operações sobre as operações amigas e inimigas, as possibilidades do inimigo (inclusive as prioridades atribuídas às probabilidades de adoção) e suas vulnerabilidades exploráveis. Suas conclusões serão fundamentais para o planejamento operacional, considerando-se os dados disponíveis, as análises realizadas e a orientação do planejamento voltado para o cumprimento da missão (BRASIL, 2003d, p. 6-8).

que haja uma atividade especificamente voltada para a identificação dos riscos do “projeto”. No estudo de situação a identificação dos riscos do projeto está disseminada ao longo de quase todo o processo, desde a análise da missão até comparação das nossas linhas de ação.

A seguir serão transcritos alguns parágrafos do manual C 101-5 (BRASIL, 2003e), por intermédio dos quais se pode constatar que no estudo de situação é possível encontrar-se ações de identificação de riscos em várias etapas do processo decisório.

• na análise das condições de execução impostas pelo escalão superior;

(4) Verificar, também, as condicionantes e os riscos aceitáveis pelo Esc Sp para o cumprimento da missão, como, por exemplo, uma economia de forças em determinada frente. Essas condicionantes e esses riscos podem ser obtidos da diretriz de planejamento do Esc Sp. (BRASIL, 2003e, p. B-4)

• na elaboração do calco de restrição ao movimento;

(d) Integração do terreno com as condições meteorológicas – Elaboração do calco de restrições ao movimento.

1) Terminada a confecção dos calcos dos efeitos das condições meteorológicas, realiza-se a integração com os calcos dos aspectos gerais do terreno, o que permite uma visão clara de todos os fatores que facilitam, ou impedem a mobilidade. A finalidade do calco resultante - calco de restrição ao movimento - é identificar as áreas onde uma força terá liberdade de movimento.

2) Para a confecção deste calco, todos os obstáculos são avaliados e codificados e o terreno classificado em impeditivo, restritivo e adequado. (BRASIL, 2003e, p. B-7).

• no estudo da situação do inimigo;

2) Análise da ordem de batalha do inimigo - A análise da ordem de batalha do inimigo visa, principalmente, concluir sobre a composição e o valor das tropas empenhadas e das tropas em condições de reforçar, bem como levantar indícios que servirão de base para a posterior determinação da(s) L Aç provável(eis) do inimigo e suas vulnerabilidades. Esta análise abrange todas as forças inimigas que possam ser empregadas em nossa área de influência. (BRASIL, 2003e, p.B-10).

• no levantamento da nossas deficiências;

- Subitem “i) Deficiências” - considerar as deficiências do nosso dispositivo em relação a: ataques nucleares do inimigo (se for o caso), flancos expostos, ações de guerrilhas inimigas etc. (BRASIL, 2003e, p.B-11).

• na comparação dos poderes relativos de combate;

(b) Ao fazer a análise do poder relativo de combate, o Cmt procura determinar, em cada fator analisado, os aspectos predominantes e as deficiências de ambos os contendores. (BRASIL, 2003e, p.B-11).

• no estudo das possibilidades do inimigo;

(1) Possibilidades do inimigo são aquelas L Aç que o inimigo é fisicamente capaz de realizar e que, se adotadas, influem no cumprimento de nossa missão.

[...]

(3) Vulnerabilidade - As vulnerabilidades do inimigo resultam de suas peculiaridades e deficiências; aquelas que possam ser exploradas pelos escalões considerado, subordinado e superior são enumeradas pelo oficial de inteligência.

(4) Possibilidade(s) do inimigo com maior probabilidade de adoção – Com base nos indícios decorrentes das atividades importantes recentes e atuais, as possibilidades inimigas levantadas são analisadas e discutidas, concluindo-se pela(s) mais provável(is).

(5) Prováveis objetivos do inimigo ou região de bloqueio

A partir deste ponto, inicia-se parte fundamental do estudo de situação. É realizada a integração dos passos anteriores, reunindo-se, sob forma gráfica, todas as informações analisadas e avaliadas sobre o inimigo, o terreno e as condições meteorológicas dentro da área de operações. [...]

A metodologia empregada evitará que o Cmt e o seu EM sejam surpreendidos com uma ação inimiga inesperada. (BRASIL, 2003e, p.B-12) [...]

(7) Montagem do calco e da matriz de eventos

(a) O calco de eventos e sua matriz são ferramentas valiosas para o acompanhamento das ações do inimigo. Consistem no levantamento de áreas, rotas e pontos, onde as atividades observadas do inimigo podem revelar qual a L Aç adotada por ele. Tais áreas, rotas ou pontos recebem o nome genérico de “região de interesse para a inteligência” (RIPI). (BRASIL, 2003e, p.B-13)

• na montagem das nossas linhas de ação;

(i) Qualquer organização deve ser empregada de acordo com suas possibilidades. Inevitavelmente, em certas ocasiões podem ocorrer injunções nas quais este princípio não possa ser seguido, embora o Cmt deva cumprir sua missão. Fica-se mesmo em dúvida quanto à viabilidade das L Aç. Em tais ocasiões, trata-se de selecionar a L Aç que tenha maior possibilidade de êxito. O risco é inerente a qualquer operação militar. O grau de risco que o Cmt deve aceitar na escolha de uma L Aç é função de variáveis amplas, tais como: urgência, possibilidades de sucesso, missões futuras e conceito da operação do Esc Sp (BRASIL, 2003e, p.B-16).

• na análise das linhas de ação opostas (jogo da guerra);

e. Subparágrafo “a. Seleção das L Aç do inimigo”

(1) O EM faz uma análise preliminar e seleciona, entre as L Aç apresentadas pelo oficial de inteligência, aquelas que julga de maior probabilidade para ser colocada em execução pelo inimigo. Nessa análise, o EM vai buscar as dificuldades importantes e determinar os pontos fortes e fracos de cada L Aç.

(2) Não existem regras fixas que possam determinar as reais possibilidades do inimigo quanto às L Aç que devam ser selecionadas. (BRASIL, 2003e, p. B-21)

[...]

(b) Jogo da guerra (movimento)

1) É a análise de cada L Aç reagindo contra cada uma das possibilidades do inimigo, selecionadas anteriormente, visualizando-se a ação para ambos os contendores numa seqüência lógica, desde a posição inicial das tropas até o cumprimento da missão.

2) O jogo da guerra vai permitir que o Cmt e seu EM visualizem como o combate pode acontecer, [...] (BRASIL, 2003e, p.B-21). [...]

e) Matriz de sincronização

Verificar durante esta fase, e em todas as outras, as condições de sincronização do campo de batalha, considerando cada elemento de combate e de apoio empregado. [...].

Na análise em que se visualiza o combate, o Cmt e seu EM deverão buscar os seguintes aspectos:

[...]

. reduzir o grau de risco, pois todas as possibilidades do inimigo, em princípio, foram levantadas

. confeccionar o calco de apoio à decisão;

. elaborar a matriz de sincronização. (BRASIL, 2003e, p.B- 22).

• na comparação das nossas linhas de ação;

No parágrafo 4 do estudo de situação, o Cmt compara as L Aç já completas e aperfeiçoadas, a fim de chegar à conclusão sobre a melhor L Aç que permita o cumprimento da missão. Nesta comparação, deve empenhar todo o seu julgamento, habilidade e experiência. A melhor L Aç é, normalmente, aquela que tem as mais importantes vantagens e as menores desvantagens. Algumas destas vantagens e desvantagens, que emergem como resultado da análise, podem ser tão insignificantes, que são ignoradas. Deve-se, por isso, determinar a importância de cada vantagem e desvantagem à luz do cumprimento da missão, antes de aplicá-las na escolha de uma L Aç. Há vários processos para se determinar a melhor L Aç. (BRASIL, 2003e, p.B-22).

Na verdade pode-se verificar que a maioria das oportunidades de identificação de riscos está inserida na segunda etapa do estudo de situação, aquela na qual é feita a análise da situação (§2. Situação e Linhas de Ação).

No que se refere às entradas do processo relacionadas pelo PMBOK, com exceção dos planos de gerenciamento que, como já foi abordado, não são confeccionados no estudo de situação todos os demais são consideradas no planejamento militar.

Convém relembrar que a identificação dos riscos do projeto, no caso militar, é feita de forma evolutiva e simultânea com o desenvolvimento do planejamento do projeto (batalha).

Quanto às técnicas e ferramentas enunciadas no PMBOK (PMI, 2008) para utilização na identificação dos riscos do projeto, apesar de não haver formalização do uso de nenhuma delas no processo militar, pode-se dizer que os procedimentos adotados no estudo de situação guardam algumas semelhanças com as seguintes indicações do PMBOK (PMI, 2008).

• Técnicas de coleta de informações, tais como: o Brainstorm;

o Análise da causa-raiz. • Análise de lista de verificação; • Análise de premissas;

• Técnicas de diagramas como: o Diagrama de influência;

• Análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT64); e

• Opiniões especializadas- há que ser considerada a parcialidade dos especialistas consultados.

O produto final deste processo segundo o PMKBOK (PMI, 2008) é o Registro dos riscos onde estão consubstanciadas a Lista dos riscos identificados e a Lista das respostas potenciais aos riscos elencados.

No Estudo de Situação não existe uma Lista de Riscos e de Respostas. Na metodologia militar o registro dos riscos e das respostas é feito em documentos elaborados pelos diversos oficiais do Estado-Maior, a maioria deles no formato de calcos e matrizes

De acordo com os princípios que nortearam este trabalho é preciso destacar uma diferença significativa entre as duas metodologias comparadas: No caso militar a constituição organizacional de uma seção de inteligência, cuja função primordial é obter informações sobre o inimigo que proporcionem ao comandante as melhores condições possíveis para tomar decisões, facilita sobremaneira a execução do processo de identificação dos riscos do projeto (batalha).