- crime eleitoral:
- para um crime ser considerado eleitoral ele deve preencher dois requisitos simultâneos:
- previsão na legislação eleitoral; - finalidade eleitoral238;
- pena mínima:
- quando o Código Eleitoral não indicar o mínimo de pena, será ela de239: - crime punido com detenção 15 dias;
- crime punido com reclusão 1 ano; - natureza da ação penal: ação penal pública incondicionada;
- os crimes contra a honra no Código Eleitoral não seguem a regra do Código Penal e são de ação penal pública incondicionada;
- institutos despenalizadores: é possível a aplicação da transação penal (artigo 76 da Lei 9.099/95) e da suspensão condicional do processo (artigo 89 da Lei 9.099/95); - pena de multa:
- fixação em dias-multa: - mínimo 1 dia; - máximo 300 dias;
- funcionário público para fins eleitorais: a regra está prevista no artigo 283 do Código Eleitoral;
Art. 283. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da
Justiça Eleitoral:
I - os magistrados que, mesmo não exercendo funções eleitorais, estejam
presidindo Juntas Apuradoras ou se encontrem no exercício de outra função por designação de Tribunal Eleitoral;
II - Os cidadãos que temporariamente integram órgãos da Justiça Eleitoral;
III - Os cidadãos que hajam sido nomeados para as mesas receptoras ou Juntas
Apuradoras;
IV - Os funcionários requisitados pela Justiça Eleitoral.
§ 1º Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, além dos indicados
no presente artigo, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 2º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em
entidade paraestatal ou em sociedade de economia mista.
238 Produção de consequência dentro do processo eleitoral. 239
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- garantias penais eleitorais: são regras especiais eleitorais que evitam a prisão (como forma de permitir a votação por parte do eleitor);
Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48
(quarenta e oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto.
§ 1º Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o
exercício de suas funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia gozarão os candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição.
§ 2º Ocorrendo qualquer prisão o preso será imediatamente conduzido à
presença do juiz competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promoverá a responsabilidade do coator.
Art. 298240. Prender ou deter eleitor, membro de mesa receptora, fiscal, delegado
de partido ou candidato, com violação do disposto no Art. 236:
Pena - Reclusão até quatro anos.
- eleitor: pode ser preso em caso de flagrante delito e sentença penal condenatória;
- membros da mesa receptora e fiscais de partido: somente podem ser presos por flagrante delito241;
- candidato: somente podem ser presos por flagrante delito242; - preso provisório: mantém seu direito de votar;
- classificação dos crimes eleitorais243:
- crimes contra a organização administrativa da Justiça Eleitoral; - crimes contra os serviços da Justiça Eleitoral;
- crimes contra a fé pública eleitoral; - crimes contra a propaganda eleitoral; - crimes contra o sigilo ou exercício do voto; - crimes contra os partidos políticos;
- crimes não recepcionados pela nova ordem constitucional:
- artigo 337 do Código Eleitoral participação de estrangeiro ou brasileiro fora do gozo de direitos políticos de atividades partidárias244;
240 Crime de abuso de autoridade eleitoral – praticável apenas por autoridade.
241 Entendo que é possível sustentar que a sentença penal condenatória (transitada em julgado) acarreta a suspensão dos direitos políticos, não fazendo sentido deixar de cumprir a decisão judicial – vez que a causa de existir da regra (permitir a participação no processo político) não existirá. Faço ressalva de ser um entendimento particular meu (que entendo possível). Ademais, faço muitas críticas a esta disposição do Código Eleitoral – que de fato é arcaica.
242
Entendo aplicável a mesma observação já explanada acima. 243 Elaborada por Joel Cândido.
244
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Crimes eleitorais em espécie: - artigo 354-A do Código Eleitoral:
Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o administrador financeiro da campanha,
ou quem de fato exerça essa função, de bens, recursos ou valores destinados ao financiamento eleitoral, em proveito próprio ou alheio: (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017
- crime de apropriação indébita do Fundo Especial de Financiamento de
Campanha (FEFC) – pode ser crime contra o partido político ou crime
contra a organização administrativa da Justiça Eleitoral; - espécie de crime de caixa dois;
- novidade introduzida pela Lei 14.488/17; - artigo 299 do Código Eleitoral:
Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para
outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:
Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.
- crime de corrupção eleitoral;
- também é punida a conduta daquele que recebe, solicita, pede ou busca obter alguma vantagem em troca da opção política tomada no voto – o eleitor também pode cometer o crime em tela;
- qualquer vantagem: elemento amplo (elemento de extensão);
- especial finalidade: obter o voto, conseguir ou prometer abstenção (elemento subjetivo do tipo – antigo dolo específico);
- a infração civil do artigo 41-A da Lei das Eleições (Lei 9.504/97) dispensa a prova da finalidade específica ora mencionada; - situações específicas:
- promessa de cargo a correligionário em troca de voto não configura o crime;
- promessas genéricas de campanhas não configura o crime; - a peça acusatória deve necessariamente indicar qual ou quais eleitores teriam sido beneficiados ou aliciados, sob pena de impossibilitar o exercício do direito de defesa;
- o crime não se confunde com a realização de promessas de campanha;
- o corréu (corruptor passivo), enquanto não denunciado nos crimes de corrupção, pode ser tomado como testemunha, uma
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vez que o Ministério Público não é obrigado a ajuizar a ação penal contra todos os envolvidos245;
- configura o crime mesmo em caso de ausência de pedido expresso de voto, desde que comprovada a finalidade de obtenção de voto ou da abstenção;
- para a configuração do crime o eleitor corrompido deve ser apto a votar;
- inaplicável o princípio da insignificância neste crime; - inadmissível a forma tentada da figura criminosa; - crime de caixa dois eleitoral:
- caixa dois = contabilidade paralela = contabilidade clandestina = contabilidade não declarada246;
- previsão do crime de caixa dois em lei:
- artigo 11 da Lei dos Crimes Contra o Sistema Financeiro (Lei 7.492/86):